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SURG IM E NT O D O S E R VI Ç O

SOCIAL NO C O N T E XT O
EUROPEU
A ASSISTÊ NCIA PÚ B LICA
A RACIONALIZAÇÃO D
•A EXISTÊNCIA DO SERVIÇO
SOCIAL SÓ SE PODE
COMPREENDER EM SEU
PROCESSO HISTÓRICO EM
CADA ÉPOCA E LUGAR.
Cada fenômeno histórico se
produz através da ação de
processos históricos
contrários. Em cada processo
surge uma necessidade
histórica.
• HEGEL (1770-1831)
•“A HISTÓRIA É O
MOVIMENTO DE UM
CONTEÚDO QUE ENGENDRA
DIFERENÇAS,
POLARIDADES, CONFLITOS,
PROBLEMAS TEÓRICOS E
PRÁTICOS E QUE OS
RESOLVE OU NÃO” Henri Lefèbvre
1901-1991
(LEFÈBVRE, 1970, P. 32).
POR QUE S U RG I U O
SERVIÇO S O C IA L ?
A ILUSÃO DE SERVIR
• FOI CRIADO PARA
ATENDER AS EXPRESSÕES
DA QUESTÃO SOCIAL DE
DETERMINADA ÉPOCA E
DIMINUIR AS LACUNAS E
CONFLITOS SOCIAIS ENTRE
CLASSES.
QUESTÃO SOCIAL
•[...] O CONJUNTO DAS EXPRESSÕES DAS DESIGUALDADES
DA SOCIEDADE CAPITALISTA MADURA, QUE TEM UMA
RAIZ COMUM: A PRODUÇÃO SOCIAL É CADA VEZ MAIS
COLETIVA, O TRABALHO TORNA-SE MAIS AMPLAMENTE
SOCIAL, ENQUANTO A APROPRIAÇÃO DE SEUS FRUTOS
MANTÉM-SE PRIVADA, MONOPOLIZADA POR UMA PARTE
DA SOCIEDADE. (IAMAMOTO, 2001, P. 27).
QUESTÃO SOCIAL
• BAIRROS INSALUBRES
• MÁS CONDIÇÕES DE VIDA E TRABALHO
• DESIGUALDADES SOCIAIS
• INSEGURANÇA DA BURGUESIA – PROTEÇÃO DA PROPRIEDADE
PRIVADA
• AÇÕES PONTUAIS JUNTO AOS POBRES
A Igreja – Católicas e protestantes
O Estado
PAZ POLÍTICA: violência - Pobreza tratada como ASPECTO SOCIAL: Caridade,
caso de polícia e não de políticas Benemerência e Filantropia
FAZER O BEM AO POBRE – DEVER DO RICO
• RESOLUÇÃO DOS PROBLEMAS SOCIAIS PELA “REFORMA DOS
COSTUMES” OU “REFORMA SOCIAL” DE CADA UM.

ASSISTÊNCIA PÚBLICA:
- NÃO SISTEMÁTICA
- SEM CRITÉRIOS
- PARA CADA PESSOA DE UM
JEITO

“Fazer bem o bem”


PENSAMENTO CONSERVADOR
O progresso vem da ordem social.
O progresso é uma “força continua que impulsiona
diretamente o ser humano a melhorar suas condição sem
cessar e em todos os seus aspectos” (COMTE, 1839, p.
185).
A evolução do gênero humano é contínua e natural.
“Positiva é a moral fundada no altruísmo, especificada na
filantropia, que é amar ao próximo mais que a si mesmo”.
August Comte (1798-1857)
“Os pertencentes as classes inferiores são tratados
como meninos que necessitam ser dirigidos,
porque não estão em condições de pensar e agir
por si mesmo. Por conseguinte, tem que
contentar-se em executar docilmente o trabalho
que lhes é destinado e comportar-se atenta e
respeitosamente com os membros da classe
superior. Assim devem se contentar com a
assistência dos seus superiores quando se veem
duramente afetados pelos riscos da vida”.
PENSAMENTO CONSERVADOR
• O FENÔMENOS SOCIAIS ESTÃO SUBMETIDOS A
UMA LEI UNIVERSAL.

• O SER HUMANO DEVE-SE ADAPTAR AO MEIO.


