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FRANCISCO PEREIRA COELHO Professor aposentado dx Faculdade de Divelto de Colmbra GUILHERME DE OLIVEIRA Professor da Facoldade de Dirsta de Coimbra CURSO DE DIREITO DA FAMILIA VOLUME 1 INTRODUCAO DIREITO MATRIMONIAL 42 edicio Com a colaboragio de RUI MOURA RAMOS Professor da Faculdade de Direito de Coimbra @ Coimbra Editora 2008 amen simrento imbra Editors, Limieeds ISBN 972-32-1034-7 (Obra completa) ISBN 978-972-32-1587-2 — Vol. I, 4? ed ASBN 972-32-1208-0 — Vor.1.32 ed) Depésito Legal n." 167 53412001 Janeiro de 2008 A Esmeralda, onde quer que esteja, @ aos nossos filhos e netos NOTA A 44 EDICAO Bsgotada @ 3,' edigto do Curso de Direito da Famitia, publica-se nova ediglo em que participo ainda desta ver. Satu do livro « matéria fia adopeko, que se achou melhor expor no volume relative a0 Direito da Filiag&o (v. tomo I do vol. Hl, p. 261-313). A parte isso, tomou-se em conta nesta edigho 2 legislagio publicada desde 2003, em particular a Lei Constitucional n? 1/2004, de 24 de Julho, a Concordata entre a Repitblica Portuguesa ¢ a Senta Sé que entrou em vigor em 18 de Dezembro Ge 2004, 9 Novo Regime do Arrendamento Urbano (Lei a° 6/2006, de 27 de Fevereiro) € 0 Decreto-lei n.° 324/2007, de 28 de Setembro, fe acrescentaram-se indicagées bibliograficas ¢ decisées da jurisprudén- is. Doutor Guilherme de Oliveira e 0 Doutor Rui Moura Ramos revirem e actuslizaram os preciosos textos que escreveram para 0 Curso: ‘9 Doutor Guilherme de Oliveira sobre aspectos sociolégicos da familia (u2# 37-40), efeitos patrimoniais do casemento (n.%* 155-205), mediagl0 Familiar (p. 660-662 no n° 249) e obrigagio de alimentos como efeito do divércio (n? 258), € 0 Doutor Moura Ramos sobre o direito interne: ional da familia referente & relago matrimonial (0.%* 264-282). Na parte que me diz respeito, pude beneficiar da ajuda do Doutor Nuno de Salter Cid. professor da Universidade de Evora, com quem discuti alguns problemas e que me dau informegies de legislagfo, doutrina ¢ jurispru- Géncia que me foram muito titeis. Aos ts queridos Colegas © Amigos deixo aqui expresso © meu vivo reconhecimento. Coimbra, Novembro de 2007. FRANCISCO PEREIRA COELHO fot tomada em conte # legislago publicada até 20 de Novembro de 2007, NOTA A 34 EDICAO Tendo-se esgotado a 2* edigdo do Curso de Direito da Famitia, publica-se esta 3." edi¢do, Aproveitou-se o ensejo para rever e actuali- zar 0 texto em face da legislagio mais recente, em particular da Lei da liberdade teligiosa (Lei n. 16/2001, de 22 de Junho) e do Decreto-ei n? 134/2003, de 28 de Junho, que criou o registo das pessoas colectivas religiosas, dos Decretos-leis n.°* 272 e 273/2001, de 13 de Outubro, que transferiram vérias competéncias dos tribunais judiciais pare o Ministério Piblico ¢ as conservatérias do registo civil, do Decreto-lei n° 38/2003, de 8 de Margo, que alterou algumas normas do Cédigo de Processo Civil respeitantes ao direito patrimonial da familia, da Lei n° 31/2003, de 22 de Agosto, que modificou o regime jurfdico da adopedo, e da Lei n° 99/2003, de 27 de Agosto, que aprovou o Cédigo do Trabalho. Acrescentaram-se indicagdes de doutrina ¢ jurisprudéncia e juntou-se tum indice de matérias. Aos caros Colegas Doutores Guilherme de Oli- veira e Rui Moura Ramos agradeco a disponibilidade que manifestaram para rever e actualizar para esta edi¢do as suas valiosas contribuigdes na edigdo anterior do Curso, ¢ 20 Doutor Guitherme de Oliveira 0 texto sobre mediagdo farniliar insérido no n? 274 (p. 706-708), Coimbra, Setembro de 2003 FRANCISCO Psreia CosLHO Foi tomada em conte & fegislagdo poblicada até 31 de Agosto de 2003, PREFACIO DA 2.4 EDICAO 12 edigio do Curso de Direito da Famifia foi publicada em 1965, Escrita ainda na vigéncia do Cédigo Civil de 1867 e das leis da famt- Jia de 1910. comegou a desactualizar-se pouco depois, com a entrada em vigor do Cédigo Civil de 1966, e desactualizou-se de novo com a Cons- tituiggo de 1976, a Reforma do Cédigo Civil de 1977 e a legislagio posterior. Continuei a reger a cadeira, com raras interrupgbes, até & ‘minha aposentagdo em 1934, e de anos a anos. nio sei jl quantas vezes, fui desfazendo e refazendo 0 texto das ligSes em sucessivas versdes policopiadas. A iitima era de 1986 e ainda vinha a ser utiizada pelos alunos, apesar de grande parte nfo ser mais que um resumo ou sumd- rio da matéria. A ideia de vir a publicar uma nova edigdo das ligbes no me sbandonara, mas 08 anos e © cansago que eles trazem jam-me con- vencendo de que jé nao conseguiria realizar 0 meu desejo, Afinal, os livros de direito morrem novos e o Curso tinha trinta ¢ seis anos. Era uma bonita idade para morzer. Devo'ao Doutor Guilherme de Oliveira o incentivo para retomar as minhas velhas ligdes de direito da familia e, em particular, a disponibi- tidade para se encarregar de escrever boa parte desta 2." edig&o do livro. Todo o capftulo dos efeitos patrimoniais do casamento (n.** 180-230), ‘que apresenta substanciais inovagdes e importantes desenvolvimentos fem relagio as ligBes de 1986, praticamente da sua autoria. So tam- bém do Doutor Guilherme de Oliveira as reflexdes dos n.o* 65 ¢ 66 sobre aspectos sociolégicos da familia ¢ a exposigho relativa & obriga- go de alimentos como efeito do divércio (0.° 283). A publicegéo da 25 edigo do Curso em co-autoria com 0 Doutor Guilherme de Oli- veisa mostra-se assim plenamente justificada ‘A presente edigdo € ainda muito enriquecida com um capftulo final (a2 289-307) escrito # nosso pedido pelo Doutor Rui Moura Ramos sobre 0 diteito intermacional da familia relativo ao casamento ¢ & adopgo. 2 Preficio ‘Aos Doatores Guilherme de Oliveira e Rui Moura Ramos, queridos Colegas © Amigos, deixo aqui expresso 0 meu profundo zeconhecimento. Devo igualmente uma palavra de agradecimento ao Dr. Nuno de Sal- ter Cid, assistente da Universidade de Evora, com quem troquei impres- sbes sobre alguns assuntos e que me facultou indicagdes bibliogsAficas e dados iegislativos e jurisprudenciais que me foram muito tteis. De 1965 até agora, no & preciso dizer como madou 0 direito da famflia na parte que este volume abrange. A introdugio da adopgfo, « emergéncia de um direito constitucional da famflia e a consagragao do princfpio da igualdade dos cOnjuges, com ampla repercussio nos efeitos essoais e patrimoniais do casamento, 0 Protocolo Adicional & Concor- data com a Santa Sé e a lberalizago do divércio, a relevancia atri- buida & unio de facto, alterararn profundamente a face do dizeito da fami lia. Do corpo das ligées de 1965, pouco ficou, O mundo mudou nestes trinta e seis anos; todos mudémos com 0 mundo e eu proprio terei mudado, embora no, quero acreditar, no essencial das minhas opcSes e conviegdes, Como a uma terra aonde se volta passado muito tempo e que se acha diferente, destruida e reconstrufda, mas em que o espfrito do lugar permanece, assim regresso a este lugar, que fui construindo, des- truindo € reconstruindo ao longo dos anos, ¢ ainda encontro nele 0 mesmo espitite Coimbra, Maio de 2001 Francisco Psrsina COELHO Foi tommada em conta a legislaglo publicada até 31 de Maio de 2001, ABREVIATURAS E SIGLAS te. — seérdio BED = Boletim da Faculdade de Dirito BMS = Boletim do Ministério da Jostiga cciv = Cédigo Civil ican — Céiigo de Direito Caasnice Not = Céigo do Nowriado Col. Jur — Colectinea de Jurispradéncia Cel, Jur. ~ $.7J.