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Psicologia 12º Ano

Cultura:

A cultura é a totalidade dos conhecimentos, das crenças, das artes, dos valores, das
leis, dos costumes e de todas as outras capacidades e hábitos adquiridos pelo Homem
enquanto membro da sociedade. Assim, as crenças englobam as diferentes religiões, as
ideologias políticas e as ideias acerca da natureza humana; as teorias de conhecimento
englobam a ciência moderna, as diversas astrologias e as várias medicinas alternativas; as
construções e objetos englobam casas, satélites, estradas, computadores, garfos, roupas, e
garrafas; os valores englobam a atribuição a certos comportamentos, qualidades e objetos; as
leis e normas regulam a vida em comum; as artes exprimem os modos de uma determinada
sociedade; por fim, os costumes são modos de interação social, de comportamento, de
apresentação à sociedade e englobam os rituais de saudação, os modos de preparar alimentos
e de os consumir, as celebrações e os modos de vestir. Todos estes elementos encontram-se
organizados no todo cultural, isto é, mudam e influenciam-se mutuamente. Assim, os
elementos simbólicos, como as crenças, os valores e as normas materializam-se nas múltiplas
produções culturais, nomeadamente em peças de roupa, em instrumentos e em matérias-
primas utilizadas.

A cultura, ao longo da vida, traduz-se em múltiplas consequências na forma como cada


um pensa, sente e se comporta. Mas nem tudo o que somos resulta da influência da cultura,
pois, para além de sermos produtos da cultura, também somo produtores de cultura. Somos
produtores de cultura, uma vez que cada geração dá a uma cultura o seu contributo, ao
encontrar novas normas e valores, ao inventar novas formas de relacionamento ou de
realização. Assim, cada geração herda a cultura, trabalha-a, acrescentando, desta forma, as
suas contribuições.

A cultura varia no tempo e no espaço, varia com as épocas e momentos históricos,


assim como varia de lugar para lugar, pelo que não há nunca uma única cultura, mas múltiplas
culturas. As diferentes culturas refletem as diferentes maneiras como as diversas comunidades
organizaram e integraram os acontecimentos da sua Historia, as suas necessidades de
sobrevivência e as exigências do meio onde vivem. Os fatores que contribuem para o
aparecimento de diversas culturas são, o espaço geográfico, isto é, o habitat, as criações que
se vão desenvolvendo, o que acontece ao longo do tempo e o contacto que se vai
estabelecendo com as outras culturas.

Os padrões culturais são, o conjunto de comportamentos, práticas, crenças e valores


comuns aos membros de uma determinada cultura, por exemplo, vestimo-nos, alimentamo-
nos e cumprimentamo-nos de maneira diferente, consideramos adequado ou desadequado
exprimirmos certas emoções em determinados lugares ou situações, etc. Assim, os padrões
culturais, ao influenciarem as atividades, os modos de relação entre as pessoas e os
significados que lhes estão associados, ajudam a determinar, para um dado grupo cultural,
quais são as experiencias comuns e o que estas experiencias podem significar. A nossa cultura
exerce uma forte influência na forma como pensamos e sentimos, naquilo que consideramos
bonito ou feio, bom ou mau, aceitável ou inaceitável, a roupa que usamos, o que comemos, o
modo como nos relacionamos e o que é normal ou anormal. Concluindo, cada padrão cultural

Ana Pinto
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muda permanentemente através da ação criadora de cada um dos seus membros e através do
contacto com outras culturas.

A aculturação é o processo que decorre do contacto entre elementos culturais, isto é,


o conjunto de fenómenos resultantes do contacto contínuo entre grupos de indivíduos
pertencentes a diferentes culturas, assim como às mudanças nos padrões culturais de ambos
os grupos que decorrem desse contacto. Assim, muitas vezes dá-se o aparecimento de criações
culturais novas, mas também o desaparecimento e a destruição de elementos culturais.

A socialização é o processo através do qual cada um de nós aprende e interioriza os


padrões de comportamento, as normas, as práticas e os valores da comunidade em que se
insere. Desta forma, permite não apenas a integração de cada pessoa no grupo, mas também a
reprodução deste mesmo grupo e das suas formas de organização. Assim, a socialização
refere-se, por um lado, às formas como cada pessoa interioriza e prende os elementos
socioculturais que estão à sua volta e, por outo lado, acontece enquanto essa pessoa participa,
age e se comporta, em diversas relações, práticas e instituições.

