instabilidade social e política em que a Itália não unificada constituiu um mosaico de Estados com dimensões territoriais, regimes políticos, estágios de desenvolvimento econômico e até mesmo culturas muito diversas. Nessa época, Estados regionais estavam em constante conflito, a maior parte dos governantes não conseguia se manter no poder. Maquiavel cresceu e atuou como secretário e diplomata do governo.
Questão central de “ O Príncipe ” é como deve
agir o governante para estabelecer ordem instaurando e mantendo um Estado estável. Ele rompe com o pensamento greco-medieval no que se refere a natureza da ordem política e também a conduta e as virtudes requeridas de um bom governante.
Para Aristóteles, a ordem política é algo natural
que antecede os próprios seres humanos e decorre de sua necessidade. Para Maquiavel, ela é construida pelas pessoas no intuito de evitar o caos e a barbarie e uma vez alcancada não é definitiva, devendo ser fruto da atencão e do trabalho constantes daquele que está no exercício do poder. Nada é certo, necessário e estável no espaco da política. Enquanto Platão descreve uma pólis ideal, governada por filósofos pois fariam leis boas e justas, governam guiados pela ideia do bem, Maquiavel se apresenta como o autor da verdade efetiva das coisas, recusa qualquer idealizacão da vida política e que não deixa de considerar a feiura da verdade sobre a natureza humana em sua reflexão sobre o poder.
A obra de Maquiavel é um reflexo do clima de
instabilidade e de incerteza de sua própria época. Considera como o governo e governante deveriam ser e não como de fato eram. Seu ponto de partida é a realidade tal como ela é, e não como se gostaria que ela fosse, isso é o realismo político.
A política para ele nada mais é do que uma
consequencia da natureza humana. Ao procurar as causas das acões dos homens, Maquiavel acreditava acha-las nos comportamentos e atitudes que se repetem ao longo da história, que são constantes. Não baseado em desígnios divinos, mas sim em uma natureza humana e a existencia de tracos humanos imutaveis. Entre ser amado e temido, tracos negativos de nossa natureza como o conflito e anarquia são necessários. O ideal seria ser ao mesmo tempo amado e temido entretanto, os individuos só respeitam aquele que eles temem, ao contrario do amor que é voluvel, o temor nunca falha pois é mantido pelo medo da punicão. Maquiavel se volta contra a visão clássica do ser humano, segundo a qual haveria na pessoa uma propencão natural para o bem, para a ordem, e para a construcão da vida boa em sociedade. Sua concepcão do indivíduo é como um ser mau movido por paixões e desejos puramente egoístas. O conflito originado da luta das pessoas pela satisfacão de seus interesses e necessidades justifica a existencia do poder. A política se apresenta como atividade coletiva, sendo o estado o poder central. O detentor do poder pode e deve fazer tudo para assegurar tal cargo, inclusive da forca e da crueldade quando necessário. Um fator social de instabilidade do poder trata-se da presenca inevitável de duas forcas opostas, uma delas o desejo popular de evitar a oprecão dos poderosos e a outra da tendencia dos mesmos poderosos para comandar e oprimir o povo.
Há duas respostas para o problema: monarquia
exigida quando a nacão se encontra em desordem tomada pela corrupcão e carente de um governante forte capaz de instaurar o poder político. A segunda é a república, ou regime da maioria, apropriada para quando a sociedade já econtrou formas de equilíbrio. Trata-se do regime de liberdade, em que o Estado se apresenta como o mediador entre o povo, que almeja ser livre, e os poderosos. Para ele, o regime republicano é o melhor sistema para manter a liberdade. As cidades crescem em riqueza e poder quando são livres, pois só nessa condicão o interesse comum é respeitado.
A Itália necessitava ser restaurada e unificada
pela figura de um princípe capaz de fundar um Estado e lhe garantir a estabilidade. No terreno da política o que vale é a eficácia das acões. O homem de virtu não é o moralmente bom, mas aquele que se mostra capaz de lhe dar com o conjunto das circunstancias produzidas pelo acaso (a fortuna) e que não dependem de seu controle tendo as habilidades necessárias para conquistar e manter o poder, trazendo prosperidade e honra para seu governo.