— Coleetinen de Jurispredacia ~ Supremo Tribunal de Tustiga Pen = Cédigo Penal CProcCiv —- — Ceidigo de Processo Civil CProcPen ——-— Cidigo de Processo Penal CRegCiv — Cédigo do Registo Civil CRegPred - — Cédigo do Registo Preaial Rep = Constitsigko da Replica DAR — Dideio da Assembein da Repsbriea BR = Difrio da Repsblica LAR = Lei do Arrendamento Rural NRAU = Nova Regime do Arrendamento Urbano om — Organizagio Tuelar de Menores RAU = Regime do Arendamento Urbano RDES = Revista de Dieito e de Estudos Sociais Rel = Relagio FDL, — Revista da Feculdade de Direito de Lisboe RL = Revista de Legislagto e de Jurispradéncia STs. = Suprema Tribunal de Justiga ‘TC, Trib. Const, — Tribunal Constitucional I g § 3 > BB } | | \ { | SUMARIO INTRODUGAO caPfruLo + NOCOES FUNDAMENTAIS _ 1. Noglojurdica de fata ag velages fairest mason ¢ rela bes de parenesco.afinidade © adop¢#0) a 2. Relagdes porafamiaes 3a 3. O diteio da familia e as sues diviséer 5 i 44. Fontes do direico da fama 36 5. Prana do C0150. 38 i | capiTULo RELAGOES FAMILIARES DISTINTAS DA RELACAO MATRIMONIAL DIVISAO T i PARENTESCO 6. Nogio e limite 41 7. Contagern a 8. tetas 3 DIVIShO AFINIDADE. 9, Noga; fonte © duragio. 46 10, Contegem 48 1. Bfeites 48 DIVISAO TT | ‘ADOPGAO 12, Neco ¢ esptito do insti. 4 3. Modalidades: sdopedo plene © adopelo restrita: dopglo conjunte © adop- so singular 50 14, Gonstinigdo do vineulo, processo ¢ efeitos (remisséo para o volume 1)... 50 16 37 38 29. Sumério CAPITULO Tm RELACOES PARAFAMILIARES Generalidades. Ordem de estudo, DIVISAG T UNIAO DE FACTO Nogto ‘Terminslogia Fonnas e mouvegdes. ‘A uniio defacto © Constiwigio da Repdblica ‘A unio de facto rlago de femiia? [A institecionalizagdo da unigo de facto na Lei n.° 135/99, de 28 te Agosto, © na Lei n° 7/2001, de 11 de Maio « Orders de estudo CConstituigko da relagio — Conesido da relagdo: efeitos pessonis © patrimoniais. A) Prinefpios gerais B) Condigdes de eficdcia ©) Bfeitos pessoais D) Bfeitos patrimoniais Extingfo da relagio. A) Prinfpios geras. BB) Ruptura, Destino da casa de morada come. ©) Mose DIVISAO I OUTRAS RELACOES PARAFAMILIARES Relapio entre exposades. Relagio entre ex-c6njusss. Vide em economia coma Relagda ente tutor e wrelado. Pestoa a cargo de outra Pessoa criada e sustentada por outa CAPITULO TV ASPECTOS SOCIOLOGICOS ‘Da “grande fomfia” 8 “pequens farntin” Fungdes da familia Do easamento "insiuiglo” a casamento “relagio pura” Consequéncias nos sistemas juridicos 3 63 8 n B 3 93 93 98 7 7 38 100 101 105 Sumério 0 CAPITULO v PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIRETTO DA FAMILIA 41. Generaidades. nun um 42, 1° principio: ireito & celebragdo do cxsamento n2 43. 22 prinefpi: aieito de constr fernia. us 444,32 principio: competéncia da lei civil pars regular os equisitos ¢ 0s efei- tas do casamento e da sua dissolueio. independentemente da forma de celebraséo, 120 45, 4° prine(pio: admissiblidede do div6rcio, para quaisquer casamentos..... 125 46, 5 principio: igualdade dos cénjuges 126 47, 6° principio: atbuigko aos pais do poder-dever de educagio dos flhos... 127 48. 7 prinefpio: inseparbilidade dos filhos dos seus progenitores. 128 49, 8° principio: alo diseriminacto entre filhos nascides do cesamenta fora do easamento 19 50, 9° prinefpio: prtecgo de adopeto, 131 51, 10° prinespio: proteogto da fama. 132 52.118 principio: protecgda da patemidade © de mteridade 133 53. 12° prineipio: protecséo da infincia 134 54, Consequéncias da inconsitucionalidade. Revogegio do divito anterior & Constituicto | i 134 caPiruto vr DIREITO NAO CIVIL DA FAMILIA 55, Observagtes prévias 137 36. Direito penal 137 57. Diteita fiscal 139 ‘58. Direito do trabalho 140 59. Direito da seguranga social 140 caPfruLo vir CARACTERES DO DIREITO DA FAMILIA 60. Predaminio de normas imperativas 13 61. Insttucionalisme: 14s 62. Coexisténcia, na ordem jordien pertguess, co direit ertaduale do dieito ccandnico na disciplina da relagio matrimonial 146 63, Permenbilidade do direito da familia vanstormagdes socins. 187 64. Ligagfo a outras cigncias humanas 149 65. Afectagho de ceras questbes de direito ds familia a tibunais de compe- tec especializads: os wibunais de familia e menores. 150 Q 18 Sunério caPITULO VI CARACTERES DOS DIREITOS FAMILIARES Odservagées préviss (s direitos familiares pessosis come poderes funcionais. Fragilidade da gorants CCarfeter daradoura: os “estados de famia™ Canfeter relativo, Casos em que, excepsionelmente, 0s direitos farmiares govam de provecgte absoluta 71. Tipioidade dos direitos familices Beeag DIREITO MATRIMONIAL, CAPITULO 1 CONSTITUIGAO DA RELAGAC_ MATRIMONIAL: (0 CASAMENTO COMO ACTO 72. Observagdes prévins. A questio da unidade do institute maimonit 7, Ordem de estado DIVISAO T CONCEITO E CARACTERES GERAIS DO CASAMENTO SECCAO I — Coneeito de casamento 74, Nog geral de casamento - 75. Conceito de eassmente civil 76. Conesito de casamento catslico SECGAO Il — Caracteres gerais do casamento 171. nding da seq SUBSECGAO I — Caracteres do casamento como acto 12 0 easmeno eomo ato por ques nesta © Exado ee aes. 78, easament, conto e secramentc, Cause a scuariapo do case: 7p, Os unin macmoniis: sen de casaren religions bigioo, i tema de casamento civil obrigatério, sistema de casamenta civil facultative fe sistema de casamento civil subsiisrio Pe 13h 152 155 1ST 158 139 163 164 166 186 161 &D am im m m im 174 80, Evoluglo do direto portogués 81. Carscteri2agzo do sistema actus] § 2° — Outros earacteres do casamento como acto 82, easamento como negdcio jeridico 83. 0 easamento come contrato. 34, © easamento como cantrato ene pessoas de sexo ciferente 85, © eastmento coma negscio pessoal 86. © castmento come negécio solene SUBSECGAO Il — Caracteres do exsamento como estado 87. Unidade 88, Vocagia de perpetsidade DIVISAO PROMESSA DE CASAMENTO 89. regime da promesea de casamento: desrigio geral « jusificaglo, 90. Naturezs juries: a promessa como negécio juridieo 91. Efetos pivisAo ur CASAMENTO CIVIL 92, Generalidades. Casamentos civis celebrados or forma civil ¢ easamentos tivis eelebrados por forma religiosa. Ordem de estudo SECCAO I — Requisitos de fondo SUBSECGAO I ~ Consentimento § 1! = Generalidades. 98. Nevessidede do consentimento # modo como deve ser prestado. 94. Caracteres que deve revestir © consentimento § 2° — Cerdcter pessoal do consentimento, 95, Principio gera. 196. Casamente por procuragio. § 3. — Cardcter puro simples do consentimente 97. © castmento come negésio incondicionsvel e inaprazével § 48 — Perfeigio do consentimento 98. A divergdncia entre « vontade e 8 declaragio e suas formas: prineipios Betas os 19 Sumério 130 186 196 198 198 201 207 208 210 20 mn 212 215 216 2m, coe} 23 26 24 225 226 225 26 231 21 232 232 | | i 20 Sumdrig i Suro 2a 99. Casementa simulado 234 SECCRO Ul — Invalidade do cassmento. Casament putativo 299 100, Erro a dectaragbo 237 126, Generlidides, Inexistnei,nuldade eanulbiidade 299 $5 — Liberdade do consentimento a8 SUBSECCAO 1 ~ Inexisténcia do casamento 300 AOL. Vicios do consentimento: prinefpios gerais 238 127. Comio surgiu a doutrina da inexisténcia ¢ razdes que a justificam. 