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A partir de agora você vai entender, de uma vez

por todas, como acontece uma execução de tí-
tulo extrajudicial. Vou te apresentar cinco passos. Nós 1
vamos falar como funciona e qual é o passo a passo
que você tem que treinar e caminhar para fazer uma
boa execução de título extrajudicial.
O primeiro passo é justamente identificar se o
documento que o cliente levou lá para você, é ou não
um título executivo extrajudicial. Talvez esse seja o
seu primeiro problema.
Os títulos executivos extrajudiciais são documen-
tos que a lei confere status de prova de um crédito e

O passo a passo da execução de título extrajudicial · José Andrade

dispensa qualquer chancela judicial. Parece confuso,
mas para você entender, eles foram criados para faci-
litar as relações entre as pessoas, para que elas pos-
sam comprar, vender, alugar e emprestar com mais
facilidade. Por isso, a própria lei define que, nessas
relações entre as pessoas, se uma emitir um deter-
minado documento para outra, esse documento é a
prova de uma obrigação e, portanto, não precisa que
um juiz diga quem deve para quem, pois esses títulos
já são a prova do débito. 
Quando você tem título extrajudicial, você pode
iniciar diretamente na prática dos atos de execução, 2

ou seja, de expropriação do patrimônio do devedor. No

nosso direito brasileiro, a execução de quantia a pagar
- quando alguém tem crédito em dinheiro - essa op-
ção se faz através de expropriação. Mas nem sempre
foi assim… Em um determinado momento na história
do mundo, a execução não se fazia por expropriação,
se faziam por castigos corporais ao executado. O cre-
dor poderia dar chicotada, chibatada nos executados
e a dívida já estava paga. Antigamente era assim que

O passo a passo da execução de título extrajudicial · José Andrade

acontecia, mas o nosso direito entendeu que a execu-
ção de quantias se faz através da expropriação. 
A própria lei escolheu alguns tipos de documen-
tos e os elegeu como títulos extrajudiciais, os quais
você pode entrar direto com uma ação de execução.
Mas quais são esses documentos? Quais são os do-
cumentos que a lei confere o status de prova de cré-
dito? Quais a lei considera como títulos executivos?
A primeira coisa que é importante você saber é que,
esses documentos estão, em sua grande maioria, no
Código de Processo Civil. Estão no artigo 784, do CPC.
O mais importante, ainda, é que os documentos não 3

estão só no CPC. Existem várias legislações que tam-

bém definem determinados documentos como título
extrajudicial.
O artigo 784, do CPC, elenca vários tipos de docu-
mentos, tanto é que se você ler o artigo 784 e os seus
incisos, do I até o XII, verá que ele traça uma série de
documentos que são considerados títulos executi-
vos extrajudiciais, por exemplo: letra de câmbio, nota
promissória, duplicata, cheque, escritura pública, o

O passo a passo da execução de título extrajudicial · José Andrade

documento particular assinado por duas testemu-
nhas. Basta você ler o artigo 784, do CPC, que você vai
entender quais são esses documentos. Assim, você
vai olhar o documento que o cliente trouxe e vai ver
se ele se enquadra em algum desses incisos. O mais
importante é o inciso XII, que diz o seguinte: “são con-
siderados títulos extrajudiciais todos os demais títulos
aos quais, por disposição expressa, a lei atribui força
executiva.” 
A seguir, mostrarei mais dez tipos de documentos
que não estão no CPC, mas que também são conside-
rados títulos extrajudiciais. Por exemplo: se o clien- 4

te chegar com uma cédula de crédito bancário, você

sabe se pode executar ou não? 
Se olhar no CPC e buscar no artigo 784, você não
encontrará a cédula de crédito bancário como um dos
títulos executivos extrajudiciais. Porém, como já dito,
existem títulos que não estão no CPC. A cédula de cré-
dito bancário, por exemplo, foi instituída em uma Me-
dida Provisória de 2001. Outro tipo de documento que
também é título executivo extrajudicial e talvez você

O passo a passo da execução de título extrajudicial · José Andrade

não saiba, é o instrumento de contrato garantido por
alienação fiduciária.
As decisões do CADE e os aditamentos em contra-
to de câmbio, também são títulos executivos. Quan-
do você faz um contrato de câmbio em uma empresa
que trabalha com câmbio, esse documento também é
um título de crédito.
Esse título talvez você conheça: a Lei n. 8.906,
estipula que o contrato de honorários advocatícios
é um título executivo extrajudicial. Se você fizer um
contrato com o seu cliente e ele não pagar, esse é um
título executivo extrajudicial. Você não precisa entrar 5

com uma ação de conhecimento, uma ação de arbitra-

mento. Você pode simplesmente entrar diretamente
com a execução.
Então é muito importante que você saiba no pri-
meiro ponto que a própria lei diz quais são os títulos
extrajudiciais. Assim, quando o cliente apresentar o
título, você vai lá no CPC e vai também na legislação
extravagante.
Você já sabe o que é um título executivo extra-

