Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
VARA DA
FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE ..................
Inicialmente, afirma o Reclamante que não tem condições de arcar com eventual ônus
processual sem prejuízo ao seu sustento próprio e de sua família, razão pela qual, não resta
outra alternativa, a não ser, pleitear pela concessão da Assistência Judiciária Gratuita, para
isentá-lo das despesas processuais inerente a lide.
2. DOS FATOS
O Reclamante foi contratado como empregado pela Reclamada em __/__/__, para cumprir a
função de analista contábil e fiscal. A remuneração avençada na época fora de R$ XXXXX,
conforme folhas de pagamento em anexo.
No dia __/__/__, o chefe imediato do reclamante na empresa reclamada, Sr. XXXX, proferiu
diversas ofensas ao reclamante, como os insultos de incompetente e desleixado. Além disso, o
chefe imediato também declarou, em “alto e bom som” a difamação de que o reclamante teria
um relacionamento amoroso com a proprietária da empresa, e que por este motivo havia obtido
êxito em ser contratado pela reclamada.
Estas afrontas e humilhações continuaram nos meses seguintes, e foram proferidas de forma
que todos os demais empregados do setor em que o reclamante trabalhava ouviram os insultos
e acusações. Além da forma oral destas afrontas, tal assédio moral foi cometido também por e-
mail, que estão em anexo à petição.
Diante destes fatos pede-se que a rescisão contratual solicitada pelo reclamante seja convertida
em rescisão indireta do contrato de trabalho, uma vez que ocorreu justa causa por parte da
reclamante.
3. DOS FUNDAMENTOS
O Reclamante não possui, no momento, condições financeiras de arcar com o ônus processual
desta lide, sem com isto comprometer seu próprio sustento.
A assistência judiciária gratuita é assegurada por lei, conforme o artigo 5º, LXXIV, da
Constituição Federal, que concebe que “o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita
aos que comprovarem insuficiência de recursos” (BRASIL,1988). Observando o elencado,
assistência é garantia constitucional.
Da mesma forma, é assegurado também pela Lei 13.105/2015, em seu artigo 98 que:
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos
para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à
gratuidade da justiça, na forma da lei.
§1º A gratuidade da justiça compreende:
I – as taxas ou as custas judiciais;
II – os selos postais;
III – as despesas com publicação na imprensa oficial, dispensando-se a publicação em outros
meios;
IV – a indenização devida à testemunha que, quando empregada, receberá do empregador
salário integral, como se em serviço estivesse;
V – as despesas com a realização de exame de código genético – DNA e de outros exames
considerados essenciais;
VI – os honorários do advogado e do perito e a remuneração do intérprete ou do tradutor
nomeado para apresentação de versão em português de documento redigido em língua
estrangeira;
VII – o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando exigida para instauração da
execução;
VIII – os depósitos previstos em lei para interposição de recurso, para propositura de ação e
para a prática de outros atos processuais inerentes ao exercício da ampla defesa e do
contraditório;
IX – os emolumentos devidos a notários ou registradores em decorrência da prática de registro,
averbação ou qualquer outro ato notarial necessário à efetivação de decisão judicial ou à
continuidade de processo judicial no qual o benefício tenha sido concedido. (BRASIL, 2015).
Ainda, nesta linha de raciocínio, o Egrégio TST, na Súmula 463, abordou os requisitos jurídicos
necessários para a concessão da assistência judiciária gratuita, ao basear sua decisão no artigo
4º da Lei 1.060/50, de tal modo se manifestou:
Garantido tal situação na legislação vigente, corroborada pela súmula do Tribunal Superior do
Trabalho, busca-se aqui pleitear pela assistência judiciária gratuita, com base nos fatos e
fundamentos expostos.
Diante dos fatos expostos, verifica-se que a Reclamada violou uma norma jurídica, no que diz
respeito aos direitos dos trabalhadores, uma vez que humilhou publicamente e diretamente o
Reclamante, através do chefe imediato, e que, não obstante, continuou laborando de forma
competente para a Reclamada, diante do assédio moral.
Para elucidar a conduta, necessário se faz mencionar o entendimento do ilustre ANDRÉ LUIZ
SOUZA AGUIAR, que preconiza, in verbis: “toda e qualquer conduta abusiva manifestando-se
sobretudo por comportamentos, palavras, atos, gestos, escritos que possam trazer dano à
personalidade, à dignidade ou à integridade física ou psíquica de uma pessoa, pôr em perigo
seu emprego ou degradar o ambiente de trabalho. ” (AGUIAR, André Luiz Souza. Assédio moral:
o direito à indenização pelos maus-tratos e humilhações sofridas no ambiente de trabalho. 2. ed.