300 102. Ero 240 128) Cases de inexstacia 30 108. Cases ase 129. Regime da inexstncia 302 104, Amuliidade por ero ou concgdor seu regime 246 . SUBSECGAO Tl — Anuabitigade do casamento 303 SUBSECCAO TI — Capasidade at 120, Casos de anulabtigade 303 § 1° = Generaidades 27 ' 11. Regime da anulabilicade 03 i : 105, Conceited impedimento matrrnonil 247 i SUBSECGRO TI — Casament puratvo 706 106. Clasiieagdes dos impediments matimonisi 251 | vo2, Nooo eta de ser 6 insist a6 i snens dirientes 2 133. Netrerajortsice 307 § 26 = Impedimentos diriment 252 i 134. Pressupostos. 308 107. Fala de idade supcial 252 | 135. Bfeitos 308 108, Demércia 254 | nvisko Ww 109. Vinculo matrimonial anterior nfo dissolvido, 258 1 Drvisko 1 110. Parenresco © afitidade 761 CASAMENTO CATOLICO 111, Condenasto por homeo 283 136, Generlidades, Plano de exposigto da matin. x2 17. Consentimento 32 § 35 — Impedimentos impediencs. 268 i Ie. Conus a / 159. Formaldadss preliminares¢ elebragio do esamenta 319 112. Generalidades .... 264 : 140. Registo do casamento: a transcrigfo 320 13, Fale de autrizagho dos pas ou do tutor por o easamento de menores 265, i Cee ae ic contends” Se 114. Prazo internupeial 268 142. Nulidade do casamento e nulidade da transcrigao. 329, 115. Parentesco no 3. grau da linha colateral, 2 He ® 16. Tutela, cuatela e sdminstraedo lege! de bens zm capiru.o 1 LIT. Vinulo de adopgto restrca m4 {1g,.Promincis por homiefio oe EFEITOS DO CASAMENTO: 0 CASAMENTO COMO ESTADO : 14, Plano de exposigfo da matéa 387 SECCAO If — Formalidades do casamento 25 i 142, Plano de exposigfo da masts * vis 119. Generatidades 25 DIISAO F 120. Process prelimi de estamento, Tneldentes co processo am EFEITOS PESSOAIS 121. Celebragto do easter at KO 1 — Genenliduses os Registo do casamento 283 SECGAO ‘sacs * Casamentos urgentes. 29 144. Observagdes prévias, 338 128, Casnmentos de poruguescs no esangeiro € de esrangirs em Portgnl 293 14. Prnepios fundamentals iusidade dos ebrjuges e dicegio conunta da 125. Casementoscivs sob fora religioss 236 fern. 39 3-8 | 2 Sunrio j Sunario 2 * Pe ] se SECGAO I — Devers dos ebnjuses 386 i 166, Bens que respondem pelas dividas de responssilidede comin a8 : 167, Dividas da exclusiva responsabilidade de um dos eOnjuges. 420 146, Principios gerais 346 i a i 168, Bens que respondem pele divides de exclusiva responsbilidace d= um a Dever de respeito | 349, b dos. cnjueer , * 423 148. Dever de fidelidade. 350 i mmpensapBes devidas pele pagamento de dividas do casa 2 149. Dever de coabitagio 382 i 169. Compensajes devise sie pagnmento de dvias 60 cas) es 150. Dever de cooperugfo. 354 A — Termo das relagdes patrimoniais, Partilha 150, Dever de conpergio ad SUBSECGAO V — Termo das relaées Paris «28 SECGKO I — Nome « nacionalidede. 170, Generaidades, Operagdes da pariha:enuncido ger 28 eee 388 E 171, Scparago dos bens priprios. 429, 152. Nome « 359 i 172) Liguiagio o pattnéniocomum, A) Relocioramento dos bens comuns... 430 153. Nacionalidade 364 173. B) Compensagies. 430, : 114. ©) Pagamento de dvices a1 DrviskO 175. Partilha. 442 EFEITOS PATRIMONIAIS - SUBSECGAO VI — Contratos entre cbnjuges. 488 154, Observagées prévis. lino Je exposgfo da muri. 365 A 176, Generatidades ass SECCAO 1 — Efeitos petrimoniais do easamenta independents do regime Th Cont decoded, fe Ge bens. 367 178. Doagbes. 457 SUBSECGAO I — Administragio dos bens das cOnjuges 367 j 199. Comps se 3 158, Principios gras 367 - 156. Especialdades de administragho dos bons do easl: poderes do cOajuge SUBSECGRO Vit — Doagées par casamento 7 ‘dministador. Responssbilidade pela adminisvagto x16 157. Poderes do cénjuge nfo administrador 383 181. Generalidsdes: 470 182, Dosgdes entre espasedos, 470 SUBSECCAO Ii — Mepitimidades conjugns 384 185, Doagdes de terceiras aos csposados 413 158, eneratidades 384 159. egitmidades conjageis nos regimes de comunhio as SBCGAO Ml ~ Regime de bens do casameno a 160. Tlegitimidades conjugais no regime da separasio 395 161. Consentimente conjogel: forma; possibilidade de suprimento judicial; SUBSECFAO I — Princfpios gerais 475 invaldade, por falta de consentimento conjugel ou do respective sop momo, do aon enecien de Conetineto een 396 184. Nogo de regime de beg do ctsamente as 185. Casos de regime imperatvo 276 SUBSECCAO Ill — Poderes dos efinjuges relativamente aos bens que integram 16. Principio a libercade de resime de bens, Or vegies 48 te virins masses patrimonias 299 187. Regime suplevo 9 162. Poderes de disposigio inter vives. = 399 SUBSECGAO Il — ConvengSes antenupcinis 484 163. Poderes de dispcigto mors causa 401 ‘ 188, Nogdo de canvengio antenupcil 134 SUBSECCAO IV — Responsabilidade por dividas dos cénjuges. 404 189, Principios dominantes: liberdade ¢ imutabilidade 485 164, Prinepioe gers 495 190. Requiis de fund. 500 165. Dividas da responebilidade de smbos os conjuges a7 19), Formalidades, Regiso 502 i Sumario 192, \Nolidade ¢ anatebilidade soe 193, Cadvcidade 505 SUBSECCAO IM — Regime da comunhfo de adquitidos 506 194, Carecterfsticas gerais do regime. 506 195. Quando vigora o regime da comunido de adquirides 506 196, Naturezajuridice da comunt 508 197. Participacto dos cGnjuges no patriménio comum. A regra de meade. 510 188, Composigdo das massas patrimoniis: bens préprios e bens comuns.... S12 SUBSECCAO IV — Regime do comunio geal 548 199. Carscersticas gerais do regime. 548 200. Quando vigors 9 regime da comunhto gerl 58 201. Aplicagto das disposigBes relatvas & comunhido de adguiridos 548 202. Composigfo das masses patrimoniais: bens proprios « bens comuns.... 549 SUBSECCAO V ~ Regime da separagto 549 203. Caractristcas geris do regime 539 204. Quando vigors 0 regime da separagio, 550 205. Composicfo das massas paimoniais: bens do marigo ¢ bens da mulher 551 capitulo mt MODIFICACAO DA. RELACKO MATRIMONIAL 206. Gentralidaces. Simples separagto judicial de bens € separegfo de pessoas bers. 331 DIVIskO 1 SIMPLES SEPARACAO JUDICIAL DE BENS 207, Nop « natureza 533 28. Pressnposos 535 209. Procesta 336 210. Bteitos 537 DIVISKo Tt SEPARACAO DE PESSOAS E BENS 211, Nogto © natureza da separagio de pessoas ¢ bens. Suas modilidedes $57 212. A separapto de pessoas e bens © 0 divércio 560 213. Separagio por mituo consentimento:remissio. 562 Sumdrig 214, Separacto ltigiosa: eemissto. 215. Efeitos da separacko, 216. Reconcilseo dos cBnjuges separadas de pessoas e bens 217. Conversae da separagdo em divércio caPtruLo Iv EXTINCAO DA RELAGAO MATRIMONIAL DIVIsAo | PRINCIPIOS GERAIS 218. Extingfo por dissolueto e extingBe por invalidacSo 219. Causss de dissolugio: enunciado geral 220. A morte como salsa de dissoluglo da relagio matrimonial. Morte pre sumida, Direitos do cOnjuge sobrevive DIVISAG DIvoRcIO. SECCAO 1 — Prinofpios gersis. 221, Noglo de aivercio. - 222. A questa do divércio. 223, Evolugio legislaiva 224, Modalidedes de divércio. 