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UNIVERSIDADE UNIVERSUS VERITAS GUARULHOS - UNIVERITAS

UNG

LEONARDO HELENO ANDRADE PEREIRA

Guarulhos - SP
2023
RESENHA CRÍTICA:

1. Título de Crédito Comerciais

Com o desenvolvimento da civilização, a deslocação dos produtores e comerciantes


intensificou uma busca maior na confiança de crédito e, a vista disso o dinamismo incentivou
a ideia de crédito como ato de boa-fé de que a obrigação avençada será cumprida dentro de
determinado prazo ou superveniência de uma data pactuada, daí a origem etimológica da
palavra “creditum” “cedere”, ao qual é imprescindível a distinção entre credor e devedor,
John Stuart Mill se pronuncia sobre o tema ao afirmar que “O crédito não é mais do que a
permissão para usar do capital alheio”. Ascarelli (1943, p. 11)1. O fato é que após as
intensificações comerciais surgiu a importância de se tornar viável o estabelecimento de
operações creditícias, bem como a regulamentação das instituições financeiras e o arcabouço
jurídico acerca das garantias oferecidas ao credor, haja vista que sua função é de proporcionar
maior circulação das riquezas, tornando-os inúteis nas mãos daqueles que não querem utilizar
ou não sabem utiliza-lo. Uma das facilidades no mundo contemporâneo é a facilitação de
captação de recursos, seja para financiar suas operações ou para investir em crescimento, por
lado a desvantagem é a emissão que envolve custos legais e administrativos, o risco de
inadimplência, sólida reputação e histórico de pagamento. Em resumo, os títulos de créditos
comerciais desempenham uma importância essencial para as finanças, no entanto não estão
isentos de risco e custos, ademais do cumprimento das regulamentações legais para se exigir.
O dispositivo do Código Civil de 1916 a respeito guardavam unicamente restrito
suplemento, pois pouco era deixado de lado na legislação sobre o tema, decorrente da fusão
de costumes mercantis2. Ademais, o doutrinador Sílvio de Salvo Venosa preceitua que, se for
entendido que se mantêm vigentes todas as leis especiais que regem os títulos de crédito de
nota promissórias, letras de câmbios, cheques, duplicatas mercantis e etc, o dispositivo é
inócuo, de certa maneira sim, tendo em vista que deverá necessariamente ser alinhada com a
disciplina dos respectivos mencionado, e que já integrada do direito costumeiro da Idade

1
ASCARELLI, Tullio. Teoria geral dos títulos de crédito. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 1943
2
VENOSA, Sílvio de S.; RODRIGUES, Cláudia. Direito Empresarial. GEN - Atlas: Grupo
GEN, 2023. E-book. ISBN 9786559772445. Disponível em:
<https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559772445/>. Acesso em: 31 de
Agosto de 2023.
Média e da Lei Uniforme de Genebra (LUG) estava suficientemente amparada, assim, não
tendo necessidade impositiva do Código Civil refazê-lo aumentando as chances de rasas
interpretações e antinomias de normas como declara o autor, que no meu ponto de vista é
adequado ao caso.
Sendo assim, é de suma importância que haja sua existência em um documento escrito
formalmente, nesse sentido destaca-se o Art. 887 do Código Civil “O título de crédito,
documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente
produz efeito quando preencha os requisitos da lei, ou seja, uma cártula sob forma de
requisitos na maioria das vezes muito bem minuciosos em lei, e esse escrito ou cártula é
indispensável para os exercícios nele exigidos, salvo se for declarado nulo ou fraudulento.
Em seguida, apresentam o princípio da literalidade valendo-se do que somente está escrito
nesta cártula, todas as pessoas que figurem no título serão coobrigadas, respeitando-se os
valores, datas e locais do pagamento do Título de Crédito. Da mesma forma o princípio da
Autonomia, que são contraídas autonomamente e não se ligam, ao qual independem das
demais presentes no documento, a obrigação abstrata corresponde ao título posto em
circulação que é quando se põe em relação a duas pessoas que não se contratam entre si,
encontrando frente a frente, em virtude apenas do título. Já a inoponibilidade das seções o
devedor do título não pode se opor ao portador as suas exceções pessoais que tinha com seu
antigo credor, nesta égide preceitua o Art. 104 do Código Civil: “A validade do negócio
jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III
- forma prescrita ou não defesa em lei”
1.
2. Título de créditos industriais

