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Sociologia

CULTURA
Conjunto de elementos (crenças, valores, normas, produções artísticas,
literárias, técnicas, etc.) que caracterizam a forma como uma comunidade resolve os
problemas do quotidiano.
Em todos os tempos e lugares, a vida social tem gerado crenças, idealizando valores,
criando normas, encontrando soluções organizativas e institucionais, inventado
instrumentos de trabalho, desenvolvido capacidades, produzido obras artísticas,
técnicas, literárias, entre outras, que a caracterizam e lhe certificam originalidade.
Assim, a vida em grupo é uma vida em estado de cultura, ou seja, cada sociedade
manifesta-se e realiza-se a partir de uma cultura.
Simplificando, diz-se que a cultura representa a expressão de um grupo e concretiza
tudo o que é socialmente aprendido e partilhado pelos membros desse grupo. A cultura
de um grupo permite distingui-lo dos membros de qualquer outro.

Cultura e herança biológica


É a aprendizagem que distingue cultura de herança biológica. Por exemplo, o choro à
nascença não é exclusivo de um grupo, é parte da natureza biológica dos seres humanos;
mas o choro ou o refrear do choro em circunstâncias determinadas são traços
característicos de uma certa forma de viver, são um elemento cultural.

Cultura: os seus significados


Significado popular: cultura representa um conjunto de manifestações em domínios
do saber e fazer considerados “nobres”, como música, literatura, artes plásticas,
filosofia, etc. Quando nos referimos a alguém que aprecia boas obras literárias, que
gosta de música erudita, que é um conhecedor de arte e fala com correção dizemos que
é um individuo culto, em sentido comum.
Significado sociológico: cultura, em sentido sociológico, é o conjunto de maneiras
próprias de pensar, sentir e agir de qualquer grupo. Todos vivemos e trazemos a marca
de uma cultura, ou seja, a nossa cultura.
Então, todos nos inserimos numa cultura (sentido sociológico), apesar de uns serem
mais cultos do que outros (sentido comum).

Cultura e subculturas
As subculturas são “culturas” de grupos mais restritos que se inserem na sociedade.
Estas não colocam em causa a cultura dominante.
Todas as sociedades são portadoras de várias subculturas que, no seu conjunto,
coexistem com a cultura dominante.
Culturas: elementos materiais e imateriais
Todas as culturas têm traços ou elementos de duas ordens: espiritual/imaterial e
material. Estes não têm existência separada, apenas interagem dialeticamente,
produzindo a cultura.
Elementos materiais: a fé (elemento imaterial da cultura) tem expressão nos locais
de culto (elementos materiais das respetivas culturas).
Elementos imateriais: compreendem as ideias, crenças, normas, valores, usos e
costumes do grupo. Neste conjunto revestem-se de especial importância os valores,
nomeadamente os religiosos.

Valores como suporte de uma cultura


Os valores orientarão os modelos e as condutas individuais, sendo considerados como
elementos espirituais desejáveis.
Esses modelos, que os indivíduos vão interiorizando desde o nascimento, funcionam
como padrões de comportamento, tornando psicologicamente difícil cometer atos
proibidos, ou seja, impedindo ou dificultando o desenvolvimento de comportamentos
que se afastam da forma.

Diversidade cultural
Considerando a diversidade de padrões de cultura, que representam formas que as
comunidades encontraram para resolverem os seus problemas quotidianos, é possível
identificar uma diversidade de padrões de cultura.

Etnocentrismo cultural
Quando um grupo entende que a sua cultura é superior a outra, entra-se no domínio do
etnocentrismo cultural. Este é um obstáculo à compreensão de outras culturas.

A pessoa como produto e produtora de cultura


A cultura é dinâmica. A pessoa recebe a cultura do seu grupo de pertença, ou seja, é
produtor cultural, mas também a transforma, aperfeiçoando-a, ajustando-a aos novos
condicionalismos sociais, então é produtora de cultura.

SOCIALIZAÇÃO
Processo a partir do qual cada membro de um grupo adquire os traços da sua
cultura.
A partir deste processo, a integração social, a coesão social e a reprodução social são
realizadas.

Características do processo de socialização


 É um processo (não é um ato acabado);
 Desenvolve-se ao longo da vida da pessoa;
 Encontra-se a cargo de vários agentes;
 Permite a integração social;
 Permite a coesão social;
 Permite a reprodução social.