225. Caracterfeticas do direito ao divério, SECCAO I — Divércio por métuo conseatimenta 226, Noglo ¢ espirito do instiuto 227. Pressuposte, 228, Procesto, A) Divércio administrative 9. B) Divéevo judicial 230. Natureas Juridica DBI. corde sabre o divéreia © scordes complementes SECCAO M ~ Divércio gioso SUBSECCAO 1 — Principios geris 232. Nogio de divértio litigioso 233. Divéreio-tangho, divércio-reméaio e divércio ccasamento 234, Noglo de causa do divércio # seu valor. 285. Causa do divércio e causa de pedir na accaa de divércio, 736, Classificardes das causas do divércio vonstatagka da rupeura do 568 568 367 370 583 58e 584 387 387 387 390 596 37 eat ai 605 610 63 ete 615 sis os o16 618 ei a SUBSECGAO Il — Causes do divéreio litigioss § Lo — Divéscio fundada em violagdo culpose des deveres conjugais 257. Principios gers 238. A culpa, Onus ds prova da culpa 1239, “Gravidede" da violagda ¢ “comerometimento da pessibilidade da vids em $28 — Divéreio fundado em ruptura da vide em comom 240, Separagto de facto Dal. Alteragia das faculdades mentas 242. Austneia sem notieias SUBSECCAO Itt — Cause de exclusto do cireito a0 divérco. 243, Enunciado geral 24d. Tastignglo A pritica do facto invocada como fundamento do pedido de aivércio. 245, Cilagio intuncional de condigdes propiciss & verifieagio do facto invorade como fundamento do pedide de divérsio ‘246, Comportamento posterior de um dos cOnjuges que mostre nio ter ele Considerado 0 acto praticedo coma impeditive da vide em comara 267. Caducidade 248, Se o direito go divéreio pode extinguinse por “compensagio de cvlpas” SUBSEOCAO IV — Procesto.. 249, Desenho geral do process 250, Coateida de sentenga SECCAO IV — Efeitos 251, Principios gerais 252. Date em que se prodozem os efeitos do divorcio. 253, Termo de comunhio. Parilba 254. Destine de casa de morads da far. 255. Termo das iegitimidades conjogeis 256. Perda de direitos sucessérios. 257, Perda de benefeios 258. Obrigacto de alimentos 259. Obrigagto de indemnizar ~ 7 260. Efeitos em relag0 aos filnos: remiss 1261. Efeitos em relagio a tereeiros.. 645 es 646 5 67 67 662 6s 665 610 4 69 689 62 707. no i i / i Sumario n DIVISAO UI DISSOLUGAO POR DISPENSA 262. A dinpensa do casamento rato € nfo consumad no direico eanénieo 263, A dispense no dreito portgués. caPITULO Vv LIMITES A_APLICAGAO DAS REGRAS DE DIREITO PORTUGUES: A RECEPCAO DO DIREITO INTERNACIONAL CONVENCIONAL E A APLICAGAO DO DIREITO TESTRANGEIRO E DO DIREITO COMUNITARIO 264. Inirodugto DIVISAO 7 © DIREITO INTERNACIONAL CONVENCIONAL DAS RELACOES FAMILIARES 265. A reeepglo do direto internacional convencionsl no sistem juridieo portugaés DIVISAO I © DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO (COMUM, CONCORDATARIO. CONVENCIONAL E COMUNITARIO) DA FAMILIA 266. Sequéncie. SECGAO I — Observagbes prévies 267. Generalidades sobre a discplina des situagbes pluritocalizadas SEOCAO 1 — 0 cesamento, 268, Rezko de ordem: SUBSEOCA I — Constivigle a relagie matrimonial: 0 exsamento como 269, Requisitos de fundo. 270, Requisitos de forme ™m 12 716 70 ne ne ne ne 8 ns 730 oe 8 Sunrio 271, Consequéneias da violagio das regrasaplicdveis & consttugko da relasto matrimonial 132 272, Direito Concerto non m2 273. Direio Convencionat 734 214. Ourras relagées disciplinadss pela lei pessout 735 SUBSECCAO I — Efeitos do casimensp: 9 casamento come estado 76 Aspectos gers 736 ‘Autonomizagio da disiplina confitusl dos efeitos do casamento depen Gentes de um dererminado regime de bens a7 Relacdes pessoais do easamento ¢ estaturo matrimania} primério 340 Direito Conveneional mt Direito Comsunititio 148 SUBSECGAO IH — Modifieaglo e extinglo do casamento, 745 280, Direito comum, 745 281. Diteito Convencionst 16 282), Direito Comunitirio 19 Biauoonaria Geeat, 753 noice be Maris 187 INTRODUGAO iatwetemnnenstaesiehamennstaicrnestssttesamanassi iit heron nine CAPITULO 1 NOCOES FUNDAMENTAIS Bibliografia portuguese ‘Coettio. F. Pereira, Casumento¢ fam no veto pornugute in “Tenias dé Dirito da Feria", Coimbra, Aimedina, 1986, p. 3-28; ID., Casamento e dvércio no ensino de ‘Manuel de Andvade e na legislpo actual, BFD. vol. 77 2001), p. 13-32: Ouivema, Gui- Thenne de, O alirelto de fama, in “Temas de Direto éa Famfis”, Coimbra, Coimbra dito, 1999, p. 195-203; Io, Transformagder do dirita da fama, in “Comemoragées dos 33 anos da Céigo Civile dos 25 anos éa Reforma de 1977", vol. | Diteito da Famt- bre das Socessies), Coimbra, Coimbrs Editors, 200, p. 769-719 Xavazn. Rita Lebo, Dirsto da farilia, in "Hiumanistica ¢ Toolopi, t. 15 (1994), p. 391-800; lo. Da erise @ desre~ (rulamensapéo da fom, in “Estades em homenagem 20 Professor Dovtor Jorge Ribeiro fe Fare, Coimbra, Coimbra Editors, 2003, p. 825-848, 1. Nocdo juridica de familia; as relagdes familiares (relaclo matrimonial e relagdes de parentesco, afinidade e adop¢io) A nogdo jurtdica de familia contém-se, implicitamente, no art. 15762 CCiv, que, aliés sem grande rigor, considera “‘fontes das relagdes jurfdi- cas familiares” 0 casamento, 0 parentesco, a afinidade ¢ @ adopgao, Se o casemento © a adopes0. como acios juridicos, so, verdadeiramente, ones das sonespondenas abe ices fares, jo rwesmo se no food trpemmamreae ai eto rar 80 PANIES e Ge afnidade, que sfo, eles pioprios, relapbes famix fares, derivedas, espectivamerle, da geiaclo (oa de uma strie d2 ZeragORTE fa geragto ¢ do casamento, |A primeira das relagSes de famflia ¢ assim a relagdo matrimonial, a relagio qué em Consequncia do casamento liga os cOnjuges entre Si. Uma felagdo que afecta a condigfo dos conjuges de maneira profunda e dura- doura,influenciendo no sea regune, pode dizer-se, a generalidade das rela ‘bes jizidicas cbrigcionais ou reais de que eles sejam titulares. A obser= ‘vacks deve repistar-se desde j&. pois tem todo'o interésse para cireunscrever 2 Curso de Divito da Familia 9 Ambito do direito da familia. Subordinadas & relaco matrimonial, have- mos de ver que aquelas relagbes obrigacionais ou reais, no sendo em si rmegmas familiares ov sendo s6 “acessoriamente familiares” ("), também caem no Ambito deste ramo do direito, pois 0 seu regime € diferente do que resultaria do direito comum das relacées obrigacionais (*) ou reais () Relagdes de familia slo ainda as relagdes de parentesco, que S80 a8 que se estabelecem enite pessoas que ém 0 mesmo sangue, porque des ccendam mas das outras ou porgue provenkam progenit 2 ‘Sao ralagdes de parentesco, v. g..a relagio entre o filho © 0 pai ous mie, a8 relagdes entre ism we primos, etc. Todavia, cumpre j4 advertir que as relagdes de fil ‘de filiagfo — 2 relagi de matemidade e a de ‘patemidade, logo que uria € Outra se encontrem estabelecidas (*) — sfo_ de longe e sem divida as mais importantes das relagdes de parentesco, Insrodusto 2 “comsequbieie &6 casamer ‘25. do outro cOnjuge. Por ditimo hé a referir as relacdes de adopedo, que, & semelhanga da filiagdo natural mas independentemente dos lagos de sangue, se estabele- ‘Tent erie adoptant ptad ure urn delés ¢ Os parentes do-outro, “Ein Tice do ait 1576" CCiv, nfo parece que, além das que foram ‘mencionadas, haja outras relagdes familiares que como tais devam ser consideradas para a generalidade dos efeitos no direito portugues. Sendo relagSes familiares as referidas naquele preceito legal, pode dizer-se que a familia abrange todas.as pessoas ligadas por essas rela- ‘goes. A familia de ania pessoa pertencem, pois, ndo sd 0 seu conjuge “Gamid aida BS ieict parentes, ajins, adoptantes e adoptados: este con- constiuinds o sea estido objecto do ducito da Hem, aus Suma di grandes divisdes do dizeito da familia, Cabe aqui fazer, aliés, observa- ‘gfo semelhante & que fizemos acima quanto & relagdo matrimonial: hé rela~ ‘¢Ges.em si mesmas no familiares, mas obrigacionais ou reais, que nas- cem e se desenvolvem na dependéncia de uma relago de parentesco, ¢ ‘cujo regime é infitienciado por tél circunst po Sendo abrangidas € estidadas no divelio da famiia, A obrigagio ‘aos filhos menores (aris. 1878.