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DIREITO IMOBILIÁRIO

Teoria geral da posse e atividade notarial e


registral
VISÃO SISTEMÁTICA DO DIREITO
NOTARIAL E REGISTRAL

1.1 VETOR CONSTITUCIONAL

Em primeiro momento, os notórios, bem como, os registrados não são


enquadrados como servidores públicos, mas como agentes públicos, podendo ser,
também, considerados como serventias extrajudiciais (cartórios). Portanto, prestam
serviços ao Estado, com o objetivo de servir a população, sobretudo, prestar
serviços à população em atos formais, como: casamento, nascimentos, autenticação
de documentos etc.
A regulamentação da estrutura desses serviços será estabelecida por lei
específica, conforme o § 1º do artigo 226 da Constituição Federal: § 1º A Lei
regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e criminal dos notários,
dos oficiais de registro e de seus prepostos, e definirá a fiscalização de seus atos
pelo Poder Judiciário.” Portanto, a Constituição Federal será a base da
regulamentação. De toda sorte, temos, também a lei federal nº Lei nº 8.935/94,
regulamentando a temática, de forma mais ampliada e específica, dispondo sobre:
os serviços notariais; das atribuições e competências dos notários; da forma de
ingresso na atividade notarial e de registro; dos prepostos; dos direitos e deveres
das incompatibilidades e dos impedimentos; das infrações disciplinares e das
penalidades; fiscalização do poder judiciário; das extinções da delegação, e outras
disposições gerais.
Em relação às taxas que recebem a denominação de emolumentos
cobrados pelos serviços notariais e de registro, serão fixados por lei federal, como

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dispõe o § 2º do artigo 236 da Constituição Federal: “Lei federal estabelecerá
normas gerais para fixação de emolumentos relativos aos atos praticados pelos
serviços notariais e de registro.”
Por fim, é importante ressaltar que, o art. 236, caput, da Constituição Federal
diz que: “os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por
delegação do Poder Público.” Isto é, os serviços notariais e registrais são funções
públicas, mas exercidas em caráter privado através da legislação do Estado. Assim,
a função é pública, mas o exercício é privado - conforme autorização constitucional.

1. NORMA ESTRUTURANTE DO SISTEMA

Como mencionado, em estudos recentes, a legislação base é a Constituição


Federal, porém, possuímos regras especiais e específicas acerca do direito notarial
e registral. Cada legislação possui suas regras e orientações. Vejamos as leis que
dispõe sobre o direito notarial e Registral, possuindo base legal que nos dará
embasamento jurídico nas seguintes leis:

DIREITO NOTARIAL E REGISTRAL – LEGISLAÇÕES

Constituição Federal de 1988 Art. 236, CF/88

Lei nº 8.935/94 Lei de Notários e Registradores

Lei nº 9.492/97 Lei de Protestos

Lei nº 6.015/73 Lei de Registros Públicos

Lei nº 10.169/00
Normas gerais para fixação de
emolumentos relativos aos atos praticados

A Constituição Federal, em específico, dispõe acerca da temática


exclusivamente a partir do art. 236 e seguintes. Observa-se:

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Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter
privado, por delegação do Poder Público.
§ 1º Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil
e criminal dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos,
e definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário.
§ 2º Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de
emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e
de registro.
§ 3º O ingresso na atividade notarial e de registro depende de
concurso público de provas e títulos, não se permitindo que qualquer
serventia fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de
remoção, por mais de seis meses. (art. 236, da Constituição Federal
de 1988)