A cédula de crédito industrial é aquela em que há promessa em dinheiro, com a


garantia real, cedularmente constituída, sendo este título líquido e certo, exigível pela soma
dela constante ou o endosso, além do juros, da comissão de fiscalização. Se o sacador houver
deixado de levantar qualquer parcela do crédito deferido, ou tiver pagamentos parciais, o
credor descontará na soma declarada na cédula, estando exigível somente o saldo. Em
contrapartida os títulos de créditos da cédula industrial poderá ser retificada, através de
menções adicionais de aditivos. Já dizia o escritor Theophilo de Azeredo Santos em sua
obra3 que era comum a queixa do setor industrial quanto à falta de possibilidade de crédito -

3
SANTOS, Theophilo de Azeredo. Manual dos Títulos de Crédito, 3. ed. pág. 339. Pallas, 1975.
que de certa forma, não era nada encorajador para atender ao seu crescimento e movimento e
que os produtores começaram a financiar os comerciantes, ao qual concedia prazos para o
pagamento. Assim, adveio a ideia de proteger os bens de acordo com a modalidade da cédula,
haja vista que os comerciantes de certa forma tinham temor de se sujeitar a direito real de
outrem em caso de inadimplemento, dessa maneira, pode-se oferecer aos credores garantias
de alienação fiduciária em garantia, penhora e hipoteca, isentado-se então de castigos pela
falta de pagamento.
O pensamento do Doutrinador Arnaldo Rizzardo4, que de certa maneira mais
enriquecedor, relata que os juros do título de crédito industriais são menores relativamente a
empréstimos comuns, já que a cédula industrial objetiva-se incentivar de modo especial para
determinados setores da produção, levando-se em conta a importância do investimento para a
coletividade como um todo, o que faz imprescindível o interesse público.
Presumo a concepção de Theophilo com o ideal primitivo, já que em sua obra o
mesmo critica a ideia da insuficiência de investimentos para a formalização do título
industrial, que por outro lado Rizzardo possui uma visão um tanto mais primorosa em relação
ao debate sobre a cédula industrial.

3. Título de Crédito à exportação

Com o intuito de incentivar as atividades relacionadas à exportação, surgiu a nota de


crédito à exportação e a cédula de crédito à exportação que serão emitidas por pessoas
jurídicas ou físicas, as cédulas de crédito objetiva como um documento que tem força de
título de crédito, haja vista que representa o crédito de um credor e título executivo porque é
hábil ensejar uma futura execução e que pode ser garantida por uma hipoteca, penhor ou
alienação fiduciária, vê se que o conceito de que o papel das cédulas é representar o crédito
decorrente de um financiamento para atividades produtivas.
Na obra de Marlon Tomazette5 O autor cita o autor Gladston Mamede que apresenta
um conceito mais completo do que Rúbia Carneiro Neves, que afirma que as cédulas são
“títulos representativos de operações de financiamento, constituídas com base em

4
RIZZARDO, Arnaldo. Títulos de Crédito . Grupo GEN, 2020. E-book. ISBN 9788530988906.
Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788530988906/.> Acesso em: 02
de Setembro de 2023.
5
TOMAZETTE, Marlon. Curso de Direito Empresarial: Títulos De Crédito. v.2. Editora Saraiva, 2023.
E-book. ISBN 9786553624757. Disponível em:
<https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786553624757/.> Acesso em: 04 de Setembro de
2023.
empréstimos concedidos por instituições financeiras. Ao meu ver, os doutrinadores referidos
se complementam, levando em conta que a partir da incorporação do crédito decorrente de
tais financiamentos vinculado a atividade industrial logo ela deve ser emitida por quem
exerça a atividade produtiva em benefício de quem concede o financiamento que representam
promessa de pagamento, que de certa forma frustrada terá ou não concretizada através do
penhor ou hipoteca.

