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Sociologia e Sociedade:

• “Os fatos sociais devem ser tratados


como coisas – eis a proposição
fundamental de nosso método, e a
que tem provocado mais
contradições”
• (DURKHEIM, Émile. A divisão social do
trabalho)
Sociologia e Sociedade:
• “Não é a consciência dos homens
que determina o seu ser; é o seu
ser social que, inversamente,
determina a sua consciência”
• MARX, Karl. Contribuição à crítica da economia política. 3ª.
ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003
Sociologia e Sociedade:
• “A sociologia não se limita ao estudo das
condições sociais de existência social dos
seres humanos. Todavia, essa constitui a
porção mais fascinante ou importante de seu
objeto e aquela que alimentou a própria
preocupação de aplicar o ponto de vista
científico à observação e à explicação dos
fenômenos sociais”
• (Florestan Fernandes: A herança intelectual
da Sociologia)
AULA 1 - Sociologia
Ciência da Sociedade
• Referências:
• COSTA, Cristina. Sociologia:
Introdução a ciência da sociedade.
São Paulo: Moderna, 1994. p. 2-15
• MARTINS, Carlos Benedito. O que é
sociologia. São Paulo: Brasiliense,
2005.
O que é cultura:

• A cultura é formada por tudo


aquilo que fez e faz parte da
vida social de cada indivíduo,
de cada pessoa: crenças,
hábitos, normas e
instrumentos usados etc.
• “Cultura é a herança que determinada
sociedade transmite a seus membros
através da educação sistemática e da
convivência social.
• Cada geração e cada indivíduo contribuem
para ampliar e modificar a cultura que
recebem. E isso que explica o progresso,
mudanças, que ocorrem com a sucessão
das gerações.
• A cultura pode ser material e não
material” (p. 210).
Cultura como sistema de normas
• “É a cultura do grupo a que pertence que
indica ao indivíduo como deve comportar-se,
é a cultura que estabelece os padrões de
comportamento. Um padrão de
comportamento é uma norma, isto é, uma
expectativa ou uma determinação de como o
indivíduo deve agir dentro do grupo. Uma
norma social ou cultural resulta da própria
história do povo ou do grupo social que a
adota” (idem, p. 211-212)
A coerção social e cultural
• “As normas podem ser mais
ou menos coercitivas, mais ou
menos obrigatórias. Assim,
podemos ter hábitos e
tradições populares,
instituições e leis”.
Transmissão geral da cultura
• “Hábitos e tradições. As
novas gerações absorvem costumes
e hábitos das anteriores. Mas
costumes e hábitos podem ser
modificados e sua não observância
pode não implicar sanções sociais
mais sérias” (p. 212).
COMO OCORRE A TRANSMISSÃO DA CULTURA?
Transmissão geral da cultura
• Instituições: são conjuntos
organizados de normas, mais elaborados
e coercitivos que os hábitos e costumes:
• “Uma instituição é um sistema organizado de
relacionamentos sociais incorporam certos
valores e procedimentos comuns e atendem a
certas necessidades básicas da sociedade”.
• Exemplos: Família, Estado, Escola, Igreja, ,
Sistema Econômico, Organização Jurídica etc.
As novas gerações são socializadas pelas anteriores
Transmissão geral da cultura
• Leis. “São normas de cumprimento obrigatório, sob
pena de punição pela autoridade competente. Referem-
se àqueles padrões de comportamento considerados
mais importantes para o grupo”.

• Por exemplo: as leis que regem o casamento, a


educação, o trânsito de veículos etc.

