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Índice

Introdução..........................................................................................................................3

2. Objectivos:.....................................................................................................................3

2.1. Geral....................................................................................................................................3
2.2. Específicos...........................................................................................................................3
3. Metodologia...................................................................................................................3

4. Sistemas Jurídico e Direito Comparado........................................................................4

4.1.3. Características do sistema jurídico..........................................................................4

5. Tipos de sistemas jurídicos............................................................................................5

5.1. Sistemas Jurídico da Common Law............................................................................5

5.1.2. Sistema jurídico da Civil Law..................................................................................6

6. Diferença do Sistema Common Law e Civil Law..........................................................6

6.1. Sistemas jurídico moçambicano.................................................................................7

7. Direito comparado.........................................................................................................9

7.2.1. Objectivo do Direito Comparado..........................................................................12

7.2.2. O método do Direito Comparado..........................................................................13

7.2.3. Macrocomparação..........................................................................................................14
7.3.1. Microcomparação...........................................................................................................14
Conclusão........................................................................................................................15

Referencias bibliográficas...............................................................................................16
3

Introdução
O presente trabalho tem como objecto de estudo “Sistemas jurídicos e Direito
Comparado”. Termo Sistema Jurídico tem dois significados completamente distintos e essa
diferença pode acabar confundido quem as utiliza. O sistema jurídico é o conjunto de normas
reunidas por um elemento unificador, que deve estar vinculado aos valores da Constituição.
Ao estudar o Direito Comparado, é necessário ter em mente os principais sistemas jurídicos
ao redor do mundo. Direito Comparado é a comparação de ordens jurídicas diversas. Consiste
pois, numa actividade e nessa medida, a designação não é feliz, já que aponta para algo
estático, produto de outro algo.

No presente trabalho irei abordar sobre a sua origem, tipos de sistema jurídicos e direitos
comparados, bem como do sistema moçambicano.

2. Objectivos:

2.1. Geral
 Compreender o Sistema Jurídico e Direito Comparado.

2.2. Específicos
 Identificar os tipos de sistema jurídico;
 Diferenciar o Sistema da Common Law e Civil law;
 Abordar sobre o Direito Comparado;
 Analisar o método do Direito Comparado.

3. Metodologia
Para a concretização do seguinte trabalho da cadeira de Introdução ao Direito I, recorreu-se
aos métodos indutivo, e consulta de varias obras de diversos autores e plataformas de internet,
que versam sobre o tema em questão e que tais obras encontra-se patentes nas referencias
bibliográficas do trabalho.
4

4. Sistemas Jurídico e Direito Comparado


4.1. Conceito

Quando falamos de sistema jurídico há dois significados possíveis. Um deles é o próprio


sistema legal, ou seja, o conjunto de normas interdependentes, reunidas por um elemento
unificador, com o objectivo de disciplinar a convivência social e a conduta dos indivíduos.
Mas há um outro sentido para a expressão, o da tecnologia. Nesse caso, o sistema jurídico ou
ERP jurídico é um software de gestão especializado para automatizar as rotinas e dar mais
eficiência ao dia-a-dia de escritórios de advocacia, advogados autónomos ou departamentos
jurídicos de empresas.

4.1.2. Origem do sistema jurídico

Os sistemas jurídicos têm a sua origem nas relações entre os indivíduos, cuja complexidade
depende da complexidade das interacções sociais que ocorriam, entendimento alicerçado na
assertiva de Wolkmer (2006, p. 2) de que: “Certamente quecada povo e cada organização
social dispõe de um sistema jurídico que traduz a especialidade de um grau de evolução e
complexidade.” Os sistemas mais antigos de quase tem conhecimento são dos povos do
Oriente Médio, como sumérios, babilónios, hititase assírios.

4.1.3. Características do sistema jurídico


O sistema jurídico é caracterizado pela Bilateralidade, Generalidade, Abstractividade,
Imperatividade e pela Coercibilidade.

Bilateralidade: O direito existe sempre vinculado a duas ou mais pessoas, atribuindo poder a
uma parte e impondo dever à outra;

Generalidade: É a característica relacionada ao facto da norma valer para qualquer um, sem
distinção de qualquer natureza;

Abstractividade: A norma não foi criada para regular uma situação concreta ocorrida, mas
para regular, de forma abstracta, abrangendo o maior numero possível de casos semelhantes;

Imperatividade: É a característica de impor aos destinatários a obrigação de obedecer. Não


depende da vontade dos indivíduos, pois a ordem não é conselho, mas sim obrigação a ser
cumprida;
5

Coercibilidade: Possibilidade do uso da força para combater aqueles que não observam as
normas.

