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SOCIEDADE DE MASSA

Profa. Dra. Rafaele Aquime


Texto: A esfera social e o homem de massa
ANÁLISE DA PÓLIS GREGA

Hanna Arendt e a experiência com a pólis grega;


Vida activa: domínios público e privado;
Não retoma as questões da política grega de forma nostálgica,
mas principalmente para mostrar como é possível outros
modos de dinâmicas sociais, além do que nos foi delineado
pela era moderna;
Ex: questões da vida privada tomam a dimensão coletiva, de
esfera pública; as transformações da vida íntima em coisa
pública;
VIDA PRIVADA E PÚBLICA

Na era moderna: indistinção da vida privada e


pública;
Trabalho como um dispositivo da vida privada,
crescimento do homem na relação com a natureza,
transformada em atividade de consumo;
Assim, essa transferência da vida privada para a vida
política contribui para um esvaziamento das
atividades do espaço político;
VIDA PRIVADA E PÚBLICA
Vida privada na Grécia antiga abrigava a privacidade da
família e do lar, longe do espaço plural da política, e viver
na ausência dos outros sem participar da vida política mais
ampla era ter uma existência anulada;
As dores do trabalho e o foco voltado para a intimidade,
que impossibilitava o agir e o falar no âmbito coletivo;
Ação privada vista como inferior, pois impossibilitava a
ação política colocada como grande relevância por essa
sociedade;
VIDA PRIVADA E PÚBLICA
"embora o domínio público possa ser vasto, não pode ser
encantador, precisamente porque é incapaz de abrigar o
irrelevante" (ARENDT,2010,p. 64);
a vida privada não pode ser descartada, tem sua
valorização;
o equívoco é a supremacia de uma dessas instâncias;
“o domínio público, enquanto comum, reúne-nos na
companhia um dos outros e, contudo, evita que caiamos
uns sobre os outros, por assim dizer” (ARENDT, 2010, p. 64);
VIDA PRIVADA E PÚBLICA
A noção de comum sustenta a diversidade de opiniões, a
ação espontânea entre os sujeitos ocorre por meio da
pluralidade;
Contudo, quando essa espontaneidade é tolhida, há o
conformismo ao invés da ação espontânea;
Por isso retoma a pólis grega e o arriscar, a liberdade de se
lançar na vida pública e não fica a mercê da vida privada e
sua subserviência;
VIDA PRIVADA E PÚBLICA
Na era Moderna fim dessa separação nítida entre esfera
pública e privada, com a elevação do trabalho como coisa
pública;
Família- esfera privada, tornando-se mais íntimo;
Estado-Nação esfera pública; limitando a ação política;
Arendt critica a supremacia relacionada a vida do trabalho
nas sociedades industriais. Nesse momento os sujeitos não
produzem seus artefatos de forma gradual, mas de forma
célere, uma alta produção para um alto consumo;
MASSIFICAÇÃO DO HOMEM

O trabalho na esfera pública transforma-se em reação e


não ação, coagindo a espontaneidade e a criatividade;
promovendo alienação; industrialização, século XVIII- XIX;
Regimes autoritários e o conformismo;
Sociedade de massa: “as massas não se unem pela
consciência de um interesse comum” (ARENDT, 1989,
p.361), uma multidão indiferente que não se integram
entre si;
MASSIFICAÇÃO DO HOMEM

Indiferentes ao cenário político;

Sujeito automatizado, que se isola cada vez mais na esfera


privada, não age espontaneamente e com a pluralidade;

Regimes Totalitários e fanatismo (Obra: As origens do


Totalitarismo)- silenciamento diante dos horrores, age sem
julgar racionalmente, que não age politicamente; Ex:
Nazismo;
MASSIFICAÇÃO DO HOMEM
“os movimentos totalitários objetivam e conseguem
organizar as massas” (ARENDT, 1989, p. 358);

As massas que proporcionaram o advento de tais regimes;

