Você está na página 1de 10

Aula 1: A base de qualquer

contrato empresarial

@prof.andresantacruz
POR QUE AS PESSOAS NEGOCIAM?

•As pessoas valorizam as coisas diferentemente.

•Como um livre acordo de vontades, todo negócio gera trocas


eficientes, com benefícios mútuos.

•A autonomia da vontade (liberdade de negociar e liberdade


negocial) aumenta o bem-estar social.

@prof.andresantacruz
A IMPRESCINDIBILIDADE DOS
CONTRATOS.

•O problema da desconfiança entre as partes negociantes.

•Sem um mecanismo que assegure confiança às partes, elas


não negociarão, o que é ruim para a sociedade.

•O contrato é o mecanismo que confere a confiança


necessária para que as partes negociem (pode ser
executado, pode ter multas...).

@prof.andresantacruz
QUAL É A VERDADEIRA FUNÇÃO
SOCIAL DOS CONTRATOS?

•Sem contratos, as pessoas não teriam incentivos para negociar,


e a ausência de negócios diminuiria o bem-estar social.

•Contratos conferem confiança às partes para que elas possam


negociar livremente, realizando trocas eficientes e gerando
benefícios mútuos.

* A importância da autonomia privada e da força obrigatória


dos contratos!

@prof.andresantacruz
A ESPECIFICIDADE DOS
CONTRATOS EMPRESARIAIS
Enunciados das Jornadas de Direito Comercial:

20.Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor aos contratos celebrados entre empresários em
que um dos contratantes tenha por objetivo suprir-se de insumos para sua atividade de produção,
comércio ou prestação de serviços.
21. Nos contratos empresariais, o dirigismo contratual deve ser mitigado, tendo em vista a
simetria natural das relações interempresariais.
23. Em contratos empresariais, é lícito às partes contratantes estabelecer parâmetros objetivos para a
interpretação dos requisitos de revisão e/ou resolução do pacto contratual.
25. A revisão do contrato por onerosidade excessiva fundada no Código Civil deve levar em conta a
natureza do objeto do contrato. Nas relações empresariais, deve-se presumir a sofisticação dos
contratantes e observar a alocação de riscos por eles acordada.
28. Em razão do profissionalismo com que os empresários devem exercer sua atividade, os
contratos empresariais não podem ser anulados pelo vício da lesão fundada na inexperiência.

@prof.andresantacruz
A ESPECIFICIDADE DOS
CONTRATOS EMPRESARIAIS
Precedentes do STJ:

“O controle judicial sobre eventuais cláusulas em contratos empresariais é mais restrito do que
em outros setores do Direito Privado, pois as negociações são entabuladas entre profissionais da
área empresarial, observando regras costumeiramente seguidas pelos
integrantes desse setor da economia. Concreção do princípio da autonomia privada no plano do
Direito Empresarial, com maior força do que em outros setores do Direito Privado, em face da
necessidade de prevalência dos princípios da livre iniciativa, da livre concorrência e da função social
da empresa” (REsp 1.902.149).

“Contratos empresariais não devem ser tratados da mesma forma que contratos cíveis em geral ou
contratos de consumo. Nestes admite-se o dirigismo contratual. Naqueles devem prevalecer os
princípios da autonomia da vontade e da força obrigatória das avenças.
Direito Civil e Direito Empresarial, ainda que ramos do Direito Privado, submetem-se a regras e
princípios próprios. O fato de o Código Civil de 2002 ter submetido os contratos cíveis e
empresariais às mesmas regras gerais não significa que estes contratos sejam essencialmente
iguais” (REsp 936.741).
@prof.andresantacruz
A ESPECIFICIDADE DOS
CONTRATOS EMPRESARIAIS
Lei 13.874/2019 (Lei da Liberdade Econômica):

Art. 3º São direitos de toda pessoa, natural ou jurídica, essenciais para o desenvolvimento e o
crescimento econômicos do País, observado o disposto no parágrafo único do art. 170 da Constituição
Federal:

V - gozar de presunção de boa-fé nos atos praticados no exercício da atividade econômica, para os
quais as dúvidas de interpretação do direito civil, empresarial, econômico e urbanístico serão
resolvidas de forma a preservar a autonomia privada, exceto se houver expressa disposição legal em
contrário;

VIII - ter a garantia de que os negócios jurídicos empresariais paritários serão objeto de livre
estipulação das partes pactuantes, de forma a aplicar todas as regras de direito empresarial apenas de
maneira subsidiária ao avençado, exceto normas de ordem pública;

@prof.andresantacruz
A ESPECIFICIDADE DOS
CONTRATOS EMPRESARIAIS
Código Civil:

Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos até a


presença de elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção, ressalvados
os regimes jurídicos previstos em leis especiais, garantido também que:

I.- as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação das cláusulas
negociais e de seus pressupostos de revisão ou de resolução;

II.- a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e observada; e III - a

revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada.

@prof.andresantacruz
POR ONDE COMEÇAR UM
CONTRATO EMPRESARIAL?

* O problema da dependência dos modelos (ainda que você use um modelo, tenha o cuidado de
definir clara e objetivamente o escopo negocial, demonstrando sua racionalidade econômica).

** Destaque a ESPECIFICIDADE do contrato, por ser empresarial: paridade entre as partes


(ausência de vulnerabilidade ou hipossuficiência), diálogo efetivo, troca de minutas, assessoria de
advogados etc.

Exemplo a ser evitado:

“Este contrato constitui o entendimento completo entre as partes e substitui todas as


comunicações, propostas, acordos ou entendimentos anteriores, tanto escritos quanto
verbais, relacionados ao assunto tratado neste instrumento”.

@prof.andresantacruz
CONCLUSÕES INICIAIS:

• Apesar de não existir fórmula mágica para tornar um contrato imune


a revisões ou intervenções jurisdicionais posteriores, a sua redação pode
minimizar sensivelmente esse risco: o juiz ou árbitro que quiser se intrometer
no contrato terá um ônus argumentativo muito maior.

• Não tenha receio de explicar o óbvio, porque é melhor explicar antes de uma
disputa judicial/arbitral do que depois dele: antes, haverá apenas uma
explicação (consenso); depois, haverá duas explicações distintas (litígio).

@prof.andresantacruz

Você também pode gostar