A Lei nº 8.935/94 (Lei de Notórios e Registradores – Lei dos cartórios),


possui as seguintes disposições: dos serviços notariais e de registros; dos notários
e registradores; as atribuições e competência dos notórios; as atribuições e
competência dos oficiais de registros; do ingresso na atividade notarial e de registro;
dos prepostos; da responsabilidade civil e criminal; das incompatibilidades e dos
impedimentos; dos direitos e deveres; das infrações disciplinares e das penalidades
da fiscalização pelo poder judiciário; da extinções e delegações e outras
disposições gerais. Em outras palavras, a respectiva legislação possui regras e
instruções específicas acerca da temática.
A Lei nº 9.492/97 (Lei de Protestos), tem como objetivo definir a
competência e serviços concernentes ao protesto de títulos e outros documentos da
dívida; bem como, as seguintes disposições: da competência e das atribuições; da
ordem dos serviços; da distribuição; da apresentação e da protocolização; os prazos;
da intimação; da desistência e sustação do protesto; do pagamento; do registro de
protesto; das averbações e dos cancelamentos; das certidões e informações do
protesto; dos livros e arquivos de protestos; dos emolumentos, bem como às
disposições gerais acerca da temática.
Ademais, a Lei nº 6.015/73 (Lei de Registros Públicos), especificamente o
art. 1º, da respectiva legislação, prevê que: “os serviços concernentes aos Registros
Públicos, estabelecidos pela legislação civil para autenticidade, segurança e eficácia
dos atos jurídicos, ficam sujeitos ao regime estabelecido nesta Lei.” A seguinte
legislação também prevê: os serviços concernentes aos Registros Públicos,
previstos pela lei cível possuem o objetivo de: autenticidade, segurança e eficácia

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dos atos jurídicos, estão sujeitos à Lei de Registros Públicos. Dispondo, também: da
escrituração; da ordem do serviço; da publicidade; da conservação; da
responsabilidade; do registro de pessoas naturais; da escrituração e ordem de
serviço; das penalidades; do nascimento; da habilitação para o casamento; do
registro do casamento religioso para fins civis; do casamento em iminente risco de
vida; do óbito; da emancipação; interdição e ausência; da legitimação adotiva; da
averbação; das retificações; restaurações e suprimentos; disposições gerais da
pessoa jurídica; do registro de jornais, oficinas impressoras, empresas de
radiodifusão, bem como agências de notícias; registros e títulos de documentos; da
escrituração; da transcrição e da averbação; do registro de imóveis, bem como, da
matrícula de imóveis; das pessoas; dos títulos; do registro; da averbação e do
cancelamento; do bem de família; da remição do imóvel hipotecado; e, por fim, prevê
o registro torrens.
Outrossim, a Lei nº 10.169/00, possui previsão tributária acerca dos serviços
notariais e de registro. Dispondo que os Estados e o Distrito Federal fixarão os
valores dos emolumentos relativos à temática. Portanto, para a fixação dos
respectivos emolumentos:
(...) a Lei dos Estados e do Distrito Federal levará em conta a
natureza pública e o caráter social dos serviços notariais e de
registro, atendidas ainda as seguintes regras:
I – os valores dos emolumentos constarão de tabelas e serão
expressos em moeda corrente do País;
II – os atos comuns aos vários tipos de serviços notariais e de
registro serão remunerados por emolumentos específicos, fixados
para cada espécie de ato;
III – os atos específicos de cada serviço serão classificados em:
a) atos relativos a situações jurídicas, sem conteúdo financeiro,
cujos emolumentos atenderão às peculiaridades socioeconômicas
de cada região;
b) atos relativos a situações jurídicas, com conteúdo financeiro,
cujos emolumentos serão fixados mediante a observância de faixas
que estabeleçam valores mínimos e máximos, nas quais
enquadrar-se-á o valor constante do documento apresentado aos
serviços notariais e de registro. (art. 2º, da Lei nº 10.169/00)

Para termos uma visão sistemática do direito notarial e registral, é preciso a


análise e a verificação das respectivas legislações, ora supramencionadas. Cada
uma possui uma orientação e previsão, nos dando o direcionamento das funções

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dos cartórios, ou seja, das atribuições internas, dos registros e de outras
providências, sendo de suma importância para aplicação do direito notarial,
sobretudo, na aplicação na esfera advocatícia.

