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Curso de Direito

DIREITO CIVIL

Muriaé-MG

14 Abril de 2020
Curso de Direito

Princípio da Boa-
Fé nas Relações
Contratuais

Trabalho apresentado às unidades de


ensino do terceiro período do Curso de
Direito do UNIFAMINAS, como requisito
parcial a sua integralização.

Prof. Orientador: Thaysa Aquino.

Acadêmicos: Camila Moraes


Érika dias
Gustavo Carvalho
Raíssa Carvalho

Muriaé-MG

14 de Abril de 2020
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INTRODUÇÃO:

O disposto trabalho tem por objetivo abordar o estudo da Teoria Geral dos
Contratos e o Princípio da Boa-fé.

O presente tema, na atualidade, encontra-se no Código Civil Brasileiro, que


reúne dispositivos do direito contratual, salientando-se que essa é de relevante
valor para as relações juridicas. Inserido no artigo 422 do Código Civil, que trata
dos Contratos em Geral. Com certas mudanças no campo contratual, certos
princípios passaram ter mais vigor nos dias atuais, dentre eles destaca-se o
Princípio da Boa-fé.

Em vista do parâmetro delineado, constitui-se como objeto específico examinar-


se teoricamente o conceito do Princípio da Boa-fé condicionada com o instituto
Contrato.

DESENVOLVIMENTO:

O princípio da boa-fé como ja citado no corpo do trabalho está previsto no artigo


422 do Código Civil, o qual menciona:

Art. 422: Os contratantes são obrigados a guardar,


assim na conclusão do contrato, como em sua
execução, os princípios de probidade e boa-fé.

Em relação ao princípio da boa-fé Maria Helena Diniz assevera:

“Segundo esse princípio na interpretação do contrato, é preciso ater-se mais a


intenção do que o sentido literal da linguagem, e, em prol do interesse social de
segurança das relações jurídicas, as partes deverão agir com lealdade e
confiança recíprocas, auxiliando-se mutuamente na formação e na execução do
contrato. Daí esta ligado ao pricípio da probidade”.

O princípio da boa-fé também está prevista no artigo 113 do Código Civil:

Art. 113: Os negócios jurídicos devem ser


interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de
sua celebração.

A boa-fé contratual pode ser objetiva ou subjetiva. Fabio Ulhoa Coelho conceitua
a boa-fé subjetiva e boa-fé objetiva como:

“A boa-fé subjetiva corresponde à virtude de dizer o que acredita e acreditar no


que diz. Tem relevância para o direito das coisas, na qualificação da posse, mas
não operacionalizável no direito dos contratos. Já a boa-fé objetiva é
representada por condutas do contratante que demonstram seu respeito aos
direitos da outra parte”.

Os contratantes devem observar o princípio da boa-fé desde as negocioções


preliminares até a conclusão do contrato, tanto a boa-fé subjetiva quanto a
objetiva. A boa-fé subjetiva está ligada a um valor interno, é a percepção dos
contratantes durante a relação contratual. A boa-fé objetiva é regra de conduta,
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dever de agir com honestidade e lealdade com a outra parte da relação
contratual. As partes devem agir com reciprocamente com os parâmentros
morais e lealdade, comportamento honesto.

A boa-fé objetiva possui duas funções: a função ativa e reativa. A função ativa se
caracteriza pela existência de deveres que não surgem do acordo de vontades
entre os contratantes, são deveres que decorrem da boa-fé, são os chamados
deveres anexos ou laterais, tais como, deveres de lealdade, cooperação,
harmonia, informação e segurança.

Por se tratar de deveres anexos ou laterais, não se trata de ato facultativo para a
relação jurídica, são deveres de grande importância e valia para os contratantes,
sendo assim, caso ocorra a violação dos deveres anexos à boa-fé, ocorrerá o
inadimplemento contratual, independente de culpa, havendo a violação poisitiva
do contrato.

A boa-fé reativa é aquela que gera responsabilidades aos contratantes em todas


as fases do contrato, desde as negociações preliminares até a fase pós-
contratual.

Alguns exemplos da aplicação do princípio da boa-fé contratual reativa são: o


desaparecimento de um direito, não exercido por um período de tempo; a
obtenção de um direito que não estava pactuado; a contradição entre duas
condutas por parte do contratante; quando os contratantes não cumprem com as
obrigações estipuladas; o dever de mitigar a própria perda.

A boa-fé em sua função reativa é utilixada como exceção, para a defesa do


contratante que é injustamente atacado pela outra parte, neste caso, boa-fé será
a alegação de defesa para excluir determinada pretenção injusta por parte de um
dos contratantes.

DESDOBRAMENTO DA BOA FÉ

De maneira bem sucinta vamos disertar sobre as funções reativas da boa-fé no


que diz respeito ao abuso de direito e o seu significado, que claramente implica
no princípio da boa-fé objetiva que está assegurada no atual código civil
especificamente no artigo 422, já no artigo 187 CC/02 fala-se dos atos ilícitos que
decorre do abuso de direito. Havendo abuso de direito a norma deixa claro que
se deve agir em consonância com o princípio da boa-fé objetiva e quando está é
violada ou se encontra ameaçada de violação, oque faz com que também sejam
conhecidas como funções reativas da boa-fé objetiva, sendo:

VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM: Essa teoria consiste na vedação do


comportamento contraditório. Por essa teoria, proíbe-se o comportamento
inesperado, que viola a boa-fé objetiva, causando surpresa na outra parte.
(jurista.com.br);

SUPRESSIO: Constitui a perda de um direito ou de uma posição jurídica pelo seu


não exercício no tempo.( Flavio Tartuce, ''Manual de dirito civil'', segunda edição,
São Paulo, método, 2012, p. 543);

