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Notariado 3 de 5 - O Direito notarial é um conjunto de normas


que desenvolvem e regulam a função
Direito comercial (Instituto Superior Técnico de Angola)

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Notariado

O Notariado.

Introdução

O Direito notarial é um conjunto de normas que desenvolvem e regulam a função notaria,


do ponto de vista subjectivo (do agente), obectivo (do documento) e dinâmica (da técnica
notarial).
Em outras palavras o direito notarial é o conjunto de normas que regulam de forma
subjectiva, objectiva e dinâmica a função notarial1.

O Código do Notariado foi aprovado pelo Decreto-Lei nº 47 619, de 31 de Março de 1967,


estando ainda parcialmente em vigor em Angola por força do art. 165º da Lei
Constitucional e agora do art. 239º da Constituição da República de Angola, dendo, desde a
sua aprovação, sofrido várias rectificações e alterações..

O Notariado Angolano integra-se no sistema designado por notariado latino que se rege
por certos princípios fundamentais entre os mais relevam o reconhecimento de fé pública
aos actos praticados pelo notário.

1. Espécie de Sistemas notariais

1.1 Administrativo, o saxónico e o latino.

Existem três espécies de sistemas de notariado: O sistema administrativo, anglo-saxónico


e o notariado latino ou românico.

Notariado Administrativo:

Vigora nos regimes socialistas e hoje praticamente não existe; a China, Angola são dois
exemplos de países que pertenciam a este sistema e o optaram pelo notariado latino.

Neste tipo de notariado o notário é um funcionário público em sentido estrito, integrado


numa estrutura hierarquicamente organizada, tratando-se, por isso de um regime notariado
tipos de regime autoritário, nos quais a actividade notarial não se desenvolve de acordo
com a liberdade e a autonomia da vontade, próprias das relações contratuais privadas.

Sistema anglo saxónico

O sistema anglo saxónico, baseado na “comon law”, desconhece o valor do dcumento


autêntico. No que concerne as caracterizas do sistema jurídico anglo-saxónico, em
Inglaterra não existe o conceito de fé publica: apenas existem documentos particulares.

Os únicos actos jurídicos a que o Estado atribui o valor verdade de indiscutível são os
provenientes dos Tribunais

1
Lafferriere, Augusto Diogo (2008). Curso de Derecho Notarial. Argentina

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Os notários dos países que seguem essa modalidade têm características mais simples: Não
ha necessidade de formação específica ou conhecimento jurídico, basta ser autorizado para
exercer a função, não redige documentos e a função notarial praticamente se restringe a
autênticação de documentos e de assinatura. É um profissional livre, inclusive em relação
aos preços pelos serviços.

Por estas razões, e para que os documentos possam sem entraves circular a nível
internacional, dada a abrangência dos países integrados no sistema de notariado latino
surgiu nos Estados Unidos uma nova categoria de juristas, os civil law notaries, encarregues
de formalizar escrituras públicas do tipo latino. Também em Inglaterra exercem os já
referidos public notaries ou subs-cribers notaries, essencialmente na City de Londres, com
o mesmo objectivo. Ao contrário do que o nome indica, não se trata de um notário

O sistema de Justiça da Common Law baseia-se sobre tudo na oralidade, não assumindo
grande importância o documento escrito; não existe por isso diferença entre documento
particular e documento público, nem se quer é necessário, dado a grande agilidade que
pressupõe a moralidade na justiça.

A estes documentos, típicos do notariado anglo-saxónico aquele sistema não confere força
probatória plena: eles constituem apenas indício do respectivo facto, a apreciar livremente
pelo tribunal, pelo que não fica indiscutivelmente comprovado a capacidade das partes, a
data do contrato e o seu conteúdo negocial.

Por isso que as entidades que formalizam os contratos, designadas por notaries, solicitors ou
barristers, não são “oficiais públicos”, mas apenas profissionais livres, inteiramente alheios à
confecção dos documentos, que lhes são apresentados, já preparados, para que tais
“agentes notariais” certifiquem que as partes compareceram perante si e que aceitaram o
seu conteúdo; trata-se, portanto, de um “notário-certificador”, pelo que a autoria dos
documentos é sempre imputada às partes.

Este sistema é assim um sistema documental não notarial, uma espécie de sucedâneo do
único notariado existente no mundo, o latino, que oferece aos cidadãos um facilitado
acesso ao direito em condições de igualdade, uma maior segurança e assim, uma menor
litigiosidade e uma consequente libertação dos tribunais.

Por estas razões, e para que os documentos possam sem entraves circular a nível
internacional, dada a abrangência dos países integrados no sistema de notariado latino
surgiu nos Estados Unidos uma nova categoria de juristas, os civil law notaries, encarregues
de formalizar escrituras públicas do tipo latino. Também em Inglaterra exercem os já
referidos public notaries ou subs-cribers notaries, essencialmente na City de Londres, com
o mesmo objectivo. Ao contrário do que o nome indica não se trata de um notário.

Isto porque uma entidade que se limita a autenticar um escrito feito por outrem não pode
considerar-se um notário, dado que não constitui um interveniente activo na conformação
do conteúdo do acto: trata-se de uma entidade que apenas certifica um acto avulso, e esse
acto pode estar escrito em qualquer idioma, que a mesma entidade pode não dominar, pode
não ser elaborado de acordo com a lex loci (Lei do local da respectiva celebração) e o
respectivo original não permanece à sua guarda.

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Notariado Latino

O Sistema de notariado latino é aquele a que a maior parte dos países pertencem e segundo
os mais recentes estudos sobre a matéria, o único e verdadeiro sistema, o único e
verdadeiro notariado.
Neste sistema a função notarial é genérica e abrangente, visto que concerne a todo o
universo dos factos jurídicos privados extrajudiciais e a fé pública é-lhe inerente. E cabe
ainda sublinhar que esta não se refere apenas ao instumento público, mas antes se estende a
qualquer factos, documentos ou circunstâncias que o Notário autentique. E por isso
também se diz que ele tem uma função autenticadora.

A actividade notarial enquadrada no notário latino, única a que se pode chamar de


notariado, constitui um contributo relevante para garantir a segurança jurídica aos
particulares, defendendo os interesses, o património e a tranquilidade dos cidadãos e
fomentando um Estado de certeza colectiva, propicia ao progresso e ao investimento.
Ex. a Escritura publica.

