Você está na página 1de 9

Sumário: Conceito de cultura

A palavra cultura é muitas vezes empregada para indicar o desenvolvimento do indivíduo por meio
da educação, da instrução. Nesse caso, uma pessoa “culta” seria aquela que adquiriu domínio no
campo intelectual ou artístico. Assim sendo, seria “inculta” a que não obteve instrução. Todo grupo
social é caracterizado por uma determinada cultura e é formado por valores, normas, hábitos e
formas de vida do grupo.

A palavra cultura vem do latim colere, que significa cuidar, cultivar e crescer.

Para a sociologia, cultura é o conjunto de crenças, valores, costumes, artefactos, leis e normas de
uma sociedade.

Autores como Edward B.Tylor e Malinowiski, apresentaram o conceito de cultura. Edward Tylor
(1817) foi o primeiro a formular um conceito de cultura, em sua obra “cultura primitiva”. O autor
afirma que “cultura é aquele todo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral,
a lei, os costumes e sociedade.”

Malinowiski (1944) apresenta o conceito de cultura como “o todo global consistente de


implementos e bens de consumo, de cartas constitucionais para vários agrupamentos sociais, de
ideias e ofícios humanos, de crenças e costumes.”

Comparando ao passado em que cada sociedade corresponderia a uma cultura, nos dias de hoje o
conceito mais coerente para se relacionar sociedade e cultura será o de pluralismo cultural, que se
vai entender como a existência de várias culturas numa determinada sociedade.

Dentro da cultura, fala-se também da reprodução cultural como sendo a transmissão de valores
culturais e normas de geração para geração e aos mecanismos que sustentam essa transmissão.
Outro conceito que se apresenta ainda dentro da cultura é o de capital cultural como o conjunto
de conhecimentos, aptidões e educação que conferem vantagens àquelas que os adquirem.
Sumário: Componentes da cultura

Fazem parte da cultura os seguintes componentes: o conhecimento, as crenças, os valores, normas


e as sanções.

Conhecimento

Todas as culturas, simples ou complexas, possuem grande quantidade de conhecimento.

Crenças

Crença é a aceitação como verdadeira, de uma proposição comprovada, ou não cientificamente.

Valores

As ideias que definem o que é importante, útil ou desejável são fundamentais em todas as culturas.
Essas ideias abstractas, ou valores, atribuem significado e orientam os seres humanos na sua
interacção com o mundo presente.

Os valores são princípios morais abstractos gerais que definem o que é certo ou errado, bom ou
mau, desejável ou indesejável. Os valores definem ainda as qualidades morais, gerais de
comportamentos esperados dos membros da sociedade, tais como a honestidade, o patriotismo ou
compromisso com a liberdade.

Normas

As normas são as regras de comportamento que reflectem ou incorporam os valores de uma cultura.
As normas são directrizes específicas para o comportamento com base em valores. São regras e
instruções que especificam o que é esperado de nós em diferentes situações. Por exemplo, o valor
da honestidade implica que a norma segundo qual os alunos quando estão em prova, não devem
copiar ou fazer plágios nos trabalhos já existentes, etc.

As normas podem ser prescritivas e proscritivas. As normas prescritivas são aquelas que nos
dizem como nos devemos comportar em determinadas situações. Por exemplo, agradecer, pedir
permissão, desculpar-se, etc. Por sua vez as normas proscritivas são o oposto das prescritivas. Estas
normas descrevem como não nos devemos comportar. Por exemplo, não caluniar, não faltar ao
respeito, não roubar, etc.
Sumário: O homem como produtor/ produto da cultura

A sociedade é definida como um sistema estruturado pelo homem para a sua vivência em grupo,
contendo instituições e realizações adversas. É dentro deste sistema que o homem vai produzindo
formas de organização que reflectem a sua cultura e influenciam as gerações vindouras.

O homem produz a cultura da sua sociedade e recebe a cultura dessa sociedade, é um processo de
dádiva e recebimento e que vai construindo a própria cultura, uma vez que esta não é um dado, é
um fruto de interacção.

