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Relatoria 28/09/2023- NEGOCIABILIDADE E BOA-FÉ

Iasmin Borges Vasconcelos

Primeiramente, é preciso entender a concepção que se tem sobre negócios jurídicos.


Para Clóvis do Couto e Silva negócio é o conceito que a dogmática estabeleceu aos distinguir
graus diferentes de valorização da vontade pelo ordenamento jurídico.Segundo João Batista
Villela o negócio se distingue do ato por ser uma ação necessária. Para Roberto Lisboa
negócio jurídico é um fato jurídico de efeitos a partir da vontade.
Nessa lógica, o contrato seria um negócio jurídico resultado do acordo de vontades,
tendo relação com operações econômicas. Assim, nem todo negócio é um contrato e nem
todo pode ser um negócio.
Ademais, com relação a boa-sé, observa-se diversos códigos ditam que a
interpretação dos contratos deve estar de acordo com esse princípio. No Brasil, o Código
Comercial de 1850, em seu art. 131, previa a boa-fé como fonte de interpretação contratual.
Além disso, o Código de defesa do consumidor deu ênfase ao princípio e o Código Civil de
2002 também reconheceu a importância do princípio, em seu artigo 113.
Com relação à boa-fé e a confiança, é possível entender que o princípio apresenta
diversas definições. Mas que no geral se apresenta como lealdade, fidelidade, eticidade,
respeito, responsabilidade e etc. A partir dessa função da boa-fé é possível explicar a fonte de
interpretação e integração dos negócios, a criação de deveres jurídicos e a norma de limitação
ao exercício de direitos atuais.
É possível entender a interpretação e integração dos negócios como a prevalência
objetiva da situação e não o teor das palavras, ou seja, evitando comportamentos
contraditórios. Ademais, A incidência da boa-fé, como fonte normativa de criação de deveres
jurídicos, não se limita apenas à fase negocial propriamente dita, mas se estende à fase do
contato social qualificado (culpa in contrahendo) e, ainda, à fase pós-negocial (culpa post
pactum finitum). Por fim, com relação à fonte de controle de exercício do direito subjetivo,
Teresa Negreiros aponta que nos contratos é permeável às condicionantes sociais que o
cercam e que são afetadas por ele próprio. Sendo que a função social do contrato prescreve
comportamentos abusivos, ensejando também uma tutela externa do crédito, mitigando, pois,
o consagrado brocardo res inter alios acta. E visto então, que, o negócio jurídico deve se
manter equilibrado durante todo processo.
Visto isso, atualmente, com a intenção comunicação e uso das redes sociais se acresce
a importância de mecanismos de proteção do consumidor, de maneira a afastar técnicas
agressivas e abusivas de marketing.
Dessa forma, conclui-se que, o emprego do princípio da boa-fé não pode significar
supressão da liberdade, elemento essencial do negócio jurídico. Entende-se assim, que a
negociabilidade e boa-fé se complementam em um realidade de economia conectada ou
ciberespacial.

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