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Sociologia, o que é?

Sociologia - tem como objeto de estudos a sociedade, a sua organização social e os


processos que interligam os individuos em grupo

A Sociologia é uma das Ciências Humanas que tem como objetos de estudo a sociedade, a sua
organização social e os processos que interligam os indivíduos em grupos, instituições e
associações. Enquanto a Psicologia estuda o indivíduo na sua singularidade, a Sociologia estuda os
fenômenos sociais, compreendendo as diferentes formas de constituição das sociedades e suas
culturas.

O termo Sociologia foi criado por Auguste Comte em 1838 (séc. XVIII), que pretendia unificar todos
os estudos relativos ao homem — como a História, a Psicologia e a Economia. Mas foi com Karl
Marx, Émile Durkheim e Max Weber que a Sociologia tomou corpo e seus fundamentos como
ciência foram institucionalizados.

A Sociologia surgiu como disciplina no século XVIII, como resposta acadêmica para um desafio
que estava surgindo: o início da sociedade moderna. Com a Revolução Industrial e posteriormente
com a Revolução Francesa (1789), iniciou-se uma nova era no mundo, com as quedas das
monarquias e a constituição dos Estados nacionais no Ocidente. A Sociologia surge então para
compreender as novas formas das sociedades, suas estruturas e organizações.

A Sociologia tem a função de, ao mesmo tempo, observar os fenômenos que se repetem nas
relações sociais – e assim formular explicações gerais ou teóricas sobre o fato social –, como
também se preocupa com aqueles eventos únicos, como por exemplo, o surgimento do
capitalismo ou do Estado Moderno, explicando seus significados e importância que esses eventos
têm na vida dos cidadãos.

Como toda forma de conhecimento intitulada ciência, a Sociologia pretende explicar a totalidade
do seu universo de pesquisa. O conhecimento sociológico, por meio dos seus conceitos, teorias e
métodos, constituem um instrumento de compreensão da realidade social e de suas múltiplas
redes ou relações sociais.

Os sociólogos estudam e pesquisam as estruturas da sociedade, como grupos étnicos (indígenas,


aborígenes, ribeirinhos etc.), classes sociais (de trabalhadores, esportistas, empresários, políticos
etc.), gênero (homem, mulher, criança), violência (crimes violentos ou não, trânsito, corrupção
etc.), além de instituições como família, Estado, escola, religião etc.

Além de suas aplicações no planejamento social, na condução de programas de intervenção social


e no planejamento de programas sociais e governamentais, o conhecimento sociológico é também
um meio possível de aperfeiçoamento do conhecimento social, na medida em que auxilia os
interessados a compreenderem mais claramente o comportamento dos grupos sociais, assim
como a sociedade com um todo. Sendo uma disciplina humanística, a Sociologia é uma forma
significativa de consciência social e de formação de espírito crítico.

A Sociologia nasce da própria sociedade, e por isso mesmo essa disciplina pode refletir interesses
de alguma categoria social ou ser usado como função ideológica, contrariando o ideal de
objetividade e neutralidade da ciência. Nesse sentido, se expõe o paradoxo das Ciências Sociais,
que ao contrário das ciências da natureza (como a biologia, física, química etc.), as ciências da
sociedade estão dentro do seu próprio objeto de estudo, pois todo conhecimento é um produto
social. Se isso a priori é uma desvantagem para a Sociologia, num segundo momento percebemos
que a Sociologia é a única ciência que pode ter a si mesma com objeto de indagação crítica.

Orson Camargo
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Sociologia e Política pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo – FESPSP
Mestre em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

Sociedade

O capitalista acumula capital, que é o simbolo que é o simbolo maior de poder, de prestígio
e status social

