Você está na página 1de 7

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ___ VARA CÍVEL DA

COMARCA DE TERESINA

PROCESSO Nº 00112233-44.2222.9.08.0001

ÍCARO MENDES NUNES, casado, médico, residente e domiciliado na Rua Coheb,


nº. 11000, em Teresina (PI), inscrito no CPF sob o nº. 041.379693-02, ora intermediado
por sua mandatária ao final firmado – instrumento procuratório acostado –, essa com
endereço profissional inserto na referida procuração, o qual, em obediência à diretriz
fixada no art. 77, inc. V, do CPC, indica-o para as intimações que se fizerem
necessárias, vem, com o devido respeito à presença de Vossa Excelência, com suporte
no art. 335 e segs. da Legislação Adjetiva Civil, ofertar a presente

CONTESTAÇÃO

em face de AÇÃO DE DIVÓRCIO C/C PARTILHAS DE BENS, GUARDA E


ALIMENTOS, aforada por SUZANA CAMPOS DO NASCIMENTO, qualificada na
peça exordial, em razão das justificativas de ordem fática e de direito, abaixo
estipuladas.

PRELIMINAR AO MÉRITO

Em primeira análise, há motivos suficientes para, antes de adentrar-se ao mérito,


ofertar defesa indireta.

1. Ausência de documento essencial

Nos termos do art. 320 da Legislação Adjetiva Civil, se acaso a petição inicial
não for instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação,
aplica-se o comando contido no art. 485, IV, do mesmo diploma legal.
Nessas pegadas, na espécie, a ausência da certidão de casamento impõe a
extinção do processo sem resolução do mérito.
Valendo-se da advertência de Daniel Amorim Assumpção Neves:

Documentos indispensáveis à propositura da demanda são


aqueles cuja ausência impede o julgamento de mérito da
demanda, não se confundindo com documentos
indispensáveis à vitória do autor, ou seja, ao julgamento de
procedência do seu pedido. Esses são considerados
documentos úteis ao autor no objetivo do acolhimento de sua
pretensão, mas, não sendo indispensáveis à propositura da
demanda, não impedem sua continuidade, tampouco a sua
extinção com resolução do mérito.
( ... )
Numa demanda de divórcio, a certidão de casamento é um
documento indispensável à propositura da demanda, porque
sem esse documento é impossível o julgamento de mérito, o
mesmo não se podendo dizer de um documento que
comprove o adultério do cônjuge, que pode ser importante
para a parte que o apresente em juízo, mas cuja ausência
não impedirá o julgamento de mérito da demanda. [ ... ]

Desse modo, resta-se comprovada notória insuficiência técnica processual. Isso


impossibilitou a compreensão do pedido e de seus fundamentos fáticos e de
direito.

2. Da audiência de conciliação e mediação

Alicerçado no que rege o art. 319, do CPC, destaca-se que, ao menos por hora, o
Promovido tem interesse na audiência conciliatória ou de mediação.

I- DA TEMPESTIVIDADE

A presente contestação é tempestiva, na medida em que respeita o prazo de 15


(quinze) dias previsto no art. 335, do CPC/15, senão vejamos:

Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de


15 (quinze) dias, cujo termo inicial será a data:

I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão


de conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou,
comparecendo, não houver autocomposição;
Assim o é porquanto o protocolo da exordial fora realizado no dia 31/10/2023 e
considerando-se a contagem somente em dias úteis (art. 219, do CPC/15), tem-se que o
prazo final para a referida contestação se esvairia somente no dia 13/11/2023.

II- DAS ALEGAÇÕES DA EXORDIAL

Alega a Requerente que ela e o Requerido mantém matrimônio desde o dia


15/06/2019, sob o regime de comunhão parcial de bens. Desta relação nasceu Maria
Clara R C P, menor impúbere com 3 anos de idade, conforme certidão de nascimento já
constante nos autos da exordial.

Alega ainda que conviveram 4 anos e três meses de casados, onde com o passar
do tempo a relação deteriorou-se.

Narra a Requerente em sua Exordial, que não suportava mais agressões verbais,
psicológicas e físicas por parte do Requerido, pois segundo a mesma o Requerido
recusava-se a aceitar o período puerperal e a dedicação total a criança e afirma ainda
que o mesmo sempre estava bêbado e alterado, impossibilitando a convivência.

Cita ainda, que o Requerido se negou a divorcia-se e que foi aconselhado a


deixar a casa e desde então jamais voltou a conviver com a filha.

Por fim, pleiteia que seja decretado o divórcio com a partilha dos bens
adquiridos na constância da união, alimentos em seu favor, guarda unilateral da criança
e alega ainda ser hipossuficiente e não ter condições de arcar com custas e despesas
processuais.

Eis o breve relato dos fatos.

III- DA VERDADE REAL DOS FATOS

A realidade dos fatos é outra, a Requerente em nenhum momento foi agredida


pelo Requerido, mas sim o contrário. O requerido foi por diversas vezes forçado
a agir em legítima defesa em razão da Requerida ter problemas mentais
conforme laudo médico anexo, os referidos problemas de saúde lhe causam
situações de agressividade, o que sempre ocorreu é que quem sofria as agressões
era o Requerido conforme as provas descritivas anexas.

Cumpre ainda informar que o Requerido mais do que qualquer outra pessoa
entende a importância da dedicação e repouso do período puerperal em razão do
mesmo ser médico.

