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EXMO. SR.

JUIZ DA VARA DO TRABALHO DE DIAMANTINA – MG

JHONATAS PEREIRA VIRISSIMO, brasileiro, solteiro, inscrito no CPF sob o nº


117937026-08, CTPS nº 6241051 – 0050 MG, residente e domiciliado à Rua Santa Rita,
nº 69, Diamantina – MG, CEP 39100-000, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, por meio de seus advogados, infra assinados, propor a presente

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

Face de TELEMONT ENGENHARIA DE TELECOMUNICAÇÕES S/A, pessoa


jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 18.725.804/0013-57, com
endereço na Rua Estoril, 1432, Bairro São Francisco, Belo Horizonte – MG, CEP
31225-190, com base nos seguintes fatos e razões:

DOS FATOS

O reclamante foi admitido em 06 de novembro de 2017, para exercer a função de


Emendador de cabos telefônicos. Recebia mensalmente o salário de R$ 1.192,49 (mil
cento e noventa e dois reais e quarenta e nove centavos). Foi injustamente dispensado,
por justa causa em 23 de dezembro de 2021.

Utilizava o próprio veículo para trabalhar, recebendo o valor de R$790,00 (setecentos e


noventa reais) a título de aluguel de seu veículo. Totalizando um valor mensal de
R$1982,49 (mil novecentos e oitenta e dois reais e quarenta e nove centavos)

Em sua função, exercia atividades de instalação e emenda de cabos telefônicos.

Em 21 de dezembro de 2021, foi abordado por policiais militares, no município de


Curvelo – MG, e conduzido à sede da Unidade Militar local, sendo acusado de furto de
cabos pertencentes à empresa reclamada. Lá recebeu voz de prisão.

Então, a delegada de polícia instaurou inquérito para apurar a os fatos.

Conforme relatado à autoridade policial os cabos que se encontravam no veículo do


reclamante, lá estavam por ordem de seu superior e o reclamante jamais teve o intuito
de furtar ou vender os cabos.
Ao final do inquérito, não ficou demonstrada a intenção de furto por parte do
reclamante e o procedimento foi encerrado.

Mesmo assim, a reclamada manteve a dispensa, por justa causa do reclamante, realizada
no dia 23 de dezembro de 2021.

Em função de tamanha injustiça, conforme será demonstrado, busca a tutela


jurisdicional.

DO DIREITO

DA DISPENSA INDEVIDA E DA REINTEGRAÇÃO DO RECLAMANTE

A reclamada, através de seus encarregados, indevidamente acusou o reclamante de furto


de cabos e o dispensou por justa causa, dois dias depois.

Mesmo ficando demonstrado que não havia nenhum ato ilícito por parte de seus
empregados envolvidos na situação, a reclamada manteve a demissão do reclamante,
por justa causa.

Ora, no Direito Brasileiro vigora o princípio da preservação da função social do


trabalho, consagrado pela doutrina:

"O art. 7º, I, da CF consagra o direito fundamental social dos


trabalhadores à proteção da relação de emprego contra a
dispensa arbitrária ou sem justa causa e, paralelamente,
estabelece uma indenização compensatória, dentre outros
direitos, nos termos da lei complementar." (BEZERRA LEITE,
Carlos Henrique. Curso de Direito do Trabalho. 9ª ed. Saraiva,
2018. Versão kindle, Cap. XIV)

Já o inciso I, do art. 7º da Constituição Federal dispõe como um dos direitos


fundamentais dos trabalhadores, a proteção contra a despedida arbitrária na relação de
emprego:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de


outros que visem à melhoria de sua condição social:

I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária


ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que
preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;
Assim, considerando que não houve ato ilícito do reclamante, nem
conduta que justificasse a dispensa por justa causa, nem falta grave que pudesse
culminar com a pena mais grave na relação trabalhista: DEMISSÃO POR JUSTA
CAUSA, tem-se por necessária a reversão da justa causa.