A definição mais geral de sociedade pode ser resumida como um sistema de interações humanas
culturalmente padronizadas. Assim, e sem contradição com a definição anterior, sociedade é um
sistema de símbolos, valores e normas, como também é um sistema de posições e papéis.
Uma sociedade é uma rede de relacionamentos sociais, podendo ser ainda um sistema
institucional, por exemplo, sociedade anônima, sociedade civil, sociedade artística etc. A origem
da palavra sociedade vem do latim societas, que significa associação amistosa com outros.
O termo sociedade é comumente usado para o coletivo de cidadãos de um país, governados por
instituições nacionais que aspiram ao bem-estar dessa coletividade. Todavia, a sociedade não é
um mero conjunto de indivíduos vivendo juntos em um determinado lugar, é também a existência
de uma organização social, de instituições e leis que regem a vida dos indivíduos e suas relações
mútuas. Há também alguns pensadores cujo debate insiste em reforçar a oposição entre indivíduo
e sociedade, reduzindo, com frequência, ao conflito entre o genético e o social ou cultural.
Durkheim, Marx e Weber conceituaram de maneiras diferentes a definição de sociedade. Cada um
definiu a constituição da sociedade a partir do papel político, social ou econômico do indivíduo.
Para Émile Durkheim, o homem é coagido a seguir determinadas regras em cada sociedade, o
qual chamou de fatos sociais, que são regras exteriores e anteriores ao indivíduo e que controlam
sua ação perante aos outros membros da sociedade. Fato social é a coerção do indivíduo,
constrangido a seguir normas sociais que lhe são impostas desde seu nascimento e que não tem
poder para modificar.
Em outras palavras, a sociedade é que controla as ações individuais, o individuo aprende a seguir
normas que lhe são exteriores (não foram criadas por ele), apesar de ser autônomo em suas
escolhas; porém essas escolhas estão dentro dos limites que a sociedade impõe, pois caso o
indivíduo ultrapasse as fronteiras impostas será punido socialmente.
Para Karl Marx, a sociedade sendo heterogênea, é constituída por classes sociais que se
mantêm por meio de ideologias dos que possuem o controle dos meios de produção, ou seja, as
elites. Numa sociedade capitalista, o acúmulo de bens materiais é valorizado, enquanto que o
bem-estar coletivo é secundário.
Numa sociedade dividida em classes, o trabalhador troca sua força de trabalho pelo salário, que é
suficiente apenas para ele e sua família se manterem vivos, enquanto que o capitalista acumula
capital (lucro), que é o símbolo maior de poder, de prestígio e status social.
A exploração do trabalhador se dá pela mais-valia, a produção é superior ao que recebe de salário,
sendo o excedente da produção o lucro do capitalista, que é o proprietário dos meios de produção.
Assim se concretiza a ideologia do capitalista: a dominação e a exploração do operário/trabalhador
para obtenção do lucro.
Para Marx, falta ao trabalhador a consciência de classe para superar a ideologia dominante do
capitalista e assim finalmente realizar a revolução, para se chegar ao socialismo.
Max Weber não tem uma teoria geral da sociedade concebida, sendo que está mais preocupado
com o estudo das situações sociais concretas quanto à suas singularidades. Além da ação social,
que é a expressão do comportamento externo do indivíduo, trabalha também o conceito de poder.
A sociedade, para Weber, constitui um sistema de poder, que perpassa todos os níveis da
sociedade, desde as relações de classe a governados e governantes, como nas relações cotidianas
na família ou na empresa. O poder não decorre somente da riqueza e do prestígio, mas também
de outras fontes, tais como: a tradição, o carisma ou o conhecimento técnico-racional.
O poder por meio da dominação tradicional se dá através do costume, quando já está
naturalizada em uma cultura e, portanto, legitimada. Por exemplo, uma fonte de dominação
tradicional é o poder dos pais sobre os filhos, do professor sobre o aluno etc.
O domínio do poder carismático ocorre quando um indivíduo submete os outros à sua vontade,
por meio da admiração/fascinação e sem uso da violência. O líder carismático controla os demais
pela sensação de proteção, que atrai as pessoas ao seu redor.
A ação racional com relação aos fins ocorre na burocracia, visando organizar as transações tanto
comerciais como estatais, para que funcionem de forma eficiente. Por conta dessa organização, os
indivíduos são submetidos às normas e diretrizes da empresa ou do Estado, para que o
funcionamento dessas organizações seja eficiente e eficaz.
Orson Camargo
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Sociologia e Política pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo – FESPSP
Mestre em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

Sociologia como ciência da sociedade


Sociologia como ciência emancipadora social

As transformações econômicas, políticas e culturais ocorridas no Ocidente a partir do século XVIII,


como as Revoluções Industrial e Francesa, evidenciaram mudanças significativas na vida em
sociedade com relação a suas formas passadas, baseadas principalmente nas tradições.
Assim surge a Sociologia em pleno século XVIII, com as primeiras pesquisas sociais e nas ideias
gerais do Iluminismo, como forma de entender e explicar aquelas mudanças sociais. Por isso, a
Sociologia é uma ciência datada historicamente e que seu surgimento está vinculado à
consolidação do capitalismo moderno.
Essa disciplina marca uma mudança na maneira de se pensar a realidade social, desvinculando-se
das preocupações transcendentais e diferenciando-se progressivamente das demais ciências
enquanto forma racional e sistemática de compreensão da sociedade.
Ao contrário das explicações filosóficas das relações sociais, as explicações da Sociologia não
partem simplesmente da especulação de gabinete, baseada, quando muito, na observação casual
de alguns fatos. Para as explicações, são empregados os métodos estatísticos, a observação
empírica e uma neutralidade metodológica.
Como ciência, a Sociologia deve obedecer aos mesmos princípios gerais válidos para todos os
ramos de conhecimento científico, apesar das peculiaridades dos fenômenos sociais quando
comparados com os fenômenos de natureza e, consequentemente, da abordagem científica da
sociedade.
A Sociologia, considerando o tipo de conhecimento que produz, pode servir a diferentes tipos de
interesses. A produção sociológica pode estar voltada para engendrar uma forma de
conhecimento comprometida com emancipação humana. Ela pode ser um tipo de conhecimento
orientado no sentido da promoção do melhor entendimento dos homens acerca de si mesmos,
para alcançar maiores patamares de liberdade política e de bem-estar social.
Por outro lado, a Sociologia pode ser orientada como uma “ciência da ordem”, isto é, seus
resultados podem ser utilizados com vistas à melhoria dos mecanismos de dominação por parte
do Estado ou de grupos minoritários, sejam empresas privadas ou organismos de Inteligência, à
revelia dos interesses e valores da comunidade democrática com vistas a manter o status quo.
Orson Camargo
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Sociologia e Política pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo – FESPSP
Mestre em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

SOCIOLOGIA E SUA IMPORTANCIA


Sociologia - Investiga as relações entre indivíduos, famílias, grupos e instituições

O cientista social estuda os fenômenos, as estruturas e as relações que caracterizam as


organizações sociais e culturais. Além disso, o estudioso pesquisa costumes e hábitos, além de
investigar as relações entre indivíduos, famílias, grupos e instituições.
Os resultados da pesquisa sociológica não são de interesse apenas de sociólogos. Cobrindo todas
as áreas do convívio humano – desde as relações na família até a organização das grandes
empresas, o papel da política na sociedade ou o comportamento religioso –, a Sociologia pode vir
a interessar, em diferentes graus de intensidade, a diversas outras áreas do saber. Entretanto, o
maior interessado na produção e sistematização do conhecimento sociológico atualmente é o
Estado, normalmente o principal financiador da pesquisa desta disciplina científica.
Sociólogos fazem uso frequente de técnicas quantitativas de pesquisa social (como a estatística)
para descrever padrões generalizados nas relações sociais. Isto ajuda a desenvolver modelos que
possam entender mudanças sociais e como os indivíduos responderão a essas mudanças. Em
alguns campos de estudo da Sociologia, as técnicas qualitativas — como entrevistas dirigidas,
discussões em grupo e métodos etnográficos — permitem um melhor entendimento dos processos
sociais de acordo com o objetivo explicativo.
Mais que sua aplicação em planejamentos, pesquisas e programas de intervenção, o
conhecimento sociológico funciona também como uma disciplina humanística, no sentido de
aperfeiçoamento do espírito, na medida em que compreende melhor o comportamento dos outros,
a sua própria situação e a sociedade como um todo. Sendo uma disciplina humanística, a
Sociologia é uma forma significativa de consciência social.
Orson Camargo
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Sociologia e Política pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo – FESPSP
Mestre em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