E, porque ao acto notarial o Estado confere uma força probatória reforçada, o mesmo
Estado exige especiais qualificações e equidistância na composição dos interesses
esperando que na sua intervenção nos actos contenha o grau de legitimidade com especial
incidência na área dos contratos e defenda o particular.
Por outro lado, o notário arquiva o documento no seu acervo, que é público, e garante que
ele não se extravie dado que não o restitui aos particulares limitando-se a extrair cópia ao
original.
Os princípios do numerus clausus, da competência territorial e do tabelamento dos actos
também conferem à função notarial um cariz social e garantem a independência económica
do notário face aos grandes grupos de interesses e, consequentemente, a sua imparcialidade
como oficial público.

Princípios enformadores da actividade notarial.

Um princípio básico da actividade notarial é o da legalidade. Existem ainda outros


princípios que devem ser respeitados na actividade notarial:

Princípio da legalidade: o notário deve apreciar a viabilidade de todos os actos cuja


prática lhe é requerida, em face das disposições legais aplicáveis e dos documentos
apresentados ou exibidos, verificando especialmente a legitimidade dos interessados, a
regularidade formal e substancial dos referidos documentos e a legalidade substancial do
acto solicitado.
A actividade notarial é a de atribuir autenticidade aos factos que sejam percepcionados e
atestados pelo notário, bem como a de conferir fé pública aos actos e documentos por si
elaborados ou confirmados.
A fé pública tem por objecto atribuir à matéria em causa (designadamente ao documento,
em sentido amplo) uma segurança e um crédito públicos, uma valia apodíctica, de modo
que se torne e fique legalmente incontestável, salvo em hipóteses muito restritas (como a da
falsidade). Consequentemente, esta finalidade também se traduz na confiança pública que
fica atribuída por lei a esse facto, acto ou documento, bem como ao seu valor e eficácia
probatória plena (cf.artigos 371.º, n.º 1 e 377.º do Código Civil).

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Princípio da autonomia: o notário exerce as suas funções com independência, quer em


relação ao Estado quer a quaisquer interesses particulares.
Princípio da imparcialidade: o notário tem a obrigação de manter equidistância
relativamente a interesses particulares suceptiveis de conflituar abstendo-se,
designadamente, de assessorar apenas um dos interessados num negócio.
Princípio da exclusividade: As funções do notário são exercidas em regime de
exclusividade, sendo incompatíveis com quaisquer outras funções remuneradas, publicas ou
privadas, salvo actividades docentes ou de formação ou autorizadas, participação em
conferências, colóquios e palestras, ou ainda a percepção de direitos de autor.
Princípio da livre escolha: o notário é escolhido livremente pelos interessados observada
as normas relativas à competência territorial.

2. A função notarial;
2.2 Objecto
O direito notarial trata, sobretudo do exercício da função notarial, que se traduz na
formalização dos actos jurídicos extrajudiciais, de modo a conferir-lhes fé pública. Sendo
esta a noção elementar contida no n.º 1 do artigo 1.º do Código do Notariado.
Através deste simples enunciado, deduzimos que é apropriado fazer a interpretação das
normas relativas à função notarial contidas no Código do Notariado.

O artigo 1º da Lei nº1/97, de 17 de Janeiro, dispõe sobre as incompatibilidades.


Nos termos do referido artigo, o exercício do cargo de Notário e Conservador é
incompatível:
a) com qualquer outra função pública remunerada, salvas as excepções legais;
b) com a administração, direcção ou gerência de sociedades ou estabelecimentos comerciais
ou industrial;
c) com o exercício da advocacia, fora dos casos e condições previstos no número seguinte.

2. O exercício da advocacia é permitido:


a) aos notários e conservadores colocados em Cartórios e Conservatórias de 2ª classe;
b) aos notários e conservadores colocados em Cartórios e Conservatórias de 1ª classe,
desde que o Ministro da Justiça o autorize, caso a caso.

3. A advocacia só pode ser exercida pelos notários e conservadores na área de jurisdição


dos tribunais instalados na sede do respectivos Cartórios ou Conservatórias, salvo os casos
de recurso para os tribunais superiores.
4. Aos notários e conservadores autorizados a exercer advocacia é proibido aceitar
mandato contra o Estado, empresa pública e sociedades em que o Estado ou empresas
públicas detenham a maioria absoluta do capital ou para tratar de questões em que tenha de
ser discutidos actos praticados ou registos lavrados na repartição em que estiverem
colocados.
5. O Ministro da Justiça pode proibir o exercício da advocacia aos Notários e
Conservadores, colocados em Cartórios e Conservatórias de 1º classe que, por causa desse
exercício, descurarem os deveres do cargo ou o utilizarem em proveito dos seus clientes.

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6. Os Notários e Conservadores que exercerem a advocacia perdem o direito à


comparticipação emolumentar.

Quantos aos órgãos normas do exercício da função notarial, o artigo. 2º dispõe: “ Os


órgãos normais da função notarial são os notários e os ajudantes das repartições notariais.

2.5 Desempenho excepcional de funções notariais (art. 3º).

Excepcionamente, desempenham funções notariais:

a) os agentes consulares angolanos;


b) os chefes de secretarias e os notários privativos das câmaras municipais;
c
d) Os funcionários de outros serviços, a quem seja atribuída, em relação a certos actos, a
competência própria dos notários.

Consequentemente, não se deve encarar o exercício da função de um modo mecânico, isto


é, como se a prática notarial se traduzisse num mero preenchimento de formulários ou de
impressos pré-elaborados que devesse ser seguido. Não é assim. O Notário deve indagar a
vontade real dos interessados e redigir personalizadamente (isto é, individualmente) o
documento com estas características essenciais: que tudo o que fica nele declarado e
plasmado corresponda a essa vontade real – pressupondo-se a capacidade de quem a
pretenda exprimir – e que o seu conteúdo seja legalmente permitido enquadrando-se
também na fatispécie legal e, é claro, no caso de se tratar de direitos reais, na previsão do
numerus clausus2.

