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Discentes: Larissa da Silva e Silva,

Roma Paloma Vieira Rodrigues


Disciplina: História da Criança no Brasil
Licenciatura em Pedagogia (Noturno) - 3° Período

Respostas
1. Contexto
O Filme O Contador de Histórias e o documentário Que país é esse? Febem, o começo do
fim, propostos, no qual o primeiro conta a história de Roberto e suas vivências,
experiências e traumas no período que viveu na Fundação Estadual do Bem-Estar do
Menor -FEBEM; e o segundo a história da instituição em si, principalmente como ocorreu
os trâmites para seu fechamento, como as crianças viviam lá dentro. O Filme mostra, com
detalhes, o pequeno Roberto, de 6 anos, que sua mãe o matriculou na FEBEM, em busca
de uma vida melhor para seu filho, já que a mesma não poderia proporcionar isso.
Infelizmente, tudo que almeja, não foi feito. Roberto ficou na FEBEM até seus 13 anos,
onde viveu muitas agressões, fugia na maioria das vezes. Sua vida mudou completamente
depois que uma pedagoga francesa se interessou pela sua história de vida. Já o
documentário conta a história de várias crianças que de certo modo viviam presas na
FEBEM, independentemente se cometeram delitos ou simplesmente estavam em situação
de rua. Mostra a luta da secretaria de menor, Alda Marco Antonio pelo fechamento da
FEBEM e devolução das crianças e adolescentes a suas famílias e a sonhada liberdade.
Roberto se tornou professor, pós-graduado em Educação pela Universidade Estadual de
Campinas. Na sua obra autobiográfica, A arte de construir cidadãos: as 15 lições da
pedagogia do amor, o cotidiano da FEBEM não foi desenhado como o “castelo
encantado”. De acordo com suas memórias a entrada na instituição representou a“fase
obscura” da sua vida. Os muros de “algodão doce” deram lugar às grades de ferro
retorcidas. Hoje, ele é conhecido no Brasil e no exterior como o “contador de histórias”.

2. Realidade
Roberto quando fala de sua passagem pela FEBEM, afirma que aprendeu na instituição
como não ser honesto, desrespeitar as normas e burlar as leis vigentes. Ao narrar sua
trajetória de vida, ele nos afirma que fugiu 132 vezes e que durante a permanência na
instituição perderá o contato com sua família. No prontuário de Roberto Carlos Ramos
havia o registro de “menor irrecuperável”. Assim como diversos jovens e crianças que
passaram pela FEBEM, muitos se tornaram “irrecuperáveis” depois de aprender com a
convivência na instituição. Uma mãe diz no documentário “ a criança entra sabendo fazer
Discentes: Larissa da Silva e Silva,
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Licenciatura em Pedagogia (Noturno) - 3° Período

uma coisa errada sai sabendo fazer dez. A FEBEM era o assistencialismo que foi
construído para o bem estar social dos menos favorecidos, principalmente crianças e
jovens que cometeram delitos , viviam em situação de rua, e até mesmo os quais as mães
os colocando , a fim de buscar uma melhora de vida, acreditavam que a fundação seria a
porta de saída de uma vida no mundo da criminalidade, porém há um colapso quando
começa a ter um grande número de adolescentes internado, que causa a superlotação das
unidades, onde, em geral, os jovens sobrevivem de forma desumana, marcadas por tortura,
falta de condições de sobrevivencia, aprendendo as “malandragens” do mundo do crime.

3. Motivos "aparentes"
A propaganda da FEBEM era fantasiosa, acreditavam que ali seria um lugar que
restaurasse as crianças e jovens, que os ensinassem bons modos, mudando suas realidades,
os tornando doutores e muitas famílias acreditavam nisso. e de todo modo aqueles ditados,
tudo é questão de querer mudar, não melhorou porque não quis, a escolha foi deles. no fim,
depois de ver o filme e o documentário, não se pode dizer que essa é uma verdade, por
mais que tivesse todas as oportunidades, não depende somente da força de vontade, a
questão financeira e social implicam muito, além do preconceito que é bastante presente na
sociedade brasileira.

4. Motivos "reais
Acredito que o principal motivo da realidade das crianças e jovens , é de todo modo a
desigualdade social, infelizmente o capitalismo propaga um abismo imenso no Brasil, e
depois de anos de luta, é quase inexorável essa realidade. além do enfraquecimento dos
vínculos familiares e comunitários, a proteção inadequada do Estado, a ausência da escola,
o trabalho infantil, o envolvimento com o tráfico de drogas e a violência, entre outros
elementos, tornam crianças e adolescentes. contudo é um cenario propício a essa realidade
que querendo ou não vem do berço da província.

