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CAPÍTULO I

AS CLASSES SOCIAIS E A DEFESA DO PREDOMÍNIO DAS CLASSES


MÉDIAS

ARISTOTELES refere com lucidez (razão) e modernidade ao tema das classes sociais
definidas em função das condições económicas e da sua influência na vida política e no
funcionamento do Estado.

Para Aristóteles o Estado, ou a sociedade política, se compõe de três partes ou classes de


cidadãos:
Os que são muito ricos, os que são muito pobres e, enfim, aqueles que se encontram
numa posição intermediária. A vista disso, a estagirita, defende que a melhor forma de
governo é a que for constituída, em maioria, por cidadãos das classes médias.
ARISTÓTELES, apresenta várias razões para fundamentar essa sua ideologia:

1. Em primeiro lugar, os que pertencem à classe média integram-se mais


harmoniosamente numa sociedade equilibrada e sã. Eles têm maiores
possibilidades submeterem à razão;
2. Em segundo lugar, ele explica que, por um lado, os muitos ricos estão sujeitos a
tornar-se violentos e arrebatados e a tentar atuações audaciosas contra o Estado;
Por outro lado, os muitos pobres, são mais inclinados à intriga à prática de
numerosas pequenas desordens.
3. Se a classe dos muito ricos ou a classe dos muito pobres forem predominantes, a
Cidade sofrerá graves inconvenientes, pois aqueles que gozam de vantagens
imensas não querem nem sabem obedecer aos magistrados;
Já os muito pobres são demasiado humildes e rastejantes. Estes não sabem
comandar, sabem apenas mostrar submissão.
4. É necessário, segundo Aristóteles, que a república seja composta por cidadãos da
classe média, uma vez que são os que se mantém e conservam melhor, não
desejam os bens dos outros, como os pobres. Nem são objeto de inveja ou de
ciúmes, como os ricos, não são tentados a prejudicar ninguém, e ninguém
procura prejudicá-los.
ARISTÓTELES, conclui então que não pode haver Estado bem administrado
senão onde a classe média é numerosa, e mais poderosa, esse tipo de Estado é o
único que está isento, não está sujeito, a perturbações e revoltas.
CAPÍTULO II

CLASSIFICAÇÃO DOS REGIMES POLÍTICOS

Uma das matérias em que ARISTOTELES se revelou mais profundo e útil


aos vindoiros, foi a da classificação dos regimes políticos ou formas de governo - para
ele o que constitui a forma de governo de um Estado é a ordem ou o estabelecimento
das magistraturas, sobretudo daquela que tem o domínio sobre as outras;

ARISTÓTELES admite o valor relativo dos regimes políticos, pois ele ira defender que
não há apenas um regime legítimo ou conveniente, todos os governos que têm por fim a
utilidade comum dos cidadãos são bons e agem conforme à justiça, mas todos aqueles
que só zelam para o interesse particular dos homens que governam estão no caminho
errado.

A partir daqui, ARISTÓTELES apresenta uma classificação dos regimes políticos


agrupados em regimes bons e regimes degenerados. Primeiro iremos ver os que são
bons, pois quando os tivermos bem definidos, será fácil de reconhecer quais são os
governos que não passam de desvios ou corrupções.

Assim os regimes políticos bons estão, quanto a ele, classificados em:

a) Monarquia, a qual dá-se vulgarmente o nome de realeza, liderado por um só


homem, o rei, e que tem por fim o interesse geral;
b) Aristocracia, que é o governo de um pequeno número de homens, que exercem
o poder para o maior bem do Estado e de todos os membros da sociedade e, em;
c) República, em que a multidão governa no sentido do interesse geral.

De outro lado, temos as formas degeneradas, que são aquelas que constituem
desvios dos bons regimes, em relação à realeza, a tirania; em relação à aristocracia,
a oligarquia; e em relação à república, a democracia.

a) a tirania é uma monarquia governada no interesse exclusivo do monarca;


b) a oligarquia é dirigida unicamente no interesse dos ricos e;
c) a democracia é orientada somente no interesse dos pobres;

Nenhum destes governos se ocupa do interesse geral da sociedade.