2.4 Princípios enformadores da actividade notarial.

Um princípio básico da actividade notarial é o da legalidade. Existem ainda outros


princípios que devem ser respeitados na actividade notarial:

Princípio da legalidade: o notário deve apreciar a viabilidade de todos os actos cuja prática lhe
é requerida, em face das disposições legais aplicáveis e dos documentos apresentados ou
exibidos, verificando especialmente a legitimidade dos interessados, a regularidade formal e
substancial dos referidos documentos e a legalidade substancial do acto solicitado.
A actividade notarial é a de atribuir autenticidade aos factos que sejam percepcionados e
atestados pelo notário, bem como a de conferir fé pública aos actos e documentos por si
elaborados ou confirmados.
A fé pública tem por objecto atribuir à matéria em causa (designadamente ao documento,
em sentido amplo) uma segurança e um crédito públicos, uma valia apodíctica, de modo
que se torne e fique legalmente incontestável, salvo em hipóteses muito restritas (como a da
falsidade). Consequentemente, esta finalidade também se traduz na confiança pública que
fica atribuída por lei a esse facto, acto ou documento, bem como ao seu valor e eficácia
probatória plena (cf.artigos 371.º, n.º 1 e 377.º do Código Civil)3

2
Guerreiro, José Augusto G. Monteiro (2010). Temas de Registo e de Notariado p.93. Edições Almedina.
3
Guerreiro, José Augusto G. Monteiro (2010). Temas de Registo e de Notariado p.94. Edições Almedina.

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Princípio da autonomia: o notário exerce as suas funções com independência, quer em relação
ao Estado quer a quaisquer interesses particulares.
Princípio da imparcialidade: o notário tem a obrigação de manter equidistância relativamente a
interesses particulares suceptiveis de conflituar abstendo-se, designadamente, de assessorar
apenas um dos interessados num negócio.
Princípio da exclusividade: As funções do notário são exercidas em regime de exclusividade,
sendo incompatíveis com quaisquer outras funções remuneradas, publicas ou privadas,
salvo actividades docentes ou de formação ou autorizadas, participação em conferências,
colóquios e palestras, ou ainda a percepção de direitos de autor.
Princípio da livre escolha: o notário é escolhido livremente pelos interessados observada as
normas relativas à competência territorial.

3. Competência notarial;

3.1competência funcional (art. 5).

O artigo 5º da CN prevê a competência dos notáriso:

Compete, em especial, ao notário:


a) Lavrar testamentos públicos, instrumentos de aprovação, deposito e abertura de
testamento cerrados;
b) Lavrar outros instrumentos públicos nos termos livros de notas e fora deles;
c) Exarar termos de autenticação em documentos particulares, ou de simples
reconhecimento da autoria da letra com que esses documentos estão escritos, ou das
assinaturas neles apostas;
d) Passar certificados de vida e identidade, e bem assim do desempenho de cargos
públicos, de gerência ou de administração de pessoas colectivas e de sociedades;
e) passar certificado de outros factos que seja devidamente certificado;
f) Certificar ou fazer e certificar, traduções de documentos escritos em língua estrangeira;
g) Passar certidões de instrumentos públicos e de outros documentos e de outros
documentos arquivados, passar públicas-formas de documentos que, para esse fim, lhe
sejam presentes pelos interessados;
h) Expedir fotocópias de instrumentos e de outros documentos, ou conferir com os
respectivos originais as fotocópias extraídas pelos interessados,
i) intervir nos actos jurídicos extrajudiciais, que os interessados pretendam dar garantias
especiais de certeza ou de autenticidade.

2. Salvo disposição em contrário, o notário pode praticar, dentro da área de jurisdição da


respectiva repartição, todos os actos da sua competência, que lhe sejam requisitados, ainda
que respeitem a pessoa domiciliadas ou a bens situados fora dessa área.

3.2 Competência territorial


A regra da competência territorial do notário é o da área de jurisdição da respectiva
repartição em que encontra o cartório. Alvo disposição ao contrário, o notário pode
praticar, dentro da área de jurisdição da respectiva repartição, todos os actos da sua
competência, que lhe sejam requisitados, ainda que respeitem a pessoas domiciliadas ou a
bens situados fora dessa área (nº 2 do artigo 5º).
Significa a parte final da disposição citada que os interessados podem recorrer a um notário
da sua preferência, onde quer que o seu cartório se situe: necessário é que aqueles
interessados se encontrem na área de jurisdição do cartório ou se desloquem à área de
jurisdição em que se localize o cartório notarial.

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3.3 Impedimentos do notário e seus adjuntos (art. 8º e 9º).

1. O notário não pode realizar actos em que sejam partes ou beneficiários, directos ou
indirectos, quer ele próprio, quer o seu cônjuge ou qualquer parente ou afim na linha recta
ou em 2.º grau da linha colateral.
2. O impedimento é extensivo aos actos cujas partes ou beneficiários tenham como
procurador ou representante legal alguma das pessoas compreendidas no número anterior.
3 3. O notário pode intervir nos actos em que seja parte ou interessada uma sociedade por
acções, de que ele ou as pessoas indicadas no n.º 1 sejam sócios, e bem assim nos actos em
que seja parte ou interessada alguma pessoa colectiva de utilidade pública a cuja
administração ele pertença.

O art. 9º determina que o impedimento do notário é extensivo aos ajudantes das


repartições que pertençam ao notário impedido, exceptuando as procurações e
substabelecimentos com simples podres forenses e os reconhecimentos de letras e
assinaturas apostas em documentos que não titulem actos de natureza contratual, nos quais
o ajudante pode intervir, ainda que o representado, representante ou o signatário seja o
próprio notário.

4. Actos notarias em geral.

4.1 Instrumentos notariais


4.1.1 Documentos e suas espécies art. 51º 369º cc a 380ºcc

O art. 51º enumera as espécies de documentos notariais. Assim, os documentos lavrados


pelo notário, ou em que ele intervém, podem ser autênticos, autenticados ou ter apenas o
reconhecimento notarial.

São autênticos os documentos exarados pelo notário nos respectivos livros, ou em


instrumentos avulsos, e os certificados, certidões e outros documentos análogos por ele
expedidos.
O n.º 2 do artigo 35.º prevê uma clássica distinção do documento autêntico notarial: o que
é lavrado nas notas22 ou o que o é fora das notas, isto é, o que fica escrito num livro
próprio a tal destinado, ou numa folha avulsa. É certo que na nossa época, em que o
suporte electrónico é quase o único que em diversos serviços habitualmente se utiliza,
poderá considerar-se que já não fará grande sentido esta distinção, sobretudo se for
introduzida a escritura pública electrónica. Todavia, por um lado, a lei continua a fazê-la
(referindo-se o citado n.º 2 aos documentos exarados “nos respectivos livros, ou em
instrumentos avulsos”) e, pelo outro, pode também ser sempre conveniente (e certamente
o será) a existência de livros, embora electrónicos.

São autenticados os documentos particulares confirmados pelas partes perante notário.