3. NORMAS TRIBUTÁRIAS

Observamos em estudos recentes sobre as legislações específicas que


cercam a temática, bem como, as regras gerais sobre os serviços notariais e de
registros. A lei nº 10.169/00 é uma das normas que regulamentam as questões
tributárias destes serviços. Ou seja, regulamenta sobre a fixação de emolumentos
relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro (os valores a
serem pagos no cartório, para sermos mais didáticos).
A Constituição Federal, esclarece que os serviços notariais, bem como, os
de registro, são exercidos em caráter privado, todavia, terá a delegação do poder
público. As demais leis regulamentarão a responsabilidade civil e criminal, assim
como, outras disposições gerais e específicas (art. 236, CF/88).
Por outro lado, a lei federal estipulará normas gerais para fixação dos
emolumentos, ou seja, dos valores destes serviços prestados à população. Desta
forma, compreende-se que, esses valores (emolumentos) estabelecidos precisam
estar fixados em lei.
Desta forma, a fixação de emolumentos aos atos praticados pelos serviços
notariais e de registro, serão fixados aos Estados e ao Distrito Federal, conforme
previsto na lei nº 10.169/00.
Assim, embora a competência tenha sido transferida da União para os
Estados e Distrito Federal, não significa que esses entes públicos podem fixar os
emolumentos sem a observância dos parâmetros federais, e acima de tudo,
constitucionais.
Contudo, uma grande discussão quanto aos emolumentos e a sua natureza
jurídica, isso porque, tendo natureza jurídica de taxas só pode ser criada por lei,
porém, em muitos Estados criam suas tabelas de emolumentos por atos diversos de
lei.

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O Supremo Tribunal Federal (STF) já firmou, desde 1995, a orientação no
sentido de que os emolumentos concernentes aos serviços notariais e registrais
possuem natureza tributária, qualificando-se como taxas remuneratórias de serviços
públicos. Vejamos trecho do acórdão da época:
EMENTA: ação direta de inconstitucionalidade - custas judiciais e
emolumentos extrajudiciais - natureza tributária (taxa) - destinação
parcial dos recursos oriundos da arrecadação desses valores a
instituições privadas - inadmissibilidade vinculação desses mesmos
recursos ao custeio de atividades diversas daquelas cujo exercício
justificou a instituição das espécies tributárias em referência -
descaracterização da função constitucional da taxa - relevância
jurídica do pedido - medida liminar deferida (Supremo Tribunal
Federal, 1995)1

Vale ressaltar que, para a fixação dos emolumentos, as legislações do


Estado e do Distrito Federal levam em conta a natureza pública, bem como, o
caráter social dos serviços notariais. Além do mais, deverá seguir as seguintes
regras:

Os valores dos emolumentos deverão ser estabelecidos em tabelas;

Os valores dos emolumentos seguirão a moeda corrente do País.

Os atos considerados específicos seguirão a seguinte regra, conforme a legislação:


“a) atos relativos a situações jurídicas, sem conteúdo
financeiro, cujos emolumentos atenderão às peculiaridades
socioeconômicas de cada região;
b) atos relativos a situações jurídicas, com conteúdo
financeiro, cujos emolumentos serão fixados mediante a
observância de faixas que estabeleçam valores mínimos e
máximos, nas quais enquadrar-se-á o valor constante do
documento apresentado aos serviços notariais e de registro. (Lei
nº 10.169/00).”

Nos aprofundando acerca do tema, a mesma legislação, nos incisos de I ao VI


do art. 3º, da Lei nº 10.169/00 traz vedações acerca da fixação de emolumentos.
Vejamos de forma detalhada na tabela esquematizada abaixo:

1
STF - Supremo Tribunal Federal. Relator: Celso de Mello. Ação Direita de
Inconstitucionalidade nº 1.378-5. Data de Julgamento 30 de novembro de 1995.