CAPÍTULO III

A MELHOR FORMA DE GOVERNO

Para ARISTÓTELES uma forma de governo que é considerada perfeita para um


determinado país ou época, pode ser para outro desnecessário. Apesar disso,
ARISTÓTELES não deixa de apresentar um ponto de vista sobre o que é, para ele, o
melhor governo. Aristóteles vai dizer que a tirania é o mais detestável dos governos,
vem depois a oligarquia e por último a democracia.

Portanto, ARISTÓTELES, considera que a melhor forma de governo é a da república de


carácter misto, contendo alguns elementos da oligarquia e da democracia e apoiada no
predomínio das classes médias. Nesse regime, muitas pessoas não hesitam em falar dele
como uma democracia, porque há na sua constituição há muitas coisas populares, como
a mesma educação, alimentação acesso às magistraturas tanto para os ricos como para
pobres. E muitas outras pessoas designam esse governo como oligarquia porque nele se
encontram muitas instituições oligárquicas.

CAPÍTULO IV

A SUCESSÃO CICLICA DAS FORMAS DE GOVERNO

ARISTÓTELES, também se ocupa das transformações dos regimes políticos e da sua


evolução cíclica. O ciclo começa no regime que, historicamente, se considera ter sido o
primeiro, convém salientar que tal a evolução não é linear, não segue uma sequência
plena, tem altos e baixos, embora caminhe de um modo geral no sentido de uma
melhoria gradual (passo a passo) e é o encerramento do ciclo que coincide com a
melhor forma de governo.
Assim, segundo ARISTOTELES, a primeira forma de governo é a monarquia: foi esse é
o governo dos antigos. Mas na monarquia há vários cidadãos que se destacam pelo seu
mérito, pela sua virtude ou pelas suas capacidades, e os problemas por serem cada vez
mais numerosos e complexos, fazem com que haja a necessidade de com que o poder
seja partilhado entre um pequeno número de homens ou de vários de modo à haver uma
melhor administração do poder político, dessa forma a monarquia dá lugar a
aristocracia. Porém, a aristocracia transforma-se num grupo social que tende para o
egoísmo e para a riqueza, passando a governar no seu próprio interesse, assim saímos da
aristocracia para a oligarquia. No entanto, o grupo dominante, o grupo dos ricos, perde
apoio e fecha-se sobre si mesmo. Só um poder tirânico e unificado poderá manter os
privilégios, a situação evolui para a tirania.

Mas devido a opressão do tirano sobre o povo, este, o povo, reivindica o governo no seu
interesse, isso graças ao seu número, a sua força e ao seu desespero, assim surge a
Democracia.

Entretanto, o excesso destas obrigam dentro de algum tempo a adotar uma forma mais
moderada, em que o elemento oligárquico é convidado a participar, e que resultará
melhor quando se apoiar mais na classe média e, assim surge a república mista, forma
de governo que, como vimos, tem a preferência do filósofo.

CAPÍTULO V

PERGUNTAS SOBRE ARISTÓTELES

1. “O homem é naturalmente um animal político”. Comente a


afirmação.

É de se admitir que Aristóteles é partidário do bom senso, do equilíbrio.

Ao falar que o homem é naturalmente um animal político, Aristóteles, entende que o


homem é um ser que necessita de coisas e dos outros, sendo, por isso, um ser
desprovido e imperfeito, buscando a comunidade para alcançar a completude
(perfeição). E a partir disso, ele conclui que o homem é naturalmente político, o único
capaz de distinguir o bem do mal, do justo e do injusto. Além disso, para Aristóteles,
quem vive fora da comunidade organizada ou é um ser degradado ou um ser sobre-
humano (divino).

Dita de outra forma, o homem é um animal político porque é feito para viver em
sociedade, pois, segundo Aristóteles, na ordem da natureza, a Cidade existe antes da
família e antes do indivíduo, por essa razão todos tendem para a vida em sociedade. A
vida em sociedade necessita de regras de conduta, de modo a haver uma melhor
convivência e, sendo o homem um animal político, o mesmo ira usar da política e, não
só, para regular os conflitos sociais estabelecendo regras, leis e normas de conduta., é
esse instinto Político que o incentiva a procurar pelo bem público, à vida em comum. O
homem, quando atinge o seu grau de perfeição, é o mais excelente dos animais, é no
entanto o pior deles todos quando vive isoladamente, sem leis e sem códigos, o único
capaz de viver na sociedade com vocação.