O passo a passo da execução de título extrajudicial · José Andrade

judicial. Você já sabe quais são os documentos que a
própria lei estabelece força executiva. Mas é impor-
tante saber que esse documento tem que ter três re-
quisitos fundamentais. Esses requisitos são: liquidez,
certeza e exigibilidade. Se você faz um contrato de
honorários e não estabelece o valor que o cliente tem
a pagar, esse contrato não é líquido. Se você estabe-
lece, por exemplo, que pelo serviço que será presta-
do, o contratante terá que pagar R$ 20.000,00, pron-
to! Você já tem o requisito da liquidez.
O segundo requisito é o da certeza. O título pre-
cisa estar bem identificado quem é o devedor. Não se 6

pode ter dúvida sobre isso! Não pode estar rasurado o

nome do devedor, nem rasurado o nome do credor. Se
não há certeza sobre a obrigação e, da mesma forma,
se a obrigação não define quem vai pagar determina-
do valor, o título deixa de ter o requisito da certeza.
O terceiro requisito que todo título extrajudicial
tem que ter, é o da exigibilidade. Se você coloca no
contrato de honorários do seu cliente, que aquele va-
lor será pago quando for julgado ou quando houver o

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trânsito em julgado de determinada ação, ou seja, en-
quanto isso não acontecer, esse título não é exigível.
Geralmente os títulos deixam de ser exigíveis quando
há uma condição ou um termo, em que a dívida, para
existir, precisa acontecer determinada condição. É
importante, então, que no primeiro exame, você exa-
mine o título que o cliente apresentou e identifique se
tem liquidez, certeza e exigibilidade.
O primeiro passo é onde você vai identificar se
os documentos que você possui são ou não títulos
executivos extrajudiciais.  Relembrando… Você veri-
fica no CPC e na lei extravagante, para ver se o docu- 7

mento está relacionado na norma. Verifica, também,

se o documento atesta que a obrigação tem liquidez,
certeza e exigibilidade. Você deve verificar, ainda, se o
documento está formalmente em ordem, ou seja, se
não está rasgado e se não há nada que possa levar a
incerteza do documento. 
Agora vamos ver algumas dúvidas que podem
surgir nesses pontos. 
A primeira que pode surgir e que pode ser a sua, é

O passo a passo da execução de título extrajudicial · José Andrade

a seguinte: eu já tenho um título executivo extrajudi-
cial, um cheque, mas eu quero entrar com uma ação
de conhecimento. Eu posso entrar mesmo assim? 
O cheque é líquido. Eu posso entrar direto com
a execução, mas, mesmo assim, eu queria que o juiz
condenasse o requerido a pagar a quantia que está
estampada no cheque. Você pode. A bem pouco tem-
po atrás, não poderia, pois faltaria interesse em agir,
porque para o juiz que iria decidir, se você já tem um
documento que teria o mesmo valor de uma senten-
ça, já deveria entrar direto com a execução. Agora,
com o novo Código de Processo Civil, no artigo 785, 8

ele diz expressamente que a existência de título ex-

trajudicial, não impede a parte de optar pelo processo
de conhecimento a fim de obter um título judicial.
Se por qualquer motivo você quer que o juiz con-
dene o requerido a cumprir aquela obrigação que está
estampada no cheque, você vai perder tempo, mas
você pode. Vai demorar muito mais tempo até que
você tenha a sentença. Seria muito melhor pular toda
essa fase e ir direto para a execução.

O passo a passo da execução de título extrajudicial · José Andrade

 A mesma regra vale para a Ação Monitória.
O artigo 785, do CPC, quando ele permite en-
trar com ação de conhecimento, tacitamente permi-
te, também, entrar com Ação Monitória. Falando da
Ação Monitória, pode ser que você tenha essa dúvi-
da: e se o documento que o cliente me apresentou
tem algum tipo de rasura ou defeito, ele pode servir
de base para uma Ação Monitória? Eu não consigo
entrar com Ação de Execução por conta do defeito,
da rasura, mas eu posso instruir ele em uma Ação
Monitória? A resposta é sim, desde que esse docu-
mento mostre a existência de uma dívida entre duas 9

pessoas. Portanto, o documento vai servir como iní-

cio de prova escrita, que é o único requisito da Ação
Monitória. 
Terceira dúvida: se o devedor propuser uma ação
ordinária, querendo discutir a obrigação presente
no cheque, isso impede a propositura da execução?
Vamos ao exemplo: você contratou um marce-
neiro para fazer os móveis da sua casa, e deu alguns
cheques como pagamento para que o marceneiro te