• Embora as leis se originem dos fatos e normas


sociais, nem sempre atendem a todos
os grupos sociais: podem ser de interesse
apenas dos grupos econômicos, políticos e religiosos
dominantes etc.
Família
Família
Família
Família
Família
Família
Família
Escola
Escola
Educação
Educação
Valores econômicos/sociais/culturais
ordem pública
Valores econômicos/sociais/culturais
ordem pública
Valores econômicos/sociais/culturais
ordem pública
Valores econômicos/sociais/culturais
ordem pública
Valores econômicos/sociais/culturais
ordem pública
Valores econômicos/sociais/culturais
ordem pública
Valores econômicos/sociais/culturais
ordem pública
Valores econômicos/sociais/culturais
ordem pública
Valores econômicos/sociais/culturais
ordem pública
Valores econômicos/sociais/culturais
ordem pública
Subcultura e Contracultura
• São termos complexos e discutíveis:
• A subcultura seriam as variações regionais
de uma cultura nacional, mais ampla. O que é
questionável posto que não existe cultura
superior ou inferior;
• A contracultura seria a contestação, por
vezes radical da “cultura dominante”, isto
é, dos padrões gerais estabelecidos como
sendo os únicos corretos a seguir tais como:
tipos de família, educação, sexualidade,
economia, política, religião etc.
Etnocentrismo X relativismo cultural
• “Etnocentrismo consiste em considerar o
próprio grupo como o centro suas normas
como as corretas, avaliando e julgando os
demais grupos a partir dele. A cultura de nosso
grupo, de nosso povo, é vista como superior.
As outras são consideradas tanto mais
desenvolvidas quanto mais se aproximem da
nossa” (p. 213).
• Exemplo clássico: colonização europeia sobre
os povos ameríndios, africanos e asiáticos.
Etnocentrismo X relativismo cultural
• “[Para] o relativismo cultural, [...] cada
aspecto ou característica de uma cultura
refere-se a seu ambiente, a seu grupo. Cada
comportamento é bom ou mau, adequado ou
inadequado, em relação à cultura em que está
inserido. Mas podemos analisar e
compreender os comportamentos de outros
grupos e culturas com os critérios, valores e
motivos do nosso grupo e de nossa cultura”
(p. 214)
Formas de organização social
São as formas de organização
social, econômica, política,
educacional, religiosa etc. que os
grupos humanos desenvolvem e
desenvolveram ao longo de toda
a História humana. Podem ser
igualitárias ou não:
• “A organização social de um povo é um dos
aspectos de sua cultura. No decorrer da história
humana observamos que foram adotadas formas
diversas de organização social, com vistas a
conseguir os meios que garantissem a
sobrevivência do grupo. Em alguns casos, a
organização social proporcionou uma vida com
mais ou menos as mesmas condições a todos os
membros do grupo social. Em outros, o controle
da organização social por uma parte da
sociedade, geralmente minoritária, levou essa
minoria a uma vida confortável, à custa da
condenação da maioria a uma vida sub-humana” (p.
214).
Alguns exemplos de organização social