5. Tipos de sistemas jurídicos

5.1. Sistemas Jurídico da Common Law1


A Inglaterra foi uma província romana, desde a sua conquista efectiva pelo imperador Cláudio
até ao ano de 410, data em que deixou de o ser e passou a ser constituída por pequenos reinos
independentes, habitados por um povo predominantemente celta: os Bretões. No Séc. V os
Bretões chamaram em sua ajuda para se defenderem de tribos do Norte, principalmente
anglos e saxões, os quais rapidamente passaram de auxiliares a conquistadores, massacrando
os seus aliados Bretões, com excepção dos que conseguiram fugir para o País de Gales ou
para a Bretanha, no Norte da actual França. Começou então o período anglo-saxónico e o país
converteu-se ao cristianismo. A parte mais importante do direito era então o costume local,
aplicado pela assembleia dos homens livres, a County Court, que funcionava como tribunal.
Em 1066 a Inglaterra foi conquistada3 pelo Duque da Normandia, Guilherme o Conquistador,
cujo exército se compunha por normandos e aliados; estes novos senhores, acostumados ao
seu direito normando e francês do Norte, sobretudo no que respeita à propriedade imobiliária,
introduziram pela primeira vez um poder eficazmente centralizador, as sente no rei, apoiado
na curia regis, em que se destacavam os royal courts, que constituem a base da Common Law.
Quando um litígio era presente aos tribunais reais estes não podiam aplicar um costume local,
razão pela qual surge o costume geral.
Na Inglaterra os tribunais reais decidem com base em casos concretos, pelo que o casuísmo e
o jurisprudencialismo são características predominantes da Common Law: não existem
códigos e para a resolução de problemas jurídicos citamse casos jurisprudenciais, referidos
pelos nomes das duas partes contrárias, ligados pela palavra versus;
 as soluções tomadas pelos tribunais reais pré-existem a qualquer quadro de regras
escritas, ou mesmo de normas consuetudinárias: elas representam o que se afigura ao
julgador como a solução natural do caso, sobre a qual pesam os princípios, valores,
convicções e características étnicas e naturais dos juízes e da sociedade inglesa (a
chamada solução inglesa ou espírito inglês);

1
Para maiores desenvolvimentos, vide João de Castro Mendes, Direito Comparado, publicação da Associação
Académica da Faculdade de Direito de Lisboa, Lisboa, 1982, René David, Os Grandes Sistemas de Direito
Contemporâneo, 2.ª Ed., Editora Meridiano, Lda., Lisboa, 1978 e Franz Wieacker, História do Direito Privado
Moderno, 2.ª Ed., Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1980.
6

 os juízes não têm um papel verdadeiramente criador ou ontológico, mas puramente


cognitivo, que pressupõe um direito latente e preexistente, do qual estes são os
depositários; por vezes resolvem o caso descobrindo no costume geral inglês regras
gerais que aplicam, ficando assim diminuída a vantagem que o sistema poderia ter de
uma maior justiça no caso concreto.

5.1.2. Sistema jurídico da Civil Law


O Direito Romano constitui a sua influência de base, cuja recepção inicialmente derivou da
conquista romana, embora em cada país viesse a ser influenciada pelos costumes locais. Esta
recepção, que tem o seu apogeu com a aceitação do direito romano Justiniano, contido na
compilação conhecida por Corpus Iuris Civilis, passa a ser o direito comum na maior parte da
Europa. Tal recepção justificou-se essencialmente pela necessidade de impedir o império da
lei do mais forte e as decisões arbitrárias, de fomentar o progresso e as relações comerciais
através da promoção da ordem e da segurança e ainda pelo prestígio da ordem jurídica
romana,2 uma vez que as normas de índole local, muitas vezes irracionais e sem autoridade
suficiente, cedo se revelaram ineficazes para garantir os indicados fins.
É assim que o direito romano é recebido em Itália, na Alemanha, em França, em Espanha, em
Portugal e um pouco por quase toda a Europa. Esta família de sistemas jurídicos, também
designada de romano-germânica, baseia-se essencialmente no direito escrito e na
generalização com recurso a princípios gerais e a normas abstractas, com vários planos de
generalidade e abstracção.
Enquanto este tipo de direito deduz a solução a partir de uma norma geral e abstracta
(dedução), o direito anglo-saxónico resolve os problemas no caso concreto e é depois, com
base nessa decisão, que a doutrina e a jurisprudência, em termos de precedente, induzem as
regras gerais contidas na decisão (indução).

