CULTURA E SOCIALIZAÇÃO

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Cultura
- É um conceito pluridimensional que pode ter
diversos significados.
- É um fenómeno exclusivo do ser humano e
representa tudo o que nele não é natural/ não é
nato. É a forma como o ser humano pratica e
organiza os atos naturais (comer, beber,
reproduzir-se) no seu quotidiano, no seu grupo.
- Fenómenos culturais: rituais, crenças, regras de
comportamento, formas de comunicação, etc.
Significado sociológico da cultura
- Conceito de cultura analisado na dimensão
social.
- A cultura é aprendida e não herdada
geneticamente, pois o ser humano (ao contrário
dos animais) tem de aprender tudo sobre a vida
em sociedade.
- Os elementos culturais são partilhados por um
determinado número de pessoas, que ao faze-
lo, formam e constituem uma comunidade.
Estes elementos distinguem uma determinada
comunidade das demais, e tornam possível a
comunicação e iteração entre membros daquela
comunidade, pois formam o contexto comum
em que os indivíduos de uma sociedade vivem
as suas vidas.
- Função social da cultura: organizar a interação
dos indivíduos, de lhes atribuir um significado e
de facilitar a vida em conjunto.
- O termo cultura pode ser aplicado a uma
sociedade global (“cultura ocidental”) ou a
grupo mais pequeno (“subcultura punk”).
- A cultura concretiza-se num determinado
modo de vida, pois constitui um conjunto ligado
de maneiras de pensar, de agir e de sentir. A
cultura determina os valores e as crenças dos
indivíduos (pensamento), os seus
comportamentos (condicionados por esse
valores e crenças), e os seus sentimentos.
-Padrão de cultura – conjunto de normas e
símbolos que regem e unificam, numa dada
cultura, as maneiras de agir, pensar e sentir
(praticas e comportamentos) dos seus
membros.
- A forma como nos vestimos, cumprimentos e
interagimos correspondem aos comportamentos
padronizados (nem sempre temos consciência destes,
mas permitem nos saber como agir e o que esperar dos
outros – esta previsibilidade é fundamental para a
manutenção da coesão social, pois gera nos indivíduos um
sentimento da segurança do qual só nos apercebemos se
formos confortados com algo diferente).
Elementos materiais e imateriais da cultura
→ Imateriais / Intangíveis:
 Valores
 Crenças
 Normas
 Linguagem
 Ideias
 Usos
 Costumes
→ Matérias / Tangíveis – concretizações
objetivas:
 Arte
 Construção
 Tecnologias
 Vias e meios de circulação
 Instrumentos de trabalho (rituais)
 Legislação
 Artefactos e objetos
Os elementos matérias e imateriais
influenciam-se mutualmente, por isso não
devem ser encarados separadamente.
Ex: Na cultura hindu, a vaca é considerada animal sagrado
(imaterial-crença) por isso a sua carne é rejeitada na
alimentação (material-comportamento). A evolução tecnológica
(material) contribuiu para substituição dos postais de boas
festas enviados pelo correio por mensagens de correio
eletrónico e redes sociais (imaterial-tradição).
Os Valores
- É algo que numa determinada cultura
considera-se ideal e desejável. Os valores
concretizam-se por intermedio de regras e das
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normas, que ,por sua vez, condicionam os
comportamentos.
EX: monogamia (valor) – elaboração de leis
(regra/norma) – cumprir de leis (comportamento)
Características dos valores:
→ Orientam ou determinam as ações de
pessoas e dos grupos. (agimos pautados por um
sistema de referências em que acreditamos e que
consideramos desejável)
→ Relatividade espacial e temporal (valores
variam de cultura para cultura e mesmo numa
determinada cultura varia de anos para anos)
Valores podem:
→ Estar descritos formalmente (leis)
→ Estar na mente de cada individuo
condicionando as suas ações – informais.
Sociologicamente, não há valores certos ou
errados, apenas os valores vigentes na cultura a
analisar. Sociologia analisa os valores de um
determinado grupo social sem emitir juízos.
Diversidade cultural
Numa grande cidade, podem coexistir
diferentes subgrupos e grupos sociais com
culturas igualmente distintas. As grandes
capitais europeias, são cada vez mais
multiculturais, devido aos movimentos
migratórios globais e da sua própria historia
expansionista. Pessoas de diferentes culturas
cruzam-se diariamente por isso