O TST, ao disciplinar sobre o tema, destaca, para fins de enquadramento


à Justa Causa, a necessária comprovação de:

a) tipicidade da conduta;

b) autoria obreira da infração;

c) dolo ou culpa do infrator;

d) nexo de causalidade;

e) adequação e proporcionalidade;

f) imediaticidade da punição;

g) ausência de perdão tácito;

h) singularidade da punição (non bis in idem);

i) caráter pedagógico do exercício do poder disciplinar

Requisitos previstos em: TST, AIRR - 939-26.2017.5.12.0001,


Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, 3ª Turma, DEJT
07/01/2019

A dispensa por justa causa caracteriza-se pela ocorrência de conduta


grave, capaz de tornar insustentável a relação jurídica entre as partes, razão pela qual
deve ser comprovada de forma inequívoca. Por se tratar da pena máxima a ser imposta
ao empregado, deve ser demonstrada a proporcionalidade entre a medida e a falta
praticada, observando-se a gradação das penalidades para as faltas de menor gravidade.
Se a justa causa não é proporcional ao ato, reconhece-se a invalidade da medida.

Na caracterização da justa causa para o rompimento do contrato de


trabalho, a doutrina e a legislação entendem indispensável a presença dos seguintes
requisitos: capitulação legal do ato faltoso nas alíneas do art. 482/CLT; a imediatidade,
que não afasta o decurso do prazo para apuração dos fatos; a gravidade da falta
imputável ao empregado, de tal monta que impossibilite a continuidade do vínculo; a
inexistência de perdão, seja tácito ou expresso; além da não duplicidade de punição,
pois a mesma falta não poderá ser punida mais de uma vez.

Ademais, tratando-se a justa causa da penalidade mais severa imputável a


um empregado (art. 482. CLT), manchando sua reputação e dificultando sua
recolocação no mercado de trabalho, é mister a prova inconteste da prática do fato
ensejador da ruptura contratual, sendo que tal ônus incumbe ao empregador, a quem a
forma de dissolução aproveita, considerando-se, ainda, que o princípio da continuidade
da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado (Súmula 212/TST).

Assim, em se tratando de alegação de justa causa, é sempre do


empregador o ônus de demonstrar o justo motivo da dispensa, por ser fato obstativo do
direito do trabalhador.

Em face do princípio da continuidade da relação de emprego, que rege o


Direito do Trabalho, o ônus da prova quanto à causa da ruptura do contrato é do
empregador, nos termos do art. 818 da CLT, sob pena de ficar configurada a dispensa
imotivada.

No caso em exame, o reclamante foi dispensado injustamente sob


acusação de furto, quando, na verdade, o que ocorreu não passaria de um mal entendido,
com graves consequências, causado por funcionários da reclamada.
Por isso, requer a reversão da justa causa e a imediata reintegração ao
seu posto de trabalho

DANOS MORAIS

Deve haver condenação ao pagamento de indenização por danos morais


se, na forma do art. 187 do Código Civil, por provado abuso por parte do empregador
capaz de causar dano moral ao empregado, isto é, quando comprovado que a dispensa
por justa causa consistiu em ato abusivo que tenha causado prejuízo à honra do
empregado.

No caso, a calúnia contra a reclamante, com a lavratura de boletim de


ocorrência em que a reclamada acusa a reclamante da prática de furto, fica nítida a lesão
à honra do reclamante e o constrangimento causado pela acusação infundada.

No presente caso, não houve prova de que o furto em questão


efetivamente ocorrera, inclusive com arquivamento do inquérito, de modo que não está
afastada a ilicitude da conduta da reclamada.

A culpa, no caso em questão, se configurou a partir do momento em que


a reclamada, sem prova da prática de crime de furto pelo reclamante, fez notícia-crime
perante a autoridade policial, descuidando-se da lesividade de sua conduta, quando uma
pessoa de diligência normal aguardaria a existência de provas suficientes para realizar
acusação de tal gravidade.