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É vedado a fixação de emolumentos em percentual incidente sobre o valor do
negócio jurídico objeto dos serviços e de registro (Inciso I, art. 3º, da Lei nº
10.169/00)

É vedado cobrar das partes quantias não previstas em lei (tabelas de emolumentos)
(Inciso II, art. 3º, da Lei nº 10.169/00)

É vedado cobrar emolumentos em decorrência de: prática de retificação ou que


teve de ser refeito ou renovado em razão de erro imputável aos respectivos
serviços notariais e de registro. (Inciso III, art. 3º, da Lei nº 10.169/00)

É vedado à imposição ao registro e a averbação de situações jurídicas em que


haja a interveniência de produtor rural quaisquer acréscimos a título de taxas,
custas e contribuições para o Estado ou o Distrito federal, carteira de Previdência,
fundo de custeio de atos gratuitos e fundos especiais do Tribunal de Justiça, bem
como de associação de classe, ou outros que venham a ser criados (Inciso IV, art.
3º, da Lei nº 10.169/00)

A legislação prevê que as tabelas de emolumentos serão publicadas nos


órgãos oficiais das respectivas unidades da Federação, ou seja, cada Estado criará
o seu, deste modo, cabe às autoridades competentes a fiscalização do seu
cumprimento e sua afixação obrigatória.
Ademais, a legislação, ainda dispõe sobre outras regras referentes aos
emolumentos:

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As tabelas de emolumentos
Terão publicação nos órgãos oficiais das
respectivas unidades da federação,
cabendo às autoridades competentes a
determinação das fiscalizações do seu
cumprimento, bem como, a colocação
destes preços em locais visíveis ao público.

Os Estados e o Distrito Federal deverão


revisar as tabelas e emolumentos, tendo
que adaptá-las ao disposto na legislação, no
prazo de 90 dias.

Reajustes dos valores dos


Poderá sofrer reajustes, devendo ser
emolumentos
publicado nas respectivas tabelas,
observando o princípio da anterioridade.

Recibos de pagamentos Os recibos de pagamentos deverão ser


fornecidos às pessoas que precisarem dos
serviços notariais e registrais.

Descumprimentos das No caso de descumprimento realizado


obrigatoriedades da Lei nº pelos notários e registradores as
10.169/00 penalidades serão regidas pela Lei nº
8.935/94

4. COROLÁRIOS CONSTITUCIONAIS
Em decorrência do regime jurídico do direito notarial e registral, tem-se como
corolários constitucionais: a função pública, exercício privado, fiscalização do poder
judiciário, microssistema próprio, remuneração por emolumentos. Vejamos no
quadro esquematizado abaixo:

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Função pública A natureza jurídica do exercício do agente
notarial e registral é de agente público em
sentido lato sensu. Trata-se de um
particular colaborando com o Poder
Público, através da delegação de poderes
do próprio Poder Público.

Exercício privado A organização administrativa das serventias


é de natureza privada, não sendo
confundido com atos praticados pelos
agentes que são atos de caráter público.

Fiscalização do poder judiciário Segundo a Constituição Federal, o


judiciário tem o dever de fiscalizar a
serventia, segundo o art. 38 da CF/88.
Porém, o titular tem a responsabilidade e a
liberdade de administrar a serventia com
sua estrutura e a contratação de
empregados.

Microssistema próprio O sistema registral tem princípios jurídicos


próprios previstos na Lei 8.935/94.

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Remuneração por emolumentos Os serviços prestados pelos serviços
registrais e notariais são remunerados por
taxa especial, os emolumentos; que estão
previstos na Constituição Federal (§ 2º do
Artigo 226) e na Lei 8.935/94, no seu Artigo
28: “Os notários e oficiais de registro
gozam de independência no exercício de
suas atribuições, têm direito à percepção
dos emolumentos integrais pelos atos
praticados na serventia e só perderão a
delegação nas hipóteses previstas em lei.”