4. Título de crédito rural

O título de crédito introduzidos pelo Decreto-Lei nº 167/1967 possui as seguintes


divisões: cédula rural pignoraticia, cédula rural hipotecaria, cédula rural pignoraticia o
hipotecaria e nota de crédito rural, todos esses títulos se encaixam na denominação geral de
“Cédula de crédito rural” que é promessa de pagamento, existe ainda a nota promissória rural
e a duplicata rural, também sem garantia real. Permite assim a conclusão de que é uma
espécie de instrumento de garantia em empréstimos bancários contraídas por agricultores e
produtores rurais, um título civil, líquido, certo e exigível, considera a lei o título como civil
por se prender a atividades rurais, em regra afastadas do campo do direito comercial.
Arnaldo Rizzardo preceitua que “o título é uma cédula de crédito rural, o
financiamento só pode ser dirigido à atividade agrícola”. De outro lado, sob o meu pensar,
Marlon Tomazette nos apresenta um conceito mais completo, afirmando que para atender o
requisito “Não basta afirmar que o financiamento é para a atividade rural, industrial,
comercial ou de exportação. É essencial identificar a finalidade específica do financiamento,
para a qual o crédito deverá ser usado, identificando, por exemplo, que tal crédito se destina
ao financiamento do plantio a ser realizado pelo produtor” tendo em consideração que essa
especificação visa garantir que os recursos não sejam usados para outros fins, já que estes
créditos costumam ter condições bem mais favoráveis que os empréstimos em geral evitando
então de que se use para outros meios que não descrito no título descrito.

5. Título de crédito imobiliário

As letras imobiliárias são títulos regidos pelas letras imobiliárias de garantias (LIG),
pela Lei n. 13.097/2015, como um título nominativo, transferível e de livre negociação, quem
adquire a LIG repassa recursos para à instituição financeira emitente e, em contrapartida,
passar ter um direito de crédito contra ela, que representa um benefício de investimento, com
risco baixo, dada a segurança das operações promovidas por tais entidades e que permite a
medida mais rápida para a satisfação do crédito.
Marlon Tomazette institui que letras imobiliárias garantidas “trata­-se de um
instrumento muito similar ao das debêntures, que representam empréstimos públicos feitos
pela sociedade emitente, outorgando apenas direitos de crédito”, sendo assim, a instituição
financeira titular de crédito imobiliário, decorrente da concessão de financiamento para
finalidades imobiliárias, faculta-se que emitida a cédula, que constituirá um título com força
executiva. Arnaldo Rizzardo define que “a Cédula de Crédito Imobiliário constitui o
documento, emitido pela instituição que atua no ramo de financiamento imobiliário, e
assinado por aquele que recebeu o crédito”, que sob meu ponto de vista Tomazette extrai uma
melhor minúcia debatendo que “nesse caso necessariamente garantidos por carteira de ativos
submetidos a um regime próprio (regime fiduciário)”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASCARELLI, Tullio. Teoria geral dos títulos de crédito. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 1943

VENOSA, Sílvio de S.; RODRIGUES, Cláudia. Direito Empresarial. GEN - Atlas: Grupo
GEN, 2023. E-book. ISBN 9786559772445. Disponível em:
<https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559772445/>. Acesso em: 31 de
Agosto de 2023.

SANTOS, Theophilo de Azeredo. Manual dos Títulos de Crédito, 3. ed. pág. 339.
Pallas, 1975.

RIZZARDO, Arnaldo. Títulos de Crédito . Grupo GEN, 2020. E-book. ISBN


9788530988906. Disponível em:
<https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788530988906/.> Acesso em:
02 de Setembro de 2023.

TOMAZETTE, Marlon. Curso de Direito Empresarial: Títulos De Crédito. v.2. Editora


Saraiva, 2023. E-book. ISBN 9786553624757. Disponível em:
<https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786553624757/.> Acesso em:
04 de Setembro de 2023.

Decreto Lei n. 13.097 de Janeiro de 2015. Disponível em


<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13097.htm> Acesso em: 05
de Setembro de 2023.
RAFIH, Rhasmye El ; CABRIOLI, José Vinicius. Dos institutos garantidores de
pagamento e a origem e evolução dos títulos de crédito. Revista Jus Navigandi,
ISSN 1518-4862, Teresina, ano 20, n. 4277, 18 mar. 2015. Disponível em:
https://jus.com.br/artigos/32014. Acesso em: 5 set. 2023.

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