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SUPERVISÃO DE ESTÁGIO CLÍNICO EXISTENCIAL-HUMANISTA

RESENHA CRÍTICA

Docente: Alisson Santos


Dicente: Sueltom Gonzaga Silva de Souza

Pensando em refletir o processo de formação clínica na perspectiva


fenomenológico-existencial, precisamos entender que traspassa o mero aprendizado
técnico e teórico, pois parte fundamental desse processo é a experiência do ser na
formação. A visão fenomenológica, que se baseia na fenomenologia hermenêutica de
Heidegger, olha para a ideia de um "Dasein" que vive em um espaço cheio de significados
e que não pode ser completamente definido. Isso é diferente dos princípios de uma ciência
que valoriza coisas como fatos objetivos, ideias gerais, controle e previsibilidade.
O autor do texto nos conduz a pensar no homem para além da técnica. Não basta
confiar apenas em medicamentos psiquiátricos poderosos, dispositivos de biofeedback
avançados ou terapias curtas e eficazes para eliminar o sofrimento desse homem. Se isso
fosse suficiente, não teríamos estatísticas crescentes de doenças modernas, como
depressão, fobias, síndromes de pânico, suicídio e manifestações de violência. Essas
questões podem ser interpretadas como busca por significado, necessidade de conexão
com os outros e resultado de problemas sociais. Nesse sentido precisamos aprender a
olhar para o ser além dos transtornos e dos sintomas. Quando a prática clínica está
demasiadamente focada nos rótulos e na resolução dos sintomas, se perde a essência da
existência do ser que está ali.
Isso ocorre porque estamos lidando com um ser complexo que atribui significados
à sua existência de forma única. Sempre haverá algo que não é representado, algo
imprevisível e que não pode ser controlado. Pode-se dizer que é algo não expresso, cujos
significados se revelam à medida que vivemos no mundo. Algo que vai além das verdades
convencionais, aquelas que tratam o homem como uma coisa e não consideram sua
capacidade de ser e existir em um mundo cheio de possibilidades e incertezas.
É interessante observar o ponto de vista que o autor tem com relação a ciência como
sendo baseada na suposição de que o homem é o senhor que tem o poder e o direito de
colocar a natureza a seu serviço. Em contraponto a esse modo cientificista ele apresenta
o ponto de vista das ideias da fenomenologia e da filosofia existencial, essa maneira de
pensar não surge apenas das teorias psicológicas ou filosóficas, mas principalmente da
reflexão profunda sobre como vivemos no mundo.
O conhecimento de um psicólogo é o que ele aprende com a prática, onde as teorias
se misturam com suas experiências pessoais de uma maneira que não dá para separar
facilmente. Esse conhecimento é algo muito pessoal, que não é fácil de ensinar a outra
pessoa. Por isso, a afiliação a uma "escola" de psicologia não é um indicador muito forte
de como o profissional realmente trabalha. Quanto mais experiência um psicólogo tem e
quanto mais tempo trabalha na área, mais as suas próprias características pessoais
influenciam suas práticas e crenças. O autor quer mostrar que, mesmo em diferentes
formas de terapia, a maneira como o psicólogo é e vive sempre afeta como ele trabalha.
Assim, a escolha de uma técnica de terapia não é garantia de que ela funcionará de
maneira eficaz. Pois mesmo quando todos compartilham o mesmo aprendizado e teoria,
a experiência de estar com o paciente, impede qualquer tentativa de experimentar um jeito
de ser que esteja separado da nossa própria experiência. É na diversidade que nos forma
que podemos nos abrir para as diferentes subjetividades.
A prática clínica é guiada pela abertura do psicólogo às possibilidades que surgem
em sua própria vida, na sua maneira de existir no mundo e nas suas relações. Esses
significados de existência não podem ser pré-determinados, o que implica que o psicólogo
assume o risco de se aventurar na experiência de existir no mundo, com todas as
implicações que isso traz. O estar aberto ao desconhecido, por exemplo, significa
enfrentar o vazio, a falta de conhecimento. Concluímos que a forma como atuamos
profissionalmente não está separada da nossa maneira de ser. O "Dasein", se manifesta
na experiência de ser afetado no mundo, com uma disposição emocional diante das
demandas que encontramos.
O autor ainda ressalta que ele valoriza os conhecimentos teóricos e metodológicos
para habilidade de fazer; no entanto, enfatiza especialmente a maneira como cada um de
nós somos, que se reflete em nossos conhecimentos e ações no campo da psicologia e na
vida em geral, ou seja, como seres que existem. Ele fala da subjetividade do psicólogo,
que inclui tanto o conhecimento formal quanto o conhecimento informal, e como esses
elementos se tornam parte da forma como ele atua como terapeuta. Isso significa que a
teoria, que já faz parte de quem nós somos, juntamente com sua visão sobre as pessoas e
o mundo, se transforma em uma postura e um conhecimento implícito.
Por fim a abordagem fenomenológica está enraizada em uma maneira única de ser
que é aplicada a cada momento da vida. Dessa forma, o autor acredita que a formação
busca estabelecer ambientes nos quais essa perspectiva de questionamento possa ser
compartilhada ao passo que lida com as pressões que surgem devido a essa forma de ser
e não saber.
O texto do ovo e a galinha faz uma reflexão profunda e metafórica sobre a relação
entre a existência humana e um ovo, usada como uma alegoria para explorar questões
filosóficas e existenciais. Através de uma linguagem poética e simbólica, o desconhecido,
a busca por significado e a complexidade da vida. Ao longo do texto, o autor explora a
relação entre o ovo, a galinha e a humanidade. O ovo é descrito como algo misterioso e
evasivo, que não pode ser entendido plenamente. Ele representa uma ideia de
transformação, algo que está sempre em processo de mudança e que não pode ser
capturado completamente. O ovo é algo difícil de entender e que é protegido por várias
camadas de significado. Ela discute como as pessoas são agentes disfarçados em um
grande trabalho, sugerindo que sua própria vida é moldada por uma função maior. A
narradora também expressa a sensação de que ela não está compreendendo
completamente o ovo, mas ainda assim, ela continua a viver sua vida, muitas vezes usando
o seu tempo e recursos para outros propósitos. No final, ela espera que o ovo possa,
eventualmente, chegar à sua janela e iluminar sua vida.
Quando relacionamos esses textos e os podcasts percebemos que muitas vezes as
coisas não são tão simples como parece ser. Na prática clínica não basta uma boa técnica,
ou uma preparação fundamentada nas melhores teorias e métodos validados pela ciência.
Pois a prática envolve aspectos que não estão tão claros, que estão protegidos por várias
camadas, tanto na perspectiva do cliente, como na nossa perspectiva enquanto psicólogos.
Na clínica, de alguma forma, quem nós somos se implica com quem é o outro, e saber
identificar quem somos no mundo é fundamental para o processo terapêutico do cliente
também encontrar quem ele é. O "Dasein" que é manifestada na experiencia de ser afetado
pelo mundo é o que precisa ser buscado, como as camadas de significados do ovo.

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