O passo a passo da execução de título extrajudicial · José Andrade

entregasse os móveis. Ainda tem um cheque para cair.
Ele te entrega o trabalho e você observa que o traba-
lho não era o que você esperava e resolve procurar
um advogado, alegando que existem alguns cheques
na mão do marceneiro, mas o trabalho que ele te en-
tregou não foi bom e você não vai pagar e ficar no
prejuízo, e que sustou o pagamento do cheque. Como
você sustou o pagamento desse cheque, o marcenei-
ro entra com uma Ação de Execução. 
O que estou tentando te dizer é que, mesmo que
você procure um advogado para interpor uma ação
ordinária para discutir aquela obrigação, a execução 10

do cheque vai prosseguir normalmente. No entanto,

no momento adequado, lá dentro da execução, você
vai poder apresentar embargos à execução, que po-
derá, sim, suspender o andamento da execução. A
propositura da ação ordinária para discutir a cau-
sa do cheque ou de uma promissória, não impede a
propositura da execução. É importante que você sai-
ba disso, são dúvidas e problemas que geralmente
acontecem nessa fase.

O passo a passo da execução de título extrajudicial · José Andrade

 Agora que você identificou que o documento é um
título passível de execução, você vai para o segundo
passo, definir qual é o juízo competente para propor
a execução.  E como você faz isso, na prática? Anali-
sando as regras de competência previstas no Código
de Processo Civil.
O artigo 781, do CPC, discorre sobre a execução
fundada em título extrajudicial, que será processada
perante o juízo competente, observando-se o seguin-
te: “a execução poderá ser proposta no foro do do-
micílio do executado ou no foro de eleição constante
do título ou ainda no foro da situação dos bens a ela 11

sujeito.”
Então se em um contrato de honorários ficou con-
signado que, em caso de não pagamento, a execução
vai ser processada na Comarca de São Paulo, o foro
de eleição escolhido pelas partes é o foro competen-
te para processar a execução. Mas em qual Vara do
foro de São Paulo eu vou propor a execução? Nes-
se passo é necessário analisar as regras de compe-
tência interna de cada Tribunal. Não sei se você sabe,

O passo a passo da execução de título extrajudicial · José Andrade

mas toda Justiça Estadual ou Federal tem um código
de normas da Corregedoria e a chamada Lei de Orga-
nização Judiciária.
O Código de Processo Civil traz, em linhas gerais,
a competência, mas a competência local sobre as Va-
ras que vão receber determinados tipos de proces-
sos, isso quem faz é a legislação local, que no caso da
Justiça Estadual é a Lei de Organização Judiciária. É
necessário, portanto, ir na Lei de Organização Judici-
ária e verificar a competência do juiz da Vara de Exe-
cuções de Títulos Extrajudiciais.
No segundo momento, depois que você entendeu 12

a competência do foro no CPC, você vai ter que anali-

sar a regra local. Mas na minha Comarca só tem uma
vara? Ótimo! Você não precisa fazer a análise do local
e vai interpor nesta Vara a execução.
Um detalhe a ser observado é que na Comarca de
Vara Única geralmente há um Juizado Especial Cível e
a Justiça Comum, ou seja, ainda assim você tem que
definir em qual das duas irá interpor a  execução: se
na Justiça Comum ou no Juizado Especial Cível. 

O passo a passo da execução de título extrajudicial · José Andrade

 No terceiro momento dessa etapa, você vai de-
finir se vale a pena ingressar com a ação no Juizado
Especial Cível ou não. Não sei você sabe, mas se o va-
lor da sua execução de título for inferior a 40 salá-
rios mínimos, você pode, ao invés de entrar na Justi-
ça Comum, entrar no Juizado Especial Cível. E como
você vai definir se isso é vantajoso? Só a prática vai
te dizer. Às vezes, na sua Comarca, a prática mostra
que os processos que tramitam no Juizado Especial,
tramitam de forma mais rápida, mais célere. Então
é interessante que você ajuíze aquele cheque nesse
juizado. Exemplo: para uma ação de R$ 500,00, que 13

é inferior a 40 salários mínimos, no Juizado Especial,

é necessário saber que não há a cobrança de hono-
rários advocatícios. Então pode ser que isso não seja
interessante para você, já que na Justiça Comum há
a cobrança de honorários, embora costume demorar
mais. É uma decisão interna, de decidir o que é melhor
para seu cliente e para você. 
O terceiro passo dos cinco que serão apresen-
tados, é fazer busca de bens antes mesmo de iniciar