SOCIOLOGIA NO BRASIL
A partir de 1964 o trabalho dos sociólogos se voltou para os problemas socioeconômicos e
políticos brasileiros

A Sociologia sempre teve como um dos objetos de estudos o conflito entre as classes sociais. Na
América Latina, por exemplo, a Sociologia do início do século XX sofreu intensas influências das
teorias marxistas, na medida em que suas preocupações passaram a ser o subdesenvolvimento
dos países latinos.
No Brasil, nas décadas de 1920 e 1930, estudiosos se debruçaram em busca do entendimento da
formação da sociedade brasileira, analisando temas como abolição da escravatura, êxodos e
estudos sobre índios e negros. Dentre os autores mais significativos, temos: Sérgio Buarque de
Holanda (Raízes do Brasil-1936), Gilberto Freyre (Casa Grande & Senzala-1933) e Caio Prado Júnior
(Formação do Brasil Contemporâneo-1942)
Nas décadas seguintes, a Sociologia praticada no Brasil voltou-se aos estudos de temas
relacionados às classes trabalhadoras, tais como salários e jornadas de trabalho, e também
comunidades rurais. Na década de 1960 a Sociologia passou a se preocupar com o processo da
industrialização do país, nas questões de reforma agrária e movimentos sociais na cidade e no
campo; a partir de 1964 o trabalho dos sociólogos se voltou para os problemas socioeconômicos e
políticos brasileiros, originados pela tensão de se viver num regime militar (ou ditadura militar,
que no Brasil foi de 1964 a 1985), nesse período a Sociologia foi banida do ensino secundarista.
Na década de 1980 a Sociologia finalmente voltou a ser disciplina no ensino médio, sendo
facultativa sua presença na grade curricular. Também ocorreu nesse período a profissionalização
da Sociologia no Brasil. Além da preocupação com a economia, política e mudanças sociais
apropriadas com a instalação da nova república (1985), os sociólogos diversificarsm os horizontes
e ampliaram seus leques de estudos, voltaram-se para o estudo da mulher, do trabalhador rural e
outros assuntos culminantes.
Em 2009, a Sociologia tornou-se disciplina obrigatória na grade curricular dos alunos do ensino
médio no Brasil. A oportunidade da aproximação do aluno com a Sociologia, como um campo do
saber, tem por objetivo a desnaturalização das concepções ou explicações dos fenômenos sociais.
Em outras palavras e sem perder de vista a importância da História, é considerar que as coisas
nem sempre foram do jeito que são. É perceber que há mudanças profundas ao longo da história,
fruto de decisões de homens.
O sociólogo pode atuar nas áreas de ensino, pesquisa e planejamento, além de dar consultoria e
assessoria a ONGs, empresas privadas e públicas, partidos políticos e associações profissionais,
entre outras entidades.
Orson Camargo
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Sociologia e Política pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo – FESPSP
Mestre em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP

CULTURA
Cultura é tudo aquilo que resulta da criação humana

No senso comum, cultura adquire diversos significados: grande conhecimento de determinado


assunto, arte, ciência, “fulano de tal tem cultura”.
Aos olhos da Sociologia, cultura é tudo aquilo que resulta da criação humana. São ideias,
artefatos, costumes, leis, crenças morais, conhecimento, adquirido a partir do convívio social.
Só o homem possui cultura.
Seja a sociedade simples ou complexa, todas possuem sua forma de expressar, pensar, agir e
sentir, portanto, todas têm sua própria cultura, o seu modo de vida.
Não existe cultura superior ou inferior, melhor ou pior, mas sim culturas diferentes.
As funções da cultura são:

• satisfazer as necessidades humanas;


• limitar normativamente essas necessidades;
• implica em alguma forma de violação da condição natural do homem. Por
exemplo: paletó e gravata são incompatíveis com clima quente; privar-se de boa
alimentação em prol da ostentação de um símbolo de prestígio, como um automóvel;
pressão social para que tanto homens quanto mulheres atinjam o ideal de beleza
física.
O que é belo numa sociedade poderá ser feio em outro contexto cultural.
Já o conceito de cultura de massa pode ser definido como padrões compartilhados pela maioria
dos indivíduos, independente da renda, instrução, ocupação etc.
Cultura de massa é produto da indústria cultural, tipicamente de sociedades capitalistas; refere-se
aspectos superficiais de lazer, gosto artístico e vestuário.
A indústria cultural está sempre “fabricando” modas e gostos, a cultura de massa só é viável em
razão da invenção da comunicação em massa.
Orson Camargo
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Sociologia e Política pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo – FESPSP
Mestre em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

Classe Social
Classe dominante e classe dominada - Caracteristica da sociedade capitalista.

