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Resenha Crítica: O Leviatã Capítulos XIII

Carol Alves da Silveira

Introdução
Sua filosofia está atrelada as turbulências de sua época, das guerras as quais é
testemunha direta. O livro foi escrito, em uma época em que a Inglaterra sofria uma tremenda
guerra civil, que cominou na decapitação de Carlos I e guerras religiosas na França. Do outro
lado encontra-se a Revolução Científica e o advento da Ciência Moderna. No contexto dessas
rivalidades que Thomas Hobbes escreve “O Leviatã” em 1651. Essa palavra na qual o título se
refere é um monstro bíblico, onde ele se refere ao que hoje se chama de Estado.
Ele vai escrever no sentido de oferecer uma solução para o problema do contexto em
que ele viveu. Onde somente o Estado poderia controlar o homem, que no seu estado por
natureza não conseguiria manter a paz por si só. Todo esse mecanismo está direcionado para a
busca da paz política na Inglaterra, naquele contexto bem atribulado no século XVII.
O homem tem o desejo de poder, bens, uma vez que tem medo de algum dia ficar sem,
por isso a vontade de se acumular fortuna. Pois com esse poder eles preservam sua própria vida
no futuro. Mas para um ter poder, outro indivíduo vai ter que ficar sem, tendo como
consequência a guerra de todos contra todos. Diante esse acontecimento que consiste no
principal questionamento do autor, e com isso irá desenvolver certas concepções de Estado.
A natureza humana é cheia de conflitos, seres medrosos em confronto, buscando poder.
A vida nesse Estado de natureza é solitária, miserável, sórdida, brutal e curta. Por termos esses
medos que fazemos mal e ao confronto. O autor traz um pensamento de que todo homem tem
um selvagem dentro de si, e se não tivermos um Estado para regular, o ser humano está
destinado a viver sempre em guerra. Pois a natureza humana é cheia de discórdias, e que somos
movidos pelos nossos próprios interesses, por causa de nossos instintos, impulso natural.
Os homens criam o Estado, para que isso garanta a segurança dos indivíduos e o tirem
dessa condição de guerra de todos contra todos. Portanto com o surgimento desse Estado, que
tem que possuir o que chamamos hoje de poder absoluto. A soberania tem que estar
concentrada em um homem ou em uma assembleia de homens, e a partir disso cria -se um
Estado como um contrato social, um pacto social, para que governo elimine esse conflito de
guerras.
Para esse sistema funcionar, é necessário que o homem abra mão de sua liberdade, em
nome de um governo, que possa controlar a sociedade e garantir a paz. O indivíduo vivendo
sobre o comando do Estado, dessa forma “O Leviatã” consiste no homem artificial, no qual
não seria capaz de viver em paz por conta própria. O Estado um demônio necessário para se
impor a ordem e trazer a paz a sociedade.
Hobbes não está preocupado com uma solução específica, e sim com uma teoria de
Estado mais forte que a guerra. Vivendo em um modelo sem conflitos, mas a população sendo
reprimida o tempo todo para manter uma paz. Alegava que poderia ser pior do que a guerra.
Capítulo XIII- Da Condição Natural da Humanidade Relativamente à sua Felicidade e
Miséria
O autor contesta todas as doutrinas clássicas que afirmam a ver uma desigualdade natural entre
as pessoas. Desigualdade está que justificaria qualquer tipo de direitos, benefícios ou lugares
sociais distintos. Que a partir de sua concepção, ver como ele inaugura a teoria política clássica.
A teoria do Estado moderno questiona um dos pressupostos centrais da filosofia política
tradicional. De acordo com Hobbes, não a nada na natureza dos homens, que justifique posições
de poder diferentes. Os indivíduos são iguais por natureza, se instituem relações de autoridade
entre eles de comando e subordinação, de governo e governado, não tem nenhuma associação
com a natureza. Uma vez que são relações criadas, artificiais, produto do pacto social. Que essa
conexão é produto da relação humana.
Concede a natureza humana com uma igualdade, tanto as capacidades o espírito, ou
seja, a razão e as faculdades do corpo, que seriam as paixões, forças e fraquezas. Muito em
bora, podemos encontrar entre os sujeitos disparidades de força, ainda sim, isso pode ser
atenuada, reduzida a partir do momento que podemos usar instrumentos que aprimoram ou
diminuam a capacidade de força. A igualdade enquanto ao corpo ela vai ser limitada de acordo
com instrumentais e estratégias que esse sujeito pode utilizar.
Justamente por serem iguais, em princípio, cada um vive constantemente temeroso de
que outro que venha tomar-lhes os bens ou causar-lhe algum mal, pois todos seriam capazes
disso. Esse temor, por sua vez gera um estado de desconfiança, que leva aos homens a tomar a
iniciativa de atacar antes de serem agredidos. É nesse ponto que a razão humana interfere,
levando-os a estabelecer o contrato social.
