A peça A Exceção e a Regra de Bertolt Brecht relata a história de um Cule, Guia e Comerciante durante uma expedição. O Comerciante trata os empregados de forma desumana em busca de lucro. O Cule teme ser demitido. No fim, ele oferece água ao Comerciante, que o mata achando ser uma ameaça. Apesar das provas, os juízes absolvem o Comerciante sob a lei da legítima defesa.
A peça A Exceção e a Regra de Bertolt Brecht relata a história de um Cule, Guia e Comerciante durante uma expedição. O Comerciante trata os empregados de forma desumana em busca de lucro. O Cule teme ser demitido. No fim, ele oferece água ao Comerciante, que o mata achando ser uma ameaça. Apesar das provas, os juízes absolvem o Comerciante sob a lei da legítima defesa.
A peça A Exceção e a Regra de Bertolt Brecht relata a história de um Cule, Guia e Comerciante durante uma expedição. O Comerciante trata os empregados de forma desumana em busca de lucro. O Cule teme ser demitido. No fim, ele oferece água ao Comerciante, que o mata achando ser uma ameaça. Apesar das provas, os juízes absolvem o Comerciante sob a lei da legítima defesa.
Ano: 1929 / 1930 Início da peça: os atores se preparam e arrumam o palco para interpretação da peça. Reflexões: o quão recorrente e naturalizado é a exploração da mão de obra no sistema capitalista. O Estado, por sua vez, não está interessado em apoiar os interesses dos trabalhadores, mas sim das classes dominantes. Além disso, a busca incessante do comerciante leva-nos a refletir na ganância humana que faz com que muitas pessoas realizem de tudo para alcançar o que almejam. Resumo: A peça relata a trajetória de um Cule, um Guia e um Comerciante. O Comerciante os paga para ajudar em uma expedição com o objetivo de chegar à cidade de Urga antes de seus concorrentes, a fim de fechar um negócio de concessão referente a um poço de petróleo. As condições climáticas não são as mais favoráveis e o comerciante, desesperado para chegar a tempo, faz de tudo para que seus contratados sejam os mais ágeis possíveis, tratando-os de forma desumana. Nisso, o guia se demite, mas o cule, por não ser um trabalhador regularizado, teme a demissão e faz de tudo para evitar que isso aconteça, até porque precisa sustentar a sua família. Durante a viagem, ele é vítima de diversas agressões por parte do comerciante, que aponta o revólver para ele, faz ameaças, o chicoteia e, em uma dessas situações, até quebra o seu braço. Assim, o cule, após a demissão do guia, precisa assumir um duplo papel – o carregador da bagagem e o guia – e se depara com um desafio. Certo dia, em meio a sede e a falta de água, o comerciante se vê sem saída, já que seu cantil já havia secado. Por outro lado, o cule possuía um cantil de água reserva que foi dado pelo guia para situações extremas. Novamente, temendo a demissão e as consequências de não levar a sério o seu serviço, ele resolve se dirigir ao comerciante e dar o seu cantil. Quando se aproximou do seu patrão, este se assustou e pensou que ele carregava uma pedra. Apontando a arma para ele, matou-o e “deu a ele o que merecia”. No julgamento, a mulher do cule pede uma indenização e a punição do assassino. O comerciante, tentando se livrar da acusação, mente diversas vezes e nega a agressão ao seu empregado. Os juízes tentam achar o motivo que levou ao cule a “tentar matar o comerciante” e ao comerciante assassina-lo utilizando um revólver – estaria o cule tentando se vingar após o seu superior tratá-lo de forma agressiva? Todavia, o que se acha são provas que dizem o contrário: na verdade, o cule só queria oferecer água ao seu patrão, tornando-o inocente. Mesmo assim, os juízes determinam que o comerciante agiu em legítima defesa pois estava tentando apenas se defender, já que, considerando as suas práticas violentas contra seus subordinados, jamais estes poderiam agir inocentemente. Assim, não poderia o comerciante ter pensado diferente, visto que não se pode desconsiderar a regra por conta de uma exceção. “COMERCIANTE: A gente tem de seguir a regra e não a exceção! A Exceção e a Regra JUIZ: Então, é isto: que motivos poderia ter o carregador, para dar de beber ao seu carrasco? GUIA: Nenhum motivo razoável!” “Juiz: (...) O carregador pertencia a uma classe que tem, efetivamente, razões para sentir-se prejudicada. Para pessoas da classe do carregador, defender-se contra um abuso que o deixasse lesado na partilha da água, era uma simples questão de bom- senso. Para pessoas desse tipo, com seus pontos de vista limitados e unilaterais, aferrados a um único aspecto da realidade, parecia até bastante justo vingar-se dos que as maltrataram: no dia do ajuste de contas, só teriam a ganhar. O comerciante não pertencia à mesma classe do carregador, de quem só poderia esperar o pior. O comerciante jamais poderia acreditar em qualquer gesto de camaradagem por parte do carregador, a quem ele