O passo a passo da execução de título extrajudicial · José Andrade

a execução. A busca de bens para penhora, o advo-
gado tem que fazer antes mesmo de agilizar a exe-
cução. Isso irá economizar muito tempo e facilitará
o seu trabalho, porque quanto antes você fizer a pe-
nhora, terá preferência frente a outros credores. En-
tão nesse terceiro passo, o cliente lhe procurou, você
analisou se é um título executivo extrajudicial, olhou
as regras de competência, já sabe onde entrar com a
ação, ao mesmo tempo faça a busca extrajudicial. 
Aqui eu quero desmistificar uma coisa que muitas
pessoas têm na cabeça: existem diversos mecanis-
mos de busca de bens que o advogado pode utilizar 14

antes mesmo de iniciar a execução. Ele não depen-

de apenas dos sistemas que o juiz tem acesso. Exis-
tem outras formas de descobrir se o executado tem
bens ou dinheiro, porque se não encontrar dinheiro,
o juiz vai te intimar para que apresente outros bens.
Se você já não tiver essa informação, a ação irá ficar
travada e vai demorar muito mais para fazer o levan-
tamento de bens.
Vou mencionar algumas formas de se descobrir

O passo a passo da execução de título extrajudicial · José Andrade

o patrimônio do executado antes de entrar com ação
de execução. A primeira delas é básica: busca no De-
tran e nos Cartório de Registro de Imóveis. Para isso,
independente de ordem judicial, você pode formular
um requerimento ao diretor do Detran, solicitando in-
formação se aquele executado tem veículo registra-
do ou não. A mesma coisa para o Cartório de Registro
de Imóveis.
Outra forma de buscar bens do executado, antes
da execução, é fazer uma busca no site dos Tribunais.
Lá você poderá descobrir, por exemplo, que seu de-
vedor é credor de outra pessoa em outro processo. 15

Outra forma é fazer uma busca no Portal da Transpa-

rência. Às vezes, o seu devedor é uma empresa que
fornece, por exemplo, serviço ou material para mu-
nicípios e tem um crédito para receber. O Portal da
Transparência do município, estado ou da União, di-
vulga todos os contratos existentes.
Fazer uma busca de cotas reais de empresas na
Junta Comercial ou através do endereço eletrônico da
rede do Governo Federal, também é mais uma opção.

O passo a passo da execução de título extrajudicial · José Andrade

Fazendo um breve cadastro, você consegue descobrir
se uma pessoa é sócia de alguma empresa, onde, no
momento oportuno, poderá requerer a penhora das
cotas sociais. Se você deixar para solicitar, durante a
execução, para que o juiz solicite a consulta dos sis-
temas oficiais, às vezes, o devedor já se desfez do pa-
trimônio ou outros credores já penhoraram o patri-
mônio e terão preferência frente ao seu cliente. Então
o terceiro passo pode ser dado em conjunto com os
outros anteriores. 
O quarto passo acontece enquanto você está
estudando para ajuizar uma Ação de Execução de Tí- 16

tulo Extrajudicial, quando você for iniciar a montagem

da peça e é um dos passos mais importantes, que é
preparar a petição inicial. É o momento em que irá se
sentar e irá, intelectualmente, preparar a petição ini-
cial para dar entrada no processo. Você deve estar
preocupado: com quais requisitos essa petição tem
que contar? O que tenho que escrever e o que eu não
tenho que escrever? 
A vantagem é que a própria legislação diz quais

O passo a passo da execução de título extrajudicial · José Andrade

são os requisitos da petição inicial. Próximo aos ar-
tigos 797 e 798, do CPC, estão os requisitos internos
da petição, o básico: começar pelo nome comple-
to do exequente e executado, o número de inscri-
ção no CPF ou no CNPJ - se for uma pessoa jurídica.
Você deve apontar qual é a espécie de execução, de
preferência.
Apresentar o valor que o requerido tem que pa-
gar ou se um título executivo que contenha uma obri-
gação de entregar um determinado equipamento. É
necessário que o advogado diga qual é a modalidade
de execução: se mediante a entrega de um bem ou o 17

pagamento de uma quantia. 

