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Ivanaldo.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE


BERTIOGA.

Ivan Santos, brasileiro, solteiro, estudante, inscrita no CPF n° xxxxx, e RG n°


xxxx, título de eleitor n° xxxx, (Doc I) residente e domiciliada na Rua …, bairro
…, n°…, xxxx, (Doc II), em pleno gozo dos seus direitos políticos, representado
por seu advogado que esta subscreve (documento em anexo), (Doc lll), vem
perante Vossa Excelência com fulcro no artigo 5°, inciso LXXII da Constituição
Federal e na lei 4.717/65, propor a presente:

AÇÃO POPULAR COM PEDIDO DE LIMINAR

Em face do ato praticado por Ivanaldo dos Santos Manoel, brasileiro, casado,
Prefeito do Município de Bertioga, inscrito no CPF n°…, e RG n°…, localizado
na Rua …, n° …, Bairro xxxx, vinculado ao Município de Bertioga, pessoa
jurídica de direito público, inscrita no CNPJ …, com sede na Rua xxxx, Bairro
xxx, pelos fatos e fundamentos a seguir exposto:

DO CABIMENTO DA AÇAO POPULAR

O art. 5º, inciso LXXIII, da Constituição Federal, admite a impetração da ação


popular, por qualquer cidadão, visando anular ato lesivo ao patrimônio público
ou se entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, vejamos:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

LXXIII. Qualquer cidadão é parte legítima para


propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao
patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e
ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
de sucumbência.

Assim, o ajuizamento da presente ação é perfeitamente cabível, para que


assim, anule o ato ilegal do Gestor Público, que atribuiu ao cargo de Secretário
Municipal a seus 3 filhos e 2 Tias. Xxx Junior, Xxx Terceiro, Xxx Quarto, Silvia
Xxx, Ana Xxx.

DOS FATOS

De Acordo com a edição Xxx do Boletim Oficial do Município (Doc VI), o


Gestor Público Ivanaldo dos Santos Manoel, eleito na última eleição municipal
com Prefeito da cidade de Bertioga recebendo 68% dos votos válidos, elegeu
para o cargo de secretário do Município os seus filhos e tias. Xxx Junior, Xxx
Terceiro, Xxx Quarto, Silvia Xxx, Ana Xxx. Sem nem ao menos dar uma
justificativa plausível para tal ato.

A nomeação desagradou grande parte da população, tendo o cidadão Ivan


Santos, ora autor da dessa ação propondo ação cabível, para impugnar em
juízo o ato em questão.

DOS DIREITOS

Da Legitimidade Ativa

A presente ação popular foi proposta pelo cidadão Ivan Santos, que está em
pleno gozo de seus direitos políticos. Conforme artigo 1º, §3º, da Lei n.
4.717/65 está legitimado para pleitear a anulação de ato lesivo ao patrimônio
público, vejamos:

Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear


a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos
ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados,
dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades
de economia mista (Constituição, art. 141, § 38), de
sociedades mútuas de seguro nas quais a União
represente os segurados ausentes, de empresas públicas,
de serviços sociais autônomos, de instituições ou
fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público
haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta por
cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas
incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal,
dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas
jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres
públicos.

[…]

§ 3º A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será


feita com o título eleitoral, ou com documento que a ele
corresponda. (Brasil, 1965)

Desta forma, a autora é parte legítima para propor a presente demanda, uma
vez que se trata de cidadão que visa anular ato lesivo à moralidade
administrativa.

Da Legitimidade Passiva

Segundo o art. 6º da Lei 4.717/1965, os legitimados passivos são, in verbis:

“ Art. 6º A ação popular será proposta contra as pessoas


públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º,
contra as autoridades, funcionários ou administradores
que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou
praticado o ato impugnado, ou que, por omissão, tiverem
dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários
diretos do mesmo.”

