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Interacção social e linguagem:

“É interessante notar (…) que a simples presença de outra


pessoa modifica
qualquer ‘situação social’. Ninguém se comporta, quando há
pelo menos um
outro ser humano presente, da mesma maneira que se
comportaria se estivesse
inteiramente só” (Donald Pierse)
Interacção social e linguagem:
1º - Dois jovens que mutuamente se olham.
2º - Fila numa paragem de autocarro.
3º - Jovens enviam mensagens por telemóvel

Formas de interacção social, ou seja, dos mecanismos


que os agentes sociais utilizam para comunicarem entre
si, num determinado tempo e espaço.

1º Interacção focada e comunicação não


verbal.
2º Interacção não focada e comunicação não
verbal.
3º Interacção à distância e comunicação
verbal escrita
A cultura na sociologia desempenha um papel muito
importante. Ela assume um significado específico e é
analisada na perspectiva da sua dimensão social:
A cultura é aprendida e não herdada geneticamente. Ao
contrário dos outros animais, o Homem tem de aprender
tudo sobre a vida em sociedade.

Os elementos culturais são partilhados por um determinado


número de pessoas, as quais, ao fazê-lo, constituem-se como
uma comunidade distinta das demais

A cultura tem a função social de organizar a interacção dos


indivíduos, de lhes atribuir significado e de facilitar a vida em
conjunto.
A cultura concretiza-se num determinado modo de vida que
compreende maneiras de pensar, de agir e de sentir. Ou seja,
a cultura determina os valores e as crenças dos indivíduos, os
seus comportamentos e os seus sentimentos.

Ao conjunto de normas e símbolos que regem e unificam,


numa dada cultura, as maneiras de agir, pensar e sentir dos
seus membros (ou seja, as práticas e comportamentos)
chamamos padrão de cultura. (Ex. forma como nos
vestimos, cumprimentamos e interagimos).

A previsibilidade é contudo fundamental para a


manutenção da coesão social, pois gera nos indivíduos um
sentimento de segurança do qual só se apercebem quando
são confrontados com algo diferente.
Elementos espirituais ou intangíveis de uma cultura, os seus
valores, as suas crenças, as suas normas, a sua linguagem, os seus
ideais de bem e de mal, de justo e injusto, de beleza, entre outros.

Elementos materiais ou tangíveis de uma cultura podem ser


encontrados, por exemplo, nos seus monumentos, na sua arte,
nos seus rituais e nos seus instrumentos de trabalho, no fundo,
nas suas concretizações objectivas.
No entanto, apesar da distinção, os aspectos materiais e espirituais
da cultura influenciam-se mutuamente.
O próprio ser humano é um agente produtor de cultura. Ele herda o
património cultural dos seus antepassados, aprende-o desde que nasce,
mas esse património não é absorvido passivamente, nem é imutável,
ele acrescenta elementos novos à sua cultura e fá-la evoluir.
Ele é um produto da cultura em que nasce e, simultaneamente,
produtor de cultura.
Os valores constituem-se como um elemento espiritual ou
intangível da cultura.

Um valor é algo que numa determinada cultura, se considera


ideal ou desejável. Os valores concretizam-se por intermédio
de regras e das normas que, por sua vez, condicionam os
comportamentos.

Valores formais e informais


Os valores predominantes numa dada cultura podem estar descritos
formalmente, nomeadamente em textos institucionais, como as leis
de cada país. Outros não estão formalizados, mas apenas inscritos
na mente de cada indivíduo, são por isso, informais, condicionando
fortemente as suas acções.
Valores e normas
«As ideias que definem o que é importante, útil ou
desejável são importantes em todas as culturas.
Essas ideias abstractas, ou valores, atribuem
significado e orientam os seres humanos na sua
interacção com o mundo social. A monogamia – a
fidelidade a um único parceiro sexual – é um
exemplo de um valor proeminente na maioria das
sociedades ocidentais.
As normas são as regras de comportamento que
reflectem ou incorporam os valores de uma
cultura.
As normas e os valores determinam entre si a
forma como os membros de uma determinada
cultura se comportam. Em culturas onde se
valoriza grandemente a aprendizagem, por
exemplo, as normas culturais encorajam os
alunos a despender grandes energias no estudo,
apoiando os pais que fazem sacrifícios em prol
da educação dos filhos. Numa cultura que
valoriza a hospitalidade, as normas culturais
podem estimular expectativas quanto à dádiva de
presentes ou ao comportamento social de
convidados e anfitriões.
As normas e os valores variam muitíssimo entre
culturas. Algumas valorizam grandemente o
individualismo, enquanto outras podem enfatizar as
necessidades colectivas. Vejamos um exemplo. A
maioria dos alunos britânicos sentir-se-iam
indignados se descobrissem um colega a copiar num
exame. Na Grã-Bretanha, copiar do colega do lado
vai contra os valores fundamentais da realização
individual, da igualdade de oportunidades, do
trabalho árduo e do respeito pelas regras. No entanto,
os estudantes russos sentir-se-iam intrigados com
esta noção de ultraje dos seus colegas britânicos. A
entreajuda entre colegas num exame é reflexo de
quanto os russos valorizam a igualdade e a resolução
colectiva de problemas face à autoridade.
Pense na sua reacção face a este mesmo
exemplo. O que será que revela acerca dos
valores da sua sociedade?