• “Entre as formas mais importantes


do passado estão o comunismo
primitivo, o escravismo e o
feudalismo. No século XX, embora
tenham subsistido resquícios das
formas anteriores, predominaram
dois sistemas básicos: o capitalismo
e o socialismo”.
Comunismo primitivo
• “Foi o estágio em que se produzia de
acordo com as necessidades do grupo.
Não havia excedente, sobra. O que se
produzia era resultado do trabalho de
todo o grupo e era distribuído entre
todos os seus membros. Os meios de
produção (a terra, por exemplo) eram
propriedade social, ou seja, pertenciam
a todo o grupo”.
Escravismo
• “Com o crescimento dos grupos sociais e o
aperfeiçoamento das técnicas e dos instrumentos
de trabalho, começou a haver excedente e alguns
passaram a viver do controle desse excedente,
tornando-se proprietários dos meios de produção
e passando a explorar o trabalho de outros. Além
disso, com as guerras entre grupos, o grupo
derrotado era feito prisioneiro e passava a ser
obrigado a trabalhar para os membros do grupo
vencedor. Surgiram, então, duas camadas sociais: a
dos escravos, que trabalhavam, e a dos donos de
escravos, que viviam do trabalho de outras
pessoas. Tal foi a organização social na Grécia e na
Roma antigas, entre outros povos”.
Feudalismo
• “Predominou durante a Idade Média, em que o
poder central (do rei) era muito fraco e se
multiplicaram os domínios dos senhores feudais,
cada um com seu feudo. O mecanismo de
funcionamento do sistema feudal consistia no
compromisso de reciprocidade entre o senhor
e o servo. Em troca de proteção, o servo prestava
ao senhor determinados serviços. Normalmente,
os servos trabalhavam três dias por semana na
terra do senhor e três dias nas terras que
cultivavam para seu sustento. O trabalho nas
terras do senhor era excedente, do qual o
senhor se apropriava e que usava para seu con-
forto ou para manter a guerra”.
Capitalismo X Socialismo
• Em fins do século XIV começa a crise da Idade Média e um
lento processo de transição para o capitalismo moderno.
• A sociedade burguesa começa a se destacar em termos
econômicos e lutará pelo controle do poder político e
econômico da sociedade, enfim, da hegemonia da sociedade.
• Disso advém as revoluções burguesas e industrial
que mudarão a face da Europa e do mundo.
• Tendo passado a ser a classe social dominante, a burguesia
passa a explorar e oprimir as classes sociais trabalhadoras,
dentre as quais, o operariado urbano europeu.
• Será no seio dessa classe social que surgirá uma nova
concepção de organização social: o socialismo.
• Capitalismo e Socialismo, desde então, lutarão pela
hegemonia da sociedade gerando grandes conflitos que se
mantém até os dias atuais.
Aula 2: O que é a Sociologia
• Referências:
• COSTA, Cristina. Sociologia:
Introdução a ciência da sociedade.
São Paulo: Moderna, 1994. p. 2-15
• MARTINS, Carlos Benedito. O que é
sociologia. São Paulo: Brasiliense,
2005.
O que é a Sociologia
• A sociologia apresenta-se, na
História, como uma ciência da
sociedade que pode se ligar tanto
a projetos de transformação
radical da mesma (marxismo),
como a projetos conservadores
(positivismo).
Contextualizar

• Para entender as diferentes


avaliações sobre a sociologia [“este
conjunto de conceitos, de técnicas e
de métodos de investigação
produzidos para explicar a vida
social”], é necessário contextualizar
historicamente o seu surgimento.
Sociologia e modernidade
• A premissa de Martins (p. 8) é de que
a Sociologia nasceu da tentativa de
dialogar com o capitalismo. No
entanto, a sociologia mais do que
analisar a sociedade sempre teve
uma intenção prática sobre a
mesma, um “forte desejo de
interferir no rumo desta civilização”.
Aspectos gerais que serão destacados:
• Contexto histórico:
• Antecedentes históricos:
• Renascença:
• Séculos XVI e XVII
• Surgimento da Revolução Industrial:
• Crise e transição do Feudalismo para o
Capitalismo;
Aspectos gerais que serão destacados:
• As transformações na ciência e no modo
de ver o mundo: o desencantamento do
mundo.
• O surgimento do método científico
moderno:
• A “revolução copernicana”;
• O racionalismo moderno;
• O empirismo moderno;
Aspectos gerais que serão destacados:
•A Revolução Industrial e as
transformações na sociedade europeia:
• Crise no campo (êxodo rural);
• Crise na cidade (surgimento das grandes
metrópoles);
• Novas relações econômicas:
• Burguesia e proletariado urbano;
Aspectos gerais que serão destacados:
• As crises políticas:
• Revoluções Burguesas: Revolução Francesa
• As teorias políticas liberais;
• O surgimento e desenvolvimento do
“individualismo moderno”: indivíduo X
sociedade (Estado);
• A crise do Estado Absolutista e surgimento da
democracia moderna.
Aspectos gerais que serão destacados:
• A nova sociedade nascente e suas
novas relações sociais:
• A sociedade de classes;
• As transformações sociais, políticas e
econômicas e o surgimento da
“questão social”;
• Capitalismo e Socialismo;
Aspectos gerais que serão destacados:

