Texto: A esfera social e o homem de massa ANÁLISE DA PÓLIS GREGA
Hanna Arendt e a experiência com a pólis grega;
Vida activa: domínios público e privado; Não retoma as questões da política grega de forma nostálgica, mas principalmente para mostrar como é possível outros modos de dinâmicas sociais, além do que nos foi delineado pela era moderna; Ex: questões da vida privada tomam a dimensão coletiva, de esfera pública; as transformações da vida íntima em coisa pública; VIDA PRIVADA E PÚBLICA
Na era moderna: indistinção da vida privada e
pública; Trabalho como um dispositivo da vida privada, crescimento do homem na relação com a natureza, transformada em atividade de consumo; Assim, essa transferência da vida privada para a vida política contribui para um esvaziamento das atividades do espaço político; VIDA PRIVADA E PÚBLICA Vida privada na Grécia antiga abrigava a privacidade da família e do lar, longe do espaço plural da política, e viver na ausência dos outros sem participar da vida política mais ampla era ter uma existência anulada; As dores do trabalho e o foco voltado para a intimidade, que impossibilitava o agir e o falar no âmbito coletivo; Ação privada vista como inferior, pois impossibilitava a ação política colocada como grande relevância por essa sociedade; VIDA PRIVADA E PÚBLICA "embora o domínio público possa ser vasto, não pode ser encantador, precisamente porque é incapaz de abrigar o irrelevante" (ARENDT,2010,p. 64); a vida privada não pode ser descartada, tem sua valorização; o equívoco é a supremacia de uma dessas instâncias; “o domínio público, enquanto comum, reúne-nos na companhia um dos outros e, contudo, evita que caiamos uns sobre os outros, por assim dizer” (ARENDT, 2010, p. 64); VIDA PRIVADA E PÚBLICA A noção de comum sustenta a diversidade de opiniões, a ação espontânea entre os sujeitos ocorre por meio da pluralidade; Contudo, quando essa espontaneidade é tolhida, há o conformismo ao invés da ação espontânea; Por isso retoma a pólis grega e o arriscar, a liberdade de se lançar na vida pública e não fica a mercê da vida privada e sua subserviência; VIDA PRIVADA E PÚBLICA Na era Moderna fim dessa separação nítida entre esfera pública e privada, com a elevação do trabalho como coisa pública; Família- esfera privada, tornando-se mais íntimo; Estado-Nação esfera pública; limitando a ação política; Arendt critica a supremacia relacionada a vida do trabalho nas sociedades industriais. Nesse momento os sujeitos não produzem seus artefatos de forma gradual, mas de forma célere, uma alta produção para um alto consumo; MASSIFICAÇÃO DO HOMEM
O trabalho na esfera pública transforma-se em reação e
não ação, coagindo a espontaneidade e a criatividade; promovendo alienação; industrialização, século XVIII- XIX; Regimes autoritários e o conformismo; Sociedade de massa: “as massas não se unem pela consciência de um interesse comum” (ARENDT, 1989, p.361), uma multidão indiferente que não se integram entre si; MASSIFICAÇÃO DO HOMEM
Indiferentes ao cenário político;
Sujeito automatizado, que se isola cada vez mais na esfera
privada, não age espontaneamente e com a pluralidade;
Regimes Totalitários e fanatismo (Obra: As origens do
Totalitarismo)- silenciamento diante dos horrores, age sem julgar racionalmente, que não age politicamente; Ex: Nazismo; MASSIFICAÇÃO DO HOMEM “os movimentos totalitários objetivam e conseguem organizar as massas” (ARENDT, 1989, p. 358);
As massas que proporcionaram o advento de tais regimes;
Corpus cada vez maior de pessoas de conexões superficiais
e solitárias; “exigência de lealdade total, irrestrita, incondicional e inalterável de cada membro individual” (ARENDT, 1989, p. 373), Poder das massas se sobressai a qualquer necessidade individual;
As massas são preconceituosas e os preconceitos são
expostos para legitimar os ditames e justificar violências e “proteção” a essas pessoas;
Fora dos movimentos totalitários: para ela, as massas do
“mundo exterior não-totalitário também só acredita[m] naquilo que quer[em] e foge[m] à realidade ante a verdadeira loucura” (ARENDT, 1989, p. 487); São alienadas e mal orientadas, porque, do contrário teriam que se deparar com uma realidade que não são capazes de aceitar, porém não se veem como “massa”;
Manipuláveis; “O homem de massa deseja o anonimato, ser
apenas um número (...) Quer se isentar da culpa, apesar de sempre ter responsabilidade pelas suas escolhas” MASSIFICAÇÃO DO HOMEM
Homem de ação x Homem de massa;
Desenvolvimento do capitalismo e os interesses da vida
são produzidos em massa, os gostos, hábitos e sobretudo o consumo é homogeneizado;
A indústria cultural padroniza os desejos, em relação ao
trabalho, ao entretenimento e etc; MASSIFICAÇÃO DO HOMEM
Distanciamento dos pares e aproximação dos meios de
comunicação de massa. Ex: televisão, celular, computado;
Relação com a natureza mediada pelas emergências da
economia de mercado;
Sociedade de consumo e a infância;
MASSIFICAÇÃO DO HOMEM
Não Buzine Que Eu Estou Paquerando/ Tom Zé
Sei que o seu relógio Está sempre lhe acenando
Mas não buzine Que eu estou paquerando Eu sei que você anda Apressado demais Correndo atrás de letras Juros e capitais Um homem de negócios Não descansa, não Carrega na cabeça Uma conta-corrente Não perde um minuto Sem o lucro na frente MASSIFICAÇÃO DO HOMEM
Juntando dinheiro Imposto sonegando
Passando contrabando Pois a grande cidade não pode parar A grande cidade não pode parar Sei que o seu relógio Está sempre lhe acenando Mas não buzine Que eu estou paquerando A sua grande loja Vai vender à mão farta Doença terça-feira E o remédio na quarta Depois em Copacabana e Rua Augusta Os olhos bem abertos Nunca facilitar MASSIFICAÇÃO DO HOMEM
O dólar na esquina Sempre pode assaltar
Mas netos e bisnetos Irão lhe sucedendo Assim, sempre correndo Pois a grande cidade não pode parar. A grande cidade não pode parar Sei que o seu relógio Está sempre lhe acenando Mas não buzine Que eu estou paquerando MASSIFICAÇÃO DO HOMEM: CULTURA
Desejos e interesses produzidos em massa como uma
grande fábrica de pessoas; Relacionado ao sistema capitalista, ao desejo pelo consumo; Sistema de comunicação de massa: submissão da arte aos interesses comerciais, apagamento das diferenças culturais; Gera uma padronização de comportamento; REFERÊNCIAS ARENDT, Hannah. A condição humana. Tradução: Roberto Raposo - 11ª ed. Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária 2010. ARENDT, H. Origens do totalitarismo. Companhia das Letras, 1989. BARROS, Halanne Fontenele. A Esfera Social e o Homem de Massa. Cadernos do PET Filosofia, v.3, n.6, 2012. OLIVEIRA, Jelson Roberto de; MENEGHETTI, Francis Kanashiro. O Conceito de Massas no pensamento de Hanna Arendt. Griot: Revista de Filosofia, v.23, n.2, 2023.