6. Diferença do Sistema Common Law e Civil Law


A grande diferença entre o sistema inglês (Common Law) e o continental (Civil Law) é o
pensamento jurídico: enquanto aquele é um direito de casos, este é um direito de regras; se
o sistema inglês tem aversão a sistematizar e a estabelecer regras gerais, antes tomando a
posição perante um caso concreto e procurando resolvê-lo com base noutro idêntico, assim se
desenvolvendo o direito caso a caso, o sistema continental sobrevaloriza a sistemática e o

2
Importante marco deste prestígio foi o Centro de Estudos de Direito, criado em Bolonha, a partir dos Sécs.
XI/XII.
7

estabelecimento de regras, num edifício construído dedutivamente e do qual são extraídas


regras particulares para os casos concretos. O direito inglês assenta, assim, numa base não
escrita, no costume geral de Inglaterra, numa espécie de direito natural emanado da justiça,
da humanidade,
da adequação e da razoabilidade.
Desde cedo se estabeleceu a regra do precedente, no sentido de que o juiz deve seguir as
decisões já tomadas, 3embora este precedente seja apenas persuasivo e não vinculativo,
porque o juiz pode afastá-lo se a decisão anterior lhe parecer manifestamente injusta ou
absurda. E embora também exista direito escrito (Satute Law ou Acts of Parliament), este é
uma mera adenda ao corpo principal do direito inglês, o jurisprudencial, já que a regra não é
incorporada no sistema de direito inglês enquanto não for interpretada e aplicada pelos
tribunais.

6.1. Sistemas jurídico moçambicano


O sistema jurídico Moçambicano é baseado no direito romano-germânico, que é também
conhecido como sistema civil law. Este sistema tem raízes no direito romano e é caracterizado
pela ênfase na legislação escrita e no papel central do juiz na interpretação e aplicação da lei.
O sistema jurídico de Moçambique é influenciado pelo direito português, já que Moçambique
foi uma colónia de Portugal até 1975. A Constituição de Moçambique é a lei fundamental do
país e estabelece os princípios básicos do sistema jurídico. O sistema jurídico de Moçambique
é composto por tribunais de várias instâncias, incluindo tribunais de primeira instância,
tribunais superiores e o Tribunal Supremo. Além disso, há tribunais especializados, como o
Tribunal Administrativo, que julga questões relacionadas com a administração pública. A lei
civil é a principal fonte de direito em Moçambique e é complementada pela lei costumeira. A
lei civil em Moçambique é baseada no Código Civil português de 1966. O país também tem
um sistema de direito penal que é regulado pelo Código Penal de 2014. A lei trabalhista é
governada pelo Código do Trabalho de 2007. Moçambique é membro da Comunidade para o
Desenvolvimento da África Austral (SADC) e está comprometido com a harmonização das
leis da região. O país também é membro da Organização para a Harmonização do Direito
Comercial em África(OHADA), que visa a harmonização das leis comerciais em toda a
África.

6.1.2. Origem do sistema jurídico moçambicano


3
Quanto ao argumento de direito que foi essencial para a decisão do caso, a ratio decidendi, e não já quanto às
meras questões de facto.
8

O sistema jurídico moçambicano tem suas raízes nas tradições jurídicas portuguesas, devido
ao fato de Moçambique ter sido uma colónia de Portugal por quase 500 anos. Durante o
período colonial, o sistema jurídico moçambicano era principalmente baseado no direito
português, com algumas adaptações às circunstâncias locais. Após a independência em 1975,
o governo moçambicano adoptou um sistema jurídico socialista, fortemente influenciado pelo
direito soviético.