Encontrar uma definição de classe social não é tarefa nada fácil, ainda mais quando o tema não
gera uma definição consensual entre estudiosos das mais diferentes tradições políticas e
intelectuais. Porém, uma coisa é certa! Todos estão de acordo com o fato de as classes sociais
serem grupos amplos, em que a exploração econômica, opressão política e dominação cultural
resultam da desigualdade econômica, do privilégio político e da discriminação cultural,
respectivamente.
Os principais conceitos de classe na tradição do pensamento social são: classe social e luta de
classes de Karl Marx e estratificação social de Max Weber. De modo geral, no cotidiano, o cidadão
comum tende a confundir as definições de classe social.
A concepção de organização social de Karl Marx e Friedrich Engels se baseia nas relações de
produção. Nesse sentido, em toda sociedade, seja pré-capitalista ou capitalista, haverá sempre
uma classe dominante, que direta ou indiretamente controla ou influencia o controle do Estado, e
uma classe dominada, que reproduz a estrutura social ordenada pela classe dominante e assim
perpetua a exploração.
Numa sociedade organizada, não basta a constatação da consciência social para a manutenção da
ordem, pois a existência social é que determina a consciência. Em outras palavras, os valores, o
modo de pensar e de agir em uma sociedade são reflexos das relações entre os homens para
conseguir meios para sobreviver. Assim, as relações de produção entre os homens dependem de
suas relações com os meios de produção e que, de acordo com essas relações, podem ser de
proprietário/não proprietário, capitalista/operário, patrão/empregado. Os homens são
diferenciados em classes sociais. Aqueles homens que detêm a posse dos meios de produção
apropriam-se do trabalho daqueles homens que não possuem esses meios, sendo que os últimos
vendem a força de trabalho para conseguir sobreviver. A luta de classes nada mais é do que o
confronto dessas classes antagônicas. Essa é a concepção marxista de classe social.
Com o desenvolvimento do capitalismo industrial e na modernidade, a linguagem comum
confunde com frequência o uso do termo classe social com estrato social. Para Weber, a
estratificação das classes sociais é estabelecida conforme a distribuição de determinados valores
sociais (riqueza, prestígio, educação, etc.) numa sociedade, como: castas, estamentos e classes.
Em Weber, as classes constituem uma forma de estratificação social, em que a diferenciação é
feita a partir do agrupamento de indivíduos que apresentam características similares, como por
exemplo: negros, brancos, católicos, protestantes, homem, mulher, pobres, ricos, etc.
Em se tratando de dominação de classe, estabelecer estratos sociais conforme o grau de
distribuição de poder numa sociedade é tarefa bastante árdua, porque o poder sendo exercido
sobre os homens, em que uns são os que o detêm enquanto outros o suportam, torna difícil
considerar que esse seja um recurso distribuído, mesmo que de forma desigual, para todos os
cidadãos. Assim, as relações de classe são relações de poder, e o conceito de poder representa,
de modo simples e sintético, a estruturação das desigualdades sociais. Para Weber, o juízo de
valor que as pessoas fazem umas das outras e como se posicionam nas respectivas classes,
depende de três fatores: poder, riqueza e prestígio; que nada mais são que elementos
fundamentais para constituir a desigualdade social.
Orson Camargo
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Sociologia e Política pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo – FESPSP
Mestre em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

O que é cidadania?

No Brasil ainda há muito que fazer em relação à questão da cidadania. Por exemplo acabar
com a violência.

No decorrer da história da humanidade surgiram diversos entendimentos de cidadania em


diferentes momentos – Grécia e Roma da Idade Antiga e Europa da Idade Média. Contudo, o
conceito de cidadania como conhecemos hoje, insere-se no contexto do surgimento da
Modernidade e da estruturação do Estado-Nação.
O termo cidadania tem origem etimológica no latim civitas, que significa "cidade". Estabelece um
estatuto de pertencimento de um indivíduo a uma comunidade politicamente articulada – um país
– e que lhe atribui um conjunto de direitos e obrigações, sob vigência de uma constituição. Ao
contrário dos direitos humanos – que tendem à universalidade dos direitos do ser humano na sua
dignidade –, a cidadania moderna, embora influenciada por aquelas concepções mais antigas,
possui um caráter próprio e possui duas categorias: formal e substantiva.
A cidadania formal é, conforme o direito internacional, indicativo de nacionalidade, de
pertencimento a um Estado-Nação, por exemplo, uma pessoa portadora da cidadania brasileira.
Em segundo lugar, na ciência política e sociologia o termo adquire sentido mais amplo, a
cidadania substantiva é definida como a posse de direitos civis, políticos e sociais. Essa última
forma de cidadania é a que nos interessa.
A compreensão e ampliação da cidadania substantiva ocorrem a partir do estudo clássico de T.H.
Marshall – Cidadania e classe social, de 1950 – que descreve a extensão dos direitos civis, políticos
e sociais para toda a população de uma nação. Esses direitos tomaram corpo com o fim da 2ª
Guerra Mundial, após 1945, com aumento substancial dos direitos sociais – com a criação do
Estado de Bem-Estar Social (Welfare State) – estabelecendo princípios mais coletivistas e
igualitários. Os movimentos sociais e a efetiva participação da população em geral foram
fundamentais para que houvesse uma ampliação significativa dos direitos políticos, sociais e civis
alçando um nível geral suficiente de bem-estar econômico, lazer, educação e político.
A cidadania esteve e está em permanente construção; é um referencial de conquista da
humanidade, através daqueles que sempre buscam mais direitos, maior liberdade, melhores
garantias individuais e coletivas, e não se conformando frente às dominações, seja do próprio
Estado ou de outras instituições.
No Brasil ainda há muito que fazer em relação à questão da cidadania, apesar das extraordinárias
conquistas dos direitos após o fim do regime militar (1964-1985). Mesmo assim, a cidadania está
muito distante de muitos brasileiros, pois a conquista dos direitos políticos, sociais e civis não
consegue ocultar o drama de milhões de pessoas em situação de miséria, altos índices de
desemprego, da taxa significativa de analfabetos e semianalfabetos, sem falar do drama nacional
das vítimas da violência particular e oficial.
Conforme sustenta o historiador José Murilo de Carvalho, no Brasil a trajetória dos direitos seguiu
lógica inversa daquela descrita por T.H. Marshall. Primeiro “vieram os direitos sociais, implantados
em período de supressão dos direitos políticos e de redução dos direitos civis por um ditador que
se tornou popular (Getúlio Vargas). Depois vieram os direitos políticos... a expansão do direito do
voto deu-se em outro período ditatorial, em que os órgãos de repressão política foram
transformados em peça decorativa do regime [militar]... A pirâmide dos direitos [no Brasil] foi
colocada de cabeça para baixo”.1
Nos países ocidentais, a cidadania moderna se constituiu por etapas. T. H. Marshall afirma que a
cidadania só é plena se dotada de todos os três tipos de direito:
1. Civil: direitos inerentes à liberdade individual, liberdade de expressão e de
pensamento; direito de propriedade e de conclusão de contratos; direito à justiça; que
foi instituída no século 18;
2. Política: direito de participação no exercício do poder político, como eleito ou eleitor,
no conjunto das instituições de autoridade pública, constituída no século 19;
3. Social: conjunto de direitos relativos ao bem-estar econômico e social, desde a
segurança até ao direito de partilhar do nível de vida, segundo os padrões prevalecentes
na sociedade, que são conquistas do século 20.
----------------------------------------------
1
CARVALHO, José Murilo. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. pp. 219-29

