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Introdução ao Direito 2: (T03) – 4T2345

Discente: Silvia Porto Buarque de Gusmão

Docente: Wagner Vinícius Pereira de Sousa Matrícula: 190039558

Teoria Pura do Direito, Capítulo VIII – A interpretação

No primeiro tópico, “A essência da interpretação. Interpretação autêntica e não-


autêntica”, Kelsen afirma que a interpretação é uma operação mental, onde órgão jurídico, os
indivíduos e a ciência jurídica podem interpretar as normas (p.245). Existem 2 tipos de
interpretação: uma pelo órgão jurídico e outra que não é.

É órgão jurídico que fixa o sentido das normas aplicadas, no seu avanço do
escalão superior para um inferior. A relação entre os escalões, se caracteriza como uma
relação de determinação/vinculação, onde a norma superior regula ou determina a inferior
(p.246). É impossível determinar todos os aspectos da norma inferior, todo ato jurídico
aplicado é parte determinado e parte indeterminado, podendo essa indeterminação ser
intencional ou não.

A indeterminação não intencional ocorre: devido ao sentido verbal da norma,


vários significados para uma palavra; pela discrepância entre a expressão verbal e a vontade
do legislador, que pode ser completa ou parcial, sendo a última correspondente a um dos
diversos sentidos verbais da norma. Por fim, a indeterminação pode ocorrer pelo fato de 2
normas se contradizerem total ou parcialmente.

Kelsen então resume interpretação como uma moldura que delimita as diversas
formas de interpretação de uma lei (p.247). Não há uma solução única correta, mas várias.
Porém não existe nenhum método que determine, dentro das possibilidades dessa moldura,
qual interpretação deve ser aplicada em detrimento de outra.

No tópico “A interpretação como ato de conhecimento ou como ato de vontade”, o


autor afirma que na aplicação do direito, feita por órgão jurídico, o que predomina é o ato de
vontade do órgão aplicador do direito, em escolher uma, dentre as várias possiblidades que
foram reveladas a partir da interpretação cognoscitiva. Essa escolha é realizada sempre
respeitando os limites da moldura (p.249). Para Kelsen, o ato de vontade é o que difere a
interpretação feita pelo órgão jurídico das outras. A interpretação realizada por um órgão
jurídico cria direito e é autêntica (p.250), diferente de outro tipo de interpretação, feita pela
ciência jurídica.

No último tópico “A interpretação da ciência jurídica”, é tratada a interpretação da


ciência jurídica, cognoscitiva, que não cria direito e não é autêntica. O autor afirma a Teoria
Pura do Direito é contrária a ideia de criar direito a partir desse tipo de interpretação.
Preencher as lacunas do direito é uma função criadora do direito que só pode ser feita por um
órgão aplicador do direito (p.250). A interpretação jurídico-cientifica só pode atribuir sentido
as significações da norma jurídica, cabendo somente ao órgão competente tomar uma decisão.
Contudo, é preciso de ter atenção, e evitar a ideia de que só há uma interpretação correta.
Grande parte das normas jurídicas possuem diversos sentidos.

Análise crítica: O capítulo tece uma crítica a ideia de que somente um sentido da
norma é valido. Kelsen apresenta a ideia de que o órgão jurídico é livre para interpretar o
texto jurídico, desde que esteja dentro de uma moldura. Não há uma solução correta, mas
várias, graças aos diversos significados verbais que o texto normativo pode possuir. Essa
interpretação do órgão jurídico é primordial devido ao fato das normas serem gerais e
abstratas, buscando atingir todas as pessoas sem distinção. Graças aos sentidos que os órgãos
competentes determinaram para essa ou aquela norma, é possível que haja uma aplicação em
cada caso concreto. Nesse sentido crítica a um único sentido da norma é válida. Cada caso
difere um do outro, e o juiz pode, aplicar determinada norma, de diferentes formas a depender
do caso concreto em questão, a partir de sua vontade. A delimitação feita pela moldura é o
ponto chave que sustenta a ideia do autor, uma vez que, de um lado, garante a liberdade do
juiz, fazendo com que se ampliem as possibilidades de aplicação do direito em cada caso, do
outro, faz com que a liberdade de escolha do juiz, mantenha uma razoabilidade e coerência
com o direito vigente. Torna obrigatória, mesmo com a liberdade oferecida, que o juiz respeite
alguns parâmetros
Referência Bibliográfica:

KELSEN, Hans. Capítulo VIII - A interpretação. In: Teoria Pura do Direito.


8.ed. Trad. de João Baptista Machado. São Paulo: Martins Fontes, 2009, p.387-397.

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