O que se entende é que os legitimados passivos são as pessoas que dão


causa ao dano, a ilegalidade ou ilicitude dos atos praticados, os funcionários
ou administradores que autorizaram, aprovaram, ratificaram, ou praticaram os
atos acima aludidos e os beneficiários de tal ato. Faz-se mister ressaltar ainda
a lição do Prof. Marcelo Novelino, vejamos:

“Em regra exige-se a presença, no pólo passivo, da


pessoa jurídica de direito público a que pertence à
autoridade que deflagrou o ato impugnado ou em cujo
nome este foi praticado.” (Manual de Direito
Constitucional/ Marcelo Novelino. – 8 ed., Método, 2013,
p. 609).

Sendo assim, resta claro que o Prefeito é parte legitima pra atuar no polo
passivo desta ação, visto que o próprio deu causa ao dano, elegendo seus
filhos e tias como secretários do município de Bertioga.

DO MÉRITO

Do ato lesivo

A presente demanda se funda da proteção á moralidade pública, uma vez que


o Gestor Público do Município de Bertioga, elegeu os seus filhos e tias como
secretários do município.

Dessa forma, atenta-se contra o princípio da moralidade administrativa em


que o homem público tem que ser probo e zelar pelo direito e pelos princípios
da administração pública, e não para fins pessoais. Assim prevê o artigo 37,
caput da Constituição Federal, vejamos:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de


qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência.

Corroborando com esse entendimento o doutrinador Celso Antônio Bandeira


de Mello, expõe sobre o princípio da moralidade administrativa, in verbis:

“a Administração e seus agentes têm de atuar na


conformidade de princípios éticos. Violá-los implicará
violação do próprio Direito, configurando, ilicitude que a
sujeita a conduta viciada a invalidação, porquanto tal
princípio assumiu foros de pauta jurídica, na
conformidade do art. 37 a Constituição.” (Curso de
Direito Administrativo/ Celso Antônio Bandeira de Mello.
– 29 ed., Malheiros Editores, 2012, p. 122).

Além do mais, a súmula vinculante n° 13 do STF, apresenta que a nomeação


de parentes viola a Constituição Federal, assim dispõe:
A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em
linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau,
inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da
mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção,
chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em
comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada
na administração pública direta e indireta em qualquer dos
poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, compreendido o ajuste mediante designações
recíprocas, viola a Constituição Federal.

Sendo assim o Prefeito fere os princípios da moralidade administrativa e da


legalidade, pois é inadmissível que o erário público sofra danos devido a
favorecimento a seus familiares.

Cabe salientar que tal ato do prefeito além de ferir o princípio constitucional
da moralidade administrativa, também fere o princípio da legalidade, pois tal
princípio pressupõe que todas as ações do administrador público devem ser
pautadas de acordo com o disposto na legislação vigente, sendo assim o ato
praticado pelo prefeito é considerado nepotismo.

Assim dispõe a resolução n° 7 de 18 de outubro de 2005, que disciplina o


exercício de cargos, empregos e funções por parentes, no âmbito dos órgãos
do Poder Judiciário, vejamos o expõe a resolução:

CONSIDERANDO que, nos termos do disposto no art.


103-B, § 4°, II, da Constituição Federal, compete ao
Conselho zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de
oficio ou mediante provocação, a legalidade dos atos
administrativos praticados por membros ou órgãos do
Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou
fixar prazo para que se adotem as providências
necessárias ao exato cumprimento da lei;

CONSIDERANDO que a Administração Pública se


encontra submetida aos princípios da moralidade e da
impessoalidade consagrados no art. 37, caput, da
Constituição;
RESOLVE:

Art. 1° É vedada a prática de nepotismo no âmbito de


todos os órgãos do Poder Judiciário, sendo nulos os atos
assim caracterizados.

Art. 2° Constituem práticas de nepotismo, dentre outras:

I – o exercício de cargo de provimento em comissão ou de


função gratificada, no âmbito da jurisdição de cada
Tribunal ou Juízo, por cônjuge, companheiro ou parente
em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro
grau, inclusive, dos respectivos membros ou juízes
vinculados;

Com a nomeação de seus filhos sem se quer uma justificativa plausível o réu
prejudica o funcionalismo público. O nepotismo é sem dúvida o maior exemplo
de ofensas aos princípios constitucionais que regem a administração pública.

