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I – DOS FATOS
No mês de janeiro de 2021 a prefeitura de Catas Dentro publicou edital de concurso
público para provimento de 10 vagas no cargo de auxiliar administrativo; contudo,
na véspera da abertura das inscrições o prefeito Benedito Silva e o secretário de
administração Ricardo Augusto suspenderam o concurso por prazo indeterminado.
Nos dias subsequentes a administração contratou 10 pessoas para ocupar os
cargos que a princípio seriam destinados ao concurso público; dentre os
contratados estão a mãe, irmão, esposa e dois filhos do prefeito. Os demais
contratados são parentes diretos de secretários da prefeitura. A contratação destas
pessoas se deu por contrato administrativo temporário com o supedâneo de
necessidade urgente para a administração, além disso existe lei municipal
autorizando a contratação de auxiliares administrativos para exercerem funções
administrativas rotineiras, v. g., atendimento ao público, protocolo, arquivo, etc.
Ademais, os parentes contratados foram lotados no gabinete do prefeito e no do
secretário administrativo e lamentavelmente, segundo denúncias, raramente
aparecem para trabalhar.
II – LEGITIMIDADE
A) ATIVA
A Ação Popular tem previsão no artigo 5º, inciso LXXII da Constituição Federal:
Esse artigo garante o seu ajuizamento a todos os cidadãos no regular gozo dos
seus direitos, políticos, o que é o caso do autor, conforme comprovado pelo Título
Eleitoral e Certidão de Obrigações Eleitorais. Importante mencionar que embora
seja filiado à partido político, o aqui impetrante vem em nome próprio, exercendo os
direitos de cidadão, logo, a sua filiação partidária não se faz impedimento, e nem
tem nenhuma relação com a ação aqui proposta.
B) PASSIVA
O réu apontado nessa peça processual é devidamente responsável pelo ato ilegal,
lesivo ao princípio da moralidade administrativa, conforme artigo 6º da Lei 4.717/65:
“ A ação será proposta contra pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas
no artigo 1º contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem
autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado ou que, por omissas,
tiveram dado oportunidades à lesão, e contra os beneficiários direitos do mesmo”, e
evidentemente, a suspensão por prazo indeterminado de concurso público, em
conjunto da contratação de parentes diretos para o preenchimentos de vagas em
serviços públicos, ferem o princípio da moralidade administrativa.
Ao Ministério Público é cabível o acompanhamento da ação, que por sua vez atua
como fiscal da Lei com base no parágrafo 46º da Lei 4.717/65.
V – FUNDAMENTOS JURÍDICOS
A Ação Popular está prevista no art. 5º, LXXIII, da CF/88, que dispõe:
Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato
lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência. (BRASIL, 1988, [s.p.]
Somente quem estiver no gozo de seus direitos políticos que pode ingressar com
Ação Popular, por esta razão anexo a certidão de quitação eleitoral juntamente com
o título de leitor para fins comprobatório.
Com base no artigo 1º da Constituição da República:
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos da Constituição.
VI – LIMIAR,
Pede deferimento.
Catas Dentro, 03 de fevereiro de 2020.
Nome do Advogado
OAB/MG 000.000