O primeiro requisito interno é o nome e a quali-
ficação das partes. O segundo é a opção pelo título
de execução. O terceiro requisito da petição inicial é
indicar, sempre que possível, os bens suscetíveis de
penhora.
Você vai fazer a qualificação das partes, optar
pelo tipo de execução e vai verificar se o executado
tem carro, casa, etc., assim, já estará indicando bem à

O passo a passo da execução de título extrajudicial · José Andrade

penhora, caso não tenha sucesso na penhora em di-
nheiro, que é preferência.
O importante é o que está no artigo 799, do CPC.
Ele traz algumas obrigações acessórias que o exe-
quente tem que cumprir na hora que está fazendo a
petição inicial. São várias. São 11 obrigações acessó-
rias, que não estarão todas presentes no seu caso
concreto. É muito importante que você leia com aten-
ção esse artigo.
Outro ponto a ser observado: quais são os do-
cumentos que devem acompanhar a petição inicial?
Basicamente, o primeiro deles, é o próprio título. 18

Outro documento, é o demonstrativo do débito atu-

alizado. A primeira coisa que tem que acompanhar a
petição inicial é o título, a segunda é o demonstrativo
do débito e a terceira, se for o caso, é a prova que se
verificou a condição ou termo que foi dado ao título.
Voltamos ao exemplo do marceneiro e o produto en-
tregue com defeitos. A instalação do móvel é a con-
traprestação. Enquanto o marceneiro não fizer a con-
traprestação, que é instalar os móveis, ele não pode

O passo a passo da execução de título extrajudicial · José Andrade

executar o cheque. A lei exige do marceneiro a prova
de que a instalação foi feita.
Agora irei falar de dois problemas que geralmen-
te são recorrentes nesse assunto. O primeiro é que
pode haver a emenda da petição inicial por iniciati-
va do exequente. O exequente apresentou a petição
inicial e viu que ele deixou de juntar ou então deixou
de esclarecer o débito, ele simplesmente deixou de
discriminar como chegou naquele valor. Não só pode
haver a emenda, como deve, porque se não houver a
emenda, certamente a parte vai ingressar com em-
bargos ao juiz competente. E se a parte já foi citada, 19

mesmo assim você pode fazer a emenda da petição

inicial, porque a parte será cientificada sobre a emen-
da e vai abrir, de novo, o prazo para pagamento e o
prazo para embargos. O importante é que você faça a
emenda, se necessário, e não deixe passar nada. 
Outra dúvida: se a parte deixar de cumprir algum
requisito da petição inicial? O artigo 801 abre a pos-
sibilidade de o juiz verificar se a petição inicial é in-
completa ou se não acompanha todos os documentos

O passo a passo da execução de título extrajudicial · José Andrade

necessários, pelo que poderá determinar que a pe-
tição seja corrigida no prazo de 15 dias, sob pena de
indeferimento.
O quinto passo é o mais importante de todos.
Para entrar com uma Ação de Execução de Título Ex-
trajudicial, é necessário conhecer a fundo e em deta-
lhes o procedimento da execução, o passo a passo.
Vou detalhar como acontece o passo a passo, desde
o momento de ingresso da petição inicial, até o mo-
mento em que a execução é extinta, seja pelo paga-
mento ou por qualquer outro motivo. Vamos estudar
a execução de título extrajudicial que contenha obri- 20

gação de pagamento, porque é a mais comum.

A nossa legislação diz que a execução se realiza
por expropriação. Isso está previsto no artigo 824, do
Código de Processo Civil. Mas como essa expropria-
ção acontece na prática? Para expropriar, você preci-
sa entender o conceito da palavra. Expropriar é tirar
a propriedade. Quando eu falo que a execução se faz
por expropriação, é porque durante o procedimen-
to vai acontecer que a propriedade de algum bem do

O passo a passo da execução de título extrajudicial · José Andrade

devedor vai ser expropriado e o bem passará a ser de
outra pessoa, o credor ou no caso daquele que o ad-
quirir em um leilão.
Outra forma de expropriação no nosso direito é
através da operação de frutos e rendimentos de em-
presas. Durante as consultas de bens, você não en-
contra dinheiro, mas sabe que a empresa recebe um
aluguel, ou recebe dinheiro de uma pessoa para o
qual ela fornece equipamentos, ou a empresa recebe
um pagamento mensal de um município para quem
ela presta serviços. Você pode pedir a penhora des-
se fruto, desse rendimento da empresa e esse rendi- 21

mento é utilizado diretamente para pagar o restante

do débito.
Essa é mais uma forma de expropriar o patrimô-
nio da empresa, diferentemente da justificação e da
alienação pública ou particular. É disso que trata o
inciso III, no artigo 824, do CPC. É muito importante
que você entenda a nossa execução: ela acontece por
expropriação. E são essas as formas de expropriação
do inciso III. 

O passo a passo da execução de título extrajudicial · José Andrade

 Até aqui eu fiz uma introdução sobre o procedi-
mento da expropriação e agora nós vamos entrar no
passo a passo, como acontece, a partir do momento
que o autor instrui a petição inicial. Esse é o primeiro
acontecimento. Você seguiu todas as dicas, distribuiu
a petição inicial e, no próximo passo, o juiz despachou
a petição inicial. Quando o juiz despacha a petição,
ele manda citar o executado para pagar em três dias.
No mesmo despacho, ele já fixa honorários de 10%, a
serem pagos pelo executado. Está previsto no artigo
827 e 829, do Código de Processo Civil. Caso não haja
o pagamento em três dias, o advogado já pode iniciar 22

a busca de bens do executado. 

