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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA FAZENDA PÚBLICA DA

COMARCA DE TERESINA-PIAUÍ

JOÃO MARCOS, brasileiro, piauiense, casado, servidor público, portador do RG


4.876.098, inscrito no CPF sob o nº 000.000.009-09, cidadão, por seu advogado infra-
assinado (procuração anexa), vem, respeitosamente, à presença de V. Exa., com
supedâneo no art. 5º, inciso LXXIII, da Constituição Federal de 1988 e na Lei nº
4.717/65, propor

AÇÃO POPULAR
Nnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
nnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
nnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
Em desfavor do Município de Teresina, com Sede da Prefeitura à Rua XXXX, nº XX,
bairro Centro, Teresina,bn Piauí; o que faz pelos fundamentos de fato e razões de direito
a seguir aduzidos.

I – DO CABIMENTO DA AÇÃO POPULAR

Nos termos do art. 5º, inciso LXXIII, da CF e do art. 1º da Lei 4717/65 ( Lei da
Ação Popular), qualquer cidadão é parte legítima para propor Ação Popular que
vise a anular ato lesivo ao patrimônio público e à moralidade administrativa.

É a AÇÃO POPULAR o remédio constitucional que aciona o Poder Judiciário,


dentro da visão democrática participativa dos jurisdicionados pátrios,
fiscalizando e atacando os atos lesivos ao Patrimônio Público com a condenação
dos agentes responsáveis.

A condição de cidadão, conforme fundamentos legais, jurisprudenciais e doutrinários, se


perfazem com a exibição bastante do título de eleitor (art. 1º, § 3º, Lei 4717/65):

Considera-se cidadãos os brasileiros natos ou naturalizados e os portugueses equiparados no


pleno exercício dos seus direitos políticos. (STJ: EDcl no Resp. nº 538.240/MG. Rel.: Min.
Eliana Calmon. DJ: 30/04/2007)

Cidadão visto sob o enfoque adotado amplamente pela doutrina, serve para identificar aqueles
que gozam do direito de votar e ser votado, adquirindo a cidadania com simples inscrição
eleitoral (SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. 30. ed. São Paulo:
Malheiros, 2007, p. 463), ou, nas palavras de DIÓGENES GASPARINI (Direito
Administrativo. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 974), pessoa física brasileira, portadora de
título de eleitor, e, para ALEXANDRE DE MORAES (Direito Constitucional. 15. ed. São
Paulo: Atlas, 2003, p.193) ao brasileiro nato ou naturalizado no gozo de seus direitos políticos.

Ademais, a ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas, contra as autoridades,
funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o
ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão e contra os
beneficiários diretos do mesmo.

a) Da Legitimidade Ativa

O autor, brasileiro, regular com a Justiça Eleitoral (doc. 01), com amparo no Art. 5º, LXXIII, da
Carta Magna, tem direito ao ajuizamento de AÇÃO POPULAR, que se substancia num instituto
legal de Democracia. É direito próprio de o cidadão participar da vida política do Estado
fiscalizando a gestão do Patrimônio Público, a fim de que esteja conforme com os Princípios da
Moralidade e da Legalidade.

b) Da Legitimidade Passiva

A Lei 4.717/65, em seu Art. 6º, estabelece um espectro abrangente de modo a incluir no pólo
passivo os causadores ou produtores do ato lesivo, como também todos aqueles que para ele
contribuíram por ação ou omissão. A par disto, respondem passivamente os REQUERIDOS
nesta sede processual.

II – DA COMPETÊNCIA DO ÓRGÃO JULGADOR

Conforme assevera a legislação em vigor (art. 5º, Lei 4717/65), é competente pra processar e
julgar a Ação Popular o juiz do local da origem do ato impugnado. Em obediência a este
requisito legal é que se propõe a presente ação perante este juízo.

III – DOS FATOS

O Município Y, representado pelo Prefeito João da Silva, celebrou, em ___/____/____, contrato


administrativo com a empresa W, tendo por objeto o fornecimento de material escolar para toda
a rede pública municipal de ensino, pelo prazo de 60 (sessenta meses). O contrato foi celebrado
sem a realização de prévio procedimento licitatório e apresentou valor de R$5.000.000,00
(cinco milhões de reais) anuais.

Ademais da inexistência da licitação para a contratação destas mercadorias, ato por si só


atentatório aos princípios constitucionais que regem a Administração Pública (caput do art. 37
da Constituição), é notório o fato de que a empresa W tem como sócio majoritário a pessoa de
Antonio Precioso, filho da atual companheira do Prefeito (doc. 04 – contrato social).

