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Nicolau Maquiavel

 Nasceu em Florença na Itália, 1469 – faleceu em 1527


 Foi diplomata, filósofo, historiado, poeta e músico
 É reconhecido como fundador do pensamento e da ciência política moderna

O local onde Maquiavel nasceu, foi importante para o desenvolvimento do


pensamento político dele, pois a Península Itálica naquela época vivia um
momento de recorrentes conflitos e ausência de alianças, o que tornava o ambiente
suscetível a ambição estrangeira. Logo, o problema central da sua análise política
se tornou descobrir como poderia resolver o inevitável ciclo de estabilidade e
caos, como fazer o Estado ser estável, ter ordem?

Escreve suas principais obras a partir de 1512, até 1525.

o O Príncipe
o Os discursos sobre a primeira década de Tito Lívio
o A arte da guerra
o História de Florença

Ordem = Produto necessário da política (Maquiavel busca encontrar a ordem para


seu estado, assim nasce seu pensamento político)

Um pensador Realista

Maquiavel tinha como regra metodológica examinar e entender a realidade como


ela é e não como queria que fosse, ele era contra a tradição idealista propagada
por pensadores antigos como Aristóteles, Sócrates, preferia uma ideia mais
realista, por isso se baseava em historiadores antigos como Tácito, Tito Lívio,
Tucídides e outros.
Sempre deu ênfase a verità effettuale – a verdade efetiva das coisas
O reino do ser e não o do deve ser
Temas centrais da obra de Maquiavel
 Natureza Humana e História
 Anarquia x Principado e República
 Virtú x Fortuna

Natureza humana e história: Para Maquiavel, o homem é ingrato, volúveis,


simuladores, covardes ante o perigo e ávidos de lucro, ou seja, a natureza humana
é má por si própria, é imutável, é desde sempre. O ser humano sempre tentará
beneficiar a si próprio antes do outro, e essa ambição contínua é o que trata a
desordem, os conflitos, as guerras.
História: Usando a história e tudo que já aconteceu nela, podemos extrair
importantes informações para entendermos a natureza humana, compreendê-la e
como agir diante da mesma. Para ele, estudar e entender a história era importante
para prever o que poderia ocorrer no futuro, os Estados, decisões políticas, ou o
que poderia resolver os futuros problemas.
Fator cíclico: Ordem leva à desordem e desordem leva a ordem.
Indivíduo > conflito > poder político

Anarquia x Principado e República

Fator social de instabilidade: a presença inevitável, em todas as sociedades, de


duas forças opostas:

"uma das quais provém de não desejar o povo ser dominado nem
oprimido pelos grandes, e a outra de quererem os grandes dominar e
oprimir o povo" (O Príncipe, cap. IX).

Problema político: encontrar mecanismos que sustentem uma determinada


correlação de forças
Duas respostas à anarquia: o Principado e a República

Para Maquiavel, o Estado sem um príncipe para o governar, era uma anarquia,
completamente instável e propicia a conflitos.
Portanto, ele propôs duas ideias, sendo o Principado e a República, onde o
principado era instalado como um poder de transição. O príncipe não se tornava
um ditador, mas aquele que fundava o Estado, o tirava do momento de Anarquia.

"Quando a nação encontrasse ameaçada de deterioração, quando a


corrupção se alastrou, é necessário um governo forte, que crie e
coloque seus instrumentos de poder para inibir a vitalidade das forças
desagregadoras e centrífugas".

A nível de comparação, o conceito de anarquia de Maquiavel, lembra um pouco


as ideias de Estado de Natureza.

Já a República, diferente do principado, a sociedade não se encontra mais em caos


e instabilidade, mas já se encontra numa forma de equilíbrio, o poder político já
cumpriu seu papel regenerador e “educador”, sendo assim o Estado estará pronto
para a República, com um povo virtuoso e instituições estáveis.

Maquiavel tinha uma preferência pela república

Por mais que sua principal obra seja O Príncipe, Maquiavel ressalta em suas obras
a importância fundamental do consentimento e apoio populares para o êxito de
qualquer forma política, ou seja, um sistema igualitário e democrático seria o
preferível e mais correto. Ele tinha ideias mais descentralizadas.

Virtù x Fortuna
Dois polos onde se desenrolarão a ação política

O termo virtù se refere a qualidade do homem que o capacita a realizar grandes


obras e feitos, o poder humano de efetuar mudanças e controlar eventos, o pré-
requisito da liderança, a motivação interior, a força de vontade que induz os
homens a enfrentar a fortuna, a deusa.
O termo fortuna se refere ao acaso, o curso da história, o destino cego, o fatalismo,
a necessidade natural.