• SUPERIORES –OS MAIS APTOS
• INFERIORES – OS MENOS APTOS
• JUSTIFICA O USO DA FORÇA CONTRA OS MENOS
APTOS.
Herbert Spencer (1820-1903)
PENSAMENTO CONSERVADOR NOS EUA
• PARA OS
SPENCINIANOS
NORTE-AMERICANOS,
O “POBRE E OS MENOS
PRIVILEGIADOS SÃO
CULPADOS PELA SUA
SITUAÇÃO”. William Graham Lester Frank Ward (1841-
Sumer ( 1840-1910) 1913)
PENSAMENTO CONSERVADOR NOS EUA
Talcoll Parsons (1902-1979) – sociólogo funcionalista
norte-americano.
Para ele, a sociedade é entendida como uma estrutura
composta de organismos solidários entre si, cada um dos
quais cumprem uma função, isto é, é como uma unidade na
qual as funções sociais básicas são adaptações e de
manutenção latente de normas e da supressão das tensões.
Obra: O Sistema Social (1951).
ECONOMIA POLÍTICA
•LIBERALISMO – LIBERDADES INDIVIDUAIS
•IGUALDADE PERANTE A LEI
•PROTEÇÃO À PROPRIEDADE PRIVADA
•LIVRE COMÉRCIO
Adam Smith (1723-1790)
•ESTADO MÍNIMO
ESTADO LIBERAL • SOCIEDADEFUNDADA NO MÉRITO
DE CADA UM EM POTENCIAR SUAS
• SOB FORTE CONTROLE DOS INDIVÍDUOS CAPACIDADES SUPOSTAMENTE
QUE COMPÕEM A SOCIEDADE CIVIL, NA NATURAIS.
QUAL SE LOCALIZA A VIRTUDE.
• O ESTADO DEVE TER 3 FUNÇÕES (PARA
SMITH):
- DEFESA CONTRA OS INIMIGOS
• NÃO HÁ CONTRADIÇÃO ENTRE
ACUMULAÇÃO DE RIQUEZA E
EXTERNOS; COESÃO SOCIAL. OS INDIVÍDUOS, AO
- PROTEÇÃO DE TODO O BUSCAREM GANHOS MATERIAIS,
INDIVÍDUO DE OFENSAS DIRIGIDAS POR SÃO ORIENTADOS POR SENTIMENTOS
OUTROS INDIVÍDUOS; MORAIS E POR UM SENSO DE DEVER,
- PROVIMENTO DE OBRAS
O QUE ASSEGURA A AUSÊNCIA DA
PÚBLICAS, QUE NÃO POSSAM SER GUERRA DE TODOS CONTRA TODOS.
EXECUTADAS PELA INICIATIVA PRIVADA.
ESTADO LIBERAL

• NÃO DEVE INTERVIR NA REGULAÇÃO DE


TRABALHO E NEM DEVE SE PREOCUPAR
COM O ATENDIMENTO DAS NECESSIDADE
SOCIAIS. POR OUTRO LADO, DEVE AGIR
FIRMEMENTE PARA GARANTIR OS
INTERESSES LIBERAIS DE
ESTABELECIMENTO DO MERCADO LIVRE
NA SOCIEDADE CIVIL.
REVOLUÇÃO DE 1830 NA FRANÇA
• Foi um movimento de caráter liberal e popular,
liderado pela burguesia francesa, que derrubou do
trono o Rei Carlos X. Este movimento ficou
conhecido como Revolução de Julho de 1830 e,
também, como as três gloriosas (porque ocorreu
nos dias 27, 28 e 29 de julho de 1830).
CONTEXTO HISTÓRICO
• Após o Congresso de Viena (1815), a Dinastia Bourbon retornou ao poder na França. Em 1830, o rei
francês era Carlos X, que retomou a antiga forma de governar baseada no absolutismo. Os franceses já
haviam derrubado o absolutismo na Revolução Francesa, iniciada em 1789 e finalizada em 1799, e não
tinham mais qualquer tolerância com esta forma de governo. Em 1830, a crise e a instabilidade política na
França aumentaram muito, após Carlos X dissolver o parlamento francês e suspender a liberdade de
imprensa (medidas absolutistas).
• 
• No final de julho de 1830, o povo francês foi para as ruas. Uma verdadeira guerra civil se estabeleceu.
Grande parte da guarda nacional, que deveria apoiar o governo, passou para o lado do movimento
revolucionário. Carlos X teve que abandonar o trono e partir para o exílio.
PRINCIPAIS CONSEQUÊNCIAS
• Queda de Carlos X do trono francês e fim do absolutismo.
• Com o apoio da burguesia, Luís Felipe I (chamado de o “rei burguês”), da Dinastia
Orleans, assume o trono.