5. TEORIA GERAL DO DIREITO NOTARIAL E REGISTRAL


5.1 CONCEITO LEGAL
Após observarmos a respeito do regime jurídico do direito notarial e registral,
se faz necessário, a análise conceitual quanto ao tema.
Os serviços notariais e registrais podem ter sua conceituação obtida no
artigo 1º da Lei Federal 8.935/94: “Serviços notariais e de registro são os de
organização técnica e administrativa destinados a garantir a publicidade,
autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos.”
Assim, os cartórios são um serviço público extrajudicial prestado por um
particular em colaboração com o Poder Público, com a finalidade de materializar os
institutos jurídicos, outorgando-lhes fé pública.
A organização técnica relaciona-se a realização do serviço por profissionais
do direito, enquanto a organização administrativa, refere-se à organização e gestão
da serventia, que é livre e de responsabilidade do titular da serventia.
Nos aprofundando, quando analisamos sobre o regime de funcionamento e
remuneração, podemos citar a explicação e a análise da Revista Jurídica Migalhas
(2021):

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O funcionamento dos serviços notariais e de registro ocorre de modo
particular e se formaliza por meio de outorga, pelo Poder Público,
desse serviço a quem for aprovado em concurso público de provas e
títulos, tudo conforme o art. 236 da Constituição Federal. Esses
particulares - que podem ser chamados genericamente de oficiais
extrajudiciais ou, a depender do tipo de especialidade, de tabeliães
ou de registradores - ficam expostos a uma fiscalização periódica e
contínua do Tribunal de Justiça de cada Estado, porque suas
atividades são consideradas auxiliares ao Poder Judiciário. Os
tabeliães e os registradores exercem a atividade por seu próprio
risco. (OLIVEIRA, Carlos Eduardo Elias, 2021)2

Ademais, é importante destacar, também, sobre a estrutura jurídica do


direito notarial e registral, bem como, qual a composição dos empregados – estas
regras estão previstas através do §1º do art. 236, vejamos na tabela abaixo de
forma mais simplificada:

Os cartórios serão compostos pelos seguintes empregados

O notário, tabelião, oficial de registro, registrador: todos são profissionais do


direito e possuem boa-fé. Lhes sendo atribuído o exercício da atividade notarial
e de registro.

Os serviços notariais serão prestados aos sábados, domingos e feriados (plantão).

O atendimento ao público será no seguinte horário: 6 (seis) horas diárias.

Outrossim, a lei nº 8.935/94, ora federal, regulamenta as atividades e


responsabilidades dos registros. Especificamente no §1º da Lei nº 6.015/73
disciplina, também, quais os registros que os cartórios possuem. Observa-se:

Tipos de registros

2
OLIVEIRA, Carlos Eduardo Elias. Serviços notariais e registrais: mapeamento e algumas propostas
de aprimoramento – Parte I. Revista Migalhas. Disponível em:
<https://www.migalhas.com.br/coluna/migalhas-notariais-e-registrais/350974/servicos-notariais-e-regis
trais--parte-i> Acesso em: 05.jun.2021

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O registo de imóveis

O registro de títulos e documentos

O registo civil de pessoas jurídicas

O registro civil de pessoas naturais

Portanto, cada um dos registros supramencionados possuem uma função


específica de atuação.
Adentrando ao assunto, há, também, os titulares de serviços notariais e de
registro, sendo os seguintes:

Os tabeliões de notas

Os tabeliões e oficiais de registro de contratos marítimos

Os tabeliões de protestos de títulos

Oficiais de registro de imóveis

Oficiais de registro de títulos e documentos e civis das pessoas jurídicas

Oficiais de registro civis das pessoas naturais e de interdições e tutelas

Oficiais de registro de distribuição

Ademais, compete os notórios, segundo o art. 6º da lei nº 8.935/00:

Formalizar juridicamente a vontade das partes (Inciso I)

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Intervir nos atos e negócios jurídicos a que as partes devam ou queiram dar
forma legal ou autenticidade, autorizando a redação ou redigindo os instrumentos
adequados, conservando os originais e expedindo cópias fidedignas de seu
conteúdo. (inciso II)

Autenticar fatos (Inciso III)