Resumidamente, virtù se trata de virtude, quando alguém tem a capacidade de


governar com bons princípios, conhecimento para tomadas de decisões, a
capacidade de saber conquistar e administrar corretamente, saber lidar com as
situações que venham a ocorrer. Enquanto a fortuna se refere ao acaso, ao curso
da história, a coisas que aconteceram a tão pessoa, a fortuna em si não se refere
apenas a dinheiro ou coisa do gênero, mas por exemplo, a Fortuna de um rei pode
ter sido ser herdeiro, ou conquistar uma nova terra após vencer uma guerra, o que
garantirá sua permanência será ele ter virtude ou não, saber administrar ou não.
Por mais que a força funde o poder, sem virtù ele não será mantido.

Um governante virtuoso procurará criar instituições que "facilitem" o domínio.


Sem virtù, sem boas leis, geradoras de boas instituições, e sem boas armas, um
poder rival poderá impor-se.
Jean Bodin

Nasceu em Angers na França em 1530 – faleceu em Laon em 1596


Teórico político, jurista francês, membro do Parlamento de Paris e professor de
Direito na Universidade de Toulouse
Reconhecimento como pioneiro na delimitação do conceito de Soberania e
Absolutismo

Temas centrais do pensamento político de Bodin


 República
 Soberania
 Estado
 Governo

República no entendimento de Bodin:


Bodin quando falava de República ele não se referia especificamente a um tipo
exato de governo, mas sim a entidade política organizada que exercia sua
autoridade sobre um território e sua população. Seu conceito de república era mais
abrangente, referia-se a sociedade política organizada, o que futuramente seria
chamado de Estado.
Por exemplo: O termo república nesse caso poderia ser utilizado para falar sobre
várias formas de governo, monárquico, república, absolutista, etc, e não
especificamente do modelo república. Pode-se dizer, de maneira mais informal,
que o termo república de Bodin seria o mesmo que Estado.

Estado Moderno: absolutista


O poder político durante o feudalismo era mais descentralizado, os reis e
soberanos estavam inseridos na sociedade e não tinham tanto poder, buscavam
um equilíbrio entre a nobreza e seu próprio espaço. O que muda na transição para
idade moderna, com o feudalismo em crise, começa a surgir o que futuramente
seria o capitalismo, a ascensão da burguesia e do mercantilismo. Com tantas
coisas novas aparecendo, se fez necessário um novo modo de governar, e então o
rei se torna a figura ideal para concentrar o poder político, bélico e garantir o
funcionamento do Estado.
A primeira fase desse Estado Moderno é o absolutismo monárquico, fortemente
defendido por Jean Bodin, e que tinha como características:
 Poder centralizado - Em um só, em alguns pouco ou em muitos) veremos
a frente

 Um só exército nacional - Antes do Estado Moderno, os mercenários eram


a principal forma de exército dos Estados, o que era um problema, pois
eram guerreiros que agiam exclusivamente pelo interesse e não por
princípios “patrióticos”. Eles não tinham o menor interesse em continuar
defendendo um reino por X motivos, e preferiam sempre ir para onde lhe
pagavam mais, o que poderia se tornar um problema. E o surgimento do
Estado Moderno, isso muda, já que agora os Estados terão seus próprios
exércitos, formados por seu próprio povo)

 Autoridade soberana do rei para todo o território – O rei comandava


tudo, era ele quem criava e legislava as leis.
 Administração e justiça unificada
 Criação do sistema burocrático
 Sistematização da cobrança de impostos (Na ideia de Bodin, os impostos
só deveriam ser implementados caso realmente necessário para sustentar o
Estado, e caso as outras formas de adquirir capital não estivessem suprindo
as necessidades do Estado.

República
República é o justo governo de várias famílias e do que lhes é comum, com
poder soberano (Bodin 8, Livro i, p.27)

Justo governo + família + algo comum + poder soberano, para Bodin, era isso
que definia o que era uma República, o que era um Estado.

Justo Governo: oposto a um cenário coordenado por piratas e ladrões. Consigo


associar a ideia de Justo Governo a ideias de pensadores como Locke e Hobbes
sobre ordem. Onde antes disso seria um estado de “desordem”, onde o poder não
era colocado nas mãos de ninguém e cada um governava si próprio. A partir do
momento do Justo Governo, nasce uma organização política.