Mesmo no seio de uma sociedade ou


comunidade, os valores podem ser contraditórios.
Vejamos alguns exemplos. Certos grupos ou
indivíduos podem valorizar crenças religiosas
tradicionais, enquanto outros podem aprovar o
progresso e a ciência. Há pessoas que preferem
o sucesso e o conforto material, outras favorecem
a simplicidade e uma vida pacata.
Nesta época em que vivemos marcada pela
mudança, repleta de movimentos globais de
pessoas, bens e informação, não é de estranhar
que deparemos com casos de valores culturais
em conflito.
As normas e os valores culturais mudam
frequentemente ao longo do tempo. Muitas das
normas que hoje tomamos como assentes nas
nossas vidas – como ter relações sexuais antes
do casamento e haver uniões de facto –
contradizem valores que até há algumas décadas
atrás eram partilhados por muitos.»
Anthony Giddens, Sociologia, 5ª edição, Fundação Calouste Gulbenkian,
Lisboa, 2007, pp. 22-23
Uma das características principais dos valores é o facto
de orientarem as acções das pessoas e dos grupos.
Os actores sociais pautam-se por um sistema de
referências em que acreditam e que consideram desejável
não pensam, avaliam, decidem e escolhem no vazio.

A relatividade espacial e temporal é outra característica dos


valores.
Os valores são sempre específicos de uma sociedade particular,
que os moldou e adoptou. Por esta razão, os valores não só
variam de cultura para cultura como igualmente dentro da
mesma cultura, entre os vários grupos que a constituem e ao
longo do tempo.
A sociologia tem como função analisar os valores de
um determinado grupo ou sociedade sem emitir juízos
de valor. Esse processo exige uma atitude de ruptura
com o senso comum e com os seus obstáculos,
nomeadamente as opiniões e pré-conceitos do
investigador. Sociologicamente não há valores certos
nem errados, apenas os valores vigentes na cultura a
analisar.
A DIVERSIDADE CULTURAL
Existem várias culturas em todo o mundo. Existem grupos mais
restritos, dentro de cada sociedade, culturalmente distintos.
Numa grande cidade, podem coexistir subgrupos com culturas
igualmente distintas. Existem também as culturas de classe, em
que as diferentes classes sociais defendem valores próprios , o
que origina comportamentos também diferentes.

No entanto, os hábitos culturais distintos não estão tão


distantes uns dos outros como poderia parecer. As grandes
capitais europeias são cada vez mais multiculturais, em
resultado dos movimentos migratórios globais e da sua
própria história expansionista.
Pessoas de diferentes origens étnicas, cruzam-se nas mesmas
cidades, nos mesmos locais de trabalho. A diversidade
cultural é incontornável.
Etnocentrismo – consiste na valorização excessiva da nossa
cultura, ou no facto de o observador fazer da sua cultura ou
norma a referência para a análise de outras realidades sociais.
Ora, partindo do princípio de que os nossos valores, os
nossos hábitos são os “normais”, assumimos então que
todos os outros, diferentes dos nossos, são inferiores e
condenáveis. Tal atitude gera fenómenos de rejeição e,
eventualmente de conflito entre indivíduos de culturas
diferentes
Sentimentos de racismo e xenofobia têm aumentado nos
últimos anos.
Contudo o ser humano sempre foi migrante e muitas das
sociedades desenvolvidas actuais resultam de processos
históricos que envolveram o encontro e a convivência de
diferentes povos.
O Conceito de Socialização
A socialização consiste na interiorização que cada
indivíduo faz, desde que nasce e ao longo de toda a sua
vida, das normas e valores da sociedade em que está
inserido e dos seus modelos de comportamento. Socializar
é, portanto, inculcar no indivíduo os modos de pensar, de
sentir e de agir do grupo em que ele está integrado.