No entanto, a Constituição de 1990 marcou uma importante reforma no sistema jurídico


moçambicano, com o objectivo de torná-lo mais moderno e compatível com os princípios do
Estado de Direito. A nova Constituição estabeleceu a separação dos poderes, a protecção dos
direitos humanos e a independência do judiciário, entre outras garantias fundamentais. Desde
então, o sistema jurídico moçambicano evoluiu significativamente, com a adopção de 7 novas
leis, a criação de tribunais especializados e o desenvolvimento da jurisprudência dos tribunais.
O sistema jurídico moçambicano actual é composto por diversas fontes de direito, incluindo a
Constituição, leis nacionais, tratados internacionais e a jurisprudência dos tribunais. O direito
costumeiro também é reconhecido como uma fonte de direito em algumas áreas,
especialmente nas comunidades rurais.

O sistema jurídico moçambicano é administrado por tribunais de diferentes níveis, desde os


tribunais distritais até o Tribunal Supremo. Os tribunais têm a responsabilidade de aplicar a lei
e garantir a justiça em casos civis, criminais e administrativos. O Ministério Público também
desempenha um papel importante no sistema jurídico, sendo responsável pela acusação em
casos criminais e pela protecção dos interesses do Estado. Actualmente, o sistema jurídico
moçambicano é composto por diversas fontes de direito, incluindo a Constituição, leis
nacionais, tratados internacionais e a jurisprudência dos tribunais. Além disso, o direito
costumeiro também é reconhecido como uma fonte de direito em algumas áreas,
especialmente nas comunidades rurais. Em resumo, o sistema jurídico moçambicano tem suas
raízes no direito português, mas evoluiu significativamente desde a independência em 1975,
com a adopção de novas leis e a criação de tribunais especializados.

O sistema jurídico é composto por diversas fontes de direito e é administrado por tribunais de
diferentes níveis, com a responsabilidade de garantir a justiça em casos civis, criminais e
administrativos.
9

7. Direito comparado
Direito Comparado é o ramo da ciência jurídica que estuda as diferenças e as semelhanças dos
diversos ordenamentos jurídicos do mundo. É, também, uma ferramenta auxiliar para o
operador de Direito nacional.

O direito comparado representa um esforço do racionalismo para unificar o direito ele um


mundo civil. Não é um ramo tradicional ela ciência jurídica; não foi cogitado pelos romanos,
mestres construtores cios alicerces ele direito privado ocidental. É um ramo ela jurisprudência
ocidental, e, se quisermos precisar, ela jurisprudência ele nossa época. Pode-se dizer. com H.
C. GUTTERIDGE (Comparative Law ) - se é possível, nesses casos, fixar datas que o ano ele
1900 marca, com o Congresso Internacional de Direito Comparado, realizado em Paris, o
momento ele sua aparição oficial no cenário jurídico mundial.
Todavia, antes ele 1900, com AZCÁRATE, cogitou-se cio direito comparado. 4Mas não é só,
pois, inegavelmente, os estudos etnológicos ele BACIIOFEN, POST e MAINE, no terreno
das organizações jurídico-sociais dos povos primitivos, elevem ser considerados como ele
direito comparado. Todavia, foi com a obra ele LAMBERT La fonction du droit civil
coniparé apareicla em 1903, portanto, depois cio Congresso ele Paris, que se ciou, na França,
como nos demais países europeus, uma série de estudos comparativos cio direito.

Há quem pense não se tratar ele uma ciência, motivo que preferem denominá-lo de "método
comparativo" ou. como os alemães, Rechtsvergleichung, "comparação de direitos" em vez ele
5
"direito comparado". Mas há também os que, como LAMBERT, com mais razão, o
consideram uma parte da ciência cio direito.
Pensamos ser fundamental a contribuição do Direito Comparado para a Teoria Geral do
Direito. Não só para as "teorias gerais" positivistas, que tratam "cientificamente" de questões
filosóficas, para as quais de grande importância é o Direito Comparado, como, também, para
as autênticas "teorias gerais do direito", entendidas como teoria formal do direito.
Considerando, como consideramos, a Teoria Geral do Direito, não como teoria geral do
direito nacional mas como teoria comum a vários direitos, ou melhor, ao direito de uma
civilização, sem ser, portanto, uma teoria, universal do direito, temos que concluir ser o
concurso do Direito Comparado fundamental para essa teoria, por fornecer-lhe os elementos
comuns dos diversos direitos. Partindo desses elementos comuns, através de sucessivas
4
As Constituições de ARISTÓTELES e "De l'Esprit des Lois" (1748), de MONTESQUIEU, podem ser situados
na pré-história do Direito Comparado.
5
Alguns comparatistas denominam os estudos comparativos do direito de "Comparação de Direitos", enquanto
outros, de legislation comparée, que teve certa aceitação na França, empregada, algumas vezes, por LAMBERT.
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generalizações, é possível ao teórico do direito construir a teoria comum a esses direitos,


pertencentes a um tipo de civilização, ou seja, a Teoria Geral do Direito.
7.1. Relação do direito comparado com a Sociologia