Desse modo, entende-se que há uma organização legislativa e


administrativa em relação ao direito notarial e registral. Todas as leis
supramencionadas estão interligadas para composição e organização dos cartórios.
Por fim, para finalizarmos a parte estrutural, verificaremos o artigo da
Revista Migalhas em relação a estrutura do cartório à luz do direito administrativo:
Do ponto de vista administrativo, como a atividade extrajudicial
envolve o exercício do poder administrativo de polícia, ela é um
serviço público sob a ótica do Direito Administrativo. Por opção
constitucional, esse serviço público é exercido mediante uma
delegação sui generis outorgada pelo Poder Público a particulares
mediante concurso de provas e títulos.
Enfatize-se: o titular da delegação - o oficial extrajudicial - é uma
pessoa natural aprovada em um concurso público, e não uma
pessoa jurídica.
inda sob a ótica de Direito Administrativo, as serventias extrajudiciais
são consideradas "órgãos auxiliares" do Poder Judiciário, razão por
quê:
a) a criação de novos cartórios deve ser feita por lei de iniciativa do
respectivo Tribunal de Justiça (art. 96, I, "b", e II, "b", da CF);
b) o Tribunal de Justiça local exerce, de forma periódica ou de modo
extraordinário, correições para averiguar se o oficial está prestando
o serviço de forma adequada, além de deter a competência para
infligir punições contra ele no caso de infrações disciplinares e para
editar atos infralegais regulamentando a atividade extrajudicial (art.
96, I, "b", da CF; e art. 37 da LNR);
c) o CNJ possui competências normativas e disciplinares sobre as
atividades extrajudiciais em sobreposição à competência dos
Tribunais locais (art. 103-A, § 4º, III, e § 7º, da CF).
São os juízes, desembargadores e membros do Conselho Nacional
de Justiça (CNJ) que fiscalizam e regulamentam as atividades
notariais e de registro em cada Estado. (OLIVEIRA, Carlos Eduardo
Elias, 2021)3

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OLIVEIRA, Carlos Eduardo Elias. Serviços notariais e registrais: mapeamento e algumas propostas
de aprimoramento – Parte I. Revista Migalhas. Disponível em:

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O estudo realizado pela revista Migalhas é interessante pois, analisa a
forma estrutural dos cartórios através da legislação administrativa, nos ensinando
que, como os cartórios são “órgão auxiliares” podemos enquadrá-los nos arts. 96 e
103-A da Constituição Federal. Entende-se que, para a criação de determinado
cartório deverá ser autorizado pelo Tribunal de Justiça do respectivo estado, assim
como menciona:
Art. 96. Compete privativamente:
I - aos tribunais:
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos
que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da atividade
correicional respectiva;
II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos
Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo,
observado o disposto no art. 169:
b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus
serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bem
como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive
dos tribunais inferiores, onde houver; (art. 96, da Constituição
federal de 1988)

A Constituição Federal, além de prevê as competências para a criação dos


cartórios, como mencionado, também prevê a criação desses respectivos órgãos,
especificamente no art. 103-A:
O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação,
mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas
decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir
de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em
relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração
pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal,
bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma
estabelecida em lei.
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula
aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao
Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato
administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e
determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da
súmula, conforme o caso. (Constituição federal de 1988)

Por fim, sendo de competência do CNJ (Conselho Nacional de Justiça),


juízes e desembargadores a fiscalização destes respectivos órgãos.