Quando o executado é citado e ele paga dívida no
prazo de três dias, os honorários podem ser reduzidos
à metade. Essa situação está no artigo 827, parágrafo
único, do CPC. Geralmente o citado não paga dentro
do prazo, então vou te apresentar outros cenários.
O juiz determina, por exemplo, a citação do execu-
tado, mas caso o executado não seja encontrado para
ser citado, o artigo 830, do CPC, diz que se o Oficial

O passo a passo da execução de título extrajudicial · José Andrade

de Justiça não encontrar o executado para ser citado,
deve arrestar tantos bens quantos bastem para o pa-
gamento da dívida.
Na prática, a teoria funciona um pouco diferente.
Quando o Oficial de Justiça não encontra o executa-
do, dificilmente ele vai fazer um arresto de bens. Na
prática, não encontrando o executado, é muito co-
mum que o juiz intime o exequente para que o se ma-
nifeste e informe um novo endereço do executado. E
aqui é você deve tomar as seguintes atitudes, preste
atenção: assim que o juízo te intimar porque o Oficial
de Justiça não encontrou o executado, você tem que 23

informar o novo endereço, caso você o tenha. Quan-

do você sabe para onde o executado se mudou, você
deve informar o quanto antes, não precisa nem espe-
rar intimação do juiz.
Mas e se não tenho o novo endereço? Se você não
tem o novo endereço, vai tomar uma segunda atitude,
que é pedir ao juiz para utilizar os sistemas disponíveis
de busca de endereço, como o do SISBAJUD, onde os
bancos irão informar, via sistema, os endereços que

O passo a passo da execução de título extrajudicial · José Andrade

possuem determinado CPF. Se o juiz fizer a pesquisa
no SISBAJUD ou se o juiz se negar a fazer, você não
terá outros meios de descobrir o endereço do execu-
tado. Caso não tenha ciência ou não consiga desco-
brir o endereço do executado, você deve requerer o
arresto executivo. 
Diferente da penhora, o arresto executivo acon-
tece antes da citação do executado para pagar a dí-
vida. Como ele não foi encontrado, é uma forma de
garantia, mas é uma forma bem prática e bem mais
efetiva. Quando pedir o arresto executivo do SISBA-
JUD e nada for encontrado, você pode pedir arresto 24

executivo de algum patrimônio. 

Se o juiz mandou citar o executado e o mesmo pa-
gou, pronto! Acabou a ação. Mas se o juiz citar o exe-
cutado e ele não for encontrado, agora você já sabe
o que fazer. Se o executado é encontrado e citado,
mas não paga a dívida, vai ser iniciado o procedimen-
to destinado a fazer penhora de bens do executado.
É importante que você saiba que o artigo 835, do
CPC, dita a ordem de preferência da penhora, inclusive

O passo a passo da execução de título extrajudicial · José Andrade

que o dinheiro está em primeiro lugar. Por isso, na prá-
tica, a primeira coisa a se fazer é tentar a penhora via
SISBAJUD, ou seja, é isso que vai acontecer: o juiz vai
consultar os bancos para ver se encontra algum pa-
trimônio do executado. Encontrando, vai pegar esse
dinheiro. Não encontrando, o juiz vai jogar a bola para
o seu colo. E agora, o que você quer fazer? Quais são
os bens do executado que você tem ciência?
Você poderá utilizar os diversos sistemas que o
magistrado tem à disposição, como o Renajud e o In-
fojud, da Receita Federal. É importante que se conhe-
ça bem esses sistemas, porque nesse momento do 25

procedimento é que o juiz vai jogar para você. Have-

rá, então, um impulso oficial, mas, na prática, o que
mais acontece é o juiz esperar o impulso do exequen-
te para dar o próximo passo na execução. Por isso, é
muito importante que você conheça todos os passos
a serem dados.
Outro ponto importante é que se saiba a regra
sobre a formalização da penhora. Quando se tem su-
cesso e foi penhorado um veículo de propriedade do

O passo a passo da execução de título extrajudicial · José Andrade

executado, por exemplo, o artigo 840, do CPC, faz uma
diferenciação por tipo de bem: se for um bem móvel
é de um jeito, se for um imóvel rural é de outro jeito.
Então você precisa conhecer os três incisos do artigo
840, porque na hora que for feita a penhora, você tem
que saber quem vai ser o depositário desses bens.
Aqui entra mais um alerta, para ter a chance de
conseguir resolver sua execução de uma forma bem
mais rápida. O inciso II, do artigo 840, do CPC, diz o
seguinte: “quando a penhora de um bem móvel o de-
pósito tem que ser feito através de um depositário
judicial.”  26

