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CIÊNCIA POLÍTICA

PROF. EGNALDO OLIVEIRA JUNIOR

AULA 02
O que vamos Estudar?

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO PENSAMENTO


POLÍTICO:

➢ Antiguidade Clássica. Grécia e Roma.

➢ O pensamento de Aristóteles e Platão.

➢ A Idade Média e a Modernidade. Maquiavel

➢ O Pensamento político contemporâneo.

➢ Escola Francesa e o Organicismo.


EVOLUÇÃO

02
HISTÓRICA DO
PENSAMENTO
POLÍTICO
EVOLUÇÃO

02
HISTÓRICA DO
PENSAMENTO
POLÍTICO
1. Antiguidade Clássica. Grécia e Roma.

Características das cidades-Estados.

Participação
Tripartição dos
diretas dos
Governos
cidadãos

Inexistência de
separação entre
Governo e
Justiça
Existência das Cidades-estados clássica

Grécia – apenas séc. VIII ou VII a.C e o final do séc. IV


a.C

Roma – Séc. V e IV a.C.

Quais os critérios?

-Sentimento de identidade;

- Modo de vida;

“a identidade política diminuiu as diferenças existentes


entre as situações socioeconômicas dos atenienses em
proveito de sua identidade como cidadãos.”
Mecanismos ideológicos

Crença - Lei –
Religião Direito
consuetudinário
As cidades-Estados antigas só podem ser
entendidas no contexto global das
respectivas sociedades.

O militarismo especializado de tempo


integral dos esparciatas era possibilitado e
ao mesmo tempo explicado por seu domínio
sobre numerosa população servil (os hilotas)
na Lacônia e na Messênia, sempre pronta à
rebelião.
Um vez abolida a servidão por dívidas – e
por conseguinte a possibilidade de recrutar
maciçamente os camponeses locais como
mão-de-obra dependente - em Atenas (592
a.C.) e em Roma (talvez 323 a.C.),.o
surgimento e a consolidação da categoria tão
típica do apogeu dessas cidades-Estados – os
homens livres / pequenos proprietários/
cidadãos / soldados - dependeu do
estabelecimento e da expansão do
escravismo como principal relação de
produção.
2. O pensamento de Aristóteles e Platão

Através de um impulso natural, o homem


faz aliança com outros, pois tem a
necessidade de PAZ;

Paz: latim Pacem = Absentia Beli


(ausência de violência ou guerra);

O homem busca na razão a força motriz para


limitar sua atuação.
Raciocínio de Platão

a Inevitável a convivência em sociedade

b Necessidade de comando pelo Estado

Mesmo um mau governo é justificado, pois sem ele o home se


c desagrega e enfraquece

1. MERO PARTÍCIPE DE UM ORGÃO;


2. FUNÇÃO ESPECIFICA E DEFINIDA;
HOMEM 3. DEFINIÇÃO NATURAL DE ACORDO COM A INFLUÊNCIA
INDIVIDUAL.
SÍNTESE – Como fruto do ideal de Justiça dos homens.

I Sociedade e Estado são essenciais;

II Governo de impõe de forma natural;

Finalidade de não permitir a discórdia e desagregação no convívio


III coletivo; e

IV Individuo não pode discordar da condução do Governo.


A tipologia Clássica das formas de
poder.
Aristóteles formulou a tipologia clássica das formas
de poder com base no interesse em favor do qual o
poder é exercido:
Entre as três formas de poder da tipologia
clássica, o poder político é, sem dúvida, o
mais complexo, pois é exercido no
interessados dois agentes envolvidos na
relação – sujeito e objeto – e não do lado de
um só deles – sujeito ou objeto.

A tipologia aristotélica das formas de


governo agrega uma variável a mais à
tipologia das formas de poder – o número de
governantes – porém segue dividida em três
categorias:
Para Aristóteles, o bom governo é sempre orientado para
satisfazer o interesse de todos – governantes e governados
– podendo ser exercido:

por um só indivíduo, o rei, no caso da monarquia;

por uma minoria, os melhores, no caso da aristocracia; ou

pela maioria, no caso da politeia, que significa o governo


da pólis – cidade-Estado.
Já o mau governo, isto é, as formas de governo
degeneradas, é sempre orientado para satisfazer o interesse
do(s) governante(s) e também pode ser exercido:

- por um só indivíduo, isto é, pelo tirano, que exerce o


poder em seu próprio interesse, em detrimento dos
interesses dos governados), no caso da tirania;

- por uma minoria, isto é, pelos mais ricos, que exerce o


poder em seu próprio interesse, em detrimento dos
interesses da maioria mais pobre, no caso da oligarquia; ou

- pela maioria que exerce o poder em seu próprio interesse,


em detrimento dos interesses da minoria, no caso da
democracia.
Já o mau governo, isto é, as formas de governo
degeneradas, é sempre orientado para satisfazer o interesse
do(s) governante(s) e também pode ser exercido:

- por um só indivíduo, isto é, pelo tirano, que exerce o


poder em seu próprio interesse, em detrimento dos
interesses dos governados), no caso da tirania;

- por uma minoria, isto é, pelos mais ricos, que exerce o


poder em seu próprio interesse, em detrimento dos
interesses da maioria mais pobre, no caso da oligarquia; ou

- pela maioria que exerce o poder em seu próprio interesse,


em detrimento dos interesses da minoria, no caso da
democracia.
Logo, a concepção de Aristóteles sobre a Origem da
Sociedade deve observar algumas premissas:

Engloba também o impulso natural para a vida em


sociedade;

Adepto da teoria platônica, porém, incluiu a manifestação


da vontade do homem;

Existe um desejo no homem de cooperação para formação


da sociedade;

Essa cooperação busca uma vida mais harmoniosa e justa;

Sem a vontade de cooperar estaríamos igualados a


condição de irracionais sem a condição de optarmos pelo
convívio social
“O homem é um ser social por natureza,
pois o homem é naturalmente um animal
político. Só um individuo vil e superior ao
homem procuraria viver isolado dos ouros
homens sem que a isso fosse constrangido.
Quando as irracionais, que também vivem
em permanente associação, constituem
meros agrupamentos formados pelo
institio, pois o homem, entre todos os
animais, é o único que possui a razão, o
sentimento do bem e do mal, do justo e do
injusto. (A Política, I.9).
3. A Idade Média e a Modernidade.
Maquiavel

O príncipe de Maquiavel (1469-1527) representa,


sabidamente, um divisor de águas entre a visão
moderna e a visão antiga da política. Diz-se de
Maquiavel ser ele o fundador da ciência política.

Escrito em uma época conturbadíssima na Itália, o


livro tem por objetivo mostrar, por meio de exemplos
contemporâneos e históricos, o que um governante
recém empossado faz para manter-se no poder e
garantir a unidade, a paz, interna
Partindo do estado da arte dos governos europeus
que conheceu, Maquiavel afirma no começo do O
príncipe que os governos são domínios cujo poder ou
está concentrado na mão de uma só pessoa, o rei,
como nas monarquias, ou compartilhado por
magistraturas e conselhos, como nas repúblicas.
Neste caso, como afirmado acima, a palavra
‘domínio’ é sinônima de Estado e significa domínio
territorial e monopólio de poder. Apesar de ser um
termo corrente na linguagem do Quatrocentos e do
Quinhentos, a difusão do termo ‘Estado’ se impôs
através da obra de Maquiavel (BOBBIO, 1987, p.
65).
O Estado moderno surge do esfacelamento das
sociedades feudais, predominantemente agrárias e
policentradas, nas quais o rei era uma figura apenas
simbólica. Os territórios nacionais eram divididos
entre senhores feudais, cada qual soberano de seu
feudo. Eles possuíam exército próprio, cunhavam as
próprias moedas, estabeleciam tributos, cobravam
pedágios, decidiam a guerra e a paz, administravam a
justiça (ARANHA, 2005, p. 17). Com o avanço do
mercantilismo, o policentrismo passou a ser um
entrave ao livre comércio.
A circulação das mercadorias era prejudicada pela
sequência de pedágios e mudanças de moedas a que
os comerciantes estavam sujeito ao atravessar um
território dividido por senhores feudais
independentes. O Renascimento (séculos XV e XVI)
é caracterizado justamente pela crise do feudalismo e
o surgimento do capitalismo, isto é, da expropriação
dos meios de produção dos pequenos produtores por
detentores de capital, e seus financiadores, os
banqueiros (BOBBIO, 1987, p. 69; ARANHA, 2005,
p.17). Do ponto de vista político, a nova classe
emergente precisava de um Estado centralizado que
lhe auxiliasse nas empresas ultramarina se lhes
livrasse dos entraves ao livre comércio.
O monarca absolutista dos primeiros Estados
modernos possui o monopólio da lei, da segurança e
da tributação. No caso da Itália, o país não era
unificado, mas, sim, dividido em reinos (Nápoles,
Sicília), ducados (Milão, Savoia, Módena),
repúblicas (Florença, Veneza, Siena, Genova) e os
estados pontifícios.