havia confessadamente maltratado: o bom-senso lhe dizia que sobre ele pesavam as mais graves ameaças, e o despovoado da região devia trazê-lo cheio de apreensões. A ausência de polícias e de juízes possibilitava ao emprego arrancar-lhe à força a sua ração de água, e o encorajava mesmo a fazer isso. O acusado, portanto, agiu em legítima defesa, tanto no caso de ter sido realmente ameaçado, quanto no caso de apenas sentir-se ameaçado. Isto posto, absolve-se o acusado, e não se toma conhecimento da queixa da mulher do morto.” Quem foi Brecht? Bretch foi um dramaturgo, poeta, diretor de teatro e romancista alemão que viveu entre o período Entre Guerras – 1º e 2º Guerra Mundial -, presenciando, portanto, um período muito complicado na história mundial. Nesse período, a Alemanha ainda estava formando uma identidade nacional, ao contrário de muitos outros países, como o Brasil, que já havia a sua identidade em desenvolvimento desde a proclamação da independência, em 1922. Bretch, envergonhado da existência de uma raça superior as outras, teoria a qual foi defendida pela Alemanha, utiliza de suas obras artísticas para discutir temáticas relacionadas a guerra e a disputa de classes sociais. Ao contrário de artistas como Ibsen, que deixavam as reflexões subentendidas para que a pública fizesse as suas próprias reflexões, Bretch direciona, de forma bem clara, as mensagens que deseja passar para as pessoas, uma vez que ele tinha uma maior pressa em passar as reflexões, pois a guerra fazia com que tudo tivesse uma maior urgência, incluindo a conscientização da sociedade. Cria uma técnica teatral chamada de distanciamento ou estranhamento, a qual consiste na quebra da quarta parede (falas diretas para com o público), narrativa épica (alguém entra em cena e conta uma história que a plateia não vê, apenas ouve), quebras na narrativa para despertar o público de que a narrativa precisa ser refletida e transformada em mudanças na realidade (ele faz isso através de músicas cantadas no meio das cenas) Como uma pessoa que apoia as ideias comunistas disseminadas por Marx, ele realiza essas discussões com o uso da dialética – arte e dialogo da discussão. Matriz de Referência A Exceção e a Regra “Em encenações teatrais do século XX, nota-se uma mudança expressiva na recepção da peça, em que os espetáculos promovem interações entre ator e público, como observado na obra A exceção e a regra, de Bertolt Brecht. (...)” “(...) A obra A exceção e a regra, de Bertolt Brecht, representa a possibilidade de usar o teatro como instrumento para a conscientização política, por meio de uma estética teatral que leva ao distanciamento emocional do espectador, a fim de torná- lo mais crítico diante do espetáculo. (...)” “Considerando os gêneros teatrais, A exceção e a regra, de Bertolt Brecht, fazem parte das “peças didáticas” do autor e, nela, estão presentes elementos do que viria a ser conhecido como o Teatro Épico, um gênero teorizado pelo dramaturgo alemão. (...)” “Na encenação teatral, podem ser analisadas diferentes estruturas cênicas, que alteram a relação entre público e atores, como pode ser observado na quebra da “quarta parede” proposta em A exceção e a regra, de Bertolt Brecht. (...)” “Outro elemento problematizado nesta etapa são os processos de migrações decorrentes das guerras, retratados na obra Navio de emigrantes, de Lasar Segall (1939- 1941), e os conflitos sociais e às relações de poder que podem ser explorados nas peças A exceção e a regra (1930), de Bertolt Brecht, e Perdoa-me por me traíres (1957), de Nelson Rodrigues.” “O espaço teatral foi utilizado de maneiras diferentes ao longo dos anos, como é possível perceber na peça Perdoa-me por me traíres, de Nelson Rodrigues, que foi concebida para ser encenada no palco italiano, sob a estética naturalista, porém, à época, optou-se por uma construção de forma mais simbólica tanto do palco como da atuação. Por outro lado, a peça A exceção e a regra, de Bertolt Brecht, não há um espaço definido para sua encenação, pois, para o dramaturgo, o espaço teatral era o lugar de construção social e política.” “(...) Por meio de outra perspectiva estética, a peça A Exceção e a regra, de Bertolt Brecht, possibilita o uso de tecnologias e materiais diversos ao explorar recursos cênicos como a música, a projeção de textos e a construção cenográfica para proporcionar ao público uma nova experiência diante da arte teatral. (...)” “No campo artístico, o naturalismo busca uma fidelidade representativa que se relaciona com os ideais do positivismo e identifica uma estética consumida pelo público burguês. A peça A exceção e a regra, de Bertolt Brecht, exemplifica o rompimento com alguns princípios do naturalismo, como a quebra da quarta parede, e proporciona um estranhamento das cenas que leva o espectador a uma visão distanciada e analítica da realidade concreta. (...)”