Quando um bebé nasce, ele é um ser não cultural. Estando inserido num ambiente humano e
cultural, vai adquirindo as diversas formas de actuação do grupo a que pertence. O seu crescimento
é moldado pelos valores e normas do seu grupo social, o seu modelo de comportamento. Por esta
razão afirma-se que o homem é um produto da cultura do seu grupo.

Esta cultura foi apreendida, transmitida e determinada pelo exterior. A cultura não é estática mas
dinâmica. Ela vai evoluindo, criando novos valores, alterando os modos de pensar, adoptando-se
a novas realidades, expressando a forma de vida e de pensar de cada geração.

Assim, cada geração encontra novos valores e novas normas, criando uma dinâmica evolutiva,
uma mudança constatável na evolução humana. Com o passar do tempo, o homem que se forma
moldado pela cultura, e ao mesmo tempo que contribui para moldar a cultura do grupo. Por esta
razão, diz-se que o homem é produto e produtor da cultura.
Sumário: Padrões de cultura

Define-se padrões de cultura como o conjunto de normas de comportamento estabelecida pela


sociedade. Por outro lado, diz-se que um padrão cultural refere – se a um grupo de traços culturais
inter – relacionados que mostram alguma continuidade.

Normalmente os padrões culturais tornam-se a marca registada de um grupo particular de pessoas


ou da sociedade.

Melville Jean Herskovits apresenta dois significados nos padrões, que embora pareçam
contraditórios, na verdade, complementam-se, que são a forma e o psicológico.

- Forma: quando diz respeito às características dos elementos. Exemplo: casas cobertas de telhas
e não de madeira;

- Psicológico: quando se refere à conduta das pessoas. Exemplo: comer com talher e não com
pauzinho. Por causa das diferenças histórica, geográfica, ideológica, económica, política, cultural,
língua, estilo de vida e costumes sociais, as pessoas em diferentes partes do mundo diferem
profundamente nos seus padrões culturais e orientações.
Sumário: Valores culturais

Os valores culturais são os princípios comumente seguidos numa comunidade ou sociedade do que
é aceitável ou não, importante ou sem importância, certo ou errado, viável ou inviável.

Para o sociólogo norte – americano Robert K. Merton os valores mais importantes na sociedade
americana são a riqueza, sucesso, poder e prestígio.

Por sua vez Talcott Parsons, observou que os americanos compartilham o valor comum da “ética
de trabalho americano”, que incentiva o trabalho árduo. Os valores culturais não são transversais
a todas as sociedades, embora algumas sejam, tendencialmente comuns. Por exemplo, o respeito
pela vida.

Apesar das várias dificuldades que Angola enfrentou durante muito tempo e a influência da
modernização que está cada vez mais presente contribuindo para que alguns valores se vão
perdendo, o povo angolano preserva muitos valores, tais como: sentido de vida comunitária,
cultivo das boas relações humanas, senso de hospitalidade, sentido do sagrado, senso de respeito
pela autoridade e pelos anciãos.
Sumário: Relativismo e Etnocentrismo cultural

Todas as culturas têm um padrão de comportamento próprio, que parece estranho a pessoas de
outros contextos culturais. Certos aspectos da vida quotidiana que, em determinada cultura, são
inconscientemente tomados como assentes podem, em outras partes do mundo, não fazer parte do
dia-a-dia.

Mesmo países que partilham a mesma língua podem ter hábitos, costumes e modos de
comportamento bem diferentes. A expressão “choque cultural” é adequada! É frequentes as
pessoas sentirem-se desorientadas, quando se inserem numa cultura nova, pois perdem os pontos
de referência que lhes são familiares e que ajudam a entender o mundo que as rodeia, e ainda não
aprenderam a orientar-se na nova cultura.

Relativismo cultural é uma perspectiva ou teoria da antropologia que vê diferentes culturas de


forma livre do etnocentrismo, o que quer dizer, sem julgar o outro a partir da sua própria visão e
experiência. O relativismo cultural passa-nos a ideia de que não podemos julgar outras sociedades
com base em nossos próprios valores. O relativismo aceita todas as culturas, declarando-as iguais
e merecedoras do mesmo respeito e consideração. Aqui não há culturas superiores e inferiores.
Cada cultura é analisada tendo em conta o seu contexto, as suas vivências passadas; a cada um é
dado o seu valor e a sua importância.