E mais, o Requerido jamais se opôs a visitar e conviver com a filha, muito pelo
contrário o mesmo tentou por diversas vezes visitar a criança conforme as
provas em anexo, e foi impedido pela Requerente, fato este que
convenientemente é ocultado pela mesma.

O que ocorre Excelência, é que a Requerida jamais suportou que na realidade, a


decisão de não prosseguir mais a relação, por todos os fatos expostos partiu do
Requerido, e desde então o mesmo jamais teve paz, tendo inclusive uma medida
protetiva feita pela Requerente sob o argumento que o mesmo a agrediu,
esquecendo-se de mencionar a Requerida que o mesmo apenas tentava ver a
filha e foi bombardeado de agressões a ameaças pela mesma, que em momento
de revolta utilizou-se do Requerido ter agido em legítima defesa e fez a denúncia
que não deveria nem ser utilizada como parâmetro de prova, pois o
entendimento jurisprudencial é que apenas a palavra da vítima é suficiente para
aplicação de medidas protetivas.

Vejamos:

STJ - RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS: RHC


XXXXX AL XXXX/XXXXX-8
Jurisprudência • Acórdão • MOSTRAR DATA DE PUBLICAÇÃO
RECURSO EM HABEAS CORPUS. LEI MARIA DA
PENHA . MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA.
FUNDAMENTAÇÃO. PALAVRA DA VÍTIMA.
POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. 1. Em se tratando de casos de
violência doméstica em âmbito familiar contra a mulher, a palavra da
vítima ganha especial relevo para o deferimento
de medida protetiva de urgência, porquanto tais delitos são
praticados, em regra, na esfera da convivência íntima e em situação de
vulnerabilidade, sem que sejam presenciados por outras pessoas. 2. No
caso, verifica-se que as medidas impostas foram somente para manter
o dito agressor afastado da ofendida, de seus familiares e de eventuais
testemunhas, restringindo apenas em menor grau a sua liberdade. 3.
Estando em conflito, de um lado, a preservação da integridade física
da vítima e, de outro, a liberdade irrestrita do suposto ofensor, atende
aos mandamentos da proporcionalidade e razoabilidade a decisão que
restringe moderadamente o direito de ir e vir do último. 4. Recurso em
habeas corpus improvido.
Diante disso, a medida protetiva apresentada na exordial não deve ser levada
como parâmetro de verdade absoluta ou sequer interferir no direito do Requerido
de exercer seu papel de paternidade.

Falta com a verdade a Requerente ao alegar ser hipossuficiente ou que não tem
condições de arcar com suas despesas mínimas, uma vez que a mesma é dona de
um comércio de grande porte situado na Avenida Campos Sales, Centro de
Teresina. Conforme prints em anexos de postagens feitas pela mesma e CNPJ
anexo em nome da Requerente.

Neste ato requer-se a juntada aos autos, todas as provas documentais que provam
as inverdades alegadas pela Requerente, nos autos da exordial.

IV- DO DIVÓRCIO

Considerando-se a natureza potestativa do divórcio, o qual independe da


concordância dos dois envolvidos, é certo que a Requerente pode assim postular,
na forma e tempo que lhe convier, sem contar com a manifestação de vontade do
Requerido neste sentido. Quanto a isto, sequer se discute.

Para tanto, o Requerido se manifesta que também tem interesse no divórcio,


requerendo desde já seu decreto por este D. juízo, por ser medida de justiça!

V- DA PARTILHA DOS BENS

a) DA SUPOSTA CASA ADQUIRIDA NA CONSTÂNCIA DO


CASAMENTO:

Conforme explicitado na exordial, a Requerente afirma veementemente


que há um imóvel localizado na Rua João Cabral, 697, Bairro Centro,
Teresina- PI em posse do Requerido, avaliada no valor de R$ 500.000,00
(quinhentos mil reais). Ocorre Excelência, que o bem em questão foi
adquirido pelo autor mediante herança, conforme consta recibo de
herança em anexo.

Como é sabido, pela legislação aqueles bens que foram adquiridos


mediante sucessão excluem-se da comunhão
.Vejamos:

Do Regime de Bens entre os Cônjuges


Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:
I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe
sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão,
e os sub-rogados em seu lugar;
II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um
dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares;
III - as obrigações anteriores ao casamento;
IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em
proveito do casal;
V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas
semelhantes.

Dessa forma, a afirmação e exigência da partilha do imóvel por parte da


Requerente, é totalmente inválida, uma vez que a mesma sequer tem direito sob
esse bem, fato esse que urge ressaltar-se que é de ciência da Requerente.

b) DO VEÍCULO CITADO NA EXORDIAL


No que tange a partilha do veículo, do modelo FIT EXL 1.5 Flex/Flexone 16v 5p
Aut, do ano 2021, da marca HONDA, cujo CRLV que foi adquirido durante a
união do casamento o requerido concorda com a partilha no valor do veículo, R$
95.443,00 (noventa e cinco mil, quatrocentos e quarenta e três reais), com uma
divisão quota partes, ou seja, de forma igualitária, calculado em R$ 46.221,50
(quarenta e seis mil, duzentos e vinte e um mil reais).
De acordo com o artigo 1658 do Código Civil, vejamos:
Do Regime de Bens entre os Cônjuges
Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que
sobrevierem ao casal, na constância do casamento, com as exceções dos artigos
seguintes.

Obs: Correção do valor da causa


Sociedade de fato.
Guarda unilateral
Bordeline acompanhava nas consultas
Falar sobre ele ajudar financeiramente desde que saiu de casa ( vamos juntar
comprovantes)

Você também pode gostar