Família:
 Fonte e origem da república – anterioridade lógica e cronológica
 Perspectiva sociológica
 Estrutura social: superioridade do vitorioso
 Hierarquia: presente em todos os agrupamentos sociais
 Poder de comando e obediência: inerente

Algo comum:
 Res Publica: coisa do povo
 Bem que pertence a todos: lugares públicos
 Algo mantido em conjunto por muitas pessoas

Condição necessária ≠ Condição suficiente


Justo governo
Família
Algo comum
+
Poder soberano

Poder soberano
 Princípio que institui a República: reconhecimento de uma só e mesma
autoridade à qual todos os membros do corpo político devem estar
submetidos
 Liga: acima de tudo é necessário um poder capaz de assegurar a coesão
entre os membros da sociedade em um só corpo

Para Bodin, a soberania é o ponto chave que institui a República, isso quer dizer
que a existência de uma república, dum estado politicamente organizado,
automaticamente depende de um poder soberano. Poder esse que está associado a
um governante (para ele, um absolutista), que tomará todas as decisões e tem
poder total sobre comandar, legislar, coagir, julgar e todos os ofícios necessários
para a organização e manutenção da sociedade política. Claro, desde que isso
esteja dentro da concepção do Direito positivo.

A soberania é “o poder perpétuo e absoluto de uma República” (id., ibid., p. 179)

Perpétuo:
 Se a posse for transitória o detentor não é soberano: pertence à República.
 Perpétuo é quem a detém e não quem a assume

Jean Bodin explica que a soberania não é exercida por aqueles que estão apenas
temporariamente no controle do governo e sim por aqueles que tem o tempo a seu
favor, pois a soberania pede por estabilidade e continuidade. Por exemplo, se o
presidente de um país sair para uma reunião, o vice pode assumir aquele cargo por
um período, porém ele não será o soberano, pois é algo temporário e não estável.
Assim o poder pertence à República, ao Estado como um todo, e não aos que
ocupam cargos temporários.
 Exemplo de Não soberania de um detentor transitório: Nos sistemas
democráticos, um presidente assume a cada período de tempo, então a
pessoa presidente não é soberana, já que é algo limitado e temporário, o
soberano é o Estado como um todo, representado pelo conjunto de
instituições de governo e leis.
 Exemplo de Soberania perpétua: Numa monarquia hereditária onde o
poder vai passando de geração em geração, o monarca é uma figura
próxima a soberania, pois a monarquia é uma instituição contínua e estável.
O monarca tem a autoridade para tomar decisões que afetam o Estado ao
longo de sua vida, e essa autoridade é transmitida de geração em geração.
Isso se alinha com a ideia de que a soberania é perpétua, já que a autoridade
é mantida de forma contínua.

Absoluto:
 Poder ilimitado Ilimitado pois é o poder extremo; incondicional pois
 Incondicional é desvinculado de toda e qualquer obrigação;
 Independente independente pois não depende de nada; supremo
 Supremo pois não está submetido a igualdado em relação a
outros poderes. (Direito positivo)
Soberania:
Estado:
Bodin diz que a soberania pode residir, numa só pessoa, em alguns membros do
corpo político ou em todo o povo.
Então o Estado pode ser uma monarquia, uma aristocracia ou uma democracia:
 Numa só pessoa: Monarquia
 Algumas pessoas: Aristocracia
 Todo povo: Democracia

Governo:
Já o governo é a maneira como o poder do Estado é exercido.
Ele pode ser de forma legítima, despótica ou tirânica. Isso é determinado a partir
da relação do soberano com as leis e seus súditos.
 Podemos entender isso como as maneiras de como é governado,
legítimo é quando é mais justa e dentro da lei, significa um governo
mais aceitos nas normas e leis da sociedade; despótico é quando ele
é mais arbitrário e opressiva, frequentemente sem o consentimento
do povo e pode ser abusiva; e a tirânica é o governo cruel e opressiva,
visando suprimir os direitos individuais e a liberdade ao extremo.

Poder conferido:
E as maneiras como esse poder é conferido podem ser
Aristocrática, democrática ou harmônica (Essas formas de conferir poder só
existem em estados democráticos ou aristocratas)
Determinada conforme o grau de participação dos súditos nos cargos públicos.
 Podemos entender isso de acordo com o grau de participação de
pessoas na máquina pública, sendo aristocrática quando alguns
poucos participam, democrático quando muitos participam e
harmônica quando é meio termo.
Até onde vai essa soberania?
Se nós dissermos que tem poder absoluto quem não está
sujeito às leis, não encontraremos no mundo príncipe
soberano, visto que todos os príncipes da Terra estão
sujeitos às leis de Deus e da natureza e a certas leis
humanas comuns a todos os povos (Bodin 8, Livro i, p.
190).
O Poder absoluto era limitado pelas
 Leis divinas
 Leis naturais
 Leis fundamentais
Divinas: manifestam a vontade e o comando explícito de Deus.
Inviolabilidade da propriedade privada
Obrigatoriedade dos contratos