• Retornou à França os ideais do liberalismo político e econômico, que correspondia aos


anseios da alta burguesia, banqueiros e ricos industriais franceses.

• A paz retornou à França, porém, os ideais se espalham para outros países da Europa
(Polônia, Países Baixos, Bélgica, Estados Alemães, Portugal e Estados Italianos), que
também tiveram movimentos revolucionários entre 1830 e 1831.
DESDOBRAMENTOS
• A ASSEMBLEIA CONSTITUINTE DEIXOU CLARO QUE O GOVERNO FRANCÊS
SERIA UM GOVERNO BURGUÊS.

• A BURGUESIA EUROPEIA SE UNIU A BURGUESIA FRANCESA.


• ALIANÇA DA BURGUESIA EUROPEIA CONTRA OS TRABALHADORES
• 1830 – CRISE COMERCIAL E DESEMPREGO
• 1842 – GREVE GERAL NA INGLATERRA – LUTA PELA JORNADA DE
TRABALHO PARA 10H (É APROVADA EM 1847).

• 1847 – CRISE FINANCEIRA


MOVIMENTO LUDDISTA
LIGA DOS JUSTOS - 1847
PRIMAVERA DOS POVOS - 1848
• “A consciência, portanto, é desde o início um
produto social e continua sendo, enquanto existirem
homens” (Marx, Engels).
• Lentamente os trabalhadores entenderam que os reais
opressores eram os donos dos meios de produção e
não as máquinas.
• Esta consciência fez que os trabalhadores se
manifestassem de forma mais lógica buscando um
conteúdo organizado.
1850

•O CAPITALISMO SE FIRMA
COMO UM NOVO REGIME
ECONÔMICO E UM NOVA
ORDEM SOCIAL
CHARITY ORGANIZATION SOCIETY - 1869
• APARECE A ASSISTÊNCIA
SOCIAL COMO FORMA
SISTEMÁTICA DE “AJUDA”
DESTINADA A REPARAR OS
EFEITOS DO CRESCIMENTO
INDUSTRIAL,
PROPORCIONANDO MEIOS
DE SUBSISTÊNCIA.
O QUE FAZIA A “DAMA DE CARIDADE” OU
ASSISTENTE SOCIAL NA SEGUNDA METADE DO SÉC.
XIX?

1. PROCURAVA CONHECER A VERDADEIRA NECESSIDADE;


2. USAR ECONOMICAMENTE AS ESMOLAS DISPONÍVEIS;
3. VISITAR AS CASAS DOS POBRES;
4. ESTUDOS OS PEDIDOS DE AJUDA
5. CONSEGUIR TRABALHO PARA OS “DESOCUPADOS” –
PREVIR PROBLEMAS DECORRENTES DA POBREZA
SOCIEDADE DE ORGANIZAÇÃO DA CARIDADE
• Cada caso será objeto de uma pesquisa escrita.
• Este relatório (diagnóstico social) será entregue a uma comissão que decidirá o que fazer.
• Não se dará ajuda temporária, mas metódica e prolongada até que o indivíduo ou família voltem as
suas condições normais.
• O assistido será agente de sua própria readaptação, como também seus parentes, amigos e vizinhos.
• Será solicitada ajuda às instituições adequadas em favor do assistido.
• Os agentes dessas obras assistenciais receberão instruções gerais e escritas e se formarão por meio de
leituras e estadia práticas.
• As instituições de caridade enviarão a lista de seus assistidos para formar um fichário central, com o
objetivo de evitar abusos e repetições de pesquisas.
• Formar um repertório de obras de beneficência que permita organizá-las convenientemente.
WOMEN’S UNIVERSITY SEHLEMENT - 1890
NATIONAL UNION OF WORKING WOMEN -
1896
INSTITUCIONALIZAÇÃO DO SERVIÇO
SOCIAL
• COM A FUNDAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO SOCIAL DE CARIDADE, EM LONDRES,
ESCOLAS SIMILARES SE ESPALHAM POR TODOS OS PAÍSES CAPITALISTA
DESENVOLVIDOS – PRINCIPALMENTE NOS EUA.