O processo de socialização é um processo de aprendizagem


que permite a integração dos indivíduos na sociedade. Estes
aprendem os modelos culturais vigentes, assimilam-nos e
adoptam-nos como seus, tornando-os seres sociais. A
interiorização de normas e valores comuns faz aumentar a
solidariedade entre os membros do grupo e, por isso, a
socialização é determinante para a integração social.
Socialização Primária
A socialização ocorre ao longo de toda a vida, com
intensidades e contextos diferentes.
Durante a infância acontece a chamada socialização
primária. Nesta fase, a criança é socializada sobretudo pela
família, sendo as aprendizagens mais intensas, mais
marcantes, porque biologicamente a criança está preparada
para receber e assimilar grandes doses de informação e
porque existe uma forte ligação emocional e afectiva com os
seus agentes socializadores .
Ao longo deste período, são aprendidas e interiorizadas
coisas tão determinantes quanto a linguagem, as regras
básicas da sociedade, a moral e os modelos comportamentais
do grupo a que se pertence.
Socialização Secundária

A socialização secundária é todo e qualquer processo


subsequente que introduz um indivíduo já socializado em
novos sectores do mundo objectivo da sua sociedade.
Acontece a partir da infância e em cada situação com que
nos deparamos ao longo da vida: na escola, nos grupos de
amigos, no trabalho, nas actividades de lazer, etc.

Em cada novo papel que assumimos existe uma


aprendizagem das expectativas que a sociedade ou o grupo
depositam em nós relativamente ao nosso desempenho,
assim como dos novos papéis que vamos assumindo nos
vários grupos a que vamos pertencendo e nas várias
situações em que somos colocados.
A Socialização acontece através de 3 mecanismos distintos
mas interligados:
Aprendizagem – Aprendemos desde cedo, porque tal nos é
inculcado, os valores e as regras sociais considerados corretos e os
modelos de comportamentos do grupo a que pertencemos.
Aprendemos toda uma série de competências, das mais básicas, às
mais elaboradas.
A aprendizagem pressupõe a interiorização de determinadas
reações perante as situações sociais, ou seja, a aquisição de
automatismos de comportamentos variados.
Imitação – Muitas das atitudes e comportamentos que vemos nas
crianças são fruto das suas observações e posterior imitação. A
reprodução dos comportamentos dos agentes socializadores é
fundamental à interiorização desses mesmos comportamentos.
Mesmo na idade adulta, isto acontece sem notarmos, na tentativa de
nos integrarmos mais facilmente nas várias situações do quotidiano.
A Socialização acontece através de 3 mecanismos distintos
mas interligados:

Identificação – A criança identifica-se com pessoas que


desempenham determinados papéis na sua vida e essa
identificação faz com que se adquira progressivamente os
comportamentos inerentes a esses mesmos papéis. O pai e
a mãe da criança representam, por exemplo, o que para ela
significa ser homem e ser mulher, e é através deste
processo de identificação que a criança interioriza como se
comporta um homem e uma mulher nas várias situações.
Nem sempre é fácil distinguir que mecanismos de
socialização estão presentes em cada situação.
Agentes de Socialização:
A integração dos seres humanos em grupos exige que assimilem
um determinado papel social, seja por aprendizagem, imitação ou
por identificação, para agirem de maneira correcta.
Por isso, estes grupos são também considerados agentes de
socialização.

Os mais importantes são a família, pois tem um papel


fundamental na formação das atitudes sociais e na transmissão
de valores; a escola na medida em que “treina” os adolescentes
com o objectivo de aprendizagem de habilidades particulares;
os meios de comunicação social, visto que são poderosos
instrumentos de aprendizagem, pois modelam os
comportamentos dos Homens (incutindo normas, crenças,
valores, modelos de conduta, entre outros) e a rua, que pode
um importante espaço de aprendizagem.
Representações Sociais:
As Representações Sociais explicam os fenómenos do homem
a partir de uma perspectiva colectiva, sem perder de vista a sua
individualidade.

As Representações Sociais derivam não só das nossas opiniões


pessoais, mas também de conceitos, de realidades e de
situações patentes na sociedade.

As representações sociais pressupõem valores e têm origem


na necessidade de reduzir a complexidade da realidade que
nos cerca e de a classificarmos.

Constituem-se, por isso, como esquemas de percepção e de


classificação da realidade.
Representações Sociais

Uma representação social:

-É uma avaliação de uma dada realidade, processo ou situação;


-Existe no plano social e no plano individual;
-É fruto de experiências passadas, ou seja, decorre da nossa
socialização;
-Orienta e justifica comportamentos, ou seja agimos, em função das
representações que temos;
-É formada ao nível social, ou seja, é partilhada socialmente;
-Nomeia, classifica e dá sentido ao que observamos;
-Pressupõe valores.

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