O dano configura-se in re ipsa, uma vez que a prática desse tipo de


conduta lesa indiscutivelmente a honra de uma pessoa, sendo, pois, dispensada a prova
da humilhação, do sofrimento e da angústia sofrida, bastando apenas a prova da
violação ao direito da personalidade (Vide: BITTAR, Carlos Alberto. Reparação Civil
por Danos Morais. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999, p. 214-216).

O nexo causal é muito claro, uma vez que a conduta da reclamada foi
a causa necessária e suficiente para provocar o dano à honra da reclamante, não
havendo qualquer intermediário que pudesse romper tal nexo.
Portanto, é devida indenização ao reclamante a título de danos morais.

DA RESCISÃO INDIRETA

A rescisão indireta é direito do empregado sempre que diante de


circunstâncias legais previstas na CLT:

Art. 483 - O empregado poderá considerar rescindido o


contrato e pleitear a devida indenização quando:
a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por
lei, contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato;
b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores
hierárquicos com rigor excessivo;
c) correr perigo manifesto de mal considerável;
d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato;
e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou
pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa fama;
f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente,
salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;
g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou
tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos
salários.

Assim, considerando que o reclamante foi submetido a injusta dispensa,


de maneira extremamente constrangedora, resta configurado direito à rescisão indireta.

Por tais razões, resta configurado o direito do Reclamante à rescisão


Indireta com a consequente condenação ao pagamento das verbas trabalhistas devidas.

DAS VERBAS PAGAS A TÍTULO DE ALUGUEL DO VEÍCULO

O reclamante recebia mensalmente R$790, 00 (setecentos e noventa reais ) a título de


aluguel de seu veículo particular que era utilizado para o trabalho. Contudo, esta prática
é ilícita.
Conforme decidiu a Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por
unanimidade, ao julgar o ARR-1744-25.2014.5.17.0007, reconheceu a natureza salarial
de parcelas pagas por empregadores a título de aluguel do veículo do empregado para
que este executasse os seus serviços na empresa.

No caso em questão, o valor pago pelo aluguel do veículo do empregado era superior a
50% do salário contratado. Além disso, referido automóvel era essencial para que o
empregado executasse as suas tarefas.

No entendimento do TST, situações como essa são tentativas de burlar os direitos do


empregado. Na prática, havia uma simulação: a empresa, ao invés de disponibilizar um
automóvel para que o empregado executasse as suas tarefas, simulava o aluguel do
veículo do empregado, na tentativa de retirar dessa parcela sua natureza salarial.

Em atenção ao princípio da primazia da realidade sobre a forma, constata-se a fraude e


entende-se que a parcela deve integrar o salário do empregado para todos os fins
trabalhistas, nos termos dos arts. 9º c/c 457, §2º, ambos da CLT.

DO RECOLHIMENTO DO FGTS

Conforme extrato que colaciona em anexo, a Reclamada fez


recolhimento do FGTS com base na remuneração apenas do valor pago como salário
(R$ 1.192,49 ). Porém, na verdade, deveria recolher com base no valor de R$1982,49.

Cabe, portanto, ao Reclamado a comprovação do devido pagamento,


conforme clara redação da Súmula 461 do TST:

Súmula nº 461 do TST


FGTS. DIFERENÇAS. RECOLHIMENTO. ÔNUS DA
PROVA
É do empregador o ônus da prova em relação à regularidade dos
depósitos do FGTS, pois o pagamento é fato extintivo do direito
do autor (art. 373, II, do CPC de 2015).

Devido, portanto, o recolhimento das diferenças não pagas do FGTS,


cumulado com multa de 40%:

DIFERENÇAS DE FGTS E MULTA DE 40%. Constatada


irregularidade nos depósitos do FGTS, conforme extrato da
conta vinculada, e ocorrida a despedida imotivada da autora,
devidas as diferenças de FGTS do contrato com acréscimo de
40%. (TRT-4 - RO: 00212977820155040009, Data de
Julgamento: 03/10/2017, 8ª Turma, #73509695)

Devido ainda, o pagamento do FGTS sobre as verbas pleiteadas na


presente ação:

FGTS SOBRE A VERBA DEFERIDA. Tendo sido deferida


verba de natureza salarial, sobre esta incide o FGTS, por ser
verba consectária. (TRT-4 - RO: 00210640220165040024, Data
de Julgamento: 15/03/2018, 5ª Turma)

Assim, requer o devido recolhimento do FGTS no período de 06 de


novembro de 2017 a 23 de dezembro de 2021, devidamente atualizado.