A socialização primária ocorre durante os períodos de crescimento nos grupos


primários de socialização (família, vizinhança, jardins de infância e escola) e é responsável
pelas aprendizagens mais básicas da vida em comum, ou seja, traduz-se na aprendizagem dos
comportamentos considerados adequados e reconhecidos como formas de pensar, sentir,
fazer e exprimir próprias de um determinado grupo social.

A socialização secundária ocorre sempre que a pessoa tem de se adaptar e integrar em


situações sociais especificas, novas para o individuo (mudança de escola, primeiro emprego,
reforma, casamento, divorcio e nascimento de um filho) nos grupos secundários de
socialização (empresas e associações) e é responsável pela criação de oportunidades e desafios
que vão implicar aprendizagens novas e uma adaptação dos indivíduos a novas realidades
sociais e ao desempenho de novos papéis.

Cada um tem uma história pessoal que nos individualiza. Desde o nascimento cada
pessoa acumula um conjunto de experiências vividas com os outros, que marcam cada um de
nós, tornando-nos únicos e distintos de todos os outros, pois essas experiências deixam-nos
marcas na nossa forma única de ser que nos distingue dos outros e que fazem parte integrante
da nossa história pessoal.

As experiências vividas, como os encontros amorosos, a ausência de familiares e


amigos, a mudança de terra e as doenças, constituem um elemento fundamental da nossa
vida. A ligação que cada um estabelece com estas experiências faz-se através dos significados
que cada um lhes atribui. Por exemplo, duas pessoas gostam de ir à escola, mas isso pode ter
dois significados distintos para essas das pessoas, isto é, uma delas pode gostar porque a
escola é o local onde estão os seus amigos e a outra pode gostar porque gosta de aprender. Ao
construir os significados para as suas experiências, cada ser humano integra a sua forma
pessoas de ver, sentir e agir sobre o mundo, ou seja, cada ser humano atribui significados
pessoais às experiencias que vive.

Ana Pinto
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Através da ação dos processos de auto-organização sobre seu fluxo de experiências, os
seres humanos constroem-se agindo no mundo, organizando-se no seu desenvolvimento com
o mundo. A capacidade que temos de integrar as experiências na nossa história pessoal, de as
organizar e de lhes atribuir um significado, permite-nos construir permanentemente a
continuidade e a coerência de um sentido de nós próprios e do mundo. Cada um de nós age no
seu ambiente de forma a manter a continuidade do seu sentido de si e a compreensibilidade
da nossa experiencia faz com que seja possível reconhecer que continuamos a ser a mesma
pessoa e que o nosso mundo é ainda o nosso mundo. Assim, os seres humanos não só criam a
sua história pessoal como também transformam o seu ambiente físico e sociocultural. Por isso,
os seres humanos são seres capazes de autonomia, ou seja, são seres capazes de participar nos
processos de transformação e determinação de si e dos seus ambientes socioculturais.

A adaptação é frequentemente entendida como uma característica das respostas dos


organismos ao seu contexto. O processo de adaptação dos seres humanos processa-se na
interação entre o ser vivo e o seu meio, ou seja, não só o ambiente desafia e age sobre os
seres humanos como também estes desafiam e agem sobre o ambiente, transformando-o.

Todos os seres humanos partilham características comuns que os tornam distintos de


qualquer outra espécie, mas, ao mesmo tempo, todos são diferentes, pois há uma grande
diversidade biológica. A hereditariedade específica é o conjunto de características de uma
espécie, enquanto a hereditariedade individual é o conjunto de características que nos torna
únicos. O desenvolvimento envolve uma progressiva diferenciação nos seres humanos, pois o
programa genético é um conjunto de instruções que favorecem a variação individual e, para
além disso, o processo de desenvolvimento que ocorre em contexto social vai aprofundar as
diferenças que a hereditariedade já se encarregara de assegurar. Outro fator que poe a nossa
diversidade mais visível é a diversidade cultural, pois a cultura em que estamos inseridos irá
tornar distintas maneiras de pensar, estar, ser e de nos comportarmos. A nossa diversidade
individual é assegurada pela construção da história pessoal, pois implica encontrar um
significado para o que se vai sucedendo, para a maneira como acontece, para as suas ações e
as dos outros, para aquilo que pensa e sente relativamente a tudo isto. Ao fazê-lo, cada pessoa
torna parte de si, utiliza e recria não só o seu corpo e o seu cérebro, mas também o seu
património cultural e as suas aprendizagens e vivências sociais. A especificidade de cada grupo
ou pessoas deve ser valorizada, pois é na diversidade humana, na diferença de cada um
realizar e organizar as várias dimensões, que reside a riqueza do ser humano.

Ana Pinto

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