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AULA 4: MONTESQUIEU

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O contratualismo é antes de mais uma
reconstrução mítica de um tempo pré-social, de
forma a definir as condições (…) de uma sociedade
segura e preservadora da ordem.
(Manual de Sociologia)

Na passagem para Montesquieu, veremos o


universalismo formal ser substituído pelo estudo
de sociedades particulares.
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Baron de Montesquieu, Charles-Louis de
Secondat (1689-1755)


Percursor da sociologia através da busca de uma ordem
conceptual explicativa de fenómenos sociais; causalidade
e tipologização.

Estudo da ordem social e das formas de governo –
república, monarquia e despotismo, assim como de
costumes, maneiras e leis (cultura)

Adepto das sociedades políticas – rejeitava o “bom
selvagem” de Rousseau e tinha como referência o “nobre
romano”

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I. AS CARTAS PERSAS


Dois persas trocam cartas acerca da Europa, criticam a
cultura europeia e as suas convenções sociais. Ao
mesmo tempo, referem-se à sua própria realidade persa,
que se revela igualmente problemática.

Reflexão acerca de diferentes culturas, dos seus
sistemas de valores e das suas convenções
sociais.

Sugere a impossibilidade de auto-crítica acerca
da realidade social de um indivíduo.
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II. O ESPÍRITO DAS LEIS


Obra que estabelece uma relação entre as leis positivas
de uma sociedade e a sua estrutura social.
– Leis físicas – criadas por Deus.
– Leis positivas e instituições sociais – criadas por
seres humanos e adaptadas a um povo, clima,
território, cultura, religião, costumes e maneiras.

As leis positivas podem ser explicadas através de fatores
como o clima, o território, cultura, religião, costumes,
maneiras… [concepção de cultura]

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IV. FORMAS DE GOVERNO


Republicano
– Democrático
– Aristocrático

Monárquico

Déspota

Montesquieu não segue a lógica da legitimidade
do governo conforme ele é estabelecido, mas
sim conforme ele é gerido: de forma estável ou
arbitrária.
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V. REPÚBLICA DEMOCRÁTICA


Princípio: virtude

O povo é soberano e os ministros ou senado são
escolhidos pelo povo.

Prefere o interesse público ao privado

Comparação com a devoção dos monges
[frugalidade]

Deve cingir-se a um território pequeno

Perigos: “espírito da desigualdade” (domínio do
privado) ou “espírito da igualdade extrema” 7 / 15

(impossibilidade de representação)
VI. REPÚBLICA ARISTOCRÁTICA


Princípio: moderação

Um grupo social governa os demais.

A aristocracia deve preservar uma vida simples e
não deve ganhar poder excessivo sobre o povo.
Para isso servem as leis.

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VII. MONARQUIA


Princípio: honra

Uma só pessoa governa através de leis fixas e
estáveis.

A nobreza deve ser independente do poder
judicial.

Montesquieu defende que as monarquias dependem de
um equilíbrio de egoísmos, onde a manutenção das
aparências (falsa honra) contribui para um “equilíbrio
geral”
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VIII. DESPOTISMO


Princípio: medo

O soberano segue os seus caprichos de forma
arbitrária.


Esta tipologia identifica diferentes tipos de
sociedade ou estruturas sociais, e permite fazer
uma análise comparada.

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IX. SEPARAÇÃO DE PODERES


Defende a separação de poderes: executivo,
legislativo e judicial (este último subalterno ao
legislativo).

As leis devem cingir-se ao que é visível e interfere
com a ordem e segurança pública e abster-se de
criminalizar o que pertence à esfera dos
pensamentos.

Defende o direito ao julgamento e que todos devem
ter direito a provar a sua inocência.

A perseguição religiosa e a escravatura devem ser 11 / 15
X. COMÉRCIO


Defensor do comércio como forma legítima de
crescimento e enriquecimento, porque não
depende da conquista militar nem de esforços
coloniais e recompensa a economia doméstica.

O comércio está ligado aos valores da
frugalidade, moderação, trabalho, ordem.
Devem evitar-se os mercados de luxo, típicos das
monarquias.

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XI. CONDICIONANTES
CULTURAIS

Teorizou sobre condicionantes como o clima e a
geografia na sua tipologia.

Clima e geografia (climas frios – mais trabalho;
climas quentes – mais preguiça).

Qualidade do solo (solos férteis – monarquias;
solos inférteis - repúblicas)

Montesquieu irá considerar que a escravatura
nos climas quentes é justificável porque as
pessoas não trabalham salvo se forem 13 / 15
obrigadas.
XII. CONCLUSÃO


É pioneiro na proposta de tipologias e na análise
de condicionantes físicas e culturais

A sua obra terá impacto na formação posterior
de governos (EUA)

Em conjunto com Rousseau, representam um
importante debate da época: os homens
enobrecem-se através das instituições? Ou
corrompem-se através das instituições?

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XIII. IMPLICAÇÕES


Século das luzes visto de fora: o que diz ele sobre
si próprio? E o que não diz sobre si próprio?
– O Iluminismo compôs a música, preencheu-a com as
mais lindas harmonias de uma grande sinfonia
glorificando a Razão, o Homem, a soberania do
indivíduo e a filantropia universal. Esta música está a ser
tocada até que um homem negro entra na sala a meio
do concerto. Nesse momento, o que acontece ao Homem,
à Soberania, à Razão, à Filantropia?
(Sala-Molins, 1992)
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