AUSÊNCIA DE AVISO PRÉVIO

Diante da inexistência de justa causa para a rescisão do contrato de


trabalho surge para a Reclamante o direito ao Aviso Prévio indenizado.

Trata-se de previsão do § 1º do art. 487, da CLT que estabelece que a não


concessão de aviso prévio pelo empregador dá direito ao pagamento dos salários do
respectivo período, integrando-se ao seu tempo de serviço para todos os fins legais.

Pela prova carreada, demonstra-se a inexistência de motivos suficientes a


impor a penalidade mais severa: demissão, razão pela qual deve ser revertida, conforme
precedentes sobre o tema:

ABANDONO DE EMPREGO. DEMISSÃO POR JUSTA


CAUSA. O abandono de emprego deve estar devidamente
comprovado de forma a possibilitar a demissão por justa causa,
por se tratar de grave penalidade imposta ao empregado, que
exige prova irrefutável, cabal, irrestrita e inequívoca, na medida
em que impõe a suspensão do trabalho, sem o recebimento do
salário devido, e acarreta uma mácula indelével à vida
profissional apenado, não sendo esse o caso dos autos, o que
impossibilita a punição e impõe o consequente pagamento das
verbas rescisórias pela dispensa imotivada, além dos salários do
período de estabilidade provisória. (TRT-1 - RO:
00104208420135010057, Data de Julgamento: 07/12/2016,
Sétima Turma, Data de Publicação: 24/01/2017)

Dessa forma, o período de aviso prévio indenizado, corresponde a mais


30 dias de tempo de serviço para efeitos de cálculo do 13º salário, férias + 40%.

DA RETIFICAÇÃO E BAIXA DA CTPS

Caso não seja reintegrado, deve ser dada baixa na CTPS do reclamante,
assinalando como término do pacto laboral a data de 23 de novembro de 2011, com as
devidas indenizações e verbas pagas.

DO DIREITO À FÉRIAS

O direito às férias é consagrado pela Constituição Federal (art. 7.º, XVII


da CF/1988) ao proteger corretamente o direito ao descanso, sem prejuízo da
remuneração acrescidos de 1/3. Este direito vem perfeitamente tipificado na CLT em
seu Art. 129 e ss.

A doutrina ao disciplinar sobre o tema, destaca a sua importância na


preservação da higidez física e mental do trabalhador:

"Os descansos estipulados pelo legislador para um contrato de


trabalho são múltiplos e de diversas naturezas, mas todos têm o
ponto em comum de atender às necessidades de higidez física e
mental do trabalhador, motivos pelos quais dificilmente se
poderá admitir alguma hipótese de negociação individual ou
coletiva sobre o tema das pausas." (SILVA, Homero Batista
Mateus da. Curso de Direito do Trabalho Aplicado. Vol 2.
Editora RT, 2017. versão ebook, Cap. 24 - Férias)

Portanto, não observar este direito ultrapassa a esfera pecuniária para


atingir a dignidade do ser humano, devendo ser coibido pelo judiciário.

DA NECESSÁRIA LIBERAÇÃO DA GUIA DO SEGURO DESEMPREGO

O Reclamante ainda não teve acesso às guias SD/CD para viabilizar o


percebimento do seguro-desemprego.

Portanto, deve a Reclamada ser condenada à imediata liberação sob pena


de indenização substitutiva equivalente à cinco parcelas da respectiva verba, bem como
a liberação do TRCT e chaves de conectividade para recebimento do FGTS.