Apesar de suas más, imprevisíveis e irracionais paixões, o homem é racional, tem
consciência e, à medida que cresce e é educado em sociedade, descobre os princípios que
precisa obedecer a fim de viver no “estado social”, regulamentado pelo direito, superando,
assim, o estado de natureza.
Uma vez que a natureza nos apresenta diversos objetos, todos os sujeitos podem disputar
daquele mesmo objeto com o mesmo direito. Porque todos possuem a mesma igualdade, e
reivindicando-os, pode inclusive acarretar a morte de um cidadão. Portanto se o desejo de
determinado objeto que os dois desejam, sem alguma entidade que assegure que esse
instrumento seja de alguém ou não, pode-se entrar em conflito. Uma tendência para a guerra
dessa igualdade primordial dos humanos.
No que se refere a essa miséria, este estado dispersa todos e todos vivem para si, a
igualdade de forças e inteligência faz com que as pessoas vivam em constante estado de defesa,
em constante medo e desarmonia. Três razões principais são descritas, uma é a competição que
vai promover um tipo de uma violência para conquistar determinado objeto. A segunda é a
desconfiança, uma vez eu o objeto esteja em uma disputa, cria-se esse comum desconfiado, de
um entre os outros, acontecendo o que Hobbes chama de tensão, ocorrendo certas incertezas,
turbulências. A terceira é a glória, isso está relacionado à reputação dele ou daqueles que vivem
com ele.
Casos os homens sejam deixados a si, a suas paixões, a isso que os movem para desejar
algo, independente de outro também desejar, esse medo continuo e o perigo de uma morte
violenta, estará sempre assombrando essa reunião de homens. Então a vida deste é solitária,
miserável, sórdida, brutal e curta. Esse clima de turbulências é a qual ele chama de Estado de
guerra.
Segundo Hobbes, incialmente, o homem vive em um “estado de guerra”. Essa expressão
é utilizada para reafirmar tantos os mais primitivos estágios da história humana como a situação
de desordem em que os homens se encontram sempre que não tem suas ações controladas e
reprimidas pela voz da razão, pelas instituições políticas fortes e eficientes ou por um poder
superior.
Ressalta a magnitude desse perigo de desordem social entre os homens afirmando que
eles, enquanto estiverem em estado de natureza, são inclinados a violência, são egoístas, além
de insaciáveis, condenando-se a uma vida repulsiva, solitária, pobre, dominada por instintos
selvagens e, por isso mesmo, breve e tumultuada, na qual reinaria a desordem e o caos. Dessa
forma, o estado de natureza é uma ameaça permanente que paira sobre a sociedades, além de
poder ser deflagrado toda vez que a paixão e os instintos falarem mais alto que a razão, ou
quando a autoridades fracassar.
Na ausência de um poder comum, Estado, os homens vão a guerra, a guerra
generalizada, de todos contra todos. A natureza humana é de tal ordem, que se os homens não
tiverem um poder organizado, que os coloquem dentro de certos limites, em respeito mútuo,
ele vai se digladiar. Necessitamos de instituir o Estado com certas características, a fim de
conquistarmos a possibilidade de vivermos em paz.
Afirma que enquanto tiver esperança de alcançar a paz, cada homem deve empenhar-
se para consegui-la, precisa procurar e fazer uso das vantagens e ajudas de guerra. Cada um
deve concordar ou renunciar ao seu direito a todas as coisas, se os demais também consentirem
e enquanto for necessário para a paz e a defesa de si mesmo.
Disso tudo resulta o conceito de Estado com uma pessoa cujo atos representam um
grande povo, mediante a pactos com seus membros, a fim de que essa pessoa, no caso o Estado,
possa empregar a força e todos os meios, como julgar conveniente, para assegurar a paz e a
defesa comuns. O Estado, assim, seria fortalecido na figura do soberano, o que legitimaria o
absolutismo, ou seja, essa pessoa é representada pelo soberano ou rei, e cada um dos que o
rodeia é seu súdito.
A igualdade quanto ao espirito, vai ser justamente a capacidade pela razão. Uma vez
consolidada esse campo comum entre os homens, ele vai projetar esse campo para solução
política dele que é a consolidação de um Estado. Ele pode ser considerado como uma grande
individuo artificial, uma instituição erguida pelo homem natural, em conjunto com a
comunidade, para sua defesa e proteção. Esse Estado não é esse no qual conhecemos, e sim
como uma situação, condição e coisa.
Tem uma tendência para o Estado de guerra. Quando não há esse poder comum a essa
desconfiança mutua, a esses objetos que todos podem desejar, capaz de manter os homens em
um temor respeitoso. A paixão que vai ser a operadora dessa propensão a esse poder, que é
justamente o medo a morte. Onde segundo Hobbes a vida tem uma tremenda importância, não
só para ele, mas também seus próprios homens. Ao olharem para a razão de si, vão encontrar
a vida como sendo o mais significativo para ser defendido ou mantido.