Têm reconhecimento notarial os documentos particulares cuja letra e assinatura, ou só
assinatura, se mostrem reconhecidas por notário.

Só os documentos autênticos é que são lavrados pelo próprio notário. Nos documentos
particulares autenticados, o notário apenas garante que o seu conteúdo reflecte
correctamente a vontade das partes cuja identidade o próprio notário também verifica, mas
não tem que intervir na apreciação da forma e do conteúdo do documento, isto é, não tem

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que validar a correcção da forma legal escolhida nem a legalidade do conteúdo, a menos
que, na sua função de assessor jurídico, as partes solicitem o seu conselho.

Também o reconhecimento da letra e assinatura ou só assinatura não ultrapassa o âmbito


da garantia de que a letra e a assinatura pertencem à pessoa aquém são atribuídas, nada
tendo a ver com a forma e o conteúdo do documento, sendo certo todavia que não é
admitido o reconhecimento de uma assinatura de documento em branco, escrito em língua
estrangeira que o notário não domine, escrito a lápis ou ainda cuja leitura não seja facultada
ao natário (art.169º).

4.1 Instrumentos lavrados nos livros de notas (art. 52º)


4.1.2 Instrumentos lavrados nos livros de notas e instrumentos avulsos a(10º e 51º)

No tocante aos livros vigentes o Código (art.º 52.º) refere que neles são lavrados:
a) Os testamentos públicos (2205º;
b) Os actos para os quais a lei exija escritura pública.

São exarados em instrumentos fora das notas os actos que devam constar de documento
autêntico, mas para os quais a lei não exija, ou as partes não pretendam, a redução a
escritura pública; são chamados instrumentos avulsos: instrumentos de aprovação, de
depósito e sua restituição e abertura de testamento cerrado (2206) e internacionais bem
como procurações, substabelecimentos, consentimentos conjugais e protesto de letras,
entre outros títulos.

A referência que a lei faz a livros de notas pode induzir em erro: de facto, tanto as
escrituras como os testamentos públicos são hoje lavrados, como permite o artigo 32º em
folhas soltas. Encadernados antes de serem utilizados, constituindo então livros para feitos
de arquivos.

Os termos de autenticação e os reconhecimentos são lavrados no próprio documento a que


respeitam ou em folha anexa; os instrumentos exarados fora das notas em regra não ficam
arquivados, sendo entregues aos interessados.

4.1.3 Regras aplicáveis aos instrumentos notariais (art. 54º e 55º, 56º, 57º, 70ºnº1 al. C) e
371º
CC)

As regras de composição e os materiais utilizáveis nos instrumentos notariais são objecto


dos arts. 54º e 55º.

A primeira destas disposições determina que os testamentos, as escrituras de revogação de


testamentos e os instrumentos de aprovação de testamentos cerrados devem ser
manuscritos a preto e co grafia de fácil leitura. É permitido ainda o uso de quaisquer
processo gráfico, devendo, porem, os respectivos caracteres ser bem nítidos.
O art. 55º por sua vez, determina que os materiais utilizados na composição dos actos
notarias devem ser da boa qualidade e capazes de dar à escrita as necessárias garantias de
inalterabilidade e duração.

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A Direcção Nacional dos Registos e Notariado poderá ordenar a utilização de impressos,


dos modelos que vier a aprovar, para a expedição de actos avulsos, bem como ordenar ou
proibir o uso, para a escrita dos actos, de determinadas materiais ou processos gráficos.

A escrita dos documentos notarias obedece certas regaras, definidas no art, 56º.

1. Os acto notariais são escritos com os dizeres por extenso, salvo no que respeita às
palavras usadas como fórmulas de tratamento ou cortesia, ou para designar títulos
académicos.
2. Nos instrumentos de protesto, nas certidões de teor, nas publicas-formas e traduções, a
transcrição dos títulos e dos originais é feita com as abreviaturas e algarismos que neles
existirem.
3. É permitido o uso de algarismo e abreviaturas nos termos de abertura de sinal, nos
reconhecimento, averbamentos, extractos, registos, registos e contas, na indicação dos
números de polícia dos prédios ou lotes e das inscrições matriciais, na numeração das
folhas dos livros ou dos documentos, na referência de diplomas legais, na de documentos
apresentados e na residência ou sede dos intervenientes nos actos
4. Os instrumentos, certificados, certificações e outros documentos análogos, e bem assim
nos termos da autenticação, são lavrados sem espaços em brancos; se alguma linha do acto
não for inteiramente ocupada pelo texto, deve o espaço em branco ser inutilizado por meio
de um traço horizontal.

O art. 57º dispõe que:


1. As palavras emendadas, escritas sobre rasura ou entrelinhadas devem ser expressamente
ressalvadas.
2. A eliminação de palavras escritas deve ser feita por meio de traços que as cortem e de
forma que as palavras traçadas permaneçam legíveis; à sua ressalva é aplicável o disposto
no número anterior.
3. As ressalvas são feitas antes da assinatura dos actos de cujo texto constem e, tratando-se
de actos lavrados em livros de notas, ou de instrumentos de preocupação, devem ser
manuscritas pelo funcionário que assina.
4. As palavras emendadas, escritas sobre rasuras ou entrelinhadas, que não forem
ressalvadas, consideram-se não escritas sem prejuízo do disposto no n.º2 do artigo 371º do
Código Civil.
5. As palavras traçadas, mas legíveis, que não forem ressalvadas consideram-se não
eliminadas.

4.1.4 Redação dos actos notariais (art. 58º,59º, e 60)

Estas regras, que são essenciais no acto notarial e para que ele tenha aquele valor
determinante que apontamos, acham-se resumidas no art. 58º

1. Os actos notariais são escritos em língua portuguesa, devendo ser redigidos com a
necessária correcção, em termos quanto possível claros e precisos.
2. A terminologia dos actos será aquela que, em linguagem jurídica, melhor traduza a
vontade das partes, expressa nas suas instruções, devendo, porém, evitar-se a inserção nos
documentos de tudo o que seja supérfluo.
3. São, em princípio, supérfluas as disposições que transcrevam preceitos da lei em vigor.