A República poderia ser tanto democrática quanto


aristocrática. No primeiro caso, o corpo coletivo
responsável pelo governo --mediante assembleias,
conselhos e magistraturas -- era composto por
notáveis, enquanto no segundo caso era composto
por cidadãos eleitos para o cargo (BOBBIO, 1985, p.
105).
Em Maquiavel, o primado político caracteriza-se
pela noção de ‘razão de Estado’. Apesar de essa
expressão só surgir na segunda metade do século
XVI, considera-se que Maquiavel tenha sido o
primeiro a delinear seus princípios (ARANHA,
2005, p. 78).

De maneira geral, esta doutrina diz que em situações


graves, que ameacem a segurança do Estado, é
permitido ao governante violar normas jurídicas,
morais, políticas e econômicas (ARRUDA, 2005, p.
78).
No caso de Maquiavel, esta ‘razão’, própria ao
Estado e não às pessoas, é caracterizada pela
independência do juízo político com respeito ao juízo
da moralidade cristã, em outras palavras, na política
serão consideradas morais as ações úteis à
comunidade, e imorais as que visam interesses
particulares ou que não atingem os fins almejados.

Neste sentido, existe para Maquiavel uma razão do


Estado, diversa da razão dos indivíduos: “Quando é
necessário deliberar sobre uma decisão da qual
depende a salvação do Estado, não se deve deixar de
agir por considerações de justiça ou injustiça,
humanidade ou crueldade, glória ou ignomínia”
(MAQUIAVEL, Discursos, III, 41º, p. 443.).
➢ A sua defesa no O príncipe da razão de
Estado foi mal compreendida durante
séculos e a despeito do resgate da sua
obra iniciado no século XIX, até hoje a
linguagem ordinária reflete a má fama
que recebeu;

➢ Na política, atribui-se a Maquiavel a


máxima “os fins justificam os meios”.
Retirado do seu contexto, pois ele fala
eficácia.
Porém, sendo a minha intenção escrever coisas que
sejam úteis a quem se interesse, pareceu-me mais
conveniente ir direto à verdade efetiva (verità
effettuale) da coisa que à imaginação em torno dela.
E não foram poucos os que imaginaram repúblicas e
principados que nunca se viram nem se verificaram
na realidade. Todavia a distância entre como se vive
e como se deveria viver é tão grande que quem deixa
o que se faz pelo que se deveria fazer contribui
rapidamente para a própria ruína e compromete a
sua preservação [...], é preciso que o príncipe
aprenda, caso queira manter-se no poder, a não ser
bom e a valer-se disso segundo a necessidade. (O
príncipe, cap. XV, p. 97-98).
4. Escola Francesa e o Organicismo.

De acordo com as classificações


geralmente aceitas, são cinco as
correntes principais da sociologia:
Organicismo Positivista, Teorias do
Conflito, Formalismo, Behaviorismo
Social e Funcionalismo.
Organicismo Positivista
Primeira construção teórica
importante surgida na sociologia,
nasceu da hábil síntese que Comte fez
do organicismo e do positivismo,
duas tradições intelectuais
contraditórias.
O organicismo representa uma tendência do
pensamento que constrói sua visão do mundo
sobre um modelo orgânico e tem origem na
filosofia idealista. O positivismo, que
fundamenta a interpretação do mundo
exclusivamente na experiência, adota como
ponto de partida a ciência natural e tenta aplicar
seus métodos no exame dos fenômenos sociais.
Assim, os primeiros conceitos da nova
disciplina foram elaborados de acordo com
analogias orgânicas, três das quais são
fundamentais para a compreensão dessa
corrente sociológica:
(1) o conceito teleológico da natureza, que
implica uma postura fatalista, já que as metas a
serem alcançadas estão predeterminadas, o que
impede qualquer tentativa de alterá-las;
(2) a idéia segundo a qual a natureza, a
sociedade e todos os demais conjuntos
existentes perdem vida ao serem analisados e
por isso não se deve intervir em tais conjuntos.
Essa noção leva, em conseqüência, à adoção de
uma atitude de laissez-faire; e
(3) a crença de que a relação existente entre as
diversas partes que compõem a sociedade é
semelhante à relação que guardam entre si os
órgãos de um organismo vivo.
Os fundadores da nova disciplina adaptaram
essa síntese ao ambiente social e intelectual
de seus países: Auguste Comte, na França,
Herbert Spencer, no Reino Unido, e Lester
Frank Ward, nos Estados Unidos. Os três
eram partidários da divisão da sociologia
em duas grandes partes, estática e dinâmica,
embora tenham atribuído importância maior
à primeira. Algumas diferenças profundas,
porém, marcaram seus pontos de vista.
Teorias do Conflito