° © 2009°°CCiv e as. 186. __g mesmo aos filhos maiores (art. 1880. Civ), assim propriedade dos pais sobre certos bens dos filhos_m ‘CCiv) e 0 diteito conferido 20s pais de utilizar os rendimentos dos bens 3g flhos (art. 1896"), go exemplos dessas relagbes, Em terceiro lugar, também slo de considerar como relagdes de as relagoes de afinidade, as quais so, clas, mesras um dos efei- (Che, Anrunes Vanes, Dirito da Fomiia, $+ ed., Lisboa, Petrony, 1989, p, 21. Chia p. ex, o8 arts. 1895, 0° Las. 6) © c), © 2015° Sobre as chamadas “oprigagées no autinomas". cf, por todos, MANUEL DE ANDRADE, Teoria geral das obr ‘gape2, 3° ed. Coimbra, Almedina, 1966, p. 8-10, (©) Cita pen. 08 arts, 16822, n.°3, al, al. © 1682%A, maT e 2 A matemidade estabelece-e por smiles menpio desta no registo de nascimento do filho ou, quando © registo sea omisso, por declaragao de maternidade ou recoahe- timenta judicial; quanto & pateridade, pode estabelecerse por presungio legal ou. tr: tandavse de filho nascido Fora do casamento, por perilhagso ou decisio judicial em sopfo de investigagio de paternidade. Belo assim % que corresponde A nogio jurfdica de familia —“Explistid melhor 6 contelido da ioedo, cumpre advertir em pri- meiro lugar que a familia, em sentido juridico, constiui um grupo de pes- {02s — as pessoas ligedas urias as outras pelas sobreditas relagBes mids Tao é ela prépria uma pessoa juridica (8). Nao quer isto dizer, TOTESe Deri, Gue @ lel HA recomhese o grupo familiar como portador de © A tese da personatidade jurdica da familia esl ligado sobretudo 0 nome de Savatien, Les métamorphoses Economiques et sociales dw droit civil d'aujourd’hut (1948), p89 s. Um eritea pertinente a esta tee foi feita por Jean Dabin, ranserito em Mazeaud-Juglart, Legons de droit civil, t. 1, 6% ed., Pars. Montehrestien, 1976, p.19 5; eft, também CaStan Tosefias, Derecho civil expafol, contin y oral, vomo V. vol. 1, 92 ed, Madrid, Reus, p. 29 s. Note-se que o ar. 67: CRep, segundo o qual 2 funn, como elemento Fundamental de sociedade, “tem direito & protecgto da sociedade edo Estado” nio signifiea que & familia seja atribulda personalidade jusfdica, uma ‘manera de dizer que a fami, ela peri. € object de wma garuntia institucional, mere cendo por issa a proteesio do Estado, ao qual cabem, designadamente, as “incumbén~ tas” referidas no n° 2 do preceito. © mesmo se diga das iniciatves em curso pars @ claboragio de ume “cara ou "éeclaragle dos direitos da familia”. Tratase af verde eiramente, nfo de direitos da Familia, mas de diretos das cestons na fara, de dir tos das pessoas dentro da famfia de que sto membres, Cir. P. Cosi, in “Aspectes téenicose jurdieas de uma declaagio universal dos direitos da fama”, Lisboa, Direo- (lo-Geral da Fumi, 1988, p47, ¢, sobre os “ciretos da Familia”, Rrta L080 Xavies, A vinculago do direlte da fandlia ces Diretos da Familia, in “Jox0 Pauto Te 0 Giseto”, Lisboa, Principia, p. 147 s., JORGE Minana, Consrituigdo portiguesa ano- ada, tomo I, Coimbra, Coimbra Bditora, 2005, p. 394, ¢ DUARTE PINHEIRO, O malcleo injrangivel da comunhta conjugal, Coimbra. Almeding, 2004, p. $03 4 Curso de Direito da Fart interesses préprios, interesses distintos, de algumma maneira, dos interes- ses individuais das pessoas que formam o grupo. Conforme veremos adiante, 05 cBnjuges héo-de ter em conta o “bem da familia” na.ocientacd Ge 671% 02 2), deve prone ama nGerve apelidos do outro oOnjuge pode ser da familia" forem graverents: uso ek 1877°-C,n- 1), etc. Simplesmente, o “interesse” ido, néo através de um novo ente juridico TgTupo de pessoas entre as quais se estabelece ges, mas estis religbes — em segundo ‘Tigar —,tendo’a inals diversa selevéncia social, tem também, natural- mente, a Frais diversa rele ls, Como verenoe# seguir e se “Yori AIS evidents, a rele sfliacio tém ‘das relagées, Finalmente, 4 teiveira observagdo a registar é a de que @ nogfo proposta € uma pura nose juridica, a que nfo comesponde, patentemenie,. qualquer realidade social: grupo to numeroso, s6 se reunird em festa de bodas de ouro ou, depois d m “jazigo de familia ‘Brupo social,”¢ nas modemas tosiedades industrials, a familia € hoje guase sempre @ “pequena famflie’ BEIGE Flos menores, aS que, como veremos adlante, pode sda feves- tir = nao raramenté reveste diversa composi¢ao, , 2. Relagées parafamiliares [As relagdes mencionadas no art, 1576,° CCiv sto as verdadeiras préprias relacdes de familia, ao lado delas, porém, hé outras que, néo merecendo essa quélificagao, sto conex: ‘relages. de familia, (©) Ch, ira, Cop. 1V. Inrodugbo 35 las a elas para determinados efeitos ou sto condigao de sm carlos casos, 08 efeitos que a lel airibui 2 relagao con- s de parentesco, afinidade e adopcdo, A unio de sm economia comum so as mais caracteristicas destas mos,‘patafamiliares” e estudaremos no lugar res- esto equiparad gue dependem, jugal € as rela facto_e a vida relagées. a que char pectivo (7). 3. O direito da familia e as suas divisbes Em conformidade com a nogio enunciada, podemos definir 0 direito da familia como 0 conjunto das nosinas juridicas que regulam as rele- ‘goes de familia (a relagio matrimonial e as relagBes de parentesco, afi- nidade e adopc8o), as relacbe iares” ¢ ainda as que, no, _sendo em si mesmas familiares ou parafamiliares, todavia se constituem e desenvolvem na sua dependéncis. Esta seré uma das acepeGes do Zoncelto. Se quisermos definir o,dineite da familia como ramo da cién- cia juridica, diremos que ele é 0 ramo do diseito civil a que pertence 0 estudo daquelas normas: a sua interpretagio © aplicapdo, a consirucdo de 3s, com. base, nas solugdes legals e a ordenacio sist ses conceitos, E costume distinguir no direito da fas diveito masrimonial, ao qual perence 0 stido do casamiento € dos Seis efeitos, ou, por Sutras palavras e talvez com mais rigor, o estudo da ‘constituig#0, modificagao ¢ extinedo da relagdo jurfdica matrimonial; “Gireito da Fliacdo, gue fem por objecto_as relacbes_ de fliagda.¢.no ‘qual se insere ainda por vezes a matéria da adopeto: e, por sltimo, 9 direito.dg turela, que estuda a orgenizacio tutelar na sua constituigdo.