• O surgimento da Sociologia
enquanto “ciência da sociedade”:
• A sociologia como tentativa de
explicação da sociedade;
• A sociologia como tentativa de
intervenção na sociedade;
• A sociologia como ideologia social?
POSITIVISMO
E
MARXISMO
As turbulências do século XIX
• Contexto histórico de guerras e confrontos;
• Revolução Francesa (1789); Crise do Antigo Regime;
• Transformações sociais, políticas, econômicas, culturais,
científicas;
• Revolução Industrial; hegemonia da burguesia liberal
capitalista (industrial, sobretudo);
• Independências na América (Estados Unidos, Haiti,
América do Sul;
• Movimentos operários; socialistas; Nacionalistas etc.
• Surgimento da “questão social”;
• Luta por direitos civis, políticos e sociais (operários);
• Imperialismo europeu: missões civilizatórias
(darwinismo social)
As origens do positivismo

• O positivismo foi a primeira corrente


do pensamento sociológico e que
elaborou a primeira teoria no sentido
de organizar os princípios gerais que
regem o homem e a sociedade, seu
primeiro representante foi o pensador
francês Auguste Comte, no século XIX.
As origens do positivismo
• Embora o positivismo reconhecesse que os
princípios do mundo físico e os princípios do
mundo social fossem diferentes, a base para as
reflexões iniciais foram as ciências da natureza
(Física, Química, Biologia).
• Auguste Comte nomeou suas análises da
sociedade de “física social”, mais tarde,
Sociologia desse modo, o Positivismo foi a
primeira teoria a organizar alguns princípios a
respeito do homem e da sociedade, enquanto
ciência social.
Positivismo e Cientificismo
• O positivismo deriva do “cientificismo” que era a
crença no poder da razão humana para
conhecer a realidade e traduzir em leis e
princípios gerais da natureza.
• O positivismo desenvolveu uma visão “organicista” da
sociedade humana. Baseado em uma analogia com as
ciências da natureza, sobretudo, a biologia, os
positivistas estabeleceram o princípio de que a
sociedade humana é um organismo vivo e que
suas leis sociais seriam estabelecidas “mecanicamente”
tal como as leis físicas das ciências da natureza.
Lição de Anatomia (van Mierevelt, 1617)
Augusto Comte (1798-1857)
A “Física Social” de Comte
• Auguste Comte foi “secretário de Saint-
Simon de quem seguiu a orientação para
o estudo das ciências sociais e as ideias
de que os fenômenos sociais como os
físicos podem ser reduzidos a leis e
de que todo conhecimento científico e
filosófico deve ter por finalidade o
aperfeiçoamento moral e político da
humanidade”.
Os fenômenos sociais como fatos
• August Comte acreditava que a derrota do
Iluminismo e dos ideais revolucionários devia-
se à ausência de concepções científicas.
Defendia que a política fosse uma ciência
exata.
• Acreditava que todos os fenômenos naturais ou
humanos fossem analisados como FATOS:
• A ciência deveria afastar os preconceitos ou
pressupostos ideológicos, tornando-se
NEUTRA.
• Assim, a sociedade seria regida por princípios e
leis naturais:
Em busca de uma sociedade sem
conflitos sociais
• “O positivismo representava a doutrina que
consolidaria a ordem pública, desenvolvendo
nas pessoas uma “sábia resignação” ao seu
status quo. Nada de doutrinas críticas,
destrutivas, subversivas, revolucionárias
como as do iluminismo da Revolução
Francesa ou as do socialismo. Em poucas
palavras: só uma doutrina positiva serviria de
base da formação científica da sociedade”
Os estágios históricos da humanidade
• “Segundo ele, a humanidade passou por
três etapas sucessivas: o estado
teológico, durante o qual o homem
explicava a natureza por agentes
sobrenaturais; o estado metafísico, no
qual tudo se justificava através de noções
abstratas como essência, substância,
causalidade, etc.; e o estado positivo, o
atual, onde se buscam as leis científicas”.
Fases do desenvolvimento
• Dessa “lei dos três estados”,
Comte deduziu a própria
formação do homem.
• Segundo ele, essas fases da
história da humanidade se
reproduziriam em cada indivíduo:
Fases do desenvolvimento
• “Na primeira fase, a da infância, a aprendizagem
não teria um caráter formal. Transformaria
gradativamente o fetichismo natural inicial numa