Orson Camargo
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Sociologia e Política pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo – FESPSP
Mestre em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

Injustiça social

Mulher desempenhando o mesmo papél de um homem no entanto recebendo um salário


menor - Injustiça social

A definição de injustiça social tende a ser múltipla, a depender do aspecto e das condições em que
é analisada. De modo simples e sucinto, o padrão de injustiça ocorre quando dois indivíduos
semelhantes e em iguais condições recebem tratamento desigual.
Para que haja um parâmetro no tratamento dado pela Justiça, alguns critérios foram estabelecidos
no decorrer da história: a) a justiça considera, nas pessoas, as virtudes ou os méritos; b) a justiça
trata os seres humanos como iguais; c) trata as pessoas de acordo com suas necessidades, suas
capacidades ou tomando em consideração tanto umas quanto outras.
Todos sabem que a justiça é feita pelos homens, e por isso mesmo ela se aperfeiçoa à medida que
as sociedades também se desenvolvem, não apenas economicamente, mas principalmente ao
ampliar os direitos civis, políticos e/ou sociais da população. Por outro lado, a Justiça acaba
expressando muitas vezes interesses parciais, ao contemplar, de um modo direto ou indireto,
expectativas que atendam às elites econômicas e sociais – os donos do poder.
No Brasil, as causas da injustiça social são muitas e profundas. Nossa cultura assimilou e aceitou
conviver com certo tipo de violência, talvez a mais brutal, que é a escravidão, acreditando ser
possível o ajustamento de ideais libertários e democráticos com uma estrutura social
completamente injusta; aceitamos com certa naturalidade e por séculos, os privilégios de poucos
coexistindo com a supressão dos direitos de outros. Na atualidade, são sabidas e diversas as
pesquisas sociais que confirmam que a injustiça social atinge determinados grupos sociais, como
por exemplo: as mulheres recebem salários menores que os homens, ocorrendo o mesmo com os
negros e a violência afeta muito mais os jovens que possuem baixa escolaridade e os que estão
desempregados.
De modo geral, a relação entre o desenvolvimento econômico e as políticas sociais sempre foram
perversas. No Brasil, havia a ideia de que era necessário o país crescer economicamente para que
o “bolo” fosse posteriormente dividido, comprovado, em seguida, ser uma falácia. Assim, diversos
fatores contribuíram e contribuem para o aprofundamento das injustiças sociais. Ocorre que os
fatores de desagregação social, somados ao aceleramento da inflação – e mesmo depois da
inflação controlada –, provocaram o agravamento da concentração de renda. Em boa parte dos
países pobres, assim como no Brasil, a concentração de renda é um dos fatores cruciais para a
existência da injustiça social.
É notório que o Brasil não é um país pobre, no entanto, também é visível a má distribuição dos
recursos produzidos. Parte de nossas riquezas está nas mãos de poucas
pessoas/famílias/empresas, enquanto parte considerável da população não tem acesso a emprego,
educação, saúde, moradia, alimentação, etc. Não se pode ignorar que a impunidade e a corrupção
também contribuem intensamente para o agravamento do quadro.
Historicamente, os governos brasileiros gastaram mal os recursos destinados às áreas sociais. As
políticas sociais não foram capazes de reverter o quadro de injustiça social que atinge milhares de
brasileiros que estão abaixo da linha da pobreza. Nos governos de FHC (1994-2002) e Lula (2003-
2010), alguns programas sociais amenizaram a situação e tiraram apenas uma parte dos excluídos
da situação de miséria. Porém, ainda há muito que fazer e muitos continuam desassistidos!
É de se lamentar e indignar que em pleno século XXI ainda existam milhares de pessoas morrendo
de fome e/ou vivendo em situação de miséria absoluta.
O certo é que no regime democrático, mesmo sendo recente no Brasil, surgem possibilidades da
participação, do debate e da indignação popular frente às injustiças sociais. A sociedade brasileira
vem cobrando, cada vez mais, dos atores políticos medidas eficientes e eficazes de políticas
sociais inclusivas.
Orson Camargo
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Sociologia e Política pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo – FESPSP
Mestre em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

Isolamento Social
A tendência “single” e o aviso de “apenas brancos” são dois exemplos de isolamento social.