€ funcionamento, ‘estudo das relages de parentesco distintas da relaglo de filiaglo, bem. como das relagbes de afinidade. costume ser feito, em rezdo da ‘sua pouca transcendéncia, na introdugdo as exposigies do direito di famflia, E bé autores que também versam festa introdugho 0 regime da. Gbrigagao de alimentos decorrente da relaco matrimonial ou de relaodes_ de parentesco, afinidade ou adopgio. © Chr ina, Cop. 36 Curso de Direvo da Familia 4, Fontes do direito da familia Bibliografia portuguesa Hoasten, H.E,, Evolugcestegslaivas no Direito da Famili depois da Reforma de 1977. in “Comemoregées dos 35 anos do Cédigo Civil e dot 25 anos da Reforma de 1977", vol. 1 Diveito da Famine des Sucessbes), Coimbra, Coimbra eitore, 2004, p. 58:74 © direito da familia ocupa 0 Livro IV (arts. 1576.°-2020.) do Cédigo Civil, a que a Reforma de 1977 (Deoreto-lei n.° 496/77, de 25 de Novembro, aprovado no uso de autorizagdo legislativa concedids 20 Govemo pela Assembleia da Repiblica — Lei n. 53/77, de 26 de Julho, Supl. ao Didrio da Repiiblica n.° 171) introduziu profundas alteragdes Posteriormente & Reforma de 1977, 0 Livro IV do Cédigo Civil foi ainda alterado pelos seguintes diplomas: Decreto-lei n.° 18593, de 22 de Maio; Decreto-lei n.° 22784, de 8 de Setembro; Decreto-lei n° 16395, de 13 de Julho; Lei n° 8495, de 31 de Agosto; Decreto-lei a 329-A95, de 12 de Dezembro: Decreto-lei n.° 3597, de 31 de Janeiro; Decreto-lei n° 12088, de 8 de Maio; Lei n? 2188, de 12 de Maio: Lei n° 4798, de 10 de Agosto; Lei n.° 59/99, de 30 de Junho; Lei n 16/2001, de 22 de Janko; Decreto-lei n° 272/201, de 13 de Outubro; Decreto-lei n? 273/2001, de 13 de Outubro; e Lei n° 31/2003, de 22 de Agosto, ‘Ao direito matrimonial, a0 direito da filiaglo (em que também se inclui 0 direito da tutela}, & adopgdo e aos alimentos se referem, res- pectivamente, os Titulos If, II IV e V do Livro IV do Cédigo Civil. As ‘matérias do parentesco e da afinidade encontram ume regulamentagio sumétia no Titulo 1 do mesmo Livro Os tabathos preparstérios do Cédigo Civil estfo publicados no Bolerim do Minisrvio da Justiga, Vejamese: PIRES DE Lima, Anteprojecto de dois ulos do novo Cédigo Civil referentes ds relagdes pessoats enire os cOnjuges ¢ @ sua ‘opacidade patrimonial, Bi4J n° 56, Filiagdo, poder paternal, tela de meno- res, emancipacdo ¢ maioridade ¢ Constituigao do estado de casado, ambos no BidJ n-" 89 (os dais ditimos ja tinham sido publicados no BED, vols. XX © XXI, respectivamenis}: Braga Da Cauz, Problemas relarivas aos regimes de bens do casamenro sobre que se julga necesstrio ouvir o parecer da comissdo redactora do novo Cédigo Civil, AM) n’ 52, O problema do regime marrimonial de bens supletivo no novo Cédigo Civil Portugués, BMI n.° 33, Regime de bens do casamenio — Dispasigdes gerais, BMJ n.° 63, Capacidade patrimonial dos cénjuges, AM) n° 69, © Regimes de bens do casamento. Disposicces ‘gerais ~ Regimes de comunhdo (Disposigdes gerais e regime supleivo), BMJ Introdupdo 3 19,122; Gomes DA SiLvA, O Direto de Familia no fiauro Cédigo Civil, trabalho iblicado em 6 partes (Sendo 2 3%, 2 5." ¢ a 6." em co-autoria com PESSOA FORGE), BMJ n°* 65, 68, 90, 123, 124 = 126, versando, respectivamente: 0 ‘easamento; a Bliagdo: a adopel0: os efeitos da filiggdo, os meios de suprir 0 pitrio.poder, a maioridade e 2 emancipagio; ¢ a simples separagio judicial fe bens, a separacio de pessoas ¢ bens € 0 divércio; GONCALYES PEREIRA, Regimes convencionais, BMJ 0 122; Pessoa Joroe, Doagdes para casamento Doagses entre casados, BMI n° 124: Actas das 5 primeiras sessbes da Gomissdo Revisora do Anteprojecto sobre o Direito de Familia (em gue, aiés, fapenas se debateram matérias conexionadas com o tegisto civil), BMJ no 153 e154. O dlireko da familie ocupava o Livro LV da I." reviséo ministerial do Brojecto do Cédigo Civil, publicada no BMJ n.° 126.” Ha ainda uma 2." re 30 ministerial em folbas policopiadss. Finalmente, os trabalhos prepara Hos culminaram com 2 publicacio do Projecto do Codigo Civil (1966) ® ‘No que se zefere & Reforma de 1977, a Proposta de lei n° 86/1, que adapta 0 Cédigo Civil 8 Constiuicgo da Repdblica em matéria de direitos, liber- dades ¢ garantias ¢ matéras conexas”, estd publicada no 3° suplemento so n? 120, de 16 de Junho de 1977, do'Didrio da Assembleia da Republica Sobre 0 processo legisletivo da Reforma, cft. H. E, HOasTeR, "Breves aponta- rentos a propésito da elaboragio do Decreto-lei n.” 496/77, de 25 de Novem- bro (Reforma do Cédigo Civil), e da vigéncia imediata do artigo 36.° da Cons- tiwigdo de 1976", na RDES, ano 23° (1976), p. 63-78. Das outras fontes do direito da famflia destacars-se como mais importantes: a Concordata entre a Repiblica Portuguesa e a Santa Sé, assinada na Cidade do Vaticano em 18 de Maio de 2004; 0 Regula- ‘mento (CE} n.° 2201/2203 do Conselho de 27 de Novembro de 2003, rela- tivo & competéncia, 20 reconhecimento © & execugio de decisBes em matéria matrimonial e de regulacdo do poder paternal em relagio a filhos comuns do casal; 0 Cédigo do Registo Civil, aprovado pelo Decreto-lei n° 131/95, de 6 de Junho, alterado, nomeadamente, pelo Decreto-lei n® 36/97, de 31 de Janeiro, pelo Decreto-lei n.° 375-A/99, de 20 de Setembro, pelo Decreto-lei n° 28/2001, de 20 de Agosto, pelo Decreto-lei n.° 273/2001, de 13 de Outubro, ¢ pelo Decreto-lei n? 324/2007, de 28 de Setembro; os Titulos IM ¢ IV da Organizagdo Tutelar de Menores, aprovada pelo Decreto-lei n° 314/78, de 27 de Outu- bro, alterado, designadamente, pelo Decreto-Iei n° 185/93, de 22 de Maio, e pelo Decreto-lei n.° 120/98, de 8 de Maio (os Titulos I e TI foram revogados pelo art. 4° da “Lei Tutelar Educativa”, aprovada pela Lei n? 166/99, de 14 de Setembro); e 0 Cédigo Penal, aprovado pelo Decreto-lei n? 48/95, de 15 de Margo, onde os “erimes contra a fami- lia” esto regulados nos arts. 247-250." Ao direito da familia interes- = 8 Curso de Direto de Famstio sam ainda numerosas disposigdes do Codigo de Processo Civil, aprovado pelo Decreto-lei n.” 44 129, de 28 de Dezembro de 1961, ¢ alterado por vétia legislacko posterior, em particular pelo Decreto-Jei n? 329-A,95, de 12 de Dezembro. pelo Decreto-lei n.° 180/96, de 25 de Setembro, ¢ pelo Decreto-lei n." 38/2003, de 8 de Marco. Importem sobretudo, no Titulo IV do Livro UL, as disposigdes referentes & execugfo especial por alimentos (Cap. XIV, arts, 1118°-1121.%A), ao divércio ¢ & sepa- ragdo de pessoas e bens litigiosos (Cap. XVIL arts. 1407.°-1408.%), as pro- vidéncias relativas aos cOnjuges & aos filhos (Secgko Il do Cap. XVII, arts, 1412°-14175-A), 20 divércio ¢ & separagao de pessoas ¢ bens por ‘matuo consentimento (Secgao I do Cap. XVI, arts. 1419.°-14242), € a0 conselho de familia (Seegtio VIX do Cap, XVIM, arts. 1442-1445.) 