Segunda grande construção do pensamento sociológico,


surgida ainda antes que o organicismo tivesse alcançado
sua maturidade, a teoria do conflito conferiu à sociologia
uma nova dimensão da realidade. A partir de seus
pressupostos, o problema das origens e do equilíbrio das
sociedades perdeu importância diante dos significados
atribuídos aos mecanismos de conflito e de defesa dos
grupos e da função de ambos na organização de formas
mais complexas de vida social. O grupo social passou a ser
concebido como um equilíbrio de forças e não mais como
uma relação harmônica entre órgãos, não-suscetíveis de
interferência externa.
Formalismo

A terceira corrente teórica do pensamento sociológico, que


definiu a sociologia como o estudo das formas sociais,
independente de seu conteúdo, legou à sociologia um
detalhado estudo sobre os acontecimentos e as relações
sociais. Para o formalismo, as comparações devem ser
feitas entre as relações que caracterizam qualquer
sociedade ou instituição, como, por exemplo, as relações
entre marido e mulher ou entre patrão e empregado, e não
entre sociedades globais, ou entre instituições de diferentes
sociedades. O interesse pela comparação entre relações
permitiu à sociologia alcançar um nível mais amplo de
generalização e conferiu maior importância ao indivíduo
do que às sociedades globais. Essa segunda característica
abriu caminho para o surgimento da psicologia social.
Os dois ramos principais dessa corrente são o
formalismo neokantiano e o fenomenológico. O
primeiro, baseado na divisão kantiana do
conhecimento dos fenômenos em duas classes -- o
estudo das formas, consideradas a priori como certas,
e dos conteúdos, que seriam apenas contingentes --
teve grandes teóricos nos alemães Georg Simmel,
interessado em determinar as condições que tornam
possível o surgimento da sociedade, e Leopold von
Wiese, que renovou a divisão kantiana entre forma e
conteúdo quando a substituiu pela idéia de relação.
Behaviorismo Social

Surgida entre 1890 e 1910, o behaviorismo social se


dividiu em três grandes ramos -- behaviorismo pluralista,
interacionismo simbólico e teoria da ação social -- e legou
à sociologia preciosas contribuições metodológicas. O
behaviorismo pluralista, formado a partir da escola de
imitação-sugestão representada pelo francês Gabriel Tarde,
centralizou-se na análise dos fenômenos de massas e
atribuiu grande importância ao conceito de imitação para
explicar os processos e interações sociais, entendidos
como repetição mecânica de atos.
Os americanos Charles Horton
Cooley, George Herbert Mead e
Charles Wright Mills são alguns dos
teóricos do interacionismo simbólico
que, ao contrário do movimento
anterior, centralizou-se no estudo do
eu e da personalidade, assim como
nas noções de atitude e significado
para explicar os processos sociais.
Funcionalismo

A reformulação do conceito de sistema foi o centro


de todas as interpretações que constituem a
contribuição do funcionalismo, última grande
corrente do pensamento sociológico e integrada por
dois importantes ramos: o macrofuncionalismo,
derivado do organicismo sociológico e da
antropologia, e o microfuncionalismo, inspirado nas
teorias da escola psicológica da Gestalt e no
positivismo. Entre os adeptos do funcionalismo estão
os antropólogos culturais Bronislaw Malinowski e A.
R. Radcliffe-Brown.

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