2. Compare as perspetivas de Platão e Aristóteles, tendo em conta:

a. Objetivos e finalidades do Estado – Aristóteles tinha um entendimento


bastante diferente acerca do Estado. Ele entendia que o Estado é quem deveria regular e
decidir a vida familiar, a religiosa e moral, Tendo em consideração que o Estado é, para
Aristóteles, uma comunidade perfeita, ele tem por objetivo o bem supremo, a realização
de uma vida boa ou feliz, mas não a felicidade como soma de prazeres, mas a felicidade
como soma de virtudes. O Estado deveria tornar o homem bom e virtuoso, mas para que
os homens se tornam nisso é necessário que o Governo e as leis do país sejam
orientados para a consecução do bem. O estado não é, portanto, um fenómeno político
ou jurídico, este é, e deve ser, um Estado ético, um feito moral e religioso.

Platão admite, que o objetivo do Estado é promover a justiça, que se traduz no


ordenamento da classe dos magistrado, dos guardas e dos artífices, cada uma na sua
esfera, para que desempenhem corretamente a respetiva função, sem invadir o campo
próprio das outras. A segunda e a terceira classes devem estar subordinadas à primeira e
obedecer às suas decisões, e a ascensão da 2º classe para a 1ª é a temperança. Platão
argumenta que pela justiça o estado impõe aos indivíduos a profissão e os cargos que
devem desempenhar, é o Estado que deverá escolher os homens e as mulheres que hão-
de unir-se. Fora isso, é o Estado quem está encargue de educar os filhos.

b. A melhor forma de governo – Aristóteles, antes de começar a apresentar o


seu ponto de visto sobre o que é, para ele, a melhor forma de governo, ele afirma que
não há apenas um regime legitimo, uma forma de governo que é considerado perfeito e
útil para um determinado país o época, pode ser para outro desnecessário. Fora disso,
Aristóteles considera que a melhor forma de governo é a República de carácter misto,
contendo elemento da democracia e da oligarquia e que melhor resulta quando há o
predomínio da classe media, pois estes integram-se melhor numa sociedade equilibrada
e sã.

Já para Platão, a melhor forma de governo é a sofiocracia, o governo da sabedoria, da


razão, da inteligência a descrita como forma de governo da Cidade ideal, portanto
exercida pelo Rei-Filósofo, isto é, o rei que saiba tornar-se filósofo, ou ao filósofo que
consiga vir a ser rei, um homem justo e virtuoso, com alma de ouro, possuído pela
razão, pela verdade, pela sabedoria, isentos de egoísmo, por isso que imunes às
seduções de riqueza e da família.

c. Os problemas da propriedade – Antes de tudo é necessário termos em


consideração que Aristóteles foi aluno de Platão, mas não seu discípulo. Enquanto,
Aristóteles é mais realista, Platão, por outro lado, é mais idealista.

PLATÁO preconiza uma forma de sociedade comunista, embora só para a classe dos
guardas e para magistrados. Em primeiro lugar, nenhum deles possuirá quaisquer bens
próprios, devia-se eliminar nessas classes a propriedade privada e a riqueza. Além do
mais ele defendeu a abolição do casamento e da família. As mulheres dos guardas serão
comuns a todos esses homens, nenhuma delas coabitará em particular com nenhum
deles. Segundo, Platão a propriedade comunal conduz à paz social, visto que ninguém
teria inveja ou tentaria furtar a propriedade de outro.

Aristóteles, diversamente de Platão, defende profundamente o direito privado, a


propriedade particular e a família. Para ele nada é mais satisfatório de falar que algo é
nosso, pois quando é comum a todos ela perde valor, é descuidada.

Aristóteles respondeu dizendo que a propriedade comunal levaria a um conflito intenso


e contínuo, visto que haverá reclamações dos que trabalharam mais e obtiveram menos
do que outros que fizeram pouco.

Segundo, Aristóteles poder ajudar um amigo, não só, e socorrê-los na aflição, é o mais
doce dos prazeres e só se pode fazê-lo na medida em que possui alguma coisa como
própria.

Abolir a família e a propriedade é, para Aristóteles, anular a contenção às mulheres, pois


é coisa digna de estima e honrosa, mostrar respeito pela mulher de outrem. Além disso,
anula a generosidade no emprego dos nossos bens, pois será impossível, na hipótese da
abolição da propriedade privada, dado que a liberalidade não consiste se não na maneira
por que se usa aquilo que se possui.