DO CABIMENTO DA MULTA DO ART. 477

Considerando que o Reclamante não recebeu no prazo legal as verbas a


que fazia jus quando da dispensa, resta configurada a multa do art. 477, § 8º, da CLT,
especialmente porque o reconhecimento da relação de emprego com a reclamada vir a
ocorrer somente em Juízo.

No mesmo sentido, os seguintes precedentes da Alta Corte Trabalhista:

RECURSO ORDINÁRIO. RECURSO DO RECLAMANTE.


MULTA DO §8º ART.477 DA CLT. PAGAMENTO DAS
VERBAS RESCISÓRIAS FORA DO PRAZO LEGAL.
DEVIDA A MULTA. A multa do art. 477 da CLT é gerada
pela falha da quitação das verbas rescisórias, em estrito
senso, ou a destempo pela reclamada e, com isso, só é
afastada se o pagamento integral das verbas trabalhistas
incontroversas devidas ocorrer dentro do prazo legal
(parágrafo 6º do art. 477 da CLT), independentemente, do tipo
de modalidade de extinção contratual e da data da homologação
do TRCT, na linha da jurisprudência pacífica do C. TST e da
Tese Prevalecente 08 decorrente de decisão proferida em
Incidente de Uniformização de Jurisprudência instaurado
perante este Egrégio Regional do Trabalho da Primeira Região.
Não depositado, in casu, o valor das verbas rescisórias elencadas
no TRCT dentro do prazo legal, sem qualquer culpa por parte do
reclamante, dou provimento ao pleito de condenação ao
pagamento da multa do parágrafo 8º do art. 477 da CLT.
Recurso provido. (TRT-1, 0101006-61.2017.5.01.0047 - DEJT
2019-07-30, Rel. ANA MARIA SOARES DE MORAES,
julgado em 09/07/2019)

MULTA DO ART.477 DA CLT. A teor do que dispõe o § 8º


do artigo 477, da CLT (com redação anterior à Lei
13.467/17), é devida multa em valor equivalente ao salário do
empregado quando o pagamento dos haveres rescisórios é
feito a destempo, ou seja, em prazo superior ao dia seguinte ao
término do aviso prévio trabalhado, ou, quando este for
indenizado, em 10 dias a contar da data da notificação da
demissão (alínea b, § 6º, artigo 477, CLT). (TRT-1, 0104068-
95.2016.5.01.0451 - DEJT 2019-07-25, Rel. CLAUDIA DE
SOUZA GOMES FREIRE, julgado em 09/07/2019)

RECURSO ORDINÁRIO. MULTA DO ART.477, §8.º, DA


CLT. A indenização compensatória do FGTS tem natureza
de verba rescisória e a omissão em seu pagamento enseja a
aplicação da multa do art. 477, §8.º, da CLT. (TRT-1,
0100104-72.2018.5.01.0080 - DEJT 2019-02-15, Rel. MONICA
BATISTA VIEIRA PUGLIA, julgado em 04/02/2019)

Assim, devido o pagamento da multa, eis que as verbas rescisórias não


foram pagas no prazo legal, impondo-se a penalidade em razão da mora.

DA MULTA DO ART. 467 DA CLT

Tratando-se de verbas incontroversas, tem-se pelo devido pagamento da


multa prevista no art. 467 da CLT, que assim dispõe:

Art. 467.Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo


controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o
empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à data do
comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontroversa
dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de cinqüenta por
cento".

Portanto, considerando que as verbas referentes à rescisão, não foram


pagas ao final do contrato, devido o pagamento da multa de 50%, conforme precedentes
sobre o tema:

MULTA DO ART.467 DA CLT. INCIDÊNCIA. BASE DE


CÁLCULO. Sendo infundada a controvérsia e não tendo sido
efetuado pagamento em audiência, cabe a incidência da multa
do art.467 da CLT. Não há equívoco ao incluir salários
vencidos, aviso prévio e indenização compensatória na base de
cálculo dessa multa, porquanto se considera verba rescisória
toda parcela devida ao trabalhador no momento da rescisão.
(TRT-1, 0100453-54.2018.5.01.0281 - DEJT 2019-08-01, Rel.
MARIA HELENA MOTTA, julgado em 09/07/2019,
#03509695)

MULTA DO ART.467 DA CLT. BASE DE CÁLCULO.