Atualmente, o individualismo e a solidão vem sendo uma tendência marcante das sociedades
contemporâneas. No entanto, mais do que marcar uma característica dos nossos tempos, a
questão do isolamento é mais um dos vários fenômenos sócio-culturais abrangidos pelos estudos
da sociologia. Além disso, a questão do isolamento não se limita a seres isolados, sendo também
vivenciado por certos grupos sociais.

Nas últimas décadas, o isolamento social pode ser presenciado na chamada “tendência single”,
onde um grande número de pessoas – que vivem em grandes centros urbanos – prefere
experimentar uma rotina solitária. Nesse tipo de fenômeno, o indivíduo não se mostra totalmente
recluso da sociedade. Entretanto, o individualismo e o receio de estabelecer laços e compromissos
com outro acabam transformando a solidão em uma opção mais confortável para o “single”.

Se caso quiséssemos empreender uma observação ao longo da História, poderíamos encontrar


outros casos de isolamento social. Na Idade Média, por exemplo, diversos membros da Igreja
procuravam a elevação de sua condição espiritual buscando uma vida reclusa no interior dos
mosteiros. Na Grécia Antiga, os instrumentos da democracia ateniense poderiam condenar um
cidadão ao ostracismo, espécie de degredo onde as pessoas que ameaçavam a ordem política
ficavam exiladas por dez anos.

No âmbito coletivo, o isolamento social também atingiu grupos sociais que tinham suas liberdades
restringidas. Durante o processo de colonização da África do Sul, por exemplo, as autoridades
inglesas adotaram uma política de isolamento socialmente conhecida pelo nome de “apartheid”. O
apartheid previa uma série de leis que visavam impedir que os indivíduos considerados negros
tivessem algum tipo de contato com qualquer pessoa de descendência européia.

Os fatores explicativos e as implicações dos diferentes processos de isolamento social podem ter
características completamente diversas. No entanto, não deixa de ser intrigante perceber esse
tipo de situação ocorrendo em uma época em que, de acordo com muitos pensadores, vivemos
em um “mundo globalizado” marcado pelos ditames da chamada “era da informação”. Dessa
forma, a sociologia pode buscar nessa especialidade uma outra visão sobre o tempo em que
vivemos.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Consciência
Em sentido psicológico, a consciência é a percepção do eu por si mesmo

A palavra consciência vem do latim conscientia: conhecimento de algo partilhado com alguém.
O termo “consciência” tem, em português, pelo menos dois sentidos, descoberta ou
reconhecimento de algo, quer de algo exterior, como um objeto, uma realidade, uma situação etc.,
quer de algo interior, como as modificações sofridas pelo próprio eu, conhecimento do bem e do
mal.

O primeiro sentido de consciência pode desdobrar-se noutros sentidos: o psicológico, o


epistemológico e o metafísico. Em sentido psicológico, a consciência é a percepção do eu por si
mesmo, este é o conceito mais conhecido. Em sentido epistemológico, a consciência é
primeiramente o sujeito do conhecimento. Em termos metafísicos, chamamos muitas vezes à
consciência o Eu.

A consciência é uma qualidade da mente, considerando abranger qualificações tais como


subjetividade, autoconsciência e a capacidade de perceber a relação entre si e o outro.

Alguns filósofos dividem consciência em:

1. Consciência fenomenal, que é a experiência propriamente dita, é o estado de estar ciente,


assim como dizemos "estou ciente" e consciente de algo, tal como quando dizemos "estou ciente
destas palavras", e

2. consciência de acesso, que é o processamento das coisas que vivenciamos durante a


experiência.

Consciência é uma qualidade psíquica, isto é, que pertence à esfera da psique humana, por isso
diz-se também que ela é um atributo do espírito, da mente ou do pensamento humano. Ser
consciente não é exatamente a mesma coisa que perceber-se no mundo, mas ser no mundo e do
mundo, para isso, a intuição, a dedução e a indução tomam parte.
Orson Camargo
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Sociologia e Política pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo – FESPSP
Mestre em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

Liberdade
Liberdade - É a condição daquele que é livre; autodeterminação; independência; autonomia

