Você está na página 1de 7

AO JUÍZO DE DIREITO DA __VARA CÍVEL DA COMARCA DE

MESQUITA.

VITÓRIA CRISTINA DOS SANTOS MENDES, brasileira,


solteira, advogada, inscrita no CPF n° ..., portadora da carteira de
identidade n° ..., título de eleitor, endereço eletrônico..., residente e
domiciliada na Rua ..., bairro ..., n°..., em pleno gozo dos seus direitos
políticos, vem, perante Vossa Excelência com fulcro no artigo 5°, inciso
LXXIII da Constituição Federal, na forma da Lei 4.717/65, propor a
presente:

AÇÃO POPULAR COM PEDIDO DE LIMINAR

em face do ato lesivo praticado por JOSÉ DA SILVA CARVALHO,


brasileiro, estado civil..., Prefeito do Município de ..., inscrito no CPF n°...,
e RG n°..., localizado na Rua ..., n° ..., Bairro..., vinculado ao
MUNICÍPIO DE MESQUITA, pessoa jurídica de direito público, inscrita
no CNPJ ..., com sede na Rua ..., Bairro ..., e MARIA DOS SANTOS
SILVA, brasileira, estado civil..., profissão ..., inscrito no CPF n°..., e RG
n°..., localizado na Rua ..., n° ..., Bairro..., cidade..., pelos fatos e
fundamentos a seguir exposto:

I. DA LEGITIMIDADE ATIVA
Segundo o art. 5º, inciso LXXIII, da Constituição Federal, a
impetração da ação popular, poderá ocorrer por qualquer cidadão, visando
anular ato lesivo ao patrimônio público ou se entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, vejamos:

Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes:

LXXIII. Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação


popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa,
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do
ônus da sucumbência.

Desta forma, o ajuizamento da presente ação é cabível, para


que seus efeitos, anule o ato ilegal do Gestor Público, que atribuiu o cargo
de Secretária Municipal de Educação a sua mãe.

II. DOS FATOS

O gestor público José da Silva Carvalho, do Município de


Mesquita, eleito na última eleição municipal como Prefeito da cidade,
elegeu para o cargo de Secretária Municipal de Educação sua mãe Maria
dos Santos Silva, sendo conhecido pela população como um cargo técnico
devido as complexidades da atividade, foi verificado que a Sra. Maria não
possui as qualificações pertinentes para exercer o cargo, devido a mesma
ser analfabeta.
Quando questionado pelas reportagens sobre a indevida
nomeação, o prefeito disse que pretende nomear outros parentes para o
cargo de diretoria e assessoramento a prefeitura de Mesquita.

III. DOS FUNDAMENTOS

a) DA AUSÊNCIA DE QUALIFICAÇÃO

A presente demanda se funda da proteção á moralidade


pública, uma vez que o Gestor Público do Município de Mesquita,
nomeou sua mãe como Secretária Municipal de Educação do município,
sendo que a mesma não possui qualificação necessária para o cargo.

Dessa forma, verifica-se que a atuação do prefeito foi contra


o princípio da moralidade administrativa onde, o agente público tem como
obrigação ser reto e zelar pelo direito e pelos princípios da administração
pública, e não para fins pessoais. Assim prevê o artigo 37, caput da
Constituição Federal, vejamos:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer


dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

Corroborando com esse entendimento o doutrinador Celso


Antônio Bandeira de Mello, expõe sobre o princípio da moralidade
administrativa, in verbis:

“ a Administração e seus agentes têm de atuar na


conformidade de princípios éticos. Violá-los implicará violação
do próprio Direito, configurando, ilicitude que a sujeita a
conduta viciada a invalidação, porquanto tal princípio assumiu
foros de pauta jurídica, na conformidade do
art. 37 a Constituição.” (Curso de Direito Administrativo/
Celso Antônio Bandeira de Mello. – 29 ed., Malheiros
Editores, 2012, p. 122).

b) DO NEPOTISMO

No presente caso, apresenta-se claro nepotismo.

Insta salientar que além da 3ª Ré não possuir a qualificação


necessária para o cargo em questão, a mesma, também, é sua genitora, ou
seja, parente de 1º grau e, tendo em vista a Súmula Vinculante nº 13 do
STF, tal ação é vedado, uma vez que viola a Constituição Federal,
conforme se mostra:

A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta,


colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da
autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica
investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o
exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de
função gratificada na administração pública direta e indireta em
qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações
recíprocas, viola a Constituição Federal.

Sendo assim o Prefeito fere os princípios da moralidade


administrativa e da legalidade, pois é inadmissível que o erário público
sofra danos devido a favorecimento a seus familiares.

Vale destacar, que a nomeação realizada pelo prefeito fere o


princípio da legalidade, pois entende -se que as ações do administrador
público devem ser pautadas de acordo com a legislação vigente, ou seja, o
ato praticado pelo prefeito é considerado nepotismo.

c) DA CONCESSÃO DA MEDIDA LIMINAR  


A concessão da medida liminar está prevista na Lei
n.º 4.717/65, artigo 5°, parágrafo 4°, vejamos:

Art. 5º Conforme a origem do ato impugnado, é competente


para conhecer da ação, processá-la e julgá-la o juiz que, de
acordo com a organização judiciária de cada Estado, o for para
as causas que interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado
ou ao Município;

4º Na defesa do patrimônio público caberá a suspensão liminar


do ato lesivo impugnado.

A relevância do fundamento invocado reside nos argumentos


fáticos e jurídicos acima expostos, desta forma, o periculum in mora está
materializado na longevidade processual e o risco de lesão à
municipalidade, visto que a secretária nomeada não possui qualificação
pra cargo.

Portanto, requer-se a liminar para suspensão da nomeação,


bem como a expedição de ofício para a Câmara dos Vereadores a fim de se
saber se outros parentes foram nomeados.

IV. DOS PEDIDOS

Pelo exposto, requer a Vossa Excelência:

a) que seja deferida a liminar, para suspender o ato lesivo, bem como seja
oficiado o município para saber se há outros parentes;

b) a citação dos réus, para, querendo, contestar a presente ação, no prazo de


20 dias, sob pena de aplicação dos efeitos da revelia;

c) a intimação do representante do Ministério Público, conforme


o parágrafo 4º  do artigo 6º da lei 4717/65;
e) a procedência dos pedidos para decretar a anulação do ato lesivo ao
patrimônio público e à moralidade, com a suspensão da nomeação, bem
como a restituição de todos os valores pagos a título de salário à 3ª Ré;

f) a conversão da liminar deferida em definitiva;

g) a expedição de ofício à Câmara dos Vereadores para eventual


condenação em crime improbidade;

h) a condenação dos Réus no pagamento, ao autor, das custas e demais


despesas judiciais e extrajudiciais, bem como nos honorários de advogado;

Protesta pela produção de todas as provas em direito admitidas, em especial


a documental, com a eventual juntada das respostas dos ofícios expedidos.

Dá-se à causa o valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais).

Nestes Termos,

Pede Deferimento.

Local, data

ADVOGADO

OAB/UF

Você também pode gostar