O § 1º, do artigo 840, do CPC, diz que se não houver

depositário judicial, os bens ficarão em poder do exe-
quente. Então você tem um grande problema na sua
mão. Pouquíssima gente sabe o que a gente aplica na
prática. Isso que eu estou te ensinando agora é muito
importante e você precisa conhecer esse dispositivo.
O depósito precisa ser feito para o depositário ju-
dicial. Não havendo um, o depósito ficará com o pró-
prio exequente. A própria lei diz que os bens só ficam

O passo a passo da execução de título extrajudicial · José Andrade

em depósito com o executado, se o exequente assim
concordar. É necessário a sua concordância. Não é
uma questão de escolha do magistrado. A lei já esco-
lheu como deve acontecer. 
Falando ainda da penhora, é muito importante
que você saiba da necessidade de se proceder a in-
timação do executado sobre a penhora. O artigo 841
e 842, do CPC, falam sobre a intimação da penhora. É
um passo muito importante dentro do procedimento.
Agora o passo mais importante dentro desse
mundo da penhora, é a averbação. Aqui vou te falar
uma coisa que talvez você não saiba, e se você não 27

souber, pode te prejudicar muito. Na prática, o artigo

844, do Código de Processo Civil, fala que para pre-
sunção absoluta de conhecimento por terceiros, cabe
ao exequente providenciar a averbação do arresto ou
da penhora no registro competente. O que isso quer
dizer?
Se foi feita a penhora de um imóvel do executado,
é você, exequente, que tem que pegar esse termo de
penhora e levar a registro lá no Cartório de Registro

O passo a passo da execução de título extrajudicial · José Andrade

de Imóveis. Isso não vai ser feito pelo juízo, ele não vai
oficiar ao Cartório. É você que tem que fazer, e se você
não fizer, pode ser que um terceiro consiga livrar o
que foi penhorado e você não conseguirá mais atingir
esse bem. Então o passo mais importante é proceder
a averbação da penhora. Não adianta nada você con-
seguir pegar o veículo, por exemplo, e não averbar no
registro do Detran a existência dessa pena. 
O próximo passo é a realização da avaliação des-
se bem penhorado. É importante que você leia o ar-
tigo 870, do CPC, que fala que a avaliação é feita pre-
ferencialmente por Oficial de Justiça. O próprio Oficial 28

de Justiça vai penhorar os bens do executado e fazer

a avaliação, mas na prática isso acontece um pouco
diferente.
Como eu te falei, provavelmente se o executado
foi citado e não pagou, o juiz intima o exequente para
indicar um bem.
O juiz vai determinar que o Oficial de Justiça faça
essa penhora, mas, às vezes, o Oficial de Justiça não
tem conhecimento técnico para fazer essa avaliação.

O passo a passo da execução de título extrajudicial · José Andrade

Nesse caso, o Oficial de Justiça vai deixar de fazer a
avaliação por ausência de conhecimento técnico e
o juiz vai ter que nomear um perito para fazer essa
avaliação.
Outro ponto importante é que compete ao exe-
cutado pagar os honorários do perito, e, às vezes, ele
tem que ser adiantado por quem tem interesse na
realização desta prova (é claro que se você ficar es-
perando o executado pagar os honorários do perito,
o mesmo não irá e o exequente vai ter que adiantar
esse pagamento). Essa despesa vai entrar como cus-
to do processo, como despesa e vai sair do próprio 29

bem avaliado.
Agora eu quero chamar a atenção para dois pon-
tos: um deles é a possibilidade de o executado apre-
sentar os embargos do devedor. Na Ação de Execução
de Título Extrajudicial, é importante que você saiba
que os embargos do devedor podem ser oferecidos
independentemente de penhora. Então não precisa
haver a penhora para que o executado tenha o di-
reito de apresentar embargos. Mas nem sempre foi

O passo a passo da execução de título extrajudicial · José Andrade

assim. Antigamente a penhora era um requisito para
um embargo, hoje não é mais. Esse embargo tem que
ser apresentado no prazo de quinze dias, contados na
forma do artigo 231, do CPC.
Para você saber quando começa a contagem do
prazo para embargar, você precisa ler o artigo 231,
do CPC. O artigo fala, muito claramente, que se a inti-
mação do executado for feita por uma carta com um
aviso de recebimento, o prazo para embargos será de
15 dias, começando a ser contado da data de juntada
aos autos do aviso de recebimento. Você precisa ler
o artigo 231 para saber exatamente quando começa 30

a contar o prazo. O exequente tem que conhecer os

prazos, isso porque se os embargos foram apresen-
tados fora do prazo legal, a primeira coisa que você
vai colocar na impugnação é a intempestividade e o
juiz vai eliminar os embargos, sem entrar no mérito
da discussão.
Outra observação importante dentro do proce-
dimento, é que o artigo 916, do CPC, fala que o exe-
cutado pode requerer o parcelamento da dívida. Mas