Segundo o Dicionário de Filosofia, em sentido geral, o termo liberdade é a condição daquele que é
livre; capacidade de agir por si próprio; autodeterminação; independência; autonomia.
A história desse conceito perpassa os estudos de épocas e pensadores diversos e registra a
interpretação de doutrinas sociais bastante variadas. Podemos fazer uma distinção inicial entre o
que se convencionou chamar de concepção “negativa” e “positiva” da liberdade. Em seu sentido
negativo, liberdade significa a ausência de restrições ou de interferência. O sentido positivo de
liberdade significa a posse de direitos, implicando o estabelecimento de um amplo âmbito de
direitos civis, políticos e sociais. O crescimento da liberdade é concebido como uma conquista da
cidadania.
No sentido político, a liberdade civil ou individual é o exercício de sua cidadania dentro dos limites
da lei e respeitando os direitos dos outros. "A liberdade de cada um termina onde começa a
liberdade do outro" (Spencer).
Em um sentido ético, trata-se do direito de escolha pelo indivíduo de seu modo de agir,
independentemente de qualquer determinação externa. "A liberdade consiste unicamente em que,
ao afirmar ou negar, realizar ou enviar o que o entendimento nos prescreve, agimos de modo a
sentir que, em nenhum momento, qualquer força exterior nos constrange" (Descartes).
A liberdade de pensamento, em seu sentido estrito, é inalienável, inquestionável. Reivindicar a
liberdade de pensar significa lutar pela liberdade de exprimir o pensamento. Voltaire ilustra bem
essa liberdade: "Não estou de acordo com o que você diz, mas lutarei até o fim para que você
tenha o direito de dizê-lo."
T. Hobbes afirma que o “homem livre é aquele que não é impedido de fazer o que tem vontade, no
que se refere às coisas e que pode fazer por sua força e capacidade”.
Kant diz que ser livre é ser autônomo, isto, é dar a si mesmo as regras a serem seguidas
racionalmente. Para Jean-Paul Sartre, a liberdade é a condição ontológica do ser humano. O
homem é, antes de tudo, livre. O homem é nada antes de definir-se como algo, e é absolutamente
livre para definir-se, engajar-se, encerrar-se, esgotar a si mesmo.
No livro “A sociedade do espetáculo” (1997), Guy Debord, ao criticar a sociedade de consumo e o
mercado, afirma que a liberdade de escolha é uma liberdade ilusória, pois escolher é sempre optar
entre duas ou mais coisas prontas, isto é, pré-determinadas por outros. Uma sociedade como a
capitalista, onde a única liberdade que existe socialmente é a liberdade de escolher qual
mercadoria consumir, impede que os indivíduos sejam livres na sua vida cotidiana. A vida
cotidiana na sociedade capitalista, segundo Debord, se divide em tempo de trabalho e tempo de
lazer. Assim, a sociedade da mercadoria faz da passividade (escolher, consumir) a liberdade
ilusória que se deve buscar a todo o custo, enquanto que, de fato, como seres ativos, práticos (no
trabalho, na produção), somos não livres.
De maneira geral, a liberdade de indivíduos ou grupos sempre sugere, ou tem a possibilidade de
implicar, a limitação da liberdade de outros.
Orson Camargo
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Sociologia e Política pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo – FESPSP
Mestre em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP
A Sociedade, o Indivíduo e a Educação que Temos e
Queremos
A sistema educacional brasileiro está inserido no contexto do sistema global capitalista que
atualmente se encontra em crise.
Para melhor entendermos tal crise e posteriormente tentar respondê-la é necessária a formação
de um projeto político-pedagógico, ou melhor, um projeto de uma educação para a emancipação
humana.
Para pensarmos em um projeto emancipatório, temos que analisar algumas questões: a
sociedade, o indivíduo e a educação que temos e que queremos. De início fizemos um breve
histórico da sociedade que temos, em seguida a perspectiva que temos; posteriormente uma
reflexão do indivíduo que temos e que queremos e finalmente um apanhado histórico da educação
que temos e sua perspectiva.
Analisamos a sociedade que temos a partir de um breve histórico. Na Comunidade Primitiva onde
o modo de produção era comunal, tudo era feito em comum, não havia classes sociais; em
seguida, os povos da Antigüidade, onde havia duas classes sociais distintas: a classe dos senhores
e dos servos, posteriormente a sociedade na Idade Média possuía ainda algumas características
da sociedade antiga. O meio dominante de produção era a terra e a forma econômica dominante
era a agricultura.
As sociedades pré-modernas não possuíam consciência histórica, eram capazes de reproduzir-se
por períodos extremamente longos, o trabalho não constituía uma esfera separada, existia
inferioridade social e dependência.
Por fim, a sociedade moderna que contou com uma força destrutiva para seu progresso; foi a
invenção das armas de fogo, ou seja, estavam sendo destruídas as formas pré-modernas,
elementos fundamentais do capitalismo passaram a existir porque contaram com a economia
militar e de armamento.
Para ganhar dinheiro as pessoas passaram a vender sua força de trabalho. Rompidas as relações
naturais com base em laços de sangue em que a nobreza e a servidão eram passadas de pai para
filho, na modernidade capitalista as relações passam a ser sociais. Inaugura a existência da crítica
social: uma imanente ao sistema, e outra categorial. O capitalismo sem limites tinha como
objetivo a transformação do dinheiro em dinheiro; o dinheiro é a encarnação do trabalho, ou
melhor, o fundamento do sistema capitalista reside na produção do valor, a valorização do
dinheiro.
Logo, o capitalismo com limites reduzia o tempo de trabalho ou continuava com o tempo de
trabalho como medida de produção; desviava a aplicação do capital; surgia um novo caminho,
mercado financeiro; uma grande parte não conseguia mais existir dentro das formas sociais
capitalistas. Podemos lembrar que a crise se manifesta nos próprios países núcleo-capitalistas.
A necessidade de fazer um apanhado histórico da sociedade em que vivemos veio demonstrar
claramente que chegamos a uma sociedade capitalista em crise, global-terminal-estrutural; tendo
como objetivo enfocar elementos teóricos básicos e decisivos para entendermos melhor como
podemos elaborar um projeto emancipatório, norteado pelos aspectos apresentados.
Nossa perspectiva em relação à sociedade é estarmos inseridos em uma sociedade mundial que
não necessita mais de fronteiras, na qual todas as pessoas possam se deslocar livremente e existir
em qualquer lugar o direito de permanência universal.
O homem moderno simplesmente não consegue imaginar uma vida além do trabalho. O homem
adaptado ao trabalho, ou seja, a um padrão; está fazendo com que a qualidade específica do
trabalho perca-se e torne-se indiferente.
O homem moderno não passa de mercadoria produzindo mercadoria e vendendo sua própria
mercadoria. As mulheres tornam-se responsáveis pela sobrevivência em todos os níveis. Os
homens tornam-se dependente de uma relação abstrata do sistema.
Como já mencionamos antes, a perspectiva que temos é a constituição de um sujeito como
objetivo, capaz de construir uma sociedade igualitária, criativa, diversa, livre e prazerosa no ócio.
Na Comunidade Primitiva, relacionando-se com a terra, com a natureza entre si as pessoas se
educavam e educavam as novas gerações; não havia escola. Na Antigüidade, com o aparecimento
de uma classe social ociosa, surge uma educação diferenciada, surge a escola. Só tinham acesso à
escola as classes sociais ociosas, a maioria que produzia continuava se educando no próprio
processo de produção e da vida.
Na Idade Média, a maioria continuava se educando no próprio processo de produzir a sua
existência e de seus senhores através das atividades consideradas indignas, a forma escolar da
educação é ainda uma forma secundária.
É na sociedade moderna que se forma a idéia de educação para formar cidadãos, escolarização
universal, gratuita e leiga, que deve ser estendida a todos; a escola passa a ser a forma
predominante da educação.
De acordo com Enguita (1989), era preciso inventar algo melhor e inventou-se e reinventou-se a
escola; criaram escolas onde não havia, reformaram-se as existentes e nelas introduziu-se a força
toda a população infantil. A instituição e o processo escolar foram reorganizados de forma tal que
as salas de aula se converteram no lugar apropriado para se acostumar às relações sociais do
processo de produção capitalista, no espaço institucional adequado para preparar as crianças e os
jovens para o trabalho.
O que queremos é a emancipação da educação como princípio educativo e a formação de um
sujeito da emancipação como objetivo.
Este trabalho foi realizado tendo por base uma fundamentação histórica da sociedade em que
vivemos, para então, em particular analisarmos a situação atual de nossa educação que hoje está
inserida em uma sociedade em crise.
A superação dessa sociedade visa a formulação de um projeto emancipatório que pretende
construir uma nova sociedade que vá além do valor, do dinheiro, da mercadoria, do trabalho, do
Estado e da política.
Por Rodiney Marcelo Braga dos Santos
Colunista Brasil Escola
Especialista em Gestão Escolar (UECE).
E-mail: professormarcelobrga@oi.com.br

