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Aluna: Rayane Andrade Moraes 2014007375

Noções conceituais em Sociologia e Antropologia – Contribuições aos estudos


societários1

Dilma Lopes Ribeiro2

Ao caminharmos pelas ruas, desenvolvermos atividades profissionais, frequentarmos um


templo religioso ou instituição escolar, ao realizarmos atividades laborais (trabalho), comprarmos
produtos em uma feira ou simplesmente ao estarmos à mesa de jantar com familiares, utilizamos ou
somos influenciados e atingidos por ideias que agregam ou representam noções conceituais sócio
antropológicas - e de outras matrizes de conhecimento - que são decorrentes das relações sociais
travadas por nós e antepassados.
Assim, para buscarmos compreender as contribuições das Ciências Sociais aos estudos
societários, inclusive em meio rural, faz-se necessária a compreensão de algumas das principais
noções conceituais que conformam o campo dessas ciências, elaboradas por seus ilustres
representantes – em particular Émile Durkheim, Karl Marx e Max Weber – e, posteriormente,
aplicadas e desenvolvidas por outros estudiosos.
Entretanto, é conveniente ressaltar que os curtos textos explicativos atribuídos como
significados a cada um desses conceitos não devem ser tomados como as únicas explicações
possíveis, conforme nos adverte Johnson (1997, p.x):
Inventar palavras para rotular a realidade social não é trabalho simples e
está cheio de controvérsias. Sociólogos podem discordar sobre a maneira
de definir conceitos, tais como família, cultura ou poder, em parte porque
cada um deles representa algo tão complexo e variado em formas que é
difícil propor uma única e concisa definição para todos. Isso significa que a
mesma palavra pode ser usada de diferentes maneiras.

Cada um dos termos listados abaixo, e outros tantos, estão presentes e agem sobre os
indivíduos, independentemente de sua vontade, e quer tenham consciência disso ou não. Vamos
discutir suas conformações conceituais e aplicá-las a ocorrências do cotidiano, visando melhor
compreensão.

TERMOS, NOÇÕES, CONCEITOS E SEUS SIGNIFICADOS SÓCIO ANTROPOLÓGICOS:

- ALTERIDADE: reconhecimento do “outro” como sujeito de iguais condições e direitos, que resulta
da interação sócio cultural.

- ANIMISMO: Forma de religiosidade baseada na crença de que espíritos (ânima = alma) habitam
seres vivos e objetos sem vida, tais como árvores, rochas, nuvens, ventos ou animais.

- ANOMIA: Situação social onde falta coesão e ordem, especialmente no tocante a normas e valores.
A guerra, por exemplo, gera anomia, uma vez que subverte o padrão habitual da vida social e cria
uma situação em que se torna obscuro determinar quais normas têm aplicação.

- AUTORIDADE: É definida e sustentada pelas normas do sistema social e, de modo geral, aceita
como legítima pelos que dela participam. Essa legitimidade não está ligada aos indivíduos, mas às
posições – status – ocupadas por eles nos sistemas sociais de fazem parte.

1
Material elaborado para a disciplina Sociologia Rural e Antropologia, ministrada ao curso de Zootecnia da
Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). Agosto de 2011. Atualizado em Janeiro de 2016.
2
Doutoranda em Ciências Sociais, com ênfase em Antropologia, pela Universidade Federal do Pará (UFPA);
professora da UFRA.
- CAMPONESES: São trabalhadores rurais em grandes sociedades agrárias, que produzem
principalmente em unidades familiares para consumo próprio. Variam dos relativamente prósperos
aos sem-terra. O termo possui conotação ou caráter politico, diferenciando-o em relação a
“produtores rurais”.

- CAPITAL CULTURAL: Ideias e conhecimentos adquiridos e colocados em circulação quando as


pessoas participam da vida social.

- CAPITAL: tudo aquilo que pode ser usado para gerar renda ou produzir riqueza, incluindo dinheiro
(inclusive emprestado a juros), ferramentas e maquinaria utilizadas para fabricar produtos e o tempo
do trabalhador, vendido por salário.