IV - DO DIREITO

O artigo segundo da LAP Lei da Ação Popular (Lei n. 4717/65) infere que são nulos os atos
lesivos ao patrimônio das entidades da Administração Pública, direta ou indireta (artigo
segundo), nos casos de vício de forma (letra b) e de desvio de finalidade (letra e).

Justamente a forma procedimental que a REQUERIDA 2 deixou de utilizar ao contratar sem


licitação a REQUERIDA 3, empresa de propriedade do enteado do Prefeito Municipal
(REQUERIDO 1), de maneira que foi obstada sua finalidade, caracterizando ofensa ao art. 37,
XXI da CRFB/88 e ao art. 2º da Lei n. 8666/93.

Maria Sylvia Zanella Di Pietro sintetiza de maneira precisa e suficiente que:

“Seja infringida a finalidade legal do ato (em sentido estrito), seja desatendido o seu fim de
interesse público (sentido amplo), o ato será ilegal, por desvio de poder”.

Outrossim, a Lei da Ação Popular já consignou o desvio de finalidade como vício nulificador do
ato administrativo lesivo do patrimônio público e o considera caracterizado quando o agente
pratica ato visando fim diverso do previsto, explicita ou implicitamente.

Ora, a contratação direta, em hipótese de licitação obrigatória (Lei 8666/93, art. 2º), a qual se
destina a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta
mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável (art.
3º, primeira parte, Lei 8666/93), fere de morte os princípios básicos da legalidade, da
impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da
vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos
(art. 3º,in fine, Lei 8666/93).

Observa também o Professor Raul Arnaldo Mendes:

“O governo honesto é exercido pelo administrador probo”, dizendo respeito ao desempenho do


administrador com honestidade, honra e retidão. Tudo o que não vemos no ato ora demandado.

Patente, deste modo, a violação ao princípio da impessoalidade, por ter contratado a Prefeitura
empresa do enteado do Prefeito, visto que a Administração não pode atuar com o objetivo de
beneficiar pessoa determinada, uma vez que é sempre o interesse público que tem que nortear o
comportamento do administrado público.

De outro lado, patente também a violação ao princípio da moralidade ou probidade


administrativas, visto que a contratação direta, fora das hipóteses de dispensa (art. 24 da Lei de
Licitações), de empresa do enteado do prefeito implica violação aos padrões éticos que devem
pautar a atuação do administrador.

Assim, estes atos narrados acima constituem improbidade administrativa (por força dos artigos
10 e 11, da Lei 8.429/92 – Lei de Improbidade Administrativa), por ter a ação ou omissão em
tela dado ensejo à lesão patrimonial, desvio, apropriação e dilapidação de bens públicos, e
atentado contra os princípios da administração pública e violado os deveres de honestidade,
imparcialidade, legalidade e lealdade.

Ademais, houve inclusive violação à norma do artigo 57 da Lei n. 8.666/93, que estabelece que
a vigência dos contratos administrativos é adstrita à vigência dos respectivos créditos
orçamentários, pois o prazo de vigência do contrato administrativo ora impugnado está
estabelecido no seu instrumento contratual em 60 (sessenta) meses, embora não se enquadre na
hipótese de exceção do inciso II do art. 57 da Lei acima mencionada.

V - DOS PEDIDOS

Face o exposto e aqui constituídos todos os pressupostos da Ação Popular, quais sejam,
condição de eleitor, ilegalidade e lesividade do ato, requer-se:

a) o recebimento e o processamento desta Ação Popular, por conter ato ilegal e lesivo ao
patrimônio público, em conformidade com a Lei 4.717/65;

b) a citação de todos os réus para apresentação de defesa;

c) a intimação do ilustre representante do Ministério Público;

d) a procedência do pedido para anular o contrato administrativo impugnado;

e) a procedência do pedido para condenar os réus a ressarcir os danos causados ao erário;

f) para qualquer eventualidade, a produção de todos os meios de prova juridicamente


permitidos;
g) a condenação em honorários sucumbenciais, que requer sejam fixados em 20% sobre o total
que resultar da condenação, e demais despesas judiciais e extrajudiciais;

h) ao final, requer o julgamento da procedência, para condenar os REQUERIDOS a restituírem


aos cofres públicos, por depósito judicial, para posterior repasse a Municipalidade, a totalidade
dos valores eventualmente pagos à empresa W, tudo consoante já provado e se provar
oportunamente no processo;

i) a devida apuração dos atos de improbidade administrativa praticados pelos REQUERIDOS


assim como a condenação dos mesmos de acordo com o determinado pela Lei8429/92
(impeachment judicial).

Dá-se à causa o valor de R$25.000.000,00 (vinte e cinco milhões de reais).

Termos em que pede deferimento

Município Y/UF, _______ de ___________ de ________

Junywerbert Correia dos Santos

OAB/CE XXXXX

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