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O artigo seguinte de algum modo reforça a ideia de que o Notário deve cumprir o essencial
das enunciadas regras, bem como o princípio da legalidade, visto que, apesar de ser
apresentada uma minuta para o acto, ela não deve ser transcrita se infringir lei imperativa e
se não estiver redigida em conformidade com o artigo 58.º (n.º 2 do art.º 59.º). Além disso,
“se a redacção da minuta for imperfeita, o notário deve advertir os interessados da
imperfeição verificada e adoptar a redacção que, em seu juízo, mais facilmente exprima a
vontade dos outorgantes” (n.º 3)4.
Nas disposições seguintes o Código trata da admissibilidade da utilização dos documentos
passados no estrangeiro e da dos existentes no cartório e aí arquivados. Trata-se de
disposições de fácil interpretação e que, portanto, não carecem de maior desenvolvimento.

4.2 Requisitos gerais dos instrumentos notariais (art. 51º, 10º)

4.2.1 Formas dos instrumentos notariais (art. 62º e 63)


4.2.3 Menções obrigatórias dos instrumentos 63º

No tocante às normas relativas aos requisitos que devem conter os instrumentos notariais (arts. 62º
e º e 63.º e segs.) verifica-se que o Código faz uma distinção: as que denomina “formalidades
comuns” (previstas no art.º 62.º) e as menções especiais” dos instrumentos que se destinem a titular
actos sujeitos a registo (art.º 63.º). Por seu turno, esta disposição inicia a

subsecção I, relativa aos requisitos gerais desses instrumentos, a que se segue a subsecção II
respeitante aos requisitos especiais. Vejamos então em que consistem todas estas “formalidades”.

1. O instrumento notarial deve conter:

a) A designação do dia, mês, ano e lugar em que for lavrado ou assinado;

b) O nome completo do funcionário que o lavrou, a menção da respectiva qualidade e a designação


da repartição a que pertence;

c) O nome completo, estado, naturalidade e residência habitual dos outorgantes, bem como das
pessoas singulares por estes representadas, as denominações das pessoas colectivas e as
denominações ou firmas das sociedades que os outorgantes representem, com a indicação das suas
sedes;

d) A referência à forma como foi verificada a identidade dos outorgantes;

e) A menção das procurações e dos documentos relativo ao instrumento, que justifiquem a


qualidade de procuradores e de representantes, com expressa alusão à verificação dos poderes

4
Guerreiro, José Augusto G. Monteiro (2010). Temas de Registo e de Notariado p.96. Edições Almedina

10

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necessários para o acto; a menção de todos os documentos que justifiquem arquivados, mediante
referência a esta circunstância, acompanhada da indicação da natureza do documento, e, ainda
tratando-se de conhecimento de cisa, dos respectivos número, data e repartição emitente; a menção
dos documentos apenas exibidos pela indicação da natureza, repartição emitente e data da
esxpedição;

f) O nome completo, estado e residência habitual das pessoas que devam intervir como abonadores,
intérpretes, peritos-médicos, testemunhas e leitores;

g) A referência ao juramento ou compromisso de honra dos intérpretes, peritos ou leitores, quando


os houver, com a indicação dos motivos que determinaram a sua intervenção;

h) As declarações correspondentes ao cumprimento das demais formalidades exigidas pela


verificação dos casos previstos nos artigos 79.º e 80.º;

i) A menção de haver sido feita aos outorgantes, em voz alta e na presença simultânea de todos os
intervenientes, a leitura do instrumento lavrado e a explicação do seu conteúdo;

j) A indicação dos outorgantes que não assinem e a declaração, que cada um deles faça, de que não
assina por não saber ou por não poder fazê-lo;

l) As assinaturas, em seguida ao contexto, dos outorgantes que possam e saibam assinar, bem como
de todos os outros intervenientes, e a assinatura do funcionário, que será a última do instrumento.

2. Se no acto intervier um substituto legal, no impedimento ou falta do notário, indicar-se-á o


motivo da substituição.

3- Nas escrituras de repúdio de ser mencionado, em especial, se o repudiante tem descendentes.

4- Se alguns dos outorgantes não for angolano, far-se-á constar da sua identificação a nacionalidade,
salvo se ele intervier na qualidade de representante legal ou voluntário ou na de declarante em
escritura de habilitação ou justificação notarial.

5- Nos casos em que este código o exigir, o outorgante que não saiba ou não possa assinar, deve
apor a suma impressão digital.

7- Os instrumentos de actas das reuniões de organismos sociais, são lavrados pelos Notários, com
base nas declarações da pessoa que dirigir a reunião e assinados por ele e pelos membros da mesa
que o quiserem fazer.

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8- A transcrição de documentos nos instrumentos notariais, quando impostoa por lei, pode ser
substituída pelo arquivo esses documentos ou da pública-forma ou fotocópia, fazendo-se
obrigatoriamente a transcrição dos documentos arquivado nas certidões ou fotocópias do
instrumento.

Menções especiais

1 - O instrumento destinado a titular actos sujeitos a registo deve conter, em especial:

a) Se algum outorgante for casado a menção do nome completo do outro cônjuge e do respectivo
regime matrimonial de bens.

b) se respeitar a actos sujeitos a registo predial ou comercial obrigatório, a advertência de que o


registo deve ser requerido no prazo de três meses.

2. O disposto na alínea a) do número anterior não é aplicável aos declarantes nas escrituras de
habitação ou de justificação, nem, de um modo geral, ao outorgante que intervenha na qualidade de
representante legal ou voluntário.

3. O instrumento de procuração com poderes para outorga de actos sujeitos a registo deve conter
as menções exigidas na alínea a) do nº1, e a escritura de habilitação deve conter as mesmas
menções, relativamente ao autor da herança e aos habilitados.

4. No instrumentos de constituição de sociedade comercial, de mudança de firma ou denominação


e de mudança de sede de sociedade com firma para conselho diferente deve ser mencionada a
apresentação do documento, passado com antecedência não superior a três meses, comprovativo de
que a firma ou denominação adoptada não é suceptível de confusão com outa já registada.

5. O testamento público, o instrumento de aprovação de testamento cerrado e a escritura de


revogação de testamento devem conter, como menção especial os nomes completos dos pais do
testador.