5. Sonhos
O "menor" considerado irrecuperável pelos funcionários da FEBEM têm a sua vida
transformada assim que uma pessoa adulta lhe dá uma primeira oportunidade de poder
mudar a sua história. Essa é uma das questões abordadas no filme " O Contador de
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Histórias", que é protagonizado pelo "recordista de fugas" da instituição, um indivíduo que


não tinha mais "conserto", entre tantos adjetivos ruins. Se fecham todas as portas para
alguém que nunca foi capaz de mostrar o seu potencial, como esperam que alguém
melhore a sua conduta? E o sistema coloca pessoas assim em um contexto mais insalubre
que suas próprias realidades, não as dando a chance de se recuperarem. Era isso que
acontecia na antiga FEBEM e ocorre também no sistema penitenciário brasileiro.Em dado
momento de suas vidas, esses "menores" foram dados como irrecuperáveis e esse destino
traçado as impossibilita de sonharem até mesmo com uma realidade melhor.

6. "Menor" não é criança. Se não era considerado criança, era o quê?


O termo menor carrega o sentido pejorativo e enraizado no Código de Menores, que
atualmente não está mais em vigor. Ele define crianças e adolescentes com menos de 18
anos e que estão sob tutela do estado por serem menores infratores, não gozando
plenamente da cidadania e direitos.

7. Tudo é questão de "força de vontade"?


A questão da força de vontade é fortemente atrelada ao conceito de meritocracia, que é
irreal ao levarmos em conta a realidade brasileira das crianças pobres no Brasil e a
individualidade de cada uma delas. Cada ser humano é único e possui a sua própria
trajetória, marcada por seus respectivos percalços e a forma que cada um lida com isso não
deve ser colocada no mesmo "patamar". O protagonista conseguiu superar as adversidades
da sua vida, mas é compreensível aqueles com história semelhante não terem superado as
dificuldades que enfrentaram irem pelo pior caminho. Um único fator pode mudar
completamente a vida de uma pessoa, tanto para o bem quanto para o mal, como podemos
observar na história do educador Roberto Carlos Ramos.

8. Fará a infância pobre do Brasil, parte do futuro desse país?


O futuro do país é uma questão incerta e que envolve fatores políticos, sociais e
econômicos. Porém, é certo que o passado reflete no futuro. A história da criança no Brasil
é marcada pela violação de direitos humanos, uma própria “desumanização”, característica
em cada capítulo da história. O antigo Código de Menores e a própria FEBEM é um
reflexo de uma história marcada por violências contra crianças. A educação crítica é o
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único instrumento capaz de ocasionar a ruptura no sistema. Por ela ser essencialmente
crítica, logo ela também é libertadora, porque questiona estas as imposições que
restringem o indivíduo pela alienação. O maior nome da educação do Brasil, Paulo Freire,
propôs a ideia de educação crítica e libertadora na pedagogia: “Ela deve estar vinculada ao
oprimido, sendo estes indivíduos modelos na luta por sua redenção.”

REFERÊNCIAS
MIRANDA, Humberto da Silva. Memórias da “Dona FEBEM”: a assistência à
infância na Ditadura Militar (1964 – 1985). XXVII Simpósio Nacional de História.
Julho de 2013.
SPINELLI, Kelly Cristina. Febem na contramão do Estatuto da Criança e Adolescente.
Revista Adusp. Setembro, 2006
O CONTADOR de História Direção de Luiz Villaça, Belo Horizonte. Warner Bros.
Pictures Brasil, 2009 (106 min)
QUE país é esse? Febem, começo do fim. Produção e direção Rita Moreira, 1990. (34 min)
Ministério Público do Paraná, "Por que não se deve utilizar o termo "menor de idade" ao
se referir a crianças e adolescentes?" Disponível em:
<https://site.mppr.mp.br/crianca/Pagina/Por-que-nao-se-deve-utilizar-o-termo-menor#:~:te
xt=Termo%20de%20sentido%20vago%2C%20utilizado,adolescentes%2C%20pois%20te
m%20sentido%20pejorativo>
LORENZET, Deloíze. ANDREOLL, Felipe. Da Pedagogia do Oprimido à Pedagogia da
Esperança: Paulo Freire e a luta pelos esfarrapados do mundo. 2015. Seminário: Diálogos
sobre Paulo Freire.

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