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Otanes: o poder deveria ser do povo e nenhum deles deveria ser monarca, pois seria
penoso e injusto e o monarca concentraria tanto poder a ponto de corromper qualquer
homem bom, pois o poder geraria a prepotência e a inveja que alimentam o mal.
Mesmo o monarca possuindo tudo, ele argumenta que ainda seria provido de inveja
daqueles poucos bons que restam e nunca está satisfeito com aquilo que é feito para
ele. Para ele, o mais grave é que o monarca viola as mulheres, mata os cidadãos e
subverte as autoridades do país.
O governo do povo significaria “isonomia”, pois não reflete nenhuma ação que um
monarca teria. Os cargos públicos são distribuídos na “sorte”, é necessário prestar
contas e as decisões devem passar pela aprovação popular. Em resumo, para ele, a
monarquia deveria ser descartada e a democracia deveria ser instaurada.
Já quando o povo que comanda, não é possível que não haja corrupção na esfera dos
negócios públicos, porém, nesse caso, não se formam inimigos, mas sim alianças
entre aqueles que praticam o mal, que a partir disso começam a conspirar
conjuntamente. Isso acontece até que chegue alguém que abrace o povo e os defenda
contra os planos subversivos. Ou seja, quando temos um monarca.
O interessante entre o pensamento dos três é que sempre concordam com uma das
formas de governo mas fazem críticas quanto a outra. Entretanto, a classificação
completa abrange 6 formas de governo, já que as 3 boas também são seguidas de 3
más.
Capítulo 2 – Platão
Ele inclui apenas 3 formas más no debate, pois essas não se enquadram na
constituição ideal. A ideia predominante é que os governos alternam entre uma forma
boa e uma má (+-+-...). Porém, para Platão, temos uma sucessão de formas más, que
vão piorando com o passar do tempo [+ ) - - - - ( +]. A história, para Platão, trata-se de
uma regressão indefinida: vai do mal ao pior com o passar do tempo e, para atingir o
bom novamente, deveria haver um processo radical (a ponto de acreditar que isso não
possa acontecer e ser suportado).
O motivo que explicaria a mudança repentina das formas de governo está no excesso.
O homem timocrático é corrompido quando almeja em excesso a ânsia por poder. O
oligárquico quando transforma a riqueza em avidez, avareza e ostentação. O
democrático quando se torna licencioso, agredindo a liberdade ao pensar que tudo é
permitido. O tirano quando se transforma em puro arbítrio e torna-se violento.
1) Na classe dirigente;
2) Entre dirigentes e dirigidos (governantes e governados).
Capítulo 3 – Aristóteles
Na visão dele, como constituição = governo, esse poder soberano deve estar
concentrado em ‘um só’, em ‘poucos’ ou em ‘muitos’. Quando exercem o poder
visando o bem público, as constituições são retas, mas, quando há a interferência
visando o interesse privado, temos desvios.
As formas boas são definidas quando o governante visa o interesse comum, enquanto
as más nascem quando visam o interesse próprio. Isso está ligado com a polis: as
pessoas se reúnem em cidades não somente para viver, mas para viver bem.
1) Poder do pai sobre o filho: poder exercido visando o interesse dos filhos
2) Poder do senhor sobre o escravo: poder exercido visando o interesse
próprio;
3) Poder do governante sobre o governado: poder exercido visando o interesse
comum entre governantes e governados.
Algo diferente para Aristóteles é que dentro de uma das formas de governo podemos
ter diversas subdivisões. Exemplo: a monarquia para ele poderia ser subdivida entre
a ‘monarquia dos tempos heroicos, que era hereditária e baseava-se no
consentimento dos súditos’, na monarquia ‘de Esparta, onde o poder supremo se
identificava com o poder militar’, etc.
A dúvida que surge é sobre a ‘politia’. Por ser um modelo intermediário entre a
democracia e a oligarquia, que são ambos corrompidos, deveria ela ser corrompida
também? Para Aristóteles, justamente por ser um intermediário entre democracia e
oligarquia, o maior problema entre os dois seria sanado. A democracia é o governo
onde dominam os pobres e pouco importa a quantidade deles. Já a oligarquia é onde
dominam os ricos e igualmente não importa a quantidade deles. A politia, por ser uma
mescla entre as duas, seria o poder dividido entre os ricos e os pobres e, por conta
disso, o problema de tensão da luta contra o poder seria solucionado. Seria a politia o
regime mais propício para assegurar a paz social.
Por fim, Aristóteles vai apresentar como que podemos fundir dois regimes para criar
um terceiro melhor que os anteriores.
1) Conciliar procedimentos que seriam incompatíveis: chegar a algo
intermediário e comum. As oligarquias penalizam se os ricos não participam da
vida pública e não concede prêmio aos pobres que participam. Nas
democracias se penaliza o rico e, também, não concede prêmio aos pobres. A
conciliação viria, por exemplo, por uma lei que penaliza os ricos que não
participam e premiar os pobres que participam;
2) Adotar um meio-termo entre as disposições extremas dos dois regimes:
no exemplo da oligarquia-democracia, o meio termo seria por exemplo diminuir
o limite de renda proposto pela oligarquia para que abranja mais pessoas, se
assemelhando mais com a democracia;
3) Recolher o melhor dos dois sistemas legislativos: na oligarquia temos
eleições para os cargos públicos, mas só para aqueles com certa renda. Na
democracia eles são distribuídos por sorteio entre todos. O melhor dos dois
seria manter as eleições, mas retirar o requisito da renda.