Neste sentido, extrai o seguinte entendimento jurisprudencial:

Ação Popular. Nepotismo. Nomeação de parentes para


ocupar cargos em comissão subordinados a vereadores.
Ilegalidade. Aplicação da Súmula Vinculante nº 13 do
STF. Manutenção da sentença naquilo em que anulou os
contratos de trabalho, reformada, contudo, no tocante à
condenação ao ressarcimento dos valores pagos, por
ausência de prova de que os serviços não tenham sido
prestados e para não ensejar enriquecimento sem causa
por parte da Administração. Recurso parcialmente
provido.

(TJ-SP – APL: 01414912020088260000 SP 0141491-


20.2008.8.26.0000, Relator: Aroldo Viotti, Data de
Julgamento: 18/02/2014, 11ª Câmara de Direito Público,
Data de Publicação: 21/02/2014.)

Diante dos argumentos expostos, resta claro que o ato praticado pelo gestor
público municipal deve ser anulado conforme artigo 3° da lei n° 4.717/65:
Art. 3º Os atos lesivos ao patrimônio das pessoas de
direito público ou privado, ou das entidades mencionadas
no art. 1º, cujos vícios não se compreendam nas
especificações do artigo anterior, serão anuláveis,
segundo as prescrições legais, enquanto compatíveis com
a natureza deles.

Sendo assim, não restam dúvida que o ato praticado pelo prefeito do município
de Bertioga, não observou os preceitos constitucionais, disposto no artigo 37
da Constituição Federal, ferindo os princípios que regem a administração
pública, decretando a anulação do ato.

Da Concessão da Medida Liminar

A concessão da medida liminar está prevista na Lei n.º 4.717/65, artigo 5°,
parágrafo 4°, vejamos:

Art. 5º Conforme a origem do ato impugnado, é


competente para conhecer da ação, processá-la e julgá-la
o juiz que, de acordo com a organização judiciária de
cada Estado, o for para as causas que interessem à
União, ao Distrito Federal, ao Estado ou ao Município;

4º Na defesa do patrimônio público caberá a suspensão


liminar do ato lesivo impugnado.

A relevância do fundamento invocado reside nos argumentos fáticos e jurídicos


acima expostos, de que existe o bom direito ora vindicado, notadamente em
face das violações às normas e aos princípios supramencionados.

O periculum in mora, por sua vez, está consubstanciado uma vez que a
demora do processo causará lesão à municipalidade, visto que os secretários
nomeados são parentes do Gestor do município.

Requer-se a liminar para suspensão dos efeitos do contrato prorrogado.

DOS PEDIDOS

Pelo exposto, requer a Vossa Excelência:


a) Que seja deferida a liminar, para suspender o ato lesivo, conforme art. 5º, §
4º, da Lei 4.717/65, em face de estarem demonstrados os requisitos do
periculum in mora e o fumus boni iuris;

b) a citação do réu, para, querendo, contestar a presente ação, no prazo de 20


dias, sob pena de aplicação dos efeitos da revelia;

c) a citação do Município de Bertioga em separado, na forma do art. 6º, § 3º da


Lei 4.717/65;

d) a intimação do representante do Ministério Público, conforme o parágrafo


4º do artigo 6º da lei 4717/65;

e) a procedência dos pedidos para decretar a anulação do ato lesivo ao


patrimônio público e à moralidade;

f) a condenação dos Réus no pagamento, ao autor, das custas e demais


despesas judiciais e extrajudiciais, bem como nos honorários de advogado;

g) a produção de todas as provas em direito admitidas, especialmente


documental.

Dá-se à causa o valor de R$ 880,00 (oito centos e oitenta reais) apenas para
efeitos fiscais.

Nestes Termos,

Pede Deferimento.

[Local], [dia] de [mês] de [ano].

[Assinatura do Advogado]

[Número de Inscrição na OAB]


ROL DE DOCUMENTOS:

I – Copia de RG, CPF e TITULO ELEITORAL

II - Copia comprovante de residência

Ill – Procuração

IV – Título Eleitoral

V – Comprovante de votação eleitoral.

Vl – Boletim Oficial do Município.

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