NECESSIDADE DE CRIAR
INSTITUIÇÕES PARA
FORMAÇÃO DE PESSOAS
ESPECIFICAMENTE PARA A
TAREFA DA ASSISTÊNCIA
SOCIAL
ESCOLA DE FILANTROPIA DE NOVA YORK - 1898

•A escola visa preparar seus alunos para se tornarem visitantes especialistas em


sociedades de caridade; pesquisadores de condições sociais, fábricas e cortiços; parteiras
e administradoras de instituições; secretários financeiros para instituições de
caridade; diretores executivos de sociedades educacionais e filantrópicas; pedintes
particulares; oficiais de condicional; chefes e auxiliares em assentamentos sociais,
igrejas, departamentos assistenciais de estabelecimentos industriais e
comerciais; visitantes amigáveis; membros do conselho e do comitê; funcionários de
secretarias estaduais e municipais que lidam especialmente com saúde pública, entidades
beneficentes e correcionais; e para preencher muitos outros cargos altamente
especializados.
1ª. ESCOLA DE SERVIÇO SOCIAL
AMSTERDAM – HOLANDA - 1899
• SECULARIZAÇÃO DA PROFISSÃO: PARA O • BENEFICÊNCIA
SERVIÇO SOCIAL AS EXPLICAÇÕES
RELIGIOSAS DO MUNDO SÃO
• TRABALHO EM FÁBRICAS E OFICINAS
SUBSTITUÍDAS POR EXPLICAÇÕES • HISTÓRIA DO SOCIALISMO
CIENTÍFICAS • ASSOCIAÇÕES PROFISSIONAIS
• SINDICALISMO
• SOCIOLOGIA – SUPORTE TEÓRICO • COOPERATIVISMO
• SEGURIDADE SOCIAL
• O SERVIÇO SOCIAL SEGUIU CAMINHOS • ECONOMIA DOMÉSTICA
PECULIARES EM CADA PAÍS
14/11/1898
Mary Ellen Richmond (1861-1928) 1ª Escola de Filantropia de Nova York
VISITE O SITE:

HTTPS://HISTORYOFSOCIALWORK.ORG/EN
G/INDEX.PHP
O MODELO DOS EUA
• Pensamento da época:

• As damas de caridade pretendiam ganhar o céu diminuindo o sofrimento alheio.


• Acreditavam que os pobres eram a causa de sua própria situação.
• Precisavam de ajuda inicial e conselhos para que fossem abertas as portas das
benesses que o capitalismo oferecia a todos.
• Os pobres tem muitos filhos – pensar a família (trab. com família, menores,
higiene etc.).
ESTADO
• NÃO QUERIA ASSUMIR OS
CUSTOS DA ASSISTÊNCIA –
DEIXANDO PARA AS
INSTITUIÇÕES
PARTICULARES E
RELIGIOSAS
MARY RICHMOND
• PENSOU E ESCREVEU SOBRE O QUE É
SERVIÇO SOCIAL E COMO ELE DEVIA SER
EXERCIDO

• OBRA: O DIAGNÓSTICO SOCIAL (1917)

• DAR AJUDA MATERIAL PARA AS PESSOAS


POBRES NÃO ERA SERVIÇO SOCIAL

• FAZER SERVIÇO SOCIAL IMPLICAVA


TRABALHAR A PERSONALIDADE DAS
PESSOAS E O SEU MEIO SOCIAL (FAMÍLIA,
ESCOLA, AMIGOS, EMPREGO)
A ILUSÃO DE SERVIR

• O Serviço Social surge no cenário histórico com uma “identidade atribuída”, que expressa
uma síntese das práticas sociais pré-capitalistas – repressora e controladora – e dos
mecanismos e estratégias produzidas pela classe dominante para garantir a marcha
expansionista e a definitiva consolidação do capitalismo.

• Seus agentes tem a ilusão de servir e os destinatários de sua prática a ilusão de que são
servidos.

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