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A Inoponibilidade das

exceções pessoais em
relação ao terceiro de
boa-fé.
Publicado por Nayara Souza há 3 anos

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Por: Nayara Gonçalves de Souza - 16


de junho de 2020.

INTRODUÇÃO

O título de crédito definiu-se como


circulação de bens e valores. Juridica-
mente o crédito é uma prestação futu-
ra do qual tem como requisito o tem-
po (prazo) e a boa fé, sob forma de
documento, ou seja, atos escritos para
a segurança da circulação e proteção
do direito. Possuem atributos essenci-
ais sendo:’’ a cartularidade, literalida-
de e autonomia, assim como possuem
também os atributos eventuais, dos
quais podem existir ou não, conforme
o título de crédito são eles: a indepen-
dência e a abstração.’’[[1]]

No entanto, assim como o doutrina-


dor Waldo Fazzio Junior, cita em seu
livro: manual de direito comercial, ed.
11, páginas 321e 322. ‘’. A razão de
existir títulos de crédito é a sua mobi-
lidade, sendo, a qualidade que possu-
em de circular. Essa transferibilidade
decorre precisamente da autonomia
das obrigações que encerra. O efeito
da autonomia que viabiliza a circula-
ção segura dos títulos de crédito é a
inoponibilidade das defesas pessoais
contra terceiro de boa-fé, portador do
título. É a impossibilidade em que se
encontra o devedor de opor ao porta-
dor, endossatário, de boa-fé, as exce-
ções que teria em relação ao endos-
sante. ‘’

[[2]]

CONCEITO E CONSIDERAÇÕES
RELEVANTES

Inoponibilidade Das Exceções


Pessoais Em Relação Ao Tercei-
ro De Boa-Fé:

A inoponibilidade das exceções pesso-


ais chega ao ordenamento jurídico
brasileiro com a Convenção de Gené-
bra. A noção de inoponibilidade se
coaduna com a ideia de boa-fé. Du-
rante muito tempo a palavra tinha o
mesmo peso quanto o escrito. No en-
tanto, contemporaneamente, há um
formalismo, com isto, as relações são
documentais. Os documentos, contu-
do, não são imunes a fraudes. Na li-
nha tracejada, quanto a Convenção de
Genébra, seja bastante restritivo
quanto às matérias de defesa alegáveis
em sede de ação cambial, na prática
os títulos de crédito, recebem o mes-
mo tratamento dos demais títulos exe-
cutivos extrajudiciais.

[[3]]

Proteger a Boa-fé é necessário

O título de crédito é título executivo


extrajudicial, logo, possui a presumi-
da certeza, liquidez e exigibilidade. A
boa fé é matéria de ordem pública,
sendo assim, regime das objeções, que
visa proteger interesses que são emi-
nentemente privados. “O CC incorpo-
rou às inoponibilidade de execuções
pessoais a aferição de boa-fé do porta-
dor, no artigo 17 da LUG, assim como
os entendimentos jurisprudenciais,
em especial do STJ. Logo, se o porta-
dor do título tiver adquirido o crédito
de má-fé, ciente do vício de nulidade
na formação da dívida poderá o deve-
dor se opor ao pagamento. A con-
seqüência desta prática é que a maté-
ria de defesa de um devedor na ação
cambial é mais restrita e ele não pode-
rá discutir a origem da dívida se o
portador endossatário do título estiver
de boa-fé. Ao contrário, em caso de
prescrição da ação cambial, com ajui-
zamento de ação de enriquecimento
sem causa ou de cobrança, circulação
do título por cessão de crédito, alega-
ção de exceção de contrato não cum-
prido (art. 476 do CC) em título cau-
sal, ou com inexistência de má-fé do
credor, amplia-se o conteúdo de defe-
sa”. [[4]]

O CC Brasileiro em vigor consagra a


inoponibilidade das exceções ao regu-
lar os títulos ao portador: "ao porta-
dor de boa fé, o subscritor, ou emis-
sor, não poderá opor outra defesa
além da que assente em nulidade in-
terna ou externado título, ou em direi-
to pessoal ao emissor, ou subscritor,
contra o portador" (art. 1.507) [[5]].

“Por outro lado, este critério também


está no art. 17 da Lei Uniforme, de
Genébra, ‘in verbis’. Contudo, mesmo
mantendo o critério da inoponibilida-
de como regra, o legislador se conteve
nos estritos termos do direito cambiá-
rio, não incluindo, mas tampouco ex-
cluindo no seu texto exceções de natu-
reza processual comum.” [[6]] [[7]]

De acordo com a lei, são apenas


três os casos em que poderão
ocorrer, com validade, as oponi-
bilidades ao pagamento na ação
cambiária, sendo:

1) direito pessoal do réu contra o au-


tor;

2) defeito de forma de título;

3) falta de requisito ao exercício da


ação.

1) DIREITO PESSOAL DO RÉU


CONTRA O AUTOR

O Dir. pessoal é compreendido como


um direito que deriva de obrigação
assumida pessoal e diretamente pelo
obrigado cambiário para com o porta-
dor. Deste modo, são válidas todas as
alegações que a pessoa do réu pode
opor à pessoa do autor, aquelas relati-
vas tanto aos requisitos gerais de di-
reito precisos à origem das obriga-
ções, como aos atinentes à sua valida-
de e efeitos, e também à sua extinção.

São exemplos das exceções que po-


dem ser opostas pelo réu contra o au-
tor: as relações diretas e pessoas deri-
vadas de má fé, erro, fraude e violên-
cia, simulação, dolo, causa ilícita, pa-
gamento, novação, condição ou con-
trato não cumprido, compensação,
remissão, confusão, dilação e concor-
data.

2) DEFEITO DE FORMA DO TÍ-


TULO

Em constância com o princípio do for-


malismo, os títulos de crédito devem
respeitar requisitos essenciais, previs-
tos na lei, a fim de que se caracterizem
como tais. O defeito de forma do título
é justamente a ausência destes requi-
sitos.

O defeito de forma do título pode ser


extrínseco ou intrínseco. O primeiro
se revela materialmente na redação do
título, por exemplo, se no título faltar
à expressão "letra de câmbio", deixa
de ser uma cambial, desejando uma
"defesa relativa ao conteúdo literal",
parafraseando Waldo Fazzio Júnior.
Já o defeito intrínseco, é o que interfe-
re na obrigação cambial, em sua ori-
gem, como a incapacidade do signatá-
rio.

3) FALTA DE REQUISITO PARA


O EXERCÍCIO DA AÇÃO

A defesa fundamentada nesta hipóte-


se tem natureza processual, pois se
refere à ação e não ao título propria-
mente dito. São dessa ordem as defe-
sas que se fundarem, por exemplo, na
não exibição da cambial vencida, na
falta de posse da cambial, ou até mes-
mo na falta ou nulidade do protesto se
a ação é regressiva e também na pres-
crição.

As duas últimas hipóteses, segundo


Fran Martins, não são exceções basea-
das em relações pessoais do devedor
com os obrigados anteriores, razão
pela qual aquele jurista considera-as
afastadas do princípio da inoponibili-
dade das exceções. Apenas uma exce-
ção comporta a regra: quando houver
má fé por parte do portador caracteri-
zada pelo fato de haver ele agido
"conscientemente", ao adquirir o títu-
lo, com a finalidade de prejudicar o
devedor’’.

CONCLUSÃO

A circulação de crédito é mais que


uma necessidade, e sim uma exigência
da economia contemporânea. Com o
princípio da inoponibilidade das exce-
ções que confere a segurança à circu-
lação dos títulos de crédito,"sendo
esta cada vez mais continente de rela-
ções estranhas à relação originária da
obrigação, traz a inoponibilidade o
respaldo necessário para que não seja
legitimado a qualquer devedor o direi-
to de opor defesa ao credor e assim
não o pagar."[[8]]

Bibliografia

Livro: Curso de Direito Comercial,


Autor: Gustavo Saand Diniz, páginas:
430 á 444. Ed.1º Atlas/SP, 2019.

Livro: Manual de Direito Comercial,


autor: Waldo Fazzio Júnior, 11º edi-
ção. Ed. ATLAS. Páginas: 318 á 325.

Livro: Manual de Direito Comercial-


Fabio Ulhoa Coelho, Ed.23º, editora:
Saraiva, páginas: 336.

Livro: Direito Empresarial Sistemati-


zado-Autor: Tarcisio Teixeira,,2018,
7º Ed, Editora: Saraiva-jurisprudênci-
as

Livro: MARTINS, Fran. Títulos de


crédito. 13. ed., vol. I. São Paulo: Fo-
rense, 1998.

https://jus.com.br/artigos/3390/a-
circulacao-dos-titulos-de-creditoea-
inoponibilidade-das-excecoes

https://www.conteudojuridico.com.-
br/consulta/Artigos/21573/a-inopo-
nibilidade-das-excecoes-pessoaiseos-
titulos-de-credito

http://www.arcos.org.br/artigos/da-
inoponibilidade-das-excecoes-pesso-
ais/

https://thaisnog.jusbrasil.com.br/ar-
tigos/525955244/pricipios-dos-titu-
los-de-credito?ref=serp

https://www.sinfacsp.com.br/conteu-
do/inoponibilidade-das-excecoes-pes-
soais-do-emitente-do-cheque-juris-
prudencia-une-leiedoutrina

Acórdão do STJ/SP: https://stj.jus-


brasil.com.br/jurispruden-
cia/443257169/recurso-especial-resp-
1634859-sp-2013-0337487-5/inteiro-
teor-443257179?ref=juris-tabs

1. - artigo de referência:
https://www.conteudojuridico.-
com.br/consulta/Arti-
gos/42763/o-principio-da-cartu-
laridadeeos-titulos-de-credito-
virtuais ↑

2. - Imagem retirada do site:


https://www.passeidireto.-
com/arquivo/35267749/direito-
empresarial-ii-principios ↑

3. - Imagem retirada do site:


https://slideplayer.com.br/sli-
de/5619277/2/images/15/inopo-
nibilida-
de+das+exce%C3%A7%C3%B5es
+pessoais+ao+terceiro+de+boa-
f%C3%A9.jpg ↑

4. - Autor: Gustavo Saad Diniz; Li-


vro: Curso De Direito Comercial-
1º Edição/Sp,2019; Página 443. ↑

5. - Código Civil artigo 1.507:


https://www.direitocom.-
com/código-civil-comentado/ar-
tigo-1507 ↑

6. - Parte extraída do texto:


https://jus.com.br/arti-
gos/3390/a-circulacao-dos-titu-
los-de-creditoea-inoponibilidade-
das-excecoes ↑

7. - Parte extraída do texto:


https://ambitojuridico.com.-
br/edicoes/revista-53/endosso/ ↑

8. - Texto base para a conclusão:


https://jus.com.br/amp/arti-
gos/3390/1

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