- CAPITALISMO: Sistema econômico surgido na Europa nos séculos XVI e XVII, organizado em
torno do conceito de capital e da propriedade e controle dos meios de produção por indivíduos que
empregam trabalhadores para produzir bens e serviços em troca de salários; produzindo a partir
disso o lucro - razão do sistema. Um conjunto de relações entre: 1) trabalhadores; 2) meios de
produção; 3) os que possuem ou controlam esses meios.

- CATEGORIA SOCIAL: é um conjunto de pessoas que têm o mesmo status social, tais como
“mulher”, “religiosos”, “estudante universitário”.

- CIDADANIA: Situação social que envolve três tipos distintos de direitos, especialmente em relação
ao Estado: 1) direitos civis (livre expressão, organização, locomoção, igualdade perante a lei); 2)
direitos políticos, que incluem votar e ser votado; 3) direitos sócio econômicos, direito ao bem-estar, à
segurança social e a ter um emprego.

- CLASSE: Um dos conceitos mais importantes no estudo da Estratificação Social. É uma distinção e
uma divisão social que resultam da distribuição desigual de vantagens e recursos, tais como riqueza,
poder e prestígio.

- COESÃO: Grau em que indivíduos que participam de um sistema social se identificam com ele e se
sentem obrigados a apoiá-lo, especialmente no que diz respeito a normas, valores crenças e
estrutura.

- COLETIVIDADE: Consiste de pessoas que se consideram pertencentes a uma unidade social


identificável, mas, diferentemente de grupo, carece de padrões regulares de interação entre seus
membros (identificações raciais, religiosas, comunitárias, etc).

- COMUNIDADE: Seria composta de relações de consanguinidade (família), de coabitação territorial


(vizinhos) e afinidade espiritual (amigos). Se caracteriza pela vida social em conjunto, intimidade, laço
entre as pessoas, são relações que tem valor por si mesmas, não dependem de algo externo a elas,
são únicas.

- COMUNISMO: Consiste num modelo político, social e econômico em que não haveria classes e não
haveria Estado.

- CONFLITO SOCIAL: Ocorre quando duas ou mais pessoas se opõem na interação social, e cada
uma exerce poder social com reciprocidade em um esforço para alcançar objetivos incompatíveis,
mas impedir que o outro alcance os seus.

- CULTURA - Tudo o que é humanamente criado (hábitos, crenças, artes e artefatos) e passado de
uma geração a outra.” (BOURDIEU, 1990);

- DETERMINISMO CULTURAL: Surge como uma escola de pensamento em que uma cultura é
superior a outra.

- ESTADO: É uma entidade política que exerce poder soberano dentro de um determinado território, e
esse poder soberano é geralmente aceito como legítimo pelas pessoas que a ele se submetem (no
caso de uma democracia, os cidadãos).

- ESTEREÓTIPO: É um tipo de padrão que a sociedade constrói. É uma ideia preconcebida que acaba
colocando as pessoas ou grupos sociais em “caixinhas”, criando rótulos, ditando seus
comportamentos e padronizando sua imagem de forma bem preconceituosa.
- ESTRUTURA: Modo como a sociedade é organizada a partir das relações estabelecidas entre os
indivíduos e os grupos sociais.

- ETNICIDADE: Está associado às práticas e construções culturais que diferenciam um grupo dos
demais.

- ETNOCENTRISMO – etno (raça, grupo social, cultura); centrismo (centro). “cegueira para diferenças
culturais” e “tendência a julgamentos negativos de membros de uma cultua sobre outras”.

- FATO SOCIAL (s) – não é um acontecimento; são características culturais de um sistema social
externas ao indivíduo, mas que exercem sobre ele motivações, obrigações, reconhecimento. Ex:
hierarquia, papéis, composição da família, empresa, burocracia.

- FENÔMENOS SOCIAIS – em contraposição aos “fenômenos naturais”. Expressa “o mundo da


vida”, ou as “experiências humanas”. Diferente de “evento”.