Corpus cada vez maior de pessoas de conexões superficiais


e solitárias;
“exigência de lealdade total, irrestrita, incondicional e
inalterável de cada membro individual” (ARENDT, 1989, p.
373),
Poder das massas se sobressai a qualquer necessidade
individual;

As massas são preconceituosas e os preconceitos são


expostos para legitimar os ditames e justificar violências e
“proteção” a essas pessoas;

Fora dos movimentos totalitários: para ela, as massas do


“mundo exterior não-totalitário também só acredita[m]
naquilo que quer[em] e foge[m] à realidade ante a
verdadeira loucura” (ARENDT, 1989, p. 487);
São alienadas e mal orientadas, porque, do contrário teriam
que se deparar com uma realidade que não são capazes de
aceitar, porém não se veem como “massa”;

Manipuláveis; “O homem de massa deseja o anonimato, ser


apenas um número (...) Quer se isentar da culpa, apesar de
sempre ter responsabilidade pelas suas escolhas”
MASSIFICAÇÃO DO HOMEM

Homem de ação x Homem de massa;

Desenvolvimento do capitalismo e os interesses da vida


são produzidos em massa, os gostos, hábitos e sobretudo o
consumo é homogeneizado;

A indústria cultural padroniza os desejos, em relação ao


trabalho, ao entretenimento e etc;
MASSIFICAÇÃO DO HOMEM

Distanciamento dos pares e aproximação dos meios de


comunicação de massa. Ex: televisão, celular, computado;

Relação com a natureza mediada pelas emergências da


economia de mercado;

Sociedade de consumo e a infância;


MASSIFICAÇÃO DO HOMEM

Não Buzine Que Eu Estou Paquerando/ Tom Zé

Sei que o seu relógio Está sempre lhe acenando


Mas não buzine Que eu estou paquerando
Eu sei que você anda Apressado demais
Correndo atrás de letras Juros e capitais
Um homem de negócios Não descansa, não
Carrega na cabeça Uma conta-corrente
Não perde um minuto Sem o lucro na frente
MASSIFICAÇÃO DO HOMEM

Juntando dinheiro Imposto sonegando


Passando contrabando Pois a grande cidade não pode
parar A grande cidade não pode parar
Sei que o seu relógio Está sempre lhe acenando
Mas não buzine Que eu estou paquerando
A sua grande loja Vai vender à mão farta
Doença terça-feira E o remédio na quarta
Depois em Copacabana e Rua Augusta
Os olhos bem abertos Nunca facilitar
MASSIFICAÇÃO DO HOMEM

O dólar na esquina Sempre pode assaltar


Mas netos e bisnetos Irão lhe sucedendo
Assim, sempre correndo Pois a grande cidade não pode
parar. A grande cidade não pode parar
Sei que o seu relógio Está sempre lhe acenando
Mas não buzine Que eu estou paquerando
MASSIFICAÇÃO DO HOMEM: CULTURA

Desejos e interesses produzidos em massa como uma


grande fábrica de pessoas;
Relacionado ao sistema capitalista, ao desejo pelo
consumo;
Sistema de comunicação de massa: submissão da arte aos
interesses comerciais, apagamento das diferenças
culturais;
Gera uma padronização de comportamento;
REFERÊNCIAS
ARENDT, Hannah. A condição humana. Tradução: Roberto
Raposo - 11ª ed. Rio de Janeiro: Editora Forense Universitária
2010.
ARENDT, H. Origens do totalitarismo. Companhia das Letras,
1989.
BARROS, Halanne Fontenele. A Esfera Social e o Homem de
Massa. Cadernos do PET Filosofia, v.3, n.6, 2012.
OLIVEIRA, Jelson Roberto de; MENEGHETTI, Francis Kanashiro.
O Conceito de Massas no pensamento de Hanna Arendt. Griot:
Revista de Filosofia, v.23, n.2, 2023.

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