Se considerarmos o método comparativo, usado pelo comparatista, que DURKHEIM, em


Regles de la méthode sociologique, considera ser o método sociológico por excelência, como,
aliás, já foi dito por J. CARBONNIER6,as relações entre essas duas partes da ciência jurídica
são inegáveis.
Mas, exclusivamente do fato de sociólogos e comparatistas usarem o mesmo método, não se
pode concluir pela contribuição do Direito Comparado à Sociologia Jurídica, porque outras
ciências também usam o método comparativo.
Compreendemos a Sociologia Jurídica como a parte da Sociologia, que encara o direito como
fenómeno social, ou, ainda, como fenómeno sócio cultural, estudando os factores de sua
transformação, desenvolvimento e declínio, com o fim de, através do estudo comparativo
desses factores em várias sociedades: 1) estabelecer generalizações sobre a questão genética
do direito; 2) indicar as relações dos tipos de direito com as estruturas sociais e culturais bem
como explicar, sociologicamente, as ideias e instituições jurídicas, descobrindo suas bases
sociais.
As suas tarefas, a nosso ver. se reduzem às seguintes: 1) demonstrar a relatividade dos direitos
e dos ideais jurídicos; 2) demonstrar que cada direito é. uma função de um tipo de vida social
e das condições económicas, morais, geográficas e demográficas da sociedade; 3) indicar os
factores sociais das transformações jurídicas; elaborar uma teoria sociológica do
conhecimento jurídico, do saber jurídico, mostrando os objectivos provocadores, das ideias
jurídicas; 5) verificar os resultados sociais das regras, teorias e instituições jurídicas, a fim de
facilitar o trabalho do legislador e do jurista na reforma e interpretação do direito; 6) apurar os
factores sociais de fatos jurídicos ( divórcio, casamento, furto adultério, etc.) e a inter-relação
de tais fatos com a realidade social; 7) estabelecer os tempos e espaços socioculturais
do direito; 8) verificar os fatores sociais que determinam a presença em diferentes direitos de
elementos jurídicos comuns e de elementos jurídicos diversos; 9) definir o direito em termos
sociológicos7.
Ora, o Direito Comparado, estabelecendo os elementos comuns do direito, facilita o trabalho
do sociólogo no campo jurídico, fornecendo-lhe elementos para traçar os espaços e tempos

6
"L'apport du droit comparé a la sociologie juridique" (Livre du Centenaire de la Société de Législation
Comparée, Paris, 1969, pág. 75).
7
Vide o livro Introdução à Ciência do Direito, Rio de Janeiro, 1972, 5.ª edição, pág. 25.
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socioculturais do direito e a descobrir os factores possibilitadores desses espaços e


constitutivos desses tempos e desses elementos, bem como as razões sociais que determinam
a presença em direitos, situados no mesmo espaço e tempo sociais, de diversos elementos,
apontados pelo comparatista.
Assim, afirmativamente respondemos à pergunta inicial, por crermos haver relações estreitas
entre o Direito Comparado e a Sociologia Jurídica.
7.1.2. Direito comparado e filosofia do direito