- FETICHE – condição de atribuição de características mágicas (especiais, preciosas) a um objeto,


que por isso passa a ter vida própria; “tende a obscurecer os relacionamentos sociais subjacentes
entre pessoas, que constituem a origem real daquilo que atribuímos às mercadorias.” ex: dinheiro,
grifes,

- FUNÇÃO SOCIAL – exemplo: a escola tem a função social de socializar os indivíduos. “Educar”
suas mentalidades, conformá-las de acordo com os princípios e interesses que regem o conjunto da
sociedade vigente.

- GENERO: É um elemento constitutivo das relações sociais baseado nas diferenças percebidas entre
os sexos.

- GERAÇÃO: Consiste de pessoas que partilham o mesmo conjunto de experiências, o mesmo


"tempo qualitativo".

- IDENTIDADE – “conjunto relativamente estável de percepções sobre quem somos em relação a nós
mesmos, aos outros e aos sistemas sociais.

- INSTITUIÇÃO SOCIAL – “conjunto duradouro de idéias sobre como atingir metas


reconhecidamente importantes na sociedade” em que se vive. Algumas formas de instituição: família
(s), religião (ões), trabalho, política...

- LATIFÚNDIO: é uma propriedade rural privada e de grande extensão, geralmente utilizada para a
produção de apenas um produto (monocultura) e voltada para o mercado externo.

- RECIPROCIDADE: Definida como os movimentos entre pontos de correlação de grupos sociais


simétricos; a redistribuição correspondendo aos movimentos de apropriação em direção a um centro,
e, em seguida, desse em direção ao exterior; a troca assimilada aos movimentos de vai-e-vem tais
como a passagem de 'uma mão para outra' dos objetos em um sistema mercantil.

- RURAL: Caracterizase mais pelo seu campo de acção que por uma coloração teórica original.
Diversidade na unidade, tal parece ser o traço essencial do mundo rural: 1. diversidade dos tipos de
paisagens (regiões arborizadas, campos abertos...) e das estruturas de exploração (dimensão, modos
de exploração, produções).

- SOCIABILIDADE: O termo "sociabilidade" designa ao mesmo tempo o estado que resulta


imediatamente das faculdades do homem (estado de sociedade) e um traço de psicologia colectiva
atribuído a grupos mais ou menos alargados.

- SOCIEDADE: Organização humanamente fundada ou sistema de inter-relações que articula


indivíduos numa mesma cultura. Com frequência, experimentamos a sociedade (organização
humanamente fundada) como algo externo aos indivíduos e às interações que a fundam.

- STATUS E PAPEL SOCIAL: A ideia de status social está ligada às diferentes funções que um sujeito
pode ocupar no interior da sociedade em que vive. O conceito de papel social aparece justamente
para explicar quais seriam os direitos e deveres que uma pessoa tem ao ocupar um determinado
status social.

- TERRITÓRIO: O território não é apenas um conjunto de formas naturais, mas um conjunto de


sistemas naturais e artificiais, junto com as pessoas, as instituições e as empresas que abriga, não
importa o seu poder. O território deve ser considerado em suas divisões jurídico-políticas, suas
heranças históricas e seu atual conteúdo econômico, financeiro, fiscal e normativo. É desse modo que
ele constitui, pelos lugares, aquele quadro da vida social onde tudo é interdependente, levando,
também, à fusão entre o local, o global invasor e o nacional sem defesa.

- URBANO: A sociologia urbana é o estudo dos modos de vida e organização das pessoas que vivem
nas cidades. De uma perspectiva prática-normativa, os sociólogos urbanos estudam as interações
das pessoas que vivem nas cidades para compreender os problemas que enfrentam.

Escolha um dos termos da lista e elabore um exemplo de aplicação do mesmo em


contexto/situação em meio rural-agrário.

De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC, Lei 9.985/2000) as unidades
de uso sustentável são criadas com o objetivo básico de compatibilizar a conservação da natureza com o
uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais pelas comunidades extrativistas que
tradicionalmente habitam estas áreas.

As categorias Reservas Extrativistas (Resex) e Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) são


criadas partindo de demanda das comunidades tradicionais, que buscam a garantia e reconhecimento
do seu território já utilizado para a proteger os seus meios de vida e cultura, além de assegurar o uso
sustentável dos recursos naturais da unidade, como a extração de óleo das sementes de andiroba e
jaborandi muito comum na região amazônica.

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