Princípios de Educação – como tratar o próximo


Quando pequenos aprendemos que para conviver em grupo nem sempre as coisas irão acontecer
conforme nossas pretensões. Aos poucos, no relacionamento com nossa família, vamos
descobrindo que algumas atitudes não são bem aceitas pelas pessoas e criamos as primeiras
regras de convivência. Porém, com o passar do tempo, vamos perdendo o hábito de sermos gentis
com o próximo.
Devido à correria do dia-a-dia, as pessoas encontram-se estressadas, sem tempo para se divertir e
aliviar suas tensões, pensando que tem o direito de maltratar os outros, falar de qualquer jeito,
implicar ou tratar com desdém.
Essas atitudes fazem com que as pessoas se afastem umas das outras, pois ninguém gosta de ser
tratado com rispidez e desvalorização.
Algumas palavras expressam delicadeza e educação na forma em que tratamos os outros. Em
contrapartida, há outras que demonstram falta de consideração e desrespeito. É importante que
as palavras mágicas façam parte da nossa rotina de convivência, pois através delas podemos nos
colocar como pessoas educadas, que desejam bem ao seu próximo.
Antes de tratar uma pessoa de qualquer jeito é bom se colocar no lugar dela, tentar perceber
aquilo que gosta e que não gosta ou como será sua reação ao ouvir o que você quer dizer, pois
cada um tem suas peculiaridades, sua forma de ser e agir.

Pensar no outro é uma forma de ser educado

Existem regras básicas de como devemos nos tratar para conseguirmos manter um
relacionamento agradável com todos. Desejar bom dia, boa tarde e boa noite com um sorriso no
rosto; não falar mal das pessoas; se dirigir ao próximo sem usar palavras ríspidas e grotescas;
manter atitudes de delicadeza; usas as palavras mágicas – por favor, com licença, obrigada;
perguntar se está tudo bem; mostrar interesse pelas coisas do outro; ouvir com atenção o que o
outro quer dizer; não falar por cima da fala do outro, mas um de cada vez; ceder a cadeira que
você está sentado para as pessoas mais velhas, etc.
É bom lembrar que as pessoas não são iguais e que as diferenças servem para enriquecer a vida,
para trazer experiências de convivência que nos acrescentam valores éticos e morais, desde que
sejam vistas dessa forma. Olhar para o outro de forma crítica, não aceitando e respeitando seu
jeito de ser pode fazer com que acreditemos que tudo deva acontecer de acordo com nossas
vontades.
Na verdade o que o outro tem que mais nos incomoda é aquilo que gostaríamos de ter ou ser igual
e, como não conseguimos, criamos resistência em aceitar que o outro alcance.
Não afronte o outro, mas resista à sua própria capacidade de não aceitá-lo. Esse exercício o levará
a conquistar novos sentimentos em relação às pessoas de sua convivência, além de fazer com que
você cresça como pessoa e seja bem visto e bem querido por todos.
Por Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia
Equipe Brasil Escola

Objetivos da Educação
A função da educação é educar para a vida

O indivíduo se insere ao grupo social e sociedade através do recebimento de heranças culturais, a


socialização ocorre desde que nasce, pois no parto existe um conjunto de pessoas e técnicas que
se comunicam e trazem consigo uma herança cultural, intelectual que são frutos das relações
humanas.

A educação se apresenta não apenas na escola, mas a partir da inserção no mundo, que inicia
com a família na qual é ensinado valores, costumes e regras.

A educação tem como princípio a transferência cultural, para que as pessoas se adaptem a
sociedade, a capacidade de desenvolver suas potencialidades, e como resultado a evolução da
sociedade.

O processo educativo transcende a formalidade escolar, pois uma criança ao falar as primeiras
palavras e dar os primeiros passos já consegue assimilar várias aprendizagens através do contato
com o mundo, à medida que há aumento na aprendizagem mais complexa a educação se torna, e
isso acompanha o indivíduo por toda a vida.
A educação não pode ser um processo passivo, pois quando aprende o educando desenvolve sua
potencialidade, sua capacidade de pensar e ver o mundo e automaticamente cresce como
indivíduo que compõe e pode mudar a sociedade.
Eduardo de Freitas
Equipe Brasil Escola

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