O etnocentrismo tem uma visão oposta ao relativismo. O etnocentrismo é um conceito da


antropologia definido como a visão demonstrada por alguém que considera o seu grupo étnico ou
cultura o centro de tudo, portanto, num plano mais importante que as outras culturas e sociedades.
O etnocentrismo pode ser verificado de forma individual ou colectiva.
Sumário: Contracultura e Aculturação

A contracultura surge como um movimento contestatário cujos valores e normas de


comportamento diferem substancialmente daqueles adoptados pela maioria da sociedade. O
movimento contra- cultural expressa a sentir e as aspirações de uma população específica, durante
uma época bem definida.

As contraculturas adoptam uma posição adversa contra a cultura dominante e questionam as bases
ideológicas da cultura. É também considerado de contracultura ao movimento de desvio à cultura
e valores sociais dominantes na sociedade.

Sumário: A aculturação

A aculturação é a fusão de duas culturas diferentes que entrando em contacto contínuo originam
mudanças nos padrões da cultura de ambos os grupos. Pode abranger numerosos traços culturais,
apesar de, na troca recíproca entre duas culturas, um grupo dar mais e receber menos.

O processo de aculturação pode ser dividido em vários aspectos a saber:

- O contacto directo entre duas culturas, das quais podem surgir modificações numa, noutra, em
ambas, ou mesmo surgir uma nova cultura.

- A exposição de uma cultura através da comunicação e mass - média às influências de outra.

Tipos de aculturação

A aculturação pode ser feita de forma pacífica ou forçada e total ou parcial.

A aculturação é pacífica quando resulta de um processo de troca de cultura por assimilação ou


coabitação, por norma prolongada no tempo.
A aculturação é forçada quando ela resulta de uma imposição da cultura que se sente mais forte,
sobre as mais fracas.

A aculturação parcial significa que o indivíduo adquire novos elementos culturais mantendo
muitos dos elementos da sua cultura original.

A aculturação total, dá origem à substituição dos elementos da cultura original pela nova cultura.

Existem outros tipos ou modelos de aculturação:

O primeiro modelo é o de assimilação. Este modelo faz com que os imigrantes abandonem os seus
costumes e práticas originais e passem a moldar o seu comportamento pelos valores e normas da
maioria em que se vão integrar. A visão assimilacionista obriga a que os chegados abandonem a
sua língua, forma de vestir, estilo de vida e visão cultural e adoptem a do País para onde vão.

O segundo modelo é o da mistura. Esta abordagem deseja que todos se misturem para formar um
novo e evolutivo padrão cultural. A ideia é absorver o que os estrangeiros trazem e juntar tudo
numa nova cultura nacional.

O terceiro modelo é o pluralismo cultural. O pluralismo cultural adopta a perspectiva de que cada
um deve viver segundo a sua cultura separadamente, embora 6 participe na vida social em geral.
Dentro desta abordagem, surgiu o multiculturalismo, que é uma política pública destinada a
encorajar os vários grupos a viver em harmonia uns com os outros respeitando-se mutuamente.

Outro modelo ou tipo de aculturação tem a ver com o imperialismo cultural. O imperialismo
cultural é definido com referência aos aspectos culturais do imperialismo, referindo-se este à
criação e manutenção de relações desiguais entre estados que favorecem o mais poderoso.

Sumário: Ideologia e Ideologias

Entende-se por ideologia o conjunto de ideias e crenças partilhadas que justificam os interesses
dos grupos. Uma ideologia representa uma visão abrangente, uma maneira de ver o mundo e a
vida.

Na perspectiva da teoria do conflito, ideologia é um conjunto de ideias propostas pela classe


dominante de uma sociedade para todos os membros desta sociedade. As ideologias são sistemas
de pensamento abstracto aplicados a questões públicas.

A visão do mundo marxista assentava num conjunto de teorias económicas e políticas de Karl
Marx e Friedrich Engels, ao afirmarem que as acções e as instituições humanas são
economicamente determinadas e que a luta de classes é necessária para criar uma mudança
histórica.

Você também pode gostar