Tudo depende da posição filosófica assumida e das tarefas a ela atribuídas se o jus filósofo
enveredar pelos caminhos cio positivismo jurídico, que reduz a Filosofia do Direito a uma
síntese elas várias ciências do direito, estreitíssimas serão as relações entre o Direito
Comparado e a Filosofia do Direito. Se tomar a posição jusnaturalista, o Direito Comparado,
no dizer de LAMBERT, podendo estabelecer o "direito comum legislativo", contribuirá para
confirmar ou negar a presença do Direito Natural no Direito Positivo.
Mas, se adoptar outras posições filosóficas, a questão tornar-se-á mais difícil, salvo no que
concerne às relações entre a moral e o direito, para a qual, como já notou J. BRETTER DE
LA GRESSAYE8, o Direito Comparado é indispensável, por poder descobrir a presença da
moral nos direitos positivos.
Se reduzir a tarefa da Filosofia do Direito a problemas filosóficos tradicionais (essência,
estrutura. lógica, valores, finalidade, etc); o Direito Comparado auxílio algum dará ao
jusfilósofo. Assim, se limitar o problema filosófico ao problema cios valores jurídicos (LAsK,
RADBRUCH, KELSEN, GuRvITcn) ou ao ela categoria ela razão pura organizadora da
experiência socioeconómica (STAMMLER) ou à essência ou estrutura cio direito (REALE,
Coss10, RECASENS S1c1-rns) ou à lógica jurídica (KEL EN), o Direito Comparado estará
ausente. Todavia, se além dessas questões clássicas, reconhecer, como, reconheceu
DELVEccnIO, como sendo filosófico o tema "fenomenológico", destinado a, entre as
singulares normas, descobrir as regras gerais e comuns no processo histórico e as constantes
observadas em seu desenvolvimento, ou se incluir nessa filosofia, como incluiu REALE, a
"culturologia jurídica", destinada a descobrir o "sentido real" do direito histórico, ou, ainda,
se, fenomenologicamente com HussERLL procurar a essência dos fenómenos ou actos
jurídicos (REINACH, ScnREIER), o Direito Comparado fornecerá subsídios valiosos.
Finalmente, se considerar a Filosofia do Direito como o "tribunal" julgador dos direitos
positivos. tomando posição em relação a eles, no momento em que o Homem e a Civilização

8
"L'apport du droit comparé à la philosophie du droit" (Livre du Centenaire de la Société de Législation Comparée, Paris, 1969,
pág. 71/72).
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estão ameaçados, o Direito Comparado servirá para revelar os direitos que desrespeitam os
"direitos do Homem", ou seja, a Declaração dos Direitos da ONU.
Assim. concluindo, elas tarefas atribuídas à Filosofia do Direito depende o maior ou menor
auxílio do Direito Comparado. Mas. não nos devemos esquecer ela necessidade que tem o jus
filósofo ele uma visão mais ampla do direito histórico, sobre o qual elevem recair as suas
reflexões, fornecida pelo Direito Comparado. Por isso não podemos negar a importância do
Direito Comparado para a Filosofia do Direito.

7.2.1. Objectivo do Direito Comparado


O principal objectivo do Direito Comparado é ampliar o conhecimento. A partir do estudo de
diferentes sistemas, o operador jurídico tem em mãos diversos olhares sobre um único tema.
Dessa forma, passa a ter subsídios para analisar sua própria legislação.

Em uma análise mais filosófica, ele é um mecanismo utilizado para se chegar a uma igualdade
internacional material. A partir da comparação dos diversos arcabouços legislativos, é
possível notar que, no Estado de Direito, há uma busca por proporcionar igualdade de
condições a todos. Se um Estado não a proporciona, por meio do Direito Comparado aparece
uma percepção de que algo não está certo.

Se considerarmos objectivos mais específicos, podemos dizer que o Direito Comparado se


propõe a:

 balizar opções de negócios, investimentos e interesses nas relações internacionais


comerciais;
 contribuir para que as melhores práticas das relações da vida internacional sejam
adotadas;
 enriquecer culturalmente seu estudante, que passa a conhecer outros costumes e
práticas;
 proporcionar mais percepção acerca da qualidade do Direito Interno, possibilitando
seu aperfeiçoamento;
 contribuir para as investigações filosóficas ou históricas relacionadas ao Direito;
 compreender os povos estrangeiros.
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7.2.2. O método do Direito Comparado


Como o próprio nome sugere, a comparação é a essência do Direito Comparado. Porém, é
preciso ter bastante cautela no estudo desse ramo da ciência jurídica para não cair em
armadilhas. Quando comparamos dois Direitos diferentes, não se pode afirmar que há um
melhor do que outro, mais avançado ou mais iluminado.

Os Direitos são diversos, ainda que haja previsões legislativas que vão de encontro do que
uma pessoa tem como valor moral ou ético.

Para evitar que se entre nesse juízo de valor, o método para o estudo do Direito Comparado
passa obrigatoriamente pelo conhecimento de Sociologia do Direito. É impossível entender o
arcabouço legal de um Estado sem compreender as sociedades nas quais os Direitos se
formataram.

Um mero estudo sobre a sociedade norte-americana, por exemplo, pode elucidar a


possibilidade da pena de morte em determinados estados. Da mesma forma, somente
considerando a história brasileira é que é possível entender o encarceramento em massa de
negros.