Bodin diz que o soberano tem que cumprir as leis divinas pois elas manifestam a
vontade de Deus. E por serem divinas são eternas e imutáveis, como a Biblia
Sagrada e as Leis de Moisés (10 mandamentos). Assim como Deus está obrigado
a cumprir suas promessas, o Soberano também tem de comprimir suas promessas
com o povo e seu contrato com o povo.
As leis Naturais: impõe-se a razão humana, que desde sempre os seres humanos
tem um certo conhecimento inerente ao tempo.
Tanto a Lei divina quanto Natural não se resumem a restrições morais, têm suas
normas consagradas na legislação positiva.
Ponto importante e crucial: O soberano não pode violar a propriedade privada,
principalmente por estar escrito na bíblia, não furtarás e nem cobiçarás (Lei
Divina)
Leis fundamentais
 Manifestam a vontade dos membros da sociedade política, revelada pelos
usos e costumes consagrados no decorrer dos tempos.
 Normas que apesar de terem origem nos costumes, definem e constituem o
próprio poder do soberano.
 Representam princípios constitucionais, cuja revogação poria em risco a
própria soberania,
 Iuris universi distributio (1578): exposição de um quadro do direito
universal
o indica leis partilhadas por todas as nações, encontradas por meio de
um amplo processo comparativo entre as legislações dos mais
diversos povos.

Ex: Lei Sálica


Regulava todos os aspectos da vida em sociedade, desde crimes, impostos e
calúnias, estabelecendo indenizações e punições

Concepção antitética
Por Bodin viver num período de transição, suas ideias e teorias carregaram
pensamentos medievais e modernos.
Ele dialogava com muitas das mudanças políticas que surgiam, mas ainda possuía
muitas características da religiosidade medieval.

Conclusão sobre a Soberania de Bodin


Toda a soberania de Bodin, por mais absolutista e ao extremo que fosse, tinha
limites. Esse limite era o chamado Direito positivo, dentro desse local, o soberano
tinha poder para tudo que quisesse fazer, uma vez que era ele que legislava,
executava e julgava as leis civis de acordo com sua vontade, dentro do direito
positivo ele é completamente livre. Fora desse campo, ele está submetido as leis
divinas, naturais e fundamentais.
Thomas Hobbes

 Nasceu em Malmesbury na Inglaterra em 1588 – faleceu em 1679


 Foi teórico político, filósofo e matemático
 Considerado o primeiro pensador contratualista

PRINCIPAIS CONCEITOS DO PENSAMENTO


HOBBESIANO

 Estado ou Sociedade de Natureza


o Direito e Lei de Natureza
 Contrato Social
 Estado ou Sociedade Civil
o Leviatã

Estado de Natureza: ausência de poder político:


Durante o tempo em que os homens vivem sem um poder comum capaz de os
manter a todos em respeito, eles se encontram naquela condição a que se chama
guerra; e uma guerra que é de todos os homens contra todos os homens.

A igualdade:
A diferença entre um e outro homem não é suficientemente considerável para que
qualquer um possa com base nela reclamar qualquer benefício a que outro não
possa também aspirar, tal como ele
 “Tão iguais que”: iguais o bastante para que nenhum possa triunfar de
maneira total sobre outro.
 Sendo iguais podem aspirar ao mesmo benefício
 Suposições recíprocas:
"eu não sei o que o outro deseja, e por isso tenho que fazer uma suposição
de qual será a sua atitude mais prudente, ele também não sabe o que
quero, também é forçado a supor o que farei".

Devido a desconfiança e incerteza, o mais razoável para o homem será atacar o


outro, seja para vencê-lo ou simplesmente evitar um possível ataque, assim a
guerra se generaliza entre os homens.
Se não há um estado controlando e reprimindo, fazer guerra é o mais racional.

Causas de conflitos:
 Competição - lucro
 Desconfiança - segurança
 Glória – reputação

Hobbes faz uma analogia com o clima, que por mais que não chova sempre, o céu
continua nublado, e assim é o Estado de Natureza.
Suposições > estado de tensão > nenhuma garantia do contrário.
O Estado de Natureza é uma condição de guerra, porque cada um se imagina (com
razão ou sem) poderoso, perseguido, traído.

 Direito de Natureza: Jus Naturale = é a liberdade que cada homem possui


de usar seu próprio poder, da maneira que quiser, para a preservação de sua
própria natureza, ou seja, de sua vida; e consequentemente de fazer tudo
aquilo que seu próprio julgamento e razão lhe indiquem como meios
adequados a esse fim.

 Lei de Natureza: Lex Naturalis = é um preceito ou regra geral, estabelecido


pela razão, mediante o qual se proíbe a um homem fazer tudo o que possa
destruir sua vida ou privá-lo dos meios necessários para preservá-la, ou
omitir aquilo que pense poder contribuir melhor para preservá-la.
O direito consiste na liberdade de fazer ou de omitir = liberdade
Lei determina ou obriga uma dessas duas coisas = obrigação

Voto no Brasil, pois é um direito, mas também uma lei

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