Realça Aristóteles que, a proposta de abolição da propriedade privada e ao


estabelecimento do comunismo dos bens, além de ocasionar numerosos vício, como as
rixas, a violação de compromissos, elas resultam da corrupção geral e não da
inexistência do comunismo do bens, a verdade é que há mais conflitos entre aqueles que
possuem coisas em comum do que aqueles cuja fortuna é separada, Fora isso essa
proposta tem um caracter utópico, irrealizável, pois não é possível ela existir na prática.

Defesa da família – Aristóteles advoga, com perspicácia, que nada inspira mais ao
Homem do que uma coisa que nos pertence, “nada é mais prazeroso do que falar que
esse filho é meu, essa é minha família”. Numa sociedade como a que Platão propunha,
não é possível saber quem são os seus próprios irmão, ou seus filhos ou os seus pais,
haverá assim muito pouca benevolência (bondade), tendo em conta que esse sentimento
significa para a sociedade o maior de bens.

Logo conclui-se que Aristóteles apresenta uma crítica sistemática e vigorosa às


concepções de Platão sobre a organização da sociedade e do Estado, relativamente ao
tema da propriedade privada e da família, condenando a forma una da Cidade de Platão
e enaltecendo a superioridade do pluralismo social e política sobre este modelo. A
medida que a cidade for mais una ela acabara por se reduzir a uma família e depois a um
indivíduo.

Posteriormente, Aristóteles ataca a perceção platónica do comunismo das mulheres e


dos filhos, tal como dos bens declarando em tese geral que há duas coisas que
contribuem tornar o homem feliz e virtuoso, são elas a propriedade e o afeto.

3. Segundo Aristóteles, era melhor ser governado pelos homens melhores


ou pelas melhores leis.

Aristóteles defende a superioridade da lei sobre a vontade dos homens, o chamado de


princípio da legalidade.

Sustenta ARISTÓTELES que "se houver um homem que difira tanto dos outros todos,
que não haja qualquer comparação entre a qualidade e a habilidade política dele e de
todas as outras pessoas, ele não deverá mais ser considerado parte da Cidade. Para
homens tal como este não haverá lei: eles serão a própria lei.

No entanto isso não é o ideal a fazer, a regra geral é a do respeito pela lei, a da
observância da legalidade, a do sistema das leis, objetivas e impessoais, acima da
vontade, do capricho e da discricionariedade dos homens.
O grande argumento a favor do governo dos homens, e contra o governo das leis, é o de
que "a lei é uma norma geral, não leva em conta situações particulares", ou seja, a lei é
cega e não permite uma aplicação individual justa, adaptada às circunstâncias de cada
caso particular. Mas ARISTÓTELES não se deixa convencer por este argumento.
Em primeiro lugar, porque no regime do primado da lei "a lei delega o resto nos
magistrados para que julguem e decidam tão justamente quanto possível". Há, pois,
neste sistema, toda a possibilidade de atender às circunstâncias particulares de cada
caso: será essa a tarefa dos órgãos executores da lei.
Em segundo lugar, ARISTÓTELES considera que o primado da lei é muito preferível
ao governo livre de qualquer cidadão, porque a lei é a razão sem o apetite, ao passo que
o poder pessoal é o domínio das paixões incontroláveis. Assim aquele que tenta dar o
poder supremo à lei parece estar a propor Deus e a razão para governarem sós, enquanto
aquele que tenta dar o poder a um homem acrescenta-lhes uma besta, pois o desejo e a
paixão distorcem os governantes e mesmo os melhores homens.
Por outro lado, ARISTÓTELES foi também um pioneiro das teorias modernas da
separação de poderes com efeito ele escreve que "Cada constituição tem três partes
aquela que delibera sobre os negócios públicos, aquela que respeita aos cargos públicos,
e aquela que julga e depois examina as várias espécies de cada uma, e como são
designados os respetivos titulares. Algo bastante semelhante ao que se vive hoje.

REFERENCIAS
https://universidadelibertaria.com.br/aristoteles-a-propriedade-privada-e-
o-dinheiro/
juntar critica com defesa da família e da propriedade privada.

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