Por fim, a partir da análise dos ordenamentos jurídicos de diversos estados, obtêm-se dados e
fontes que serão aplicados no ordenamento jurídico internacional.

Outro exemplo de como funcionam essas acareações: o Direito Ambiental do Brasil é bastante
aceito internacionalmente, sendo considerado uma referência nesse ramo. Isso porque os
especialistas consideram a legislação ambiental do país muito clara a respeito dos conceitos
práticos de responsabilidade civil e de responsabilidade objetiva.

A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (França, 1789) foi inspirada em


pensamentos iluministas e na Revolução Americana (1776). Esse documento trouxe, pela
primeira vez, a proclamação das liberdades e direitos fundamentais do homem, de modo a
abranger toda a humanidade.

Posteriormente, ela foi a base da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), também
motivada pelos horrores da Segunda Guerra Mundial. Esse é mais um retrato de como o
Direito Comparado é uma ferramenta de construção legislativa importante para os
ordenamentos do mundo, inclusive para o brasileiro.
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7.2.3. Macrocomparação
 cultura jurídica;
 os grandes sistemas do direito contemporâneo ;
 os métodos existentes nos ordenamentos nacionais para:
 legislar;
 interpretar e aplicar a lei;
 julgar.
 descrever e justificar as decisões judiciais;
 o processo judicial comparado;
 os operadores do direito.

7.3.1. Microcomparação
Tem como objetivo a solução de problemas concretos. Seu objeto é o direito aplicável a
problemas específicos

 autonomia do indivíduo (no ocidente e no oriente);


 proteção do consumidor;
 danos causados no trânsito de automóveis;
 guarda compartilhada e divórcio;
 filhos havidos fora do casamento;
 direito contratual comparado:
 liberdade contratual
 imputabilidade;
 oferta e aceitação;
 prescrições formais etc.
 enriquecimento sem causa;
 responsabilidade.
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Conclusão
Pode se perceber que o fenómeno jurídico não é um ordenamento imutável e mundialmente
consistente: existem diverso sistemas jurídicos no mundo, cada qual com sua região
originaria, seu desenvolvimento histórico, seus princípios, suas peculiaridade e suam forma de
operar o Direito. O direito comparado representa um esforço do racionalismo para unificar o
direito ele um mundo civil. Não é um ramo tradicional ela ciência jurídica; não foi cogitado
pelos romanos, mestres construtores cios alicerces ele direito privado ocidental. É um ramo
ela jurisprudência ocidental, e, se quisermos precisar, ela jurisprudência ele nossa época.
Pode-se dizer. com H. C. GUTTERIDGE (Comparative Law ) - se é possível, nesses casos,
fixar datas que o ano ele 1900 marca, com o Congresso Internacional de Direito Comparado,
realizado em Paris, o momento ele sua aparição oficial no cenário jurídico mundial.
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Referencias bibliográficas

 Castro Mendes, Direito Comparado, publicação da Associação Académica da


Faculdade de Direito de Lisboa, Lisboa, 1982.
 René David, Os Grandes Sistemas de Direito Contemporâneo, 2.ª Ed., Editora
Meridiano, Lda., Lisboa, 1978.
 Franz Wieacker, História do Direito Privado Moderno, 2.ª Ed., Fundação Calouste
Gulbenkian, Lisboa, 1980.
 William Tetley, (1993). mixed jurisdictions: Common Law vs Civil Law, In Uniform
Law Reeview.
 CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA, "A universalização da ciência jurídica"
(Revista da Faculdade de Direito, Belo Horizonte, 1950). Los Ferreira De Almeida,
Introducao ao Direito Comparado, 2a ed., Coimbra Almedina.
 Inocêncio Galvao Telles, Introdução ao Estudo de Direito, vol II, 10a ed., Coimbra,
Coimbra Editora, livraria Almedina.
 Bobbio (Norberto) A era dos direitos, São Paulo, Ed. Campus, 1992, trad. de
 Carlos Nelson Coutinho.
 Ehrlich (Eugen) Fundamentos da Sociologia do Direito, Braslia, Ed. Universidade de
Brasilia, 1986, trad. de Vamireh Chacon.
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Política Externa, São Paulo, v.3, n.2, p.71 seq., set./nov. 1994; cf.
 TRINDADE, Antônio Augusto Cançado. Tratado de direito internacional dos direitos
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