<https://www.migalhas.com.br/coluna/migalhas-notariais-e-registrais/350974/servicos-notariais-e-regis
trais--parte-i> Acesso em: 05.jun.2021

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6. PRINCIPIOLOGIA

Após a análise das estruturas do direito notarial e registral, bem como, a


legislação e seus conceitos, é importante destacarmos sobre alguns princípios
acerca da temática, tendo previsão legislativa no artigo 1º da Lei 8.935/94: “Serviços
notariais e de registro são os de organização técnica e administrativa destinados a
garantir a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos.”
Desta forma, por ter um microssistema próprio, o sistema registral tem
princípios jurídicos específicos:
1. Princípio da Publicidade: é uma garantia fundamental dos cidadãos, em
razão do Estado Democrático de Direito, para dar amplo conhecimento dos escritos
e registros públicos, satisfazendo a necessidade popular de verificação pública dos
atos e negócios jurídicos celebrados ou registrados no Serviço.
Sua materialização se perfaz através da expedição de certidões, conforme
previsão do Artigo 19 da Lei 6.015/73: “a certidão será lavrada em inteiro teor, em
resumo, ou em relatório, conforme quesitos, e devidamente autenticada pelo oficial
ou seus substitutos legais, não podendo ser retardada por mais de 5 (cinco) dias.”
Observe que o artigo elenca as espécies de certidões: inteiro teor, em
resumo, em relatório conforme quesitos.
2. Princípio da Autenticidade: é a certeza de sua autoria, afirmando que a
intervenção notarial ou registral é verdadeira em decorrência da sua fé pública.
Vincula-se a presunção de veracidade, conforme se verifica do artigo 212 da Lei de
Registros Públicos:
Se o registro ou a averbação for omissa, imprecisa ou não exprimir a
verdade, a retificação será feita pelo Oficial do Registro de Imóveis
competente, a requerimento do interessado, por meio do
procedimento administrativo previsto no art. 213, facultado ao
interessado requerer a retificação por meio de procedimento judicial.
Parágrafo único. A opção pelo procedimento administrativo previsto
no art. 213 não exclui a prestação jurisdicional, a requerimento da
parte prejudicada. (Lei nº 8.935/00 – Lei de Registros Públicos)

Verifica-se, também, que é possível ser feita a retificação dos registros ou


averbações pelo próprio oficial ou a requerimento do interessado através de
procedimento judicial.

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O Código Civil traz disposições semelhantes em seu artigo 1.247, caput,
parágrafo único, Código Civil:
Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o interessado
reclamar que se retifique ou anule.
Parágrafo único. Cancelado o registro, poderá o proprietário
reivindicar o imóvel, independentemente da boa-fé ou do título do
terceiro adquirente. (Direito Civil, art. 1.247)

Assim, a autenticidade dos registros ou averbações é relativa, e podendo ser


objetos de retificações através de ação judicial, assim como, estipula o artigo
supramencionado.
Por fim, verificaremos a tabela abaixo acerca dos princípios do direito
notarial e registral, segundo a legislação vigente:

PRINCÍPIOS DO DIREITO NOTARIAL E REGISTRAL – SEGUNDO O ART. 1ª


DA LEI Nº 8.935/94

Princípio da publicidade A atividade notarial, bem como a registral


tem o dever de ser transparente, ou seja,
todos os atos precisam ser públicos.

Princípio da autenticidade Os documentos que forem autenticados ou


realizados pelo cartório possuem fé pública.

Princípio da segurança
Os serviços prestados pelo cartório
possuem segurança. Tem como finalidade
oferecer segurança a todos os atos
praticados

Princípio da eficácia dos atos


Os atos praticados pelo cartório estão aptos
jurídicos
para produção de efeitos

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BIBLIOGRAFIA
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.

BRASIL, Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002. Dispõe sobre o Código Civil,


Brasília, DF.

BRASIL, Lei nº 8.935 de 18 de novembro de 1994. Regulamenta o art. 236 da


Constituição Federal, dispondo sobre serviços notariais e de registro. Brasília, DF.

OLIVEIRA, Carlos Eduardo Elias. Serviços notariais e registrais: mapeamento e


algumas propostas de aprimoramento – Parte I. Revista Migalhas. 2021. Disponível
em:<https://www.migalhas.com.br/coluna/migalhas-notariais-e-registrais/350974/serv
icos-notariais-e-registrais--parte-i> Acesso em: 05.jun.2021.

Silvana Floriano - 03340508712

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