Temer a sua própria morte é uma impulsão em direção a conquista da paz. Desejo por
essas coisas são cruciais para uma vida apropriada, mas também para realizar sua chance
através do trabalho. O motivo mostra normas de paz apropriadas permitem que as pessoas
cheguem a um consenso. Esses padrões são Lei da natureza.
Devido a esse ato racional, sendo um acordo entre os homens, a vida em sociedade é construída,
e sua preservação depende da presença de um poder visível, que possa manter os homens nos
limites acordados, e por temor a castigo, obrigue-os a cumprir com seus compromissos e a
atentar as leis da natureza.

Conclusões
A obra de Thomas Hobbes demonstrou claramente sua visão política, conceituada como
contratualista e defensora do absolutismo. Como já demonstrado, ele tem uma visão cética e
racional das pessoas e de sua sociabilidade.
É uma obra paradigmática, ou seja, muda nossa visão de política, sociedade. Rompe
com a imagem aristotélica, da questão do animal político. Ele rompe com os antigos, onde eram
muito presentes na época, fazendo diversas críticas, dizendo que eles falharam e que esses
ideias dos antigos são ilusões. Hobbes colocará o homem como um ser calculista, um ser que
pensa a partir da sua preservação individual.
Rompe também com a visão de Maquiavel tem sobre política, governo, pois ele estará
preocupado com a conservação do indivíduo, e não com a conservação do Estado. Dessa
maneira Nicolau se atenta a regras aplicáveis, enquanto Hobbes se preocupa apenas no direito
natural, ou seja, no direito à vida. Sua filosofia política é toda centrada nos cidadãos. É o
primeiro a falar que a finalidade da política é a preservação dos direitos do ser, que entende
como direitos individuais.
O soberano possui um poder absoluto, centrado sobre si. Onde ele é responsável por
tudo o que acontece, pois Hobbes não acredita na concepção de divisões de poder, pois entraria
na questão de desavenças e está propenso a cair no modo de poder antigo. O rei está propenso
a errar, pois ele também é humano, mas diante aos ideais de Thomas, é melhor ter um soberano
que não governe para o bem comum, do que entrar em uma guerra de todos contra todos, onde
existem diversas disputas por poder.
Com seu pensamento de um Estado absoluto e a intenção de entregar sua liberdade ao
soberano, pode passar uma impressão de transmitir uma idealização de um fascismo e
totalitarismo. Isso seria um equívoco, pois ele tinha como seu principal interesse acabar com
conflitos, onde se preocupava em criar um Estado que pudesse suplantar nas guerras civis no
´século XVII. Apesar de ser um pouco equivocado essas questões, o seu principal objetivo era
impor a busca pela sobrevivência e livre de conflitos.
Apesar de defender o absolutismo com esses argumentos, no geral muitos absolutistas
não apoiaram Hobbes, porque na época acreditava -se que o poder dos reis vinha de Deus. Já
ele diz que o poder que vem dos reis se provem de um contrato, de advém do povo. Foi visto
como uma heresia na filosofia política. Tira a justificativa do poder real de Deus e coloca no
povo. Por isso tem implicitamente no seu pensamento a ideia de representação, por o Estado
garantir a segurança dos indivíduos, que ele serve ao povo. Hobbes defensor do absolutismo,
no fundo ele será um precursor dos defensores da democracia e do liberalismo.
. Para ele o homem é mais livre do que ele seria em um Estado democrático. Apesar de
não ter essa liberdade política, o homem terá segurança, então ele terá liberdade de ter usa
família, ter sua propriedade, seu emprego. Que nos silêncios da lei o homem possui muitas
liberdades. O absolutismo tira sua liberdade política, mas garante suas liberdades, que hoje
chamamos de liberdades individuais.
Ressaltando as características e os males do estado de natureza, Hobbes chega à
conclusão de que, uma vez estabelecida comunidade dos homens, por conquista ou por
qualquer outro meio convincente, ela deve ser preservada a todo custo por causa da segurança
que o fato de viver em comunidade da aos homens.
Seus conceitos posteriormente serão utilizados pelos liberais. Ele não é um liberal, as suas
conclusões na verdade são antiliberais, mas seus pressupostos são. Os conceitos no qual é
utilizado para entender a sociedade, são os que os críticos do absolutismo depois irão se utilizar.
Thomas Hobbes é muito influente em seu trabalho, afetando muitos campos como
direito, ciência política e relações internacionais. Seu trabalho será algo atemporal, por causa
de suas propostas e opiniões, do que tem que ser ou não feito, contribuindo para o
desenvolvimento de uma sociedade melhor e sem guerras, diante suas concepções.
Referências Bibliográficas
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