concepção abstrata do mundo.
• Na segunda fase, a da adolescência e da juventude, o
homem adentraria no estudo sistemático das ciências.
• Aos poucos, o homem na idade madura chegaria
ao estado positivo, passando do estado metafísico.
Não mais abraçaria a religião de um Deus abstrato.
Enlaçaria a religião do Grande Ser, que é a
Humanidade. A educação formaria, portanto, a
solidariedade humana”.
Questionamentos
• Mas será que essas três fases propostas por Comte
realmente representam a evolução das crianças e dos
jovens?
• Os educandos realmente se desenvolvem dessa
maneira?
• É possível seguir historicamente essas três fases do
“desenvolvimento” histórico da humanidade?
• Nesse sentido, prenuncia-se outra característica do
positivismo: “a concepção determinista, que
atribui ao comportamento humano as mesmas
relações invariáveis de causa e efeito que presidem
as leis da natureza” (Aranha, 2010, p. 213).
Positivismo e Sociedade
• “A conquista e dominação da África e Ásia pela Europa
tinha como justificativa a "missão civilizadora" de países
como a Inglaterra, França, Alemanha, Itália, que se
apoderavam de regiões do mundo onde o modo de vida
era totalmente diferente do capitalismo europeu.
Deparou-se a Europa com civilizações organizadas sob
princípios como o politeísmo, a poligamia, formas de
poder tradicionais, economia agrária e artesanato
doméstico. Transformar esse mundo conquistado em
colônias que se submetessem aos valores capitalistas,
capazes de responder positivamente à oferta de produtos
industrializados e à necessidade de mão-de-obra
assalariada, requeria uma empresa de grande
envergadura. Dessa transformação dependiam a expansão
e a sobrevivência do capitalismo industrial” (Costa,
Introdução à Sociologia).
A sociedade industrial
• Com o avanço do capitalismo industrial,
operários urbanos e camponeses começam a
questionar os rumos da sociedade, é o
surgimento da “QUESTÃO SOCIAL”.
• O princípio civilizatório do capitalismo
europeu foi colocado em questão.
• “A essa questão, os primeiros pensadores
sociais positivistas responderam com as
ideias de ordem e progresso” (apud Costa)
ORDEM E PROGRESSO
• Para Auguste Comte havia dois movimentos na
sociedade: um que leva à EVOLUÇÃO,
transformando a sociedade segundo uma lei
universal, que levaria do mais simples ao mais
complexo, evoluindo, e outro que busca AJUSTAR
os indivíduos à condições estabelecidas para o
melhor funcionamento da sociedade e o bem
comum. Tais movimentos levariam a sociedade
em direção à ORDEM, isto é, à INTEGRAÇÃO e
AJUSTAMENTO e ao PROGRESSO visando as
formas mais evoluídas de vida.
Dois movimentos da sociedade
• Aos dois movimentos vitais: chamou de DINÂMICO
àquele que representava a passagem às formas mais
complexas da existência social, como a industrialização
e, ESTÁTICO aquele que representa a preservação dos
elementos da organização social, isto é, as instituições
que mantem a COESÃO SOCIAL tais como: família,
religião, propriedade, linguagem, direito etc.
• Para Auguste Comte, a manutenção era mais
importante que a mudança, por isso, o estático
sobrepõe-se ao dinâmico. A função do progresso é
APERFEIÇOAR os ELEMENTOS DA ORDEM e não
destruí-la. (Sociedade Agrária X Industrial; Civilização
Europeia X Civilizações Indígenas etc.)
Uma “ciência da sociedade”
• “Por mais evidentes que se tornem hoje os
limites, interesses, ideologias e preconceitos
inscritos nos estudos positivistas da sociedade,
por mais que eles tenham servido como lemas
de ação política conservadora, como
justificativa para as relações desiguais entre
sociedades, é preciso lembrar que eles
representaram o primeiro esforço relevante
de análise científica da sociedade” (apud
Costa)
EMILE DURKHEIM (1858-1917)
• Emile Durkheim tenta compreender a sociedade
capitalista a partir de diversos conceitos,
formulando sua teoria.
• Ao desenvolver sua teoria, Durkheim parte de uma
série de conceitos que serão uma das bases da
sociologia enquanto ciência da sociedade.
• Durkheim é responsável, portanto, pela elaboração
de, por assim dizer, um vocabulário técnico-
científico que dará uma especificidade
científica para a Sociologia.
Alguns dos conceitos elaborados:

• Consciência coletiva, divisão


do trabalho social,
solidariedade mecânica,
solidariedade orgânica e
anomia.
CONSCIÊNCIA COLETIVA
• Se todos temos uma “consciência
individual” (uma psique), para Durkheim,
temos também uma consciência formada
pelas “ideias comuns” que estão presentes
em “todas” as “consciências individuais” de
uma sociedade.
• Para Durkheim, a primeira consciência
comum é que determina a nossa conduta,
que não é individual, mas SOCIAL.
A objetividade da consciência coletiva
• A CONSCIÊNCIA COLETIVA é OBJETIVA,
isto é, por não vir de apenas um
indivíduo, está DIFUSA em TODA a
sociedade. É EXTERIOR ao indivíduo e
exerce um poder de COERÇÃO, uma
“autoridade sobre o modo como o
indivíduo deve agir no seu meio
social”.
O REGRAMENTO SOCIAL
• Nesse sentido, não é a CONSCIÊNCIA
INDIVIDUAL que determinará as ações de
uma pessoa, mas a CONSCIÊNCIA COLETIVA
que impõe as REGRAS SOCIAIS.
• Ao nascer, o indivíduo já encontra a
sociedade organizada com seu complexo
de instituições, valores etc. Somos fruto
das GERAÇÕES ANTERIORES...
Nas REGRAS DO MÉTODO SOCIOLÓGICO, E. DURKHEIM pontua:
• “[...] não sou obrigado a falar o mesmo idioma que
meus companheiros de pátria, nem empregar as
moedas legais; mas é impossível agir de outra
maneira. Minha tentativa fracassaria
lamentavelmente se procurasse escapar desta
sociedade. Se sou industrial, nada me proíbe de
trabalhar utilizando processos técnicos do século
passado; mas, se o fizer, terei a ruína como resultado
inevitável. Mesmo quando posso realmente libertar-
me destas regras e violá-las com sucesso, vejo-me
obrigado a lutar contra elas” (apud As regras do
método sociológico).
REFLETINDO
• Faça um exercício reflexivo
e pense sobre as formas
que a Sociedade por meio
da Consciência Coletiva
exerce controle sobre
nossas vidas...
DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO
• Para entender o FUNCIONAMENTO da sociedade
capitalista, Durkheim busca analogias na Biologia, ou
seja, os organismos vivos para se desenvolverem e
se multiplicarem têm suas funções biológicas
determinadas para cumprir suas determinações
físicas.
• Na sociedade humana, de maneira
semelhante ou análoga, cada indivíduo
desenvolve uma função de maneira a
garantir o funcionamento do corpo social:
• “[...] as funções políticas,
administrativas, judiciárias,
especializam-se cada vez mais.
O mesmo acontece com as
funções artísticas e científicas”
(idem).
Especialização das funções sociais
• A especialização de cada indivíduo leva a uma
dependência cada vez maior dos outros
indivíduos.
• A especialização ou surgimento de novas
atividades, conforme o progresso da sociedade,
leva à necessidade de outras e, assim por diante,
ocasionando a divisão do trabalho social.
• Não se trata apenas do aspecto econômico,
mas de uma solidariedade entre as
pessoas.
SOLIDARIEDADE MECÂNICA E
SOLIDARIEDADE ORGÂNICA
• Para explicar a solidariedade
mecânica, Durkheim faz uma
comparação das sociedades
tribais e feudais com a
sociedade capitalista.
Sociedades “menos” complexas
• Nas sociedades tribal e feudal, não havia
ou não há muita diversificação ou
necessidade de especificação das
atividades, gerando uma maior
necessidade da solidariedade mecânica,
que manteria coesão social por meio de
laços religiosos, da tradição ou
sentimentos.
Sociedades “mais” compelxas
• A solidariedade orgânica por sua vez, aparece
quando a divisão do trabalho social aumenta,
não são as crenças que unem as pessoas, mas a
“interdependência das funções sociais”. Essa
forma de organização é típica das sociedades
urbanas ou industrializadas (mais complexas?), é
o caminho da especialização das funções.
• Nessa forma de solidariedade orgânica há mais
espaço para a individualidade e liberdade de
ação.
Nesse sentido:
• “[...] é preciso que a consciência coletiva deixe
descoberta uma parte da consciência individual, para
que, nesta parte, se estabeleçam as funções que ela
(consciência coletiva) não pode regulamentar (...) de
fato (com a divisão do trabalho social) cada um
depende tanto mais estreitamente da sociedade
quanto mais não tivessem sua origem na Economia
(forma pela qual as pessoas trabalham), mas sim
numa CRISE MORAL...” quando as regras sociais
estão em crise e não funcionam para manter a
ordem social, o status quo...
SOCIALISMO E MARXISMO