Contratualista é aquele filósofo que afirma que o
Estado ou a sociedade são fruto de um contrato firmado entre as pessoas garantindo um benefício múltuo. Vivendo incialmente num estado natural sem poder e organizacão, os indivíduos firmam um pacto por regras sociais e subordinacão política, frutos de consenso. A aceitacão das pessoas em prol de um bem comum dão origem ao Estado como instancia supraindividual cuja o papel é garantir a sociedade por meio do arbitramento de conflitos e interesses do monopólio do uso da forca.
O contratualismo se vale de um recurso ficcional.
Não pretende desecrever como de fato se originaram as instituicões políticas, mas sim encontrar um meio de pensar como elas podem ter se originado e justificar sua legitimidade. Hobbes
O ser humano deve fazer tudo aquilo que for
necessário para assegurar sua conservacão. Se eles se encontram em condicão de guerra são todos contra todos. É um constante temor e perigo de morte violenta e a vida do homem e solitária, pobre e curta. Um dos principais defensores do poder absoluto do Estado. Para o liberalismo, a liberdade do indivíduo é o valor supremo, ele foi um grande crítico dessa concepcão.
Para ele o Estado seria uma pessoa de cujos atos
uma grande multidão, por meio de pactos recíprocos uns com os outros foi instituida de modo que o uso da forca e os recursos de todos assegure a paz e a defesa comum.
Se não existissem regras sociais, uma situacão
onde não houvessem instituicões governamentais, cada pessoa estaria livre para fazer o que quisesse e haveria uma guerra constante de todos contra todos, na qual seria o estado de natureza, onde o homem se comportaria como “o lobo do próprio homem”. Devido ao fato de as necessiades básicas serem iguais e não havendo o suficiente para todos, elas teriam que competir pelos mesmos bens escassos.
Sua visão do ser humano é como egoista,
violento, interesseiro, e mau, propenso ao conflito e a constante guerra contra seus semelhantes. Num tal estado, a hostilidade é constante e as pessoas vivem, por não haver um poder comum, no temor recíproco e permanente da morte violenta.
Enquanto um poder capaz de impor ordem e de
estabelecer um governo comum que determine regras para garantir a paz, a justica e a prosperidade social, o Estado é uma necessidade para os homens que antes viviamno estado de natureza. Para Hobbes o que faz os homens tenderem para a vida num Estado capaz de lhes garantir tais beneficios é o medo da morte e o desejo e a esperanca de conseguir pelo trabalho aquelas coisas necessárias para uma vida pacífica e confortável.
Assim é que as pessoas concordam em celebrar
entre si um pacto ou um contrato social por meio do qual aceitam restringir suas próprias vontades através de leis capazes de assegurar a paz que permite a conservacão da vida. Fruto do consenso das vontades é fundado artificialmente pelos sujeitos entre si e firmado por esses com o soberano, dando assim origem a sociedade civil. Por meio dele os indivíduos transferem ao Estado todos seus poderes, direitos, liberdades devendo obediencia irrestrita.
Funcão do pacto formado é promover a passagem
do estado de guerra para o estado de paz, instituindo o poder soberano. Possui três atributos fundamentais.
Por se tratar de um pacto de submissão estipulado
entre indivíduos,
O poder oriundo é irrevogável na medida que
consiste em atribuir a um terceiro (o soberano) situado acima das partes, o poder que cada um tem um estado de natureza, que é de caráter absoluto por ser esse terceiro ao qual o poder é atribuido a uma única pessoa, o poder é indivisível, se o soberano por fraqueza ou negligência, não cumpre sua tarefa essencial que é evitar que os cidadãos caiam novamente no estado de natureza se torna justificada a desobediencia civil.
Para ele, o soberano de um Estado tem poder
absoluto ou ilimitado, visto encontrar-se acima das próprias leis podendo fazelas revogalas ou abolilas. O contrato que estabelece a soberania do Estado não o sujeita a nenhuma obrigacão, a não ser a de garantir a tranquilidade e o bem estar dos contratantes, os súditos. Para Hobbes, tanto poder conferido ao Estado soberano se justifica uma vez que o poder soberano é menos prejudicial do que a ausência de um tal poder.
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