São Paulo: Ltr, 2006, p.27)
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano
material, moral ou à imagem;
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. (BRASIL, 1988)
Com as humilhações e ofensas sofridas pelo Reclamante, requer que sejam reconhecidos os
danos sofridos pelo assédio moral.
O Reclamante requer que a rescisão indireta do contrato de emprego por culpa do empregador
seja reconhecida, e que com isso, haja a condenação ao pagamento das indenizações
decorrentes. Fundamenta o seu pedido nas alíneas “d” e “e” do art. 483 da Consolidação das
Leis do Trabalho, que diz:
Art. 483 – O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida indenização
quando:
1. a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei, contrários aos
bons costumes, ou alheios ao contrato;
2. b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo;
3. c) correr perigo manifesto de mal considerável;
4. d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato;
5. e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família,
ato lesivo da honra e boa fama;
6. f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de
legítima defesa, própria ou de outrem;
7. g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar
sensivelmente a importância dos salários. (BRASIL, 1943) (grifo nosso)
O artigo acima citado elenca um rol exemplificativo de situações capazes de ensejar a rescisão
indireta, entre as quais, ficará provada, a prática do empregador ou seus prepostos, contra o
Reclamante de ato lesivo da honra e boa fama.
Vale destacar que o respeito mútuo constitui algo estritamente necessário no ambiente de
trabalho, devendo ser cumprido por ambas as partes. Também neste prisma, é obrigação
contratual do empregador de respeitar os direitos trabalhistas, além da personalidade moral de
seu empregado e os direitos relativos à sua dignidade, e vice-versa, cuja violação implicaria na
infração dos ditames contratuais e das leis trabalhistas, ensejando o direito do empregado à
indenização correspondente.
Nesse contexto, urge trazer à baila o entendimento jurisprudencial do Egrégio Tribunal Regional
do Trabalho da 11ª Região, cuja transcrição segue abaixo:
Logo, merecido o reconhecimento da rescisão contratual por justa causa do empregador, uma
vez que, evidentemente, foram violados os direitos do trabalhador. A decisão de primeiro grau
deve ser para condenar a Reclamada ao pagamento de aviso-prévio; férias acrescidas 1/3 (um
terço) constitucional; décimo terceiro salário integral e/ou proporcional; multa de 40% sobre os
depósitos do FGTS; entrega das guias para levantamento do FGTS; entrega da guia de seguro
desemprego ou indenização substitutiva nos termos da súmula 389, TST e multa do art. 477, da
CLT.
Os fatos ocorridos com o Reclamante durante a relação de emprego, na qual seu chefe imediato
proferiu ofensas e humilhações que ocasionaram sérios danos psicológicos. E configurados tais
danos, merecem devida indenização.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. (BRASIL, 2002)
Logo, evidenciado o dano moral causado pela Reclamada, este deve ser reparado, com a
devida indenização, para garantir a segurança do Reclamante e para que a aplicação desta
sanção represe tal conduta.
Os honorários advocatícios são devidos na ordem de 15% (quinze por cento), com fulcro no art.
133 da Carta Magna e também no art. 85 do CPC, aplicável de forma subsidiária ao processo do
trabalho, que concebe:
2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o
valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o
valor atualizado da causa, atendidos:
IV – o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço. (BRASIL,
2015) (grifo nosso)
Nesta mesma linha, citamos que o deferimento dos honorários pela parte sucumbente foi
matéria tratada e virou o Enunciado no 79, aprovado na 1a Jornada de Direito Material e
Processual na Justiça do Trabalho ocorrida em 23/11/2007, in verbis:
1. PEDIDOS
4.3 Seja realizada a citação da Reclamada para oferecer resposta, no prazo legal, sob pena de
revelia.
4.4 Seja declarada a conversão da demissão em rescisão do contrato de trabalho por justa
causa da Reclamada, com efeito de condenar a esta a pagar todas as verbas rescisórias
correspondentes, sejam elas de saldo de salário, férias proporcionais acrescidas de 1/3 (um
terço) constitucional, 13º salário proporcional, multa de 40% (quarenta por cento) sobre o FGTS
devido, aviso prévio indenizado e indenização pelo período de Seguro Desemprego.
4.5 Seja condenada a Reclamada a pagar indenização por danos morais devido ao assédio
moral, no importe de R$ XXXXX (valor por extenso)
4.6 Seja determinada a juntada dos seguintes documentos, pela Reclamada, por determinação
de Vossa Excelência:
● Contrato de Trabalho;
● Todas as Folhas de pagamento do Reclamante, durante todo o período do contrato de
trabalho.
● Os cartões de ponto, igualmente de toda a contratualidade.
4.9 A Reclamante pretende provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos,
bem como a oitiva de testemunhas, cujo rol está fixado ao final da presente petição.
Nesses Termos,
________________________________
NOME ADVOGADO
OAB