As que se acham designadas como comuns são as que, como a própria expressão indica, qualquer
dos instrumentos notariais deve conter. Numa muito breve síntese, dir-se-á que se referem à data
precisa do instrumento e ao correspondente lugar, à identificação do Notário ou de quem preside
ao acto (do “funcionário”, diz agora inadequadamente a lei) e ainda dos outorgantes e
eventualmente dos seus representantes, bem como dos documentos que comprovam tal qualidade e
poderes, à forma como foi verificada a identidade dos que intervêm no acto – questão esta que,
quanto aos outorgantes, o artigo 64.º pormenoriza – e aos documentos (devendo especificar-se os

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que foram apenas exibidos e os que ficam arquivados) destinados a instruir o acto. As alíneas f) a h)
respeitam à identificação e ao juramento de outros intervenientes e ainda ao cumprimento de
demais formalidades exigidas por lei. Antes das assinaturas (ou eventualmente da menção da sua
falta) a alíneas l) contém uma importante indicação: a referência à leitura do instrumento na
presença de todos e à explicação do seu conteúdo . É claro que com esta prescrição a lei não tem
em vista o cumprimento de uma mera formalidade ou que se faça um simples comentário
irrelevante. Pelo contrário: antes de o instrumento ficar concluído – e face à sua leitura e elucidação
– trata-se de averiguar se afinal o que nele ficou consignado corresponde exactamente à vontade
real dos outorgantes, para só em caso afirmativo ser subscrito. E é também por isso que a lei
estipula que a sua “leitura, explicação, outorga e assinatura” deve ser feita “em acto continuado”
(art.º 70.º).

Os subsequentes números daquele artigo 62.º referem-se a alguns casos concretos que não exigem
mais pormenorizações. E o mesmo se diga quanto às indicações contidas nos artigos 64.º a 65.º.
Mas, no que toca aos instrumentos destinados a titular actos sujeitos a registo, convém verificar que
tais actos devem não apenas conter as referências especiais previstas nas sucessivas alíneas do artigo
63.º, n.º 1 (como a parte inicial da disposição parece inculcar), mas também as indicadas na
Subsecção II (art.os 71.º e segs).

Verificação da identidade Art. 64º.

1. A verificação da identidade dos outorgantes pode ser feita por alguma das seguintes formas:

a) Pelo conhecimento pessoal do notário;

b) Pela exibição do bilhete de identidade ou do documento equivalente, ou, quanto aos estrangeiros
e aos nacionais com residência habitual no estrangeiro, do respectivo passaporte;

c) Pela declaração de dois abonadores que o notário considere dignos de crédito.

2. Não deve ser aceito, para verificação da identidade, documento cujos dados não coincidam com
os elementos de identificação fornecidos pelo interessado ou cujo prazo de validade tenha expirado.

3. Deve ser também recusado o documento que não contenha todos os elementos de identificação
necessários, à excepção da residência, quando se trate de passaporte.

4. Nos actos notariais devem ser mencionados o número e data dos documentos exibidos para a
identificação de cada outorgante, bem como a repartição que os emitiu.

5. As testemunhas instrumentárias podem servir de abonadores.

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4.2.2 Leitura e explicação dos actos (66º, 67, 69º)

O artigo 65º permite que a leitura dos actos prevista na alínea i) do n.º 1 do artigo 62.º pode ser
feita por funcionário auxiliar, na presença do notário.

Mas explicação do conteúdo dos instrumentos e das suas consequências legais é feita pelo notário
em forma resumida, mas de modo que os outorgantes fiquem a conhecer, com precisão, o
significado e os efeitos do acto; a explicação far-se-á entre a leitura e a assinatura do instrumento.

4.2.4 Confirmação da identidade, qualidade e idoneidade dos outorgantes (64º, 65º)


1. A verificação da identidade dos outorgantes pode ser feita por alguma das seguintes formas:

a) Pelo conhecimento pessoal do notário;

b) Pela exibição do bilhete de identidade ou do documento equivalente, ou, quanto aos estrangeiros
e aos nacionais com residência habitual no estrangeiro, do respectivo passaporte;

c) Pela declaração de dois abonadores que o notário considere dignos de crédito.

2. Não deve ser aceito, para verificação da identidade, documento cujos dados não coincidam com
os elementos de identificação fornecidos pelo interessado ou cujo prazo de validade tenha expirado.

3. Deve ser também recusado o documento que não contenha todos os elementos de identificação
necessários, à excepção da residência, quando se trate de passaporte.

4. Nos actos notariais devem ser mencionados o número e data dos documentos exibidos para a
identificação de cada outorgante, bem como a repartição que os emitiu.

5. As testemunhas instrumentárias podem servir de abonadores.

4.2.5 Outorgantes que não saibam ou não possam assinar (67º, 84º)
1 – Nos testamentos, nas escrituras que os revoguem e nos instrumentos de aprovação do
testamento cerrado, deve o s outorgantes que não puder ou não souber assinar apor, a
impressão digital da mão direita.
2 - Os outorgantes que não puderem apor a impressão do indicador da mão direita, por
motivo de doença ou de defeito físico, oporão a do dedo que o notário determinar; junto à
impressão digital far-se-á menção do dedo a que corresponde.
3 - Quando algum outorgante não puder apor nenhuma impressão digital, deve referir-se
no
instrumento a existência e a causa da impossibilidade.

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No capítulo das disposições gerais relativas aos actos notariais falta ainda abordar
os temas dos “intervenientes acidentais” (art.os 79.º a 83.º) e das “nulidades e
revalidação” dos
actos (art.os 84.º a 88.º).
Os designados como “intervenientes acidentais” são todos aqueles que não sendo partes no
acto, nele desempenham um papel acessório, para auxiliar, esclarecer ou confirmar as
declarações dos outorgantes. Enquadram-se assim neste conceito os intérpretes –
designadamente como tradutores (art.º 82.º) e como explicadores a surdos e mudos do
conteúdo do instrumento (art.º 82.º) – bem como as testemunhas e os peritos. Qualquer
deles, quando intervém, deve prestar o juramento ou o compromisso de honra de bem
desempenhar as suas funções (art.º 83.º). E, nos termos do disposto no artigo 82.º, não
poderão intervir se tiverem alguma incapacidade ou inabilidade legal.

O Código, nos citados artigos, elucida como se processa a intervenção destes intervenientes
acidentais, parecendo-nos desnecessárias mais detalhadas explicações.

Recordamos no entanto que é dispensada a intervenção de tradutores quando o Notário


(ou
quem presidir ao acto) “dominar a língua dos outorgantes” (art.º 79.º, n.º 3). Significa isto
que não basta um conhecimento superficial, tornando-se necessário um conhecimento
capaz de indagar a vontade real das partes de modo que o que fica titulado corresponda de
modo
indubitável e adequado ao que é efectivamente querido.