5. Plano do curso O plano do curso seguiré de perto a sistematizagao da matéria no ‘Cédigo Civil, mas com algumas alteragSes que se afiguram conve- nientes. Dividiremos a matéria em dues partes, correspondentes a0 direito matrimonial e a0 direito da filiagdo, que sero objecto, respectivamente, do 1! € do 2° volume do Curso, Depois de termos exposto no Cap. I desta Inirodugdo algumas nogées fandamentais do direito da famflia, analisaremos © regime das relag6es familiares distintas da relacdo matrimonial (as relagdes de paren tesco, afinidade e adopedo, exclufdas das relagdes de parentesco as rele- ges de maternidade ¢ paternidade, que estudaremos no 2° volume) (Cap. ID), assim como das relagdes a que chamamos “parafemiliares” (Cap. IID; consideraremas alguns aspectos sociol6gicos (Cap. IV); estu- daremos os prinefpios constitucionais do direito da famélia (Cap. V), faremos breve referéncia ao diteito nao civil da familia (Cap. VI) € enunciaremos alguns caracteres do Direito da Familia (Cap. VII) ¢ dos direitos familiares (Cap. VID. Faremos em seguida uma exposigfo do direito matrimonial, repar- tindo a matéria em 5 capftulos. No 1. capitulo estudaremos 0 casamento como acto constitutive da relagio matrimonial (casamento in fier); 05 requisites de fundo ¢ de forma desse acto, as invalidades que podem vicié-lo ¢ o regime dessas Inradugdo invatidades, etc. Trata-se, em grande medida, de aplicar ao casamento rogGes que jé foram estudadas na teoria geral do negécio juridico. Sim- plesmente, 0 casamento como acto oferece importantes especilidades em Telagko 20 neg6cio juridico em geral e haveri que estudar essas espe- ialidades, marcando com nitidez as derrogagées. neste dominio, aos princfpios do direito comum. 'A relagdo matrimonial ndo s¢ constitui para morrer, mas para viver: é ume selagéo duradoura, Tem vocagdo para durar enguanto vivem os seus dois Sujeitos, e por isso se diz que o casamento gera um estado. Ora, depois de termos estudado 0 acto constitutive da relagdo matri- monial, é importante estudar a vida desta relago depois de constitutda. Ha que ver em que consiste aquele estado, como € segulada a relagao matrimonial durante o tempo, mais ou menos longo, em que os cénju- ges esto ligados por ela. O estudo dos efeitos do cusamento, assim pes- soais como patsimoniais, 0 estudo do casamento come estado (case- mento in facto esse), Seré abjecto do 2.° capitulo. 0 32 serd dedicado & modificagdo da relagzo matrimonial ou, por outras palavras, as modificagSes de que ela € susceptivel ao longo da sua vida, Tratar-se-é, principalmente. de estudar a simples separaclo judi- cial de bens ¢ a separagdo de pessoas e bens entre os cBnjuges. Finalmente, a relagao matrimonial pode extinguir-se, ¢ da sua extin- fo por morte ou divéreio (ou ainda, tratundo-se de casamento cat Tico, “dispensa do casamemto rato e nfo consumado”) nos ocuparemos no 4° capitulo. ‘Num 5. e-dltimo capitulo estudaremos 0s limites @ aplicagdo das regras de direito portugués: a recep¢ao do direito internacional con- vencional e a aplicagio do direito estrangeiro ¢ do direito comunitério. 022 volume do Curso versaré o direito da filiagdo. Seré dividido em dois capftulos, em que estudaremos o estabelecimento da filiagao € os seus efeitos. E, de acordo com a sistematizagio do Codigo. seré no capitulo dos efeitos da filiaglio, como “meio de suprir o poder paternal”, que trataremos a matéria da tutela — isto sem desconhecermos as reser- ‘vas que podem colocar-se & inseredo da matéria da tutela no direito da filiaglo e mesmo no direito da familia. ‘A tutela e a curatela umbém podem respeitar a maiores feridos de ince- pacidade, ¢ as interdigBes e inabilitaptes estio reguladas na Parte Geral do 0 Curso de Direito da Familia Cédigo Civil (ars. 1389-1569), na secglo relativa as incapecidades, Nem a tutela vise necessariamente a potec¢do'de interesses familiares. De resto, 0 ‘Cédigo parece priviiegiaro sistema da tuela de aworidade, © ndo 0 da nuela familiar: 9 tribunal pode designar como tor pessoa estranha 4 familia (@rt, 1931.) ¢ 9 consstho de famfla tm fungbes apagadas (art. 1954"), no sendo ao conselho mas a0 tribunal que o nitor deve prestarcontas (at. 1944.) 2 pedir autorizagdo para a prética dos actos mais graves (art. 1938.) CAPITULO II RELACOES FAMILIARES DISTINTAS DA RELACAO MATRIMONIAL DIVISAO 1 PARENTESCO 6. Nogio ¢ limite fo Saberos jé& que o parentesco € uma relagko de sangue, por isso aso 0 parentesco € em Ii ‘ou colateral. 0 Cédigo faz @ Poderia definir-se 0 pareatesco, mais simplesmente, como 0 vincule que Jiga as pessoas que provem de ascendente comum, como o faz 0 Codigo ita- Hano (er, 74°). Mas a definigio do art. 1578” terd a vantagem de acentuar @ diversidade entre as duas formas de parentesco mencionadas. Deve jd terse em conta, porém, o limite & relevancia jurfdica do parentesco posto no art. 1582.°, segundo o qual, salvo io da lei ‘em conirisio, 08 efeitos do paceniesco se produzem emi Tinka teeta, mas 00 até ao 6 grau na colatera. ‘Sho Taras as disposigdes que’, em contrério ao limite posto no art. 15822, dio relevancia as relagdes de parentesco na linha coleteral para além do 6° grou. Verdadeiramente, a tinica que nos ocorre € a do | art, 20422, segundo © qual, na sucessiio legal, a representago tem sem- (A fonte do parentesco 6, pois, a gerago (@ facto biolSgico da geragh), resul- tando sempre © parentesce de uma ov de vérias geragGes. 2 Curso de Divero de Paria. 4 Inmredugdo pre lugar, ne linha colateral, em beneficio dos descendentes de irmao do falecido, quala geja 0 grau de parentesco @) Pelo conirarid, S40 muito numerosos os casos em qué a lei_res- tringe ainda mais, para determinados efeitos. a relevncia juridica d teremos ensejo de ver ao longo do estudo. Assim, 08 jam descendentes de irmaos s6 tém direitos suces- SGriog até eo 4° grav (art. 2133°, al. d) don 1). Podem conferir-se ainda, enire muitos outros, os arts. 1639°, n° 1, 16772-C, n° 2, ¢ 20099, no 1, CCiv eo art. 23°, n2 2, LAR Quanto 4o interesse da distingfio. lembraremos s6 que os descendentes constituem, ao lado do cOnjuse sobrevivo,.a 1,” classe sucesséria. na frdem legal da sucessdo estabelecida no art. 2133.", enquanto os ascen- Goes oonstiuem #2, Classe. Por outro lado, page distinguirsse entee Tina patema € materia, tanto quanto, Tivha recta como. quanto 8 trans- “ersal A Gistingho releva. p. ex.. quanto a constituiggo do conselho "de familia (art. 1952°, n° 3) € 2 nomeagio do protutor (art. 1955." 122) E claro que daas pessoas podem ser par © disposto na al. d) do n2 1 do art. 2133.° Civ constitui uma alterago poterna e na maierna, 2 este paremesto,diplo ou bilaieral dd pot vezes 8 lel rele~ smuito significaliva da Reforma de 1977, pois no direito anterior os colaterais Staal juridica. Assi, os imag geimanos (parenies vies dias Vines) im, 2m tinham direitos sucess6ri0s até 20 6." grav, Foi o limite introduzido no nosso Peal ielhares direitos due a: irmos consangulnens (parenes s6 na lima pata) direito pelo art. 7!-do Decreto de 31 de Outubro de 1910, gue alterou neste SGtos (parentes 26 na Vika materna). wt 7146." A possielidade, onto 0 Cédigo de Seabra. onde os parentes na linha colsteral sucediam até 20 Guplo parentesco no €, de resto, resin & presente hipéiese,. Se dois 10. grau, Neo cabe aqui referir o art. 1106." CCiv, na redacgdo que Ihe dey Gazars com duas ids, of filhos que nasgam de cada um doé-caxamen oar 2.” NRAU, pois 0 azendamento para habitapdo pode hoje iransmitir-se por rents (primis) 26m linha paterna e na. fate norte do arrendatirio,nu falta de cbnjuge ou de pessoa que com ele vivesse em — ~ os unio de facto, a quaisquer parentes que residissem hé mais de um ano com @ Definida a linha de parentesco, importa depois saber qual € 0 grau arrendatério em econonomia comum, tate-se de parentes na linha recta ou n& Jina colateral e qualquer que seja o grau de perentasco, respeitado, naturalmente fa de parentesco dentro da respectiva linha. Q cOmputo dos_grai se limite do ert. 1582° segundo as regres do art, 1581.