AS IDEIAS
SOCIALISTAS
As críticas ao capitalismo
• Teorias socialistas, desde o socialismo utópico
até o socialismo científico.
• Oposição às teses do liberalismo: contrato
social (teoria do indivíduo em “estado de
natureza” por seu caráter individualista e
idealista), uma vez que “o ser humano é,
antes de tudo, um ser social que se
constrói nas relações de trabalho”).
• Assim, a subjetividade é resultado não
das ideias, mas das forças sociais e
materiais que agem sobre os indivíduos:
• “Não são as ideias que
movem o mundo, mas são as
condições materiais da
existência humana que
determinam as ideias (formas
de pensar, valores)” [cf: Prefácio da
contribuição à critica da economia política,
Marx]
Consciência e existência
Por que temos que trabalhar?
A Grande Assembleia Cartista de 1848,
em Londres.
• “O trabalhador se torna uma mercadoria tão
mais barata quanto mais mercadorias cria. Com
a valorização do mundo das coisas
(Sachenwelt) aumenta em proporção direta a
desvalorização do mundo dos homens
(Menschenwelt). O trabalho não produz
somente mercadorias; ele produz a si mesmo e
ao trabalhador como uma mercadoria, e isto na
medida em que produz, de fato, mercadorias
em geral”
• (Karl Marx, Manuscritos econômico-filosóficos).
“(O estranhamento do trabalhador em seu objeto
se expressa, pelas leis nacional-econômicas, em
que quanto mais o trabalhador produz, menos tem
para consumir; que quanto mais valores cria, mais
sem-valor e indigno ele se torna, quanto mais
bem formado o seu produto, tanto mais
deformado ele fica; quanto mais civilizado
seu objeto, mais bárbaro o trabalhador;
que quanto mais poderoso o trabalho, mais
impotente o trabalhador se torna; quanto mais rico
de espírito o trabalho, mais pobre de espírito e
servo da natureza se torna o trabalhador.)”
(Karl MARX, Manuscritos econômico-filosóficos)
• Na verdade, o operário ou proletário, por exemplo, não se
caracteriza especificamente pelo trabalho manual ou
instrumental, mas por este trabalho em determinadas
condições e em determinadas relações sociais (sem falar
no fato de que não existe trabalho puramente físico, e de
que mesmo a expressão de Taylor, do ― gorila
amestrado, é uma metáfora para indicar um limite numa
certa direção: em qualquer trabalho físico, mesmo no
mais mecânico e degradado, existe um mínimo de
qualificação técnica, isto é, um mínimo de atividade
intelectual criadora). E já se observou que o empresário,
pela sua própria função, deve possuir em certa medida
algumas qualificações de caráter intelectual, embora sua
figura social seja determinada não por elas, mas pelas
relações sociais gerais que caracterizam efetivamente a
