Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2º ano/2020
INTERPRETAÇÃO
1. NOÇÃO
Vamos entrar num dos capítulos mais importantes da cadeira, de tratamento obrigatório
numa Introdução ao Direito. O apontamento que se segue destina-se fundamentalmente a
definir as coordenadas do debate, bem como a sugerir pistas de reflexão. A vida do
homem supõe que as realidades com que se relaciona façam sentido e supõe
naturalmente, a possibilidade de alcançar esse sentido. Por isso, numa vida de relação, os
homens se interpretam mutuamente. A interpretação não é uma tarefa uniforme, não é a
mesma coisa interpretar uma conversa entre dois amigos no restaurante/ no café.
1
Depois dessa breve exemplo, vamos agora caminhar para LEI. O que é a lei? A
lei é um acto de poder politico do Estado, cria Direito, estabelece regras e impõe
condutas.
2
um conjunto de palavras que constituem texto. Interpretar consiste em retirar desse texto
um determinado sentido ou conteúdo de pensamento.
2. MODALIDADES
O órgão competente que cria uma lei (p.ex, Parlamento Nacional), tem também a
competência para a interpretar, modificar, suspender ou revogar. Isto significa que, uma
vez promulgada certa lei e suscitadas dúvidas importantes acerca do seu exacto sentido
ou alcance, o órgão que editou tem competência para a interpretar através de uma nova
lei, a isto que se chama interpretação autêntica, representando uma manifestação da
competência legislativa.
3
3. OBJECTIVO
Obviamente existe três teorias dado a esta matéria, podemos compreender que essas
teorias resulta o objectivo da interpretação. O primeiro é a TEORIA SUBJECTIVISTA.
O que se fala nessa teoria? Bem, um autor conhecido no Direito chamado HECK
afirmava “de entre as várias acepções que o texto legal comporta, deve prevalecer aquela
que corresponda à vontade ou ao pensamento real do ‘legislador’, isto é, a ‘vontade
historicamente real do legislador’.
Em consequência, surgiu, na segunda metade do século XIX uma nova teoria que
acabou por se impor: a teoria objectivista. Então a segunda é a TEORIA
OBJECTIVISTA. Essa teoria se considera como uma teoria numa posição
moderna e hoje dominante tem como precursor THOL, e foi exposta, em 1885 e
1886, por BINDING, WACH, KOHLER, RADBRUCH e outros autores que se
destacaram na ciência jurídica alemã. Segundo esta teoria, após a sua elaboração a
lei desliga-se da vontade do legislador e assume um valor próprio, ou seja, o
intérprete não está vinculado à vontade do legislador real mas ao sentido
objectivado no texto. Por isso, determinar o sentido da lei não é procurer saber o
que o legislador quer mas a mens ou voluntas legis objectivamente considerada.
4
Na base da teoria objectivista está a concepção que entende o Direito como uma
ordem normativamente objectiva perante o qual o legislador é um simples
intérprete. Por isso, o autor da lei não é o legislador mas a comunidade política-
jurídica. É o reflexo da ideia que acentua a crença na racionalidade interna do
direito positivo e considera lex mais ratio scripta do que voluntas.
Última é a TEORIA MISTA. O que entenda por isso? a teoria mista ou teoria
gradualista marcou o movimento quando surgiu uma polémica entre as teorias
subjectivista e objectivista, em consequência, no início do século XX, surgisse uma teoria
chamada teoria mista representada por SCHREIER, DAHM, LARENZ, ENGISCH e
outros autores. Segundo esta nova teoria, importa retirar o que existe de verdade nas
teorias subjectivista e objectivista: naquela, no entendimento que a lei é feita por homens
e para homens, ou seja, é a expressão da vontade do legislador dirigida a criação de uma
ordem justa; nesta, a ideia que a lei vai além da intenção do legislador. Com esta attitude,
a teoria mista afirma a obediência ao poder legislativo que é um imperativo
constitucional nos Estados de Direito. Esta teoria foi acolhida pelo nosso legislador. Se já
ambígua expressão “pensamento legislativo” terá sido utilizada intencionalmente e os
trabalhos preparatórios não deixem dúvidas, o texto final revela inequivocamente essa
opção (art. 8 do Código Civil).
5
4. ELEMENTOS DE INTERPRETAÇÃO
Refiramos agora os elementos de que o intérprete lança mão para desvendar o verdadeiro
sentido e alcance dos textos legais. A interpretação jurídica realiza-se através de
elementos, meios, factores ou critérios. O primeiro são as palavras em que a lei se
expressa (elemento literal); os outros constituem elementos denominados lógicos
(histórico, racional e teleológico) que permitem obter o sentido profundo, o espírito ou
alma da lei.
O nosso código civil consagra o elemento literal como ponto de partida da interpretação
ao referir que “a interpretação deve (…) reconstituir, a partir dos textos, o pensamento
legislativo” (art. 8, no 1); estabelece a função negativa ao afirmar que o intérprete não
pode considerar aquele pensamento. “que não tenha letra na lei um mínimo de
correspondência verbal” (art. 8, no 2); reconhece a função positiva, quando determina
que o intérprete presumirá que o legislador. “soube exprimir o seu pensamento em termos
adequados” (art. 8, no 3); e presssupõe a menor importância da letra ao afirmar que “a
interpretação não deve cingir-se à letra da lei” (art. 8, no 1).
- Elemento Histórico
6
Outro factor a que o intérprete recorre para determinar o sentido da lei é a sua historia. Na
sua grande maioria as leis não surgem de modo espontâneo, têm antecedentes, têm uma
história mais ou menos próxima.
- Elemento sistemático
- Elemento Teleológico
Este elemento consiste no fim visado pelo legislador ao fazer a lei, a razão da ser
da lei (ratio legis). A lei deve ser entendida da maneira que melhor corresponda à
realização do fim que o legislador pretendeu. A ratio legis revela o valor dos
diversos interesses que a norma jurídica disciplina e, sendo o intérprete um
colaborador do legislador, a sua importância é fundamental.
5. RESULTADOS DA INTERPRETAÇÃO
7
consagrou as soluções mais acertadas e soube exprimir o seu pensamento em
termos adequados>>. A interpretação consiste precisamente na determinação do
sentido e alcance da lei ou, na expressão pouco clara do no 1 do mesmo artigo, do
pensamento legislativo.
Interpretação Declarativa
Interpretação Extensiva
8
aquele para, deste modo, obedecer à mens ou voluntas legis. É a interpretação que
fixa à norma um sentido mais amplo que aquele que resulta do texto da lei. Diz-se
então que o legislador disse menos do que queria dizer.
Interpretação Restritiva