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Universidade: Faculdade de Petrolina - FACAPE

Curso: Serviço Social


Disciplina: Questão Social
Docente: Prof. Mestre Maria Lucia
Discente: Alessandra Floriano Baldini Santos

Analise do filme
Pixote A lei do mais fraco

Lançado em 1981 (Séc. XX)

Direção de Hector Babenco

O filme tem início com imagens de uma favela, situada no município de Diadema região
cercada por muitas comunidades, onde Fernando Ramos da Silva protagonista da
película morava junto com sua mãe e 9 irmãos. Babenco Abre o filme PIXOTE, com uma
fala que contextualiza a sua visão cinematográfica: ...”Isto aqui é um bairro de São Paulo,
grande polo industrial da América Latina, responsável por 60 ou 70% do Produto
Nacional Bruto desse país. Brasil é um país com 120 milhões de habitantes,
aproximadamente 50% estão abaixo dos 21 anos de idade. Dos quais, aproximadamente
também, 28 milhões de crianças vivem numa situação abaixo das normas exigidas pelos
direitos internacionais da criança das Nações Unidas”.

Ainda nesse contexto reforça que, se trata de um bairro onde vivem famílias de
operários, de fábricas vizinhas muito grandes. O quadro típico é que o pai e a mãe vão
trabalhar e as crianças ficam em casa. E quem toma conta, normalmente, é uma irmã
maior ou alguma vizinha que é paga pra isso. Assim Fernando representa o registro de
tantos “pixotes” que sobrevivem nas diversas comunidades do nosso País. Naquela
época histórica o Brasil estava num processo rumo ao final de um período da ditatura
militar. O que fortalecia o autoritarismo e abuso de poder par com as crianças e
adolescentes que tinham como destino as instituições “corretivas” denominada na
época FEBEM (Fundação Estadual para o Bem-Estar do Menor). Órgão normativo
governamental destinado a oferecer proteção e assistência a crianças e adolescentes em
situação de risco; criar e implementar a "política nacional de bem-estar do menor", por
meio da elaboração de "diretrizes políticas e técnicas. Porém fica evidente na leitura da
película que esta instituição caminha na contra mão dos indivíduos destinados aquele
ambiente. Onde eram expostos a diversas formas de violações da garantia de seus
direitos. Que é possível observar quando, Pixote (Fernando Ramos) é um menino de 11
anos que teve os seus sonhos devorados pelo sistema do “capitalismo selvagem”: nunca
conheceu os seus pais. Encarcerado na Febem por cometer atos contraventores,
presencia estupros, corrupção, tráfico, assassinatos e espancamentos na instituição
corretora, de modo que tem roubado de si que o resta de sua inocência e esperança. E
diante de tamanhas atrocidades e tomado pelo medo e desespero que como única saída
para garantir sua(re) existência e integridade de vida a fuga daquele sistema. Precisa
lutar para sobreviver naquele ambiente hostil e violento. Mas ao fugir depara se com
uma sociedade separatista e um sistema capitalista opressor.

Então temos aí um sistema ineficaz na contra mão do acreditava ser o seu real proposito,
pois na verdade o real intuito era retirar e não reintegrar “ressocializar” esses menores
na sociedade, sujeitos que por sua vez eram um problema que afetava a segurança, o
conforto, as regalias e “direitos” da classe dominante, de uma elite minoritária, com
poder aquisitivo. Provocando uma reflexão sobre a classe média que está sempre a se
manter relevante e oprimir os que estão abaixo da sua linha social.

Portando a leitura desse drama/documentário, traz um ponto a ser refletido no que


tange as expressões da questão social, de direitos, proteção, desigualdade, violência,
moradia ... entre tantas outras. Uma vez que são postos em reclusão num sistema que é
visível a ausência ou negligência por parte do estado e de algumas situações por parte
da própria família (o que deveria ser investigado). De modo que quando conseguem
sobreviver, sendo por meio de fuga ou “liberdade” concedida, são despejados sem
quaisquer recursos, tendo em vista que já saem de forma marginalizada pela sociedade
capitalista dominante, o que mais resta a estes sujeitos que protagonizaram vivencias de
diversas formas de violência , sejam elas no âmbito social, fisco, moral, psicológico e
levados a um nível de desespero e desesperança , que não lhes permite mais acreditar
no sistema que outrora deveria proteger e garantir os direitos de qualquer indivíduo
enquanto cidadão, mas será que eram considerados de fato como cidadãos esta classe
mais vulnerável se encontra sob uma capa de invisibilidade sobreposta pelo Estado.

Falamos aqui não apenas de desejos e anseios como mera utopia, mas sim de garantia
de direitos que por séculos estão sendo extraídos cada vez mais, na própria constituição
são criadas leis que preveem garantia dos direitos, tanto o filme PIXOTE, como outras
obras neste contexto trazem importantes relatos e informações que fortalece a
implementação da Lei nº 8.069, conhecida como Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA), foi criada em 13 de julho de 1990, que dispõe sobre a proteção integral à criança
e ao adolescente famosa no mundo inteiro, pela amplitude de seus preceitos e pela
forma como protege nossas crianças.

Porém torna se dificultoso a tarefa de confiar em um conjunto de sistema, Estado,


sociedade ou rede de proteção, que cria e determina leis no intuito de cumprir com suas
obrigações, mas não é sequer capaz de garantir o cumprimento de própria lei por eles
instituídas. Assim proponho aqui uma reflexão, todos os dias o sistema cria e forma
novos artistas, protagonistas prontos para atuar especialistas na arte de roubar e matar
para sobreviver, prontos para serem bons ou maus. Quantos(as) Dr. Delgado, Roberto,
Sapato mais se manterão sob responsabilidade de cuidar da segurança como algozes.
Quantos(as) Cristal, Chico, Debora ficarão à espreita para explorar as vítimas.

Quantos(as)mais Pixotes, Lilicas, Ditos, Fumaça e Sueli, serão gerados pelo sistema. Pois
quatro décadas se passaram, quase meio século, são escassas as mudanças da realidade
protagonizada por esses artistas que nascem a todo momento.

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