posição do empresário na indústria (GRAMSCI, 2004b, C
12, § 1, p. 18).
Materialismo Marxista
• Trata-se, aqui, do materialismo
marxista. Trata-se da relação dos dois
níveis de realidade: a infraestrutura
(estrutura material da sociedade, sua
base econômica) e a superestrutura
(estrutura jurídico-política [Estado,
direito etc.] e estrutura ideológica:
formas de consciência social).
Infraestrutura, Superestrutura e
consciência social
• Segundo Marx, a infraestrutura
determina a superestrutura, isto é,
a “base material e econômica
influencia a maneira de pensar e
querer dos indivíduos”.
• Essa relação é justificada pela
IDEOLOGIA dominante da
sociedade histórica, no caso, a
sociedade de classes sociais.
O individualismo é um produto da sociedade
Base material e econômica influencia a maneira de
pensar dos indivíduos...
Coletivismo ou Individualismo?
LUTA DE CLASSES E HISTÓRIA
• Há, no entanto, um conflito constante
entre dominantes e dominados; uma
luta de classes histórica gerada pelas
forças sociais antagônicas, que lutam ou
para manter a ordem social vigente, ou
para superar essa ordem social; tal
ordem, por ser histórica, pode ser
superada; trata-se da luta de classes;
Relações sociais de produção
Crianças em uma “linha de montagem”
durante a Revolução Industrial
MATERIALISMO HISTÓRICO E DIALÉTICO
• A teoria que analisa esse processo é o
MATERIALISMO HISTÓRICO E DIALÉTICO,
proposto por Marx; a filosofia de Marx é
conhecida por “filosofia da práxis” e propõe a
superação histórica do capitalismo rumo a
uma sociedade comunista, na qual não
haveria mais a dominação do homem sobre o
homem, uma vez que a propriedade
privada seria abolida e a sociedade
seria uma sociedade sem classes e
sem Estado...
Operários do mundo todo, uni-vos! (Marx e
Engels, Manifesto Comunista de 1848)
Ideologia e sociedade
• “[...] para Marx,, não é a consciência
das pessoas que explica a sociedade,
mas determinada maneira de se
apropriar da natureza e agir cria
determinada consciência,
determinada maneira de pensar”
(idem, p. 66).
Em termos de relações sociais de produção:
• “Podemos afirmar que na sociedade
capitalista existe ideologia: uma
imposição dos valores e ideias da classe
empresarial (classe dominante) como
sendo a única visão correta de sociedade
e a consequente tentativa de fazer com
que a classe trabalhadora pense com os
valores da classe dominante” (idem, p. 67).
ERROS DO “SOCIALISMO REAL”
• Porém, na tentativa de enfatizar
o coletivo, muitas vezes se
reprimiu os pensamentos
divergentes, levando à
intolerância. Mais tarde, o
“socialismo real” acabou por se
esfacelar na ex-URSS...

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