No que respeita à intervenção de testemunhas – que nos termos do n.º 1 do artigo 81.º
apenas terá lugar no caso das três alíneas desse preceito – deve esclarecer-se que tal
intervenção é a prevista enquanto estas têm o papel de meros “intervenientes acidentais” e
não de outorgantes do acto. É que nas hipóteses de algumas “escrituras especiais” – casos
da habilitação e da justificação – as três testemunhas a que se referem os n.os 1 dos artigos
92.º não desempenham uma função acessória, mas sim a de declarantes necessários, que
também são outorgantes do acto.
Quando há conveniência em comprovar a “sanidade mental” dos outorgantes – seja por
existirem dúvidas a tal respeito, seja mesmo para ulteriormente as procurar dissipar –
podem as partes ou o próprio Notário solicitar que intervenham no acto (escritura,
testamento, ou outro) peritos médicos (art.º 81.º, n.º 4). Trata-se também de intervenientes
acidentais que apenas têm a missão de, no referido aspecto, atestar a capacidade desse
outorgante

4.2.6 Intervenção de surdos, mudos e cedos (art. 80º)


1 - Quando algum outorgante não compreenda a língua portuguesa, intervém com ele um
intérprete da sua escolha, o qual deve transmitir, verbalmente, a tradução do instrumento
ao
outorgante e a declaração de vontade deste ao notário.
2 - Se houver mais de um outorgante, e não for possível encontrar uma língua que todos

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compreendam, intervêm os intérpretes que forem necessários.


3 - A intervenção de intérprete é dispensada, se o notário dominar a língua dos outorgantes
a
ponto de lhes fazer a tradução verbal do instrumento.

4.2.7 Intervenção de testemunhas instrumentárias (81º)


O art. 81º determina que a intervenção de testemunhas instrumentárias apenas tem lugar nos casos
seguintes:

a) Nos testamentos públicos, nos instrumentos de aprovação ou de abertura de testamentos


cerrados e nas escrituras de revogação de testamentos;

b) Nos instrumentos a que se refere o n.º 7 do artigo 62.º;

c) Nos outros instrumentos, com excepção dos protestos de títulos de crédito, quando o notário ou
alguma das partes reclame essa intervenção.

A intervenção de testemunhas nos actos a que se refere a alínea a) do número anterior pode ser
dispensada pelo notário, no caso de haver urgência e de haver também dificuldade em as conseguir,
devendo fazer-se menção expressa desta circunstância no texto.

As testemunhas instrumentárias, quando haja lugar à sua intervenção, são em número de duas.

O Notário pode recusar a intervenção do abonador, intérprete, perito, tradutor, leitor ou


testemunha que não considere digno de crédito, ainda que ele não esteja abrangido pelas proibições
do nº1.

4.2.8 Casos de incapacidade e de inabilidade (art. 82º)


1 - Não podem ser abonadores, intérpretes, peritos, tradutores, leitores ou testemunhas:
a) Os que não estiverem no seu perfeito juízo;
b) Os que não entenderem a língua portuguesa;
c) Os menores não aplamente emancipados, os surdos, os mudos e os cegos;
d) Os funcionários, assalariados e praticantes da repartição notarial;
e) O cônjuge, os parentes e afins, na linha recta ou em 2.º grau da linha colateral, tanto do
notário que intervier no instrumento como de qualquer dos outorgantes, representantes ou
representados;
f) O marido e a mulher, conjuntamente;
g) Os que por efeito do acto, adquiram qualquer vantagem patrimonial;
h) Os que não saibam ou não possam assinar.
2 - Não é permitida a intervenção de qualquer interveniente acidental em mais de uma
qualidade, salvo o disposto no n.º 5 do artigo 64.º

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3 - Ao notário compete verificar a idoneidade dos intervenientes acidentais.


4 - O notário pode recusar a intervenção do abonador, intérprete, perito, tradutor, leitor ou
testemunha que não considere digno de crédito, ainda que ele não esteja abrangido pelas
proibições do n.º 1.

4.2.9 Julgamento Legal (art. 83º

1. Os interpretes, peritos e leitores devem prestar, perante o notário, o juramento ou


compromisso de honra de bem desempenharem as suas funções.
2. É aplicável ao juramento ou compromisso de honra o disposto nas leis de processo.

4.3 Requisitos especiais dos instrumentos notariais (art. 54º, 55º e 53º )

4.3.1 Menção da descrição de prédios não sujeitos ao regime de registo obrigatório Art. 71º
Nos instrumentos relativos a prédios situados em concelho onde não vigore o regime da
obrigatoriedade do registo deve ser feita a menção do número da descrição dos prédios na
conservatória ou da declaração da sua omissão no registo.

A omissão é comprovada pela exibição de certidão passada pela conservatória competente, com
antecedência não superior a trinta dias.

Nenhuma certidão pode ser utilizada para instruir mais de um instrumento, a não ser que se trate de
actos lavrados na mesma data.

4.3.2 Identificação matricial 72º


Nos instrumentos em que se descrevam prédios rústicos, urbanos ou mistos deve indicar-se o
número da respectiva inscrição na matriz ou, no caso de nela estarem omissos, consignar-se a
declaração de haver sido apresentada na repartição de finanças a participação para a inscrição,
quando devida.

A identificação dos prédios não pode fazer-se em termos contraditórios com a inscrição matricial e
com descrição predial, a menos que seja apresentada prova de que já foi pedida a rectificação
matricial e se os outorgantes declarem que a divergência é resultante de alteração posterior a
inscrição ou de erro de medição.

Não se aplica o disposto no número anterior quando as divergências incidiram na área e elas não
excederem 5% sobre a maior área.

As matrizes prediais são registos, físicos ou electrónicos, de que constam,


designadamente, a caracterização dos prédios, a localização e o seu valor patrimonial
tributário, a identidade dos proprietários e, sendo caso disso, dos usufrutuários e
superficiários.

Inscrição matricial: é o acto de inscrever o imóvel na matriz predial

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Prova dos artigos matriciais Art. 73º

A prova da inscrição ou da omissão, bem como da participação, deve fazer-se por documento
emanado da repartição de Finanças.

A participação para a inscrição na matriz, quando se trate de prédio omisso que, nos termos da lei
fiscal, nela deva ser inscrito, prova-se pela exibição de duplicado que tenha aposto o recibo da
repartição de finanças competente ou pela exibição de outro documento emanado desta, que esteja
autenticado com o respectivo selo branco.

4.3.3 Constituição e alteração da propriedade horizontal 75º

1. Os instrumentos de constituição da propriedade horizontal só podem ser lavrados se forem


apresentado documento comprovativo passado pela autoridade administrativa competente de que
as frações autónomas satisfazem os requisitos legais ou juntarem o projecto de construção
aprovado pela mesma autoridade, tratando-se de prédio construído para venda em fracçõe
autónomas.