Etapas do processo de socialização


A socialização inicia-se desde o nascimento e prolonga-se pelo resto da vida. Ao longo
da vida, o individuo vai passando por diversos grupos e situações, contribuindo todas
elas para a aprendizagem de novas maneiras de pensar, sentir e agir. A colaboração e o
respeito pelos outros são uma aprendizagem importante. A aprendizagem de cooperação
e da competição, do saber ganhar e do saber perder pode ser veiculada pelas
experiências desportivas. Muitas vezes, somos confrontados com a necessidade de
novas aprendizagens para que a integração social seja uma realidade. A socialização é
um processo permanente que acompanha todos os membros pela vida fora.

Mecanismos de socialização
Aprendizagem: interiorização das normas e modelos de comportamento por
tentativas, erros e repetições. É um dos mecanismos de socialização que possibilita aos
jovens a aquisição de alguns dos elementos que contribuem para a sua integração social.
Imitação: cópia de comportamentos observados. Por esta, os jovens adquirem os
comportamentos para a sua futura integração social.
Identificação: identificação com outra pessoa que se considera próxima e
aproximação aos seus comportamentos. A aprendizagem de maneiras de pensar, sentir e
agir pode ser adquirida por identificação com aqueles que constituem modelos sociais.

Agentes de socialização
transmitem a cultura do grupo do qual os indivíduos fazem parte.
Os mais importantes são a família (mais importante e inicia os jovens na integração
social), a escola (valores, conhecimentos e atitudes), a igreja, os amigos, os grupos
desportivos e os meios de comunicação social (reprodução social).

Tipos de socialização
 Primária: os membros do grupo aprendem os elementos da cultura
fundamentais à sua inserção social (aprender a falar, a comer, ter hábitos de
higiene, …). A criança vai tomando consciência do que lhe é exterior, repetindo
e imitando atitudes e comportamentos que descobre nos outros indivíduos,
inicialmente nos seus familiares. É grande a responsabilidade da família na
socialização das crianças. É nos primeiros tempos de vida que se pode
interiorizar valores fundamentais das sociedades, sendo a família fundamental.
 Secundária: os membros do grupo aprendem outros comportamentos
necessários a uma inserção social mais completa e alargada (aprender a ler e
escrever, adquirir conhecimentos científicos, …). A escola é um importante
agente de socialização que se deverá adaptar às circunstâncias, sob pena de
impedir o desejável desenvolvimento pessoal e social dos jovens. Os meios de
comunicação social são essenciais na transmissão de cultura das sociedades em
que os indivíduos se inserem. A aprendizagem é um processo construtivo e
árduo. O facilitismo poderá não ser a melhor opção. O deslumbramento que as
tecnologias de informação e comunicação proporcionam não deve eliminar as
questões fundamentais do relacionamento social. A socialização deverá incluir a
temática dos valores humanos.

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Conjunto de conceitos, proposições e explicações criado na vida quotidiana no
decurso da comunicação interindividual, são o equivalente na nossa sociedade, dos
mitos e dos sistemas de crenças das sociedades tradicionais; podem também ser vistas
como a versão contemporânea do senso comum.
Existem duas perspetivas:
 Reflexo interno de uma realidade externa- reproduções mentais do mundo e
dos outros que estão aí;
 “não há corte entre o universo exterior e o universo interior do indivíduo”:
existe construção.

Processos de formação das representações sociais


Estes são a objetivação e a ancoragem, que são processos sociocognitivos e
processos cognitivos socialmente regulados.
A objetivação
Como se organizam os elementos constituintes da representação, o percurso através do
qual os elementos adquirem materialidade e se tornam expressões de uma realidade.
Analisar o processo de objetivação é identificar os elementos que dão sentido a um
objeto, a sua seleção de um conjunto mais vasto de conceitos, as relações entre eles, etc.
(a morte faz-me pensar nos seguintes símbolos e imagens…).
A ancoragem
Pode proceder à objetivação, ou seja, qualquer construção ou tratamento de
informação exige pontos de referência e é por ser referência a experiências e esquemas
de pensamento já estabelecidos que um novo objeto pode ser representado. Quando se
segue à objetivação, a ancoragem refere a função social das representações, a sua
eficácia social.
As representações sociais possibilitam uma rede de significados que permitem a
ancoragem da ação e atribuem sentidos a acontecimentos, comportamentos, pessoas
grupos sociais, entre outros (é o caso da Sida e da peste negra)

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