O passo a passo da execução de título extrajudicial · José Andrade

como assim parcelamento? O executado pode par-
celar o débito, de acordo com o artigo 916, do CPC. A
não ser que para você isso não seja, de nenhuma for-
ma, interessante, é aconselhável receber parcelado,
do que correr o risco de não receber.
Temos, então, o procedimento básico de uma
Ação de Execução de Título Extrajudicial que contém
uma obrigação de pagar. Primeiro, o exequente dis-
tribui a execução. Segundo, o juiz despacha e man-
da para pagar ou manda penhorar. Três coisas podem
acontecer: o executado pagar e o processo acabar, ou
o executado não é encontrado e o juiz intima o exe- 31

quente para informar o endereço, ou o executado é

citado, mas não paga, e começa a corrida atrás de
bens para penhora.
Se você tiver muita sorte, é feita a penhora de
bens, e depois é feita avaliação e o depósito do bem.
Mas aqui na minha Comarca funciona diferente! Se
funciona diferente, alguma coisa está errada. O Có-
digo de Processo Civil definiu esses parâmetros que
foram apresentados.

O passo a passo da execução de título extrajudicial · José Andrade

 Para finalizar, eu vou mostrar as diferenças dos
procedimentos da Justiça Comum e do procedimento
do Juizado Especial Cível.
Lembra quando eu disse que vai chegar um mo-
mento onde você vai ter que optar por ingressar com
a execução na Justiça Comum ou se vai para o Juizado
Especial Cível?
Caso decida pelo Juizado Especial Cível, precisará
ir na Lei n. 9.099/95. É nela, a partir do artigo 53, que
se dá os detalhes e as diferenças da execução que
tramita no Juizado. Eu já adianto que são pouquíssi-
mas diferenças. Quando a ação for no valor de até 40 32

salários mínimos, obedecerá ao disposto no Código

de Processo Civil, com as modificações desta lei, ou
seja, tudo o que falamos até agora vale na execução
do Juizado Especial, com as ressalvas que nós vamos
falar a partir de agora.
A primeira ressalva está no § 1º, do artigo 53, da
Lei n. 9.099/95, que diz o seguinte: “efetuada a penho-
ra o devedor será intimado a comparecer à audiência
de conciliação, quando poderá oferecer embargos por

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escrito ou verbalmente.” Assim, a lei 9.099 apresen-
ta mais um momento diferente para apresentação de
embargos. Esse momento é na audiência de tentativa
de conciliação, que só é designada depois que é efeti-
vada a penhora. 
No § 3º, do Art. 53, da Lei n. 9.099/95, fala que
se não apresentados os embargos em audiência ou
se forem julgados improcedentes, qualquer das par-
tes poderá requerer ao juiz a adoção de uma das al-
ternativas do parágrafo anterior, que é a ratificação
do pagamento parcelado ou o pagamento mediante a
entrega de um determinado bem ou se não encontra- 33

do o devedor ou inexistindo bens penhoráveis, o pro-

cesso será imediatamente extinto, devolvendo-se os
documentos ao autor no Juizado.
No Juizado Especial, não há aquela demora em
ficar buscando endereço dos executados. Mas não
sendo o executado encontrado, não quer dizer que
o processo será arquivado imediatamente. Em res-
peito aos outros entendimentos, entendo que o juiz
do Juizado tem que ajudar o exequente a encontrar o

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executado. Não custa nada para o juiz do Juizado pes-
quisar em dois ou três sistemas para ajudar a encon-
trar endereço antes de extinguir o processo.
Com exceção desses pontos, o resto é tudo igual.
Não muda nada do que falamos sobre todos os ou-
tros pontos de avaliação, do depósito, dos embargos
e penhora. Tudo é válido também no Juizado Especial
Cível. 
É importante que você leia também os enuncia-
dos do FONAJE, que dão alguns detalhes sobre a exe-
cução no Juizado Especial, mas, a grosso modo, o im-
portante é isso que eu trouxe aqui para você.  34

Tenho certeza que alguma coisa daqui você vai

levar para sua vida profissional. Tenho mais certeza
ainda que se você colocar em prática alguma coisa
que eu te ensinei aqui, você vai se dar muito bem.
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Toda quinta-feira o Professor José Andrade
ministra uma Aula Prática te mostrando como ter
sucesso em suas execuções. Para participar dessas
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