% na linha recta hé tantos, graus.quantas ‘as pessoas que formam a linha de parentesco, excluindo 0 progenitor, na 7. Contagem iitba colateral os graus contam-se pela mesma forma, subindo por um “Gos ramos ¢ descendo pelo outro, mas sem contar 0 progenitor comum. So regras que nfo levantam dificuldades ver como, segundo _este_progesso de contagem. os irmios, ou os avés € os netos, séo, paren tes 2m 2° grav, os tios e os Sobrinhos em 3°, os primos.diteitos. em As relagdes de parentesco sio muito numerosas ¢ na realidade muito diversas, Hé parentes mais proximos e mais distantes e 0 direito iio 0 ignora, pois jas relagbes de parentesco efeitos diferentes fe saediante a contagem do parer torne, possivel, defi elecer uma hierarquia entre elas. © parentesco_conta-se, 42 grau, ete, E ene agora, embém, 0 processo de contagem do parentesco no direito canénico (ebm 108 ClCan). No Cédigo anterior 0 processo ere diferente (ne linha colateral, pos na linha resta a contagem fazio~se da mest forme). Em vez de se contaren ambas as linbes a ac progenilor comum, comtava-se ape- has um te Tosser iguas, una dela; se fossem diferentes, 8 mals comprida, Assim, e por um lado, a linha recta pode ser descendente ou as Segundo este ertério.v. g~ 08 primos direitos erem parentes em 2° grav dente (art. 1580.2, n? 2), consoante @ encaramos num sentido ov Quire. 8. Efeitos (©) A lei no exclui pois a sucesso de sobrinhos que sejam parentes do autor da Os efeitos do parentes um consoante a relacdo de parentesco socessio em 7® pau ou pes ulterior. embor a hipStse sje ge ase imposiel ver ‘que se considere: como € natural, as relacSes de parentesco sém maior ficagho, mais apertedas ov mais frouxas. Curso de Direto da Rama (O efeito principal do parentesco é 0 sucessério: os descendentes, 08 ascendentes, os irmaos & seis descendentes e 68 Outros colaterais até 20 4° grau integram, respectivamente, a 1, a 24,03" a 4," classes de sucessfveis na ordem da sucesso legitima estabelecida no n.° 1 do art, 2133° Emibora se trate, assim, de um efeito comum &s vérias rela- ges de parentesco ai referidas, vemos que a lei estabelece sob este aspecto uma hierarguia entre elas. Esta hiesarquia énos revelada, tanto pelo principio da proximidade de classe ox grupo sucessério, como pelo. Biine(pio da proximidade de grau de parentesco dentro de cada classe sucess6ria, principios sobre que assenta a sucessdo legitima. E é de rroar ainda que os parentes na linha recta descendente ou ascendente, que ‘ecupam, a0 lado do cénjuge, as duas primeiras classes sucessérias do no 1 do art. 21334, sho herdeiros legitimérios ou forgados (ext. 2157. Outro efeito muito importante do parentesco € a obrigaciio de.all- ‘mentos, que a lei impoe a detecminados, parentes: os descendentes, os ascendentes, os, irmfos ¢ 05 tios (estes, 0s tios, durante a menoridade do alimentando), justamente pela ordem indicada (art. 2009.°). Sendo varios, respondem todos na proporgfo das suas quotas como herdeiros legitimos do alimentando (art. 2010, n° 1). Se algum deles néo puder prestar os alimentos ou néo tiver possibilidade econémica de saldar integralmente a sua responsabilidade, o encargo recairé sobre os onera- dos subsequentes (art. 2009. n° 3). Claro que sé.n0s referimos aos alimentos familiares e, dentro destes, ape- nag aos devicos jure sanguinis (@ no também aos devidos jure matrimonti, durante o casamento ou mesmo jd depois de este se ter dissolvido: cfr. 05, ans. 20095, ala) do n. L, 2016. Distintos dos alimentos familiares, mas igualmente evidos por lei, sfo.08 slimentos delitiais, que se traduaem suma Forma particular de obcigagdo de indernizar (Cito art. 567), A categoria dos alimentos leeais, de resto, nig cobre apenas 03 alimentos familiares ¢ 08 Gellivais, mas ainda abrange, 9. 8%, 08 alimentos devidos pelo donatério 0 doad! (cfr. 0 art. 2011"). Ags alimentos legals contrapGem-se os con- aluais (Ou, com mais rigor, negociais), pois sem divida que também podem Geverse alimentos em consequencia de negécio jurldico (p. g., testament: as, 2073. ¢ 2273, n 2). a distingio entre uns e cutros tem interesse dadas as.diferencas do respectivo regime juriico (eft. art. 2014"), Sobre a maté- 118 podem verse, na bibliografia portuguesa, Vaz Seana, Obrigagto de ali- rmentos (sep. do BidJ n° 108 — 1961), Casteo MENDES, L'obligation ali. mentaire en droit comparé (sep. da RFDL, XXIV, 1972), M, N. Loaato GuiwaRaes, Alimentos, in “Reforma do Cédigo Civil” (1981), p. 171 8. J.P. Reméoio Marques, Aigumas notas sobre alimentos (devidos 2 menores) "ver Introdupdo 45 sus” 0 dever de assisténcia dos pais para com os filhos, Coimbra, Coimbra Editora, 2000. Note-se também que por morte do arrendatdrio, e na falta de cOn- i éncia no | = endatério vivesse ‘no locado em unifio de facto e hé mais de um ano ('%}, 0 direite ao vistos no art. 1106° CCiv, ¢ 0 diteito ao arrendarent parentes fa linha recta que viviam com ele habitualmente, em c ‘tho de mesa ¢ habitagdo ou em sconomis comum b4 mais. deumang consecutive (art, 23.° LAR). Da qualidade de parente node derivar a obrigacio cera ‘tuzela ou fazer parte do conselho de famitia, nos termos dos aris. 19319, ‘a? 1,e 19529, n° I, respectivamente (”). Ha ainda a referic o art, 1639°, em que a lei confere legitimidade para intentar a acco de anulacto, do_casamer "em impedi- ‘mento dirimente, ou para prosseguir nela se o autor falecer na pendén- Gia da causa, a qualquer parente dos cOnjuses na linha recta qu_até 0 ‘42° grau na linha colateral; além disso, nos termos dos arts, 16405, n° © 1641, a acco de anulaciio do casamento fundada em falta (A parte a simulago) ou em vicio da vontade pode ser prosseguida por qual- quer parente do cénjuge @ quem a lei confefe legitimidade para 8 pro- ‘por (0 cénjuge cuja vontade faltou ou que foi vitima do erro ou de coacgio). Considerdmos até aqui os efeitos comuns as vérias relagdes de parentesco ou, a uma generalidade delas. Se quiséssemos mencionar agora os efeitos especialmente atribufdos a certas relages de paren- te500, destacarfamos as relacdes de filiago (a relagdo de maternidade ¢ a de paternidade), que S40, sem divida, as mais importantes de todas Dos vérins efeitos destas relactes o_ mais significative é 9 chamado _boder paternal, regulado nos arts. 1877, e segs.,e que € 0 complexo de (0) Na parte que se refere 8 unio de facto, 0 art, 1062, 02 1, al @), CCiv tem suscitado divides, coma veremos adiante (infra, n° 30) (8) Repare'se, quante a este segunda caso, que © tribunal deve fomar em conta ra escolhe dos vogais do conselno de familia a proximidade do grau de perentesco,

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