SURRECTIO: É o surgimento de um direito diante de práticas, usos e costumes. (


Flavio Tartuce , ''Manual de direito civil, segunda edição, São Paulo, metodo,
2012, p 543);
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TU QUOQUE: Designa a situação de abuso que se verifica quando um sujeito


viola uma norma jurídica e posteriormente, tente tirar proveito da situação em
benefício próprio. ( Ronnie Preuss Duarte in Flavio Tartuce, DIREITO CIVIL
volume.3 2009, ed. método, p. 155);

DUTY TO MITIGATE THE LOSS: É o dever de mitigar o próprio prejuizo, os


contratantes devem tomar as medidas necessárias e possíveis para que o dano
não seja agravado. A parte a que a perda aproveita não pode permanecer
deliberadamente inerte diante do dano, (laurenfenandes.jusbrasil.com.br)

UM CASO COMENTADO

Princípio da Boa Fé Objetiva

Um conceito ético de conduta, algo que procede com correção, razão e


dignidade, conjunto a atitude nos princípios da honestidade, da boa intenção no
propósito de a ninguém prejudicar, assim podemos definir o termo “Boa Fé”, que
no direito tende a ser algo muito pautado como uma boa-fé objetiva que provém
de regras de condutas, caminhando entrelaçada à Honestidade e à Lealdade.
O princípio da boa-fé também está prevista no artigo 113 do Código Civil: “Os
negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar
de sua celebração”
A boa-fé subjetiva corresponde à virtude de dizer o que acredita e acreditar no
que diz. Tem relevância para o direito das coisas, na qualificação da posse, mas
não operacionalizável no direito dos contratos.

No contexto de exemplo “Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região TRT-4 -


Recurso Ordinário : RO 0021463-03.2016.5.04.0001

Ementa

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. ESTABILIDADE PRÉ


APOSENTADORIA. COMUNICAÇÃO À EMPRESA, APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO
DA BOA-FÉ OBJETIVA.

O reclamante comunicou à empresa de sua estabilidade pré aposentadoria,


embora por e-mail, e não de modo formal, sendo que, logo após receber o aviso
prévio indenizado providenciou a comunicação formal acompanhada do
respectivo documento comprobatório, possibilitando à reclamada, sem maiores
prejuízos, a revisão da dispensa, de modo a garantir o atingimento da finalidade
da norma coletiva no aspecto. Pela aplicação dos ditames da boa-fé objetiva,
compete também a empresa zelar pela efetivação dos direitos garantidos através
da negociação coletiva, mormente em caso como o presente, que objetiva
garantir a aposentadoria a trabalhador que lhe prestou serviços por dezessete
anos e que está na iminência de atingir os requisitos para o benefício. Sentença
reformada, no aspecto.

Acórdã

Vistos, relatados e discutidos os autos. ACORDAM os Magistrados integrantes da


6a Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4a Região: por unanimidade, DAR
PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE para,
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nos termos da fundamentação, reconhecer que ele fazia jus à estabilidade pré-
aposentadoria quando dispensado, condenando a reclamada ao pagamento de
indenização relativa aos salários e demais vantagens (incluindo recolhimentos de
FGTS), da data da dispensa até a efetivação de 35 anos de contribuição,
conforme for apurado em liquidação, sendo a dispensa sem justa causa
projetada para o dia imediatamente posterior àquele em que completado o tempo
faltante para a aposentadoria, o que deve ser retificado nos registros funcionais
da parte autora para todos os efeitos legais. Custas de R$ 1.600,00 (um mil e
seiscentos reais), calculadas sobre o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais),
ora arbitrado à condenação, revertidas à reclamada. Juros e monetária na forma
da lei, observados os critérios vigentes em liquidação de sentença. Autorizados
os descontos previdenciários e fiscais cabíveis. Intime-se. Porto Alegre, 30 de
abril de 2019 (terça-feira).Cabeçalho do acórdão Acórdão"

Podemos relacionar mais falta de informação do que propriamente o agir de Má-


Fé, pois especificamente o seu termo é utilizado pelos juristas para exprimir tudo
que se faz com maldade ou deslealdade, tendo ciência e conhecimento do mal
contido no ato executado ou do vício que pretende esconder.
No caso a falta de instrução leva o Reclamante a entrar em contato de maneira
informal, mas não deixou de agir de Boa-fé, pois seu contato foi feito e requerido
assim como refeito corretamente, longe de usar uma Tendência natural e
consciente para agir maldosamente

CONCLUSÃO:

Podemos concluir então, que, o princípio da Boa-fé, exposto no Artigo 422 do


código civil, tem como função estabelecer um padrão ético para as partes nas
mais diversas situações obrigacionais, e por isso, não há como pensar em
alguma possibilidade contratual que esteja fora de seu alcance.

Nesse âmbito, o princípio da Boa-fé possui duas facetas, a “Boa-fé objetiva” e a


“Boa-fé subjetiva”, ambas tratadas ao longo deste trabalho.

Sendo um dos princípios basilares do Direito contemporâneo, tem origem nos


tempos do tão falado Direito romano, e, como princípio, não há como negar sua
importância na correta manutenção das relações jurídicas, especialmente no que
toca o âmbito do direito privado e das relações contratuais.

REFERÊNCIAS:

DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. Teorias das Obrigações
Contratuais e Extracontratuais. 24 ed. São Paulo: Saraiva, 2008.v.3.

COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito Civil: contratos. 5. ed., São Paulo:
Saraiva 2012, p. 83/84.

“Você sabe do que se trata o instituto -duty to mitigate the loss-?” Disponível em:
http//:laurenfenandes.jusbrasil.com.br, acesso em 15/04.

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