INDENIZAÇÃO COMPENSATÓRIA. A indenização de 40%
sobre o saldo do FGTS deve ser incluída na base de cálculo da
multa do art.467 da CLT, porquanto se considera verba
rescisória toda parcela devida ao trabalhador no momento da
rescisão. (TRT-1, 0100440-36.2018.5.01.0061 - DEJT 2019-10-
09, Rel. MARIA HELENA MOTTA, julgado em 02/10/2019)

Assim, devido o pagamento da multa, eis que as verbas rescisórias não


foram pagas no prazo legal, impondo-se a penalidade em razão da mora.

DA JUSTIÇA GRATUITA

A Reforma Trabalhista, ao alterar o Art. 790 da CLT, trouxe


expressamente o cabimento do benefício à gratuidade de justiça ao dispor:

Art. 790 (...) § 4º O benefício da justiça gratuita será


concedido à parte que comprovar insuficiência de recursos
para o pagamento das custas do processo. (Incluído pela Lei
nº 13.467, de 2017)

Assim, considerando que a renda do Reclamante cessou após sua


dispensa, tem-se por insuficiente para cumprir todas suas obrigações alimentares e para
a subsistência de sua família.

Trata-se da necessária observância a princípios constitucionais


indisponíveis preconizados no artigo 5º inc. XXXV da Constituição Federal, pelo qual
assegura a todos o direito de acesso a justiça em defesa de seus direitos, independente
do pagamento de taxas, por ausente prova em contrário do direito ao benefício.

Trata-se de conduta perfeitamente tipificada pelo Código de Processo


Civil de 2015, que previu expressamente:

Art. 99. [...]

§ 2º - O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos


autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos
legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de
indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do
preenchimento dos referidos pressupostos.

§ 3º - Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência


deduzida exclusivamente por pessoa natural.

Para tanto, junta em anexo declaração de hipossuficiência que possui


presunção de veracidade, conforme expressa redação da súmula 463 do TST:

Súmula nº 463 do TST

ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA.


COMPROVAÇÃO - Res. 219/2017, DEJT divulgado em 28,
29 e 30.06.2017 - republicada - DEJT divulgado em 12, 13 e
14.07.2017

I - A partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência


judiciária gratuita à pessoa natural, basta a declaração de
hipossuficiência econômica firmada pela parte ou por seu
advogado, desde que munido de procuração com poderes
específicos para esse fim (art. 105 do CPC de 2015);

Assim, tal declaração só pode ser desconsiderada em face de elementos


comprobatórios suficientes em contrário, conforme lecionam grandes doutrinadores
sobre o tema:

"1. Requisitos da Gratuidade da Justiça. Não é necessário que


a parte seja pobre ou necessitada para que possa beneficiar-se
da gratuidade da justiça. Basta que não tenha recursos
suficientes para pagar as custas, as despesas e os honorários do
processo. Mesmo que a pessoa tenha patrimônio suficiente, se
estes bens não têm liquidez para adimplir com essas despesas,
há direito à gratuidade." (MARINONI, Luiz Guilherme.
ARENHART, Sérgio Cruz. MITIDIERO, Daniel. Novo Código
de Processo Civil comentado. 3ª ed. Revista dos Tribunais,
2017. Vers. ebook. Art. 98)

Nesse sentido é a jurisprudência sobre o tema:

JUSTIÇA GRATUITA CONCEDIDA AO AUTOR. Sendo a


ação ajuizada após a entrada em vigor da Lei nº 13105/15 (Novo
CPC), nos termos da Lei nº. 1.060/50, a simples declaração
lavrada pelo reclamante gera a presunção de que é pobre na
forma da lei, apenas podendo ser elidida por prova em
contrário. Apresentando o autor declaração de pobreza
autônoma, sem qualquer impugnação quanto à sua forma ou
conteúdo, resta mantida a concessão do benefício da justiça
gratuita. Recurso a que se nega provimento. (Processo: RO -
0001367-63.2016.5.06.0145, Redator: Paulo Alcantara, Data de
julgamento: 21/01/2019,Segunda Turma, Data da assinatura:
22/01/2019, #93509695)

EMENTA BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA.


PRESUNÇÃO DE VERACIDADE DA DECLARAÇÃO DE
INSUFICIÊNCIA ECONÔMICA. É presumivelmente
verdadeira a declaração de insuficiência econômica
formulada pelo trabalhador, sendo devida a concessão do
benefício da gratuidade de justiça, salvo na hipótese em que
demonstrada a falsidade do seu teor. Aplicação do art. 99, §
3º, do CPC/2015. (TRT4, RO 0020099-75.2016.5.04.0201,
Relator(a): Tânia Regina Silva Reckziegel, 2ª Turma, Publicado
em: 16/03/2018, #33509695)

AGRAVO INSTRUMENTO. RECURSO ORDINÁRIO.


GRATUIDADE JUSTIÇA. HIPOSSUFICIÊNCIA
ECONÔMICA. MERA DECLARAÇÃO. Para o deferimento
do benefício da justiça gratuita exige-se tão somente a
declaração da parte quanto à sua hipossuficiência. Agravo
Instrumento interposto pela reclamante conhecido e
provido. (TRT-1, 00000082120175010521, Relator
Desembargador/Juiz do Trabalho: Marcia Leite Nery, Quinta
Turma, Publicação: DOERJ 19-04-2018, #43509695)

Por tais razões, com fulcro no artigo 5º, LXXV da Constituição Federal,
pelo artigo 98 do CPC e 790 §4º da CLT requer seja deferida a AJG ao requerente.

DOS PEDIDOS

Diante todo o exposto PEDE E REQUER:

- A imediata reintegração do reclamante, com pagamento dos valores não


recebidos desde sua dispensa arbitrária

Caso não seja concedido o pedido acima, alternativamente pede pela conversão
da dispensa por justa causa em rescisão indireta, condenando a reclamada ao pagamento
de:

- saldo de salário devido - R$1.519,91

- Aviso prévio indenizado – R$2.775,49

- décimo terceiro proporcional – R$ 1.982,49

- décimo terceiro indenizado – R$165,21

- Férias Vencidas – R$1982,49

- Terço de férias vencidas – R$660,83


- férias proporcionais (2/12) – R$330,41

- terço de férias proporcionais – R$110,14

- férias indenizadas (1/12) – R$165,21

- terço de férias indenizadas – R$ 55,07

- diferenças de FGTS –

- multa de 40% do FGTS –

- multas do art. 477 da CLT

- Indenização por danos morais – R$30.000,00

Sejam entregues as guias para encaminhamento do seguro-desemprego imediatamente,


ou seja, na primeira audiência ou pagar o equivalente a 5 parcelas pelo seu não
fornecimento;

Seja condenado ao pagamento dos honorários do procurador do Reclamante na razão de


15% sobre o valor bruto da condenação, nos termos do Art. 791-A;

Seja determinado o recolhimento da diferença das contribuições previdenciárias de todo


o contrato;

Seja determinado o pagamento imediato das verbas incontroversas, sob pena de


aplicação da multa do artigo 467 da CLT;

Requer a aplicação de juros e correção monetária até o efetivo pagamento das verbas
requeridas.

A produção de todas as provas admitidas em direito, em especial a documental,


testemunhal e pericial;
Requer que as intimações ocorram EXCLUSIVAMENTE em nome do Advogado
________ , OAB ________ .

Junta em anexo os cálculos discriminados das verbas requeridas nos termos do Art. 840,
§1º da CLT.

Dá à presente, para fins de distribuição, o valor de R$ ________

Nestes ermos, pede deferimento.

________ , ________ .

________

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