2. Os instrumentos de modificação da propriedade horizontal, que determinem alterações na


composição das respectivas fracções só podem ser lavrados contra a apresentação de documento
passado pela autoridade administrativa competente, comprovativo de que as alterações não
prejudicam os requisitos legais a que as fracções devem obdecer.

3. Aplica-se o disposto nos números anteriores, com as necessárias adaptações, aos


instrumentos de modificação do título constitutivo da propriedade horizontal que
determinem alterações na composição das respectivas fracções

4.3.4 Prédios sob regime de propriedade horizontal 76º

1. Nenhum instrumento pelo qual se transmitam direitos ou contraiam encargos sobre fracções
autónomas de prédios em regime de propriedade horizontal pode ser lavrado sem que se exiba
documento comprovativo da inscrição no registo predial do respectivo título constitutivo.

2. Não se aplica o dispositivo no número anterior quando os factos de transmissão de direitos ou


de constituição de encargos sejam lafrados no mesmo dia em que foi lavrado a escritura de
constituição da propriedade horizontal e dela tenha conhecimento pessoal o Notário, circunstância
que será expressamente mencionada.

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4.3.5 Valor dos bens 77º


Determina o artigo 77º que nos actos sujeitos a registo predial, se deve indicar o valor de cada
prédio, da parte indivisa ou do direito a que o acto respeitar; deve também mencionar-se o valor
global dos bens, descritos ou relacionados, sempre que dele dependa a determinação do valor do
acto.

O valor, quando não seja determinado com base em simples declaração das partes ou em
publicação oficial, deve ser comprovado pela apresentação dos documentos necessários, ou
mediante a exibição da caderneta predial, se a hover, passada ou visada pela repartição de Finanças
com antecedência não superior a 6 meses, mencionando-se no instrumento, neste caso, o
rendimento colectável indicado na caderneta.

A caderneta predial: é um documento que contém todas as informações que possam ser
úteis, de um ponto de vista fiscal, sobre um determinado imóvel. É preenchido pela
repartição de Finanças

Nulidades e revalidação dos actos notariais

A nulidade do acto notarial pode ocorrer por vício de forma (art.º 84.º) ou, como designa o
Código, em outros casos (art.º 85.º). Prevê-se também que “o acto nulo” possa ser revalidado (art.º
87.º). E bastará a previsão desta possibilidade para se concluir que existem aqui o que a doutrina
designa como nulidades atípicas. Isto, todavia, não quer de modo algum significar que esta matéria
das nulidades seja despicienda e que não se deva ter o maior cuidado em as evitar. De facto, o acto
notarial é, como temos vindo a sublinhar, fundamental para a credibilidade, segurança e garantia
dos negócios jurídicos e de quaisquer actos que através dele possam ser titulados. Ora, se ficar
ferido de nulidade, essas características saem prejudicadas.

As nulidades que podem ser sanadas – e de uma forma facilitada – são as previstas no n.º 2 do
artigo 84.º e no n.º 3 do artigo 85.º. Os casos de revalidação são mais complexos, pois envolvem
um processo com vista a que seja proferida uma decisão deferindo (ou indeferindo) o pedido.

As omissões das referências a que alude a alínea a) do artigo 62.º, 1, bem como eventuais
inexactidões (que não determinem a nulidade), se não se suscitarem dúvidas, podem ser supridas
ou rectificadas através de simples averbamento (art.os 70.º, n.º 2, a) e 142.º n.º 4).

Quanto aos outros casos indicados nas demais alíneas do artigo 84.º, n.º 1, só poderão ser sanados
se for possível obter as declarações “por forma autêntica” referidas nas alíneas b) a e) do n.º 2; e
os dos números 1 a 3 do artigo 85.º “por decisão do respectivo notário”, no caso de se verificarem

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as circunstâncias previstas nas alíneas deste n.º 3. E quando não se verifiquem? Aí a lei abre uma
segunda hipótese, que é a da revalidação artigo 87.º

Casos de nulidade por vício de forma

Os casos de nulidade dos actos notariais estão previstonos arts. 84º e 85º.

O acto notarial é nulo, por vício de forma, apenas quando falte algum dos seguintes requisitos:

a) A menção do dia, mês e ano ou do lugar em que foi lavrado;

b) A declaração do cumprimento das formalidades previstas nos artigos 79.º e 80.º;

c) A observância do disposto na primeira parte do n.º 2 do artigo 57.º;

d) A assinatura de qualquer abonador, perito ou testemunha;

e) A assinatura de qualquer dos outorgantes que saiba e possa assinar;

f) A assinatura do notário.

2. A nulidade prevista na alínea a), b), d) e e) do número anterior considerar-se-ão sanada:

a) a da alínea a), se pelo texto do instrumento ou pelos elementos existentes no Cartório for
possível determinar a data ou o lugar do acto;

b) a da alínea b), se as partes declararem, por forma autêntica, que forem cumpridas as formalidades
previstas nos arts. 79º e 80º;

c) a da alínea c), se os abonadores, peritos ou testemunhas cujas assinaturas faltam tiverem sido
determinadamente identificados no acto e declararem, por forma autêntica, que assistiram à leitura,
explicação e outorga e que não se recusaram a assina-lo;

d) a da alínea a), se os outorgantes cujas assinaturas faltam declararem, por forma autêntica que
estiveram presente à leitura a explicação do acto, que este represente a sua vontade e que não se
recusarem assiná-lo.

Outros casos de nulidade art. 85º

São ainda causas de nulidade (art.85º) o acto lavrado por funcionário incompetente, em razão da
matéria ou do lugar, ou por funcionário legalmente impedido, sem prejuízo do disposto no n.º 2 do
artigo 369.º do Código Civil.

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Determina também a nulidade do acto a incapacidade ou a inabilidade de algum dos intervenientes


acidentais.

O acto nulo por falta de requsitos previsto ana alínea c) do nº1 doa artigo 84º ou por icapacidade
ou inabilidade de algum interveniente accidental pode ser sanado por decisão do Director nacional
dos Resitos e Notariado:

a) Quando as partes declarem, por forma autêntica, que as palavras inutilizadas não podiam
alterar o conteúdo substancial doa acto;

Quando o vício disser respeito somente a um dos abonadores ou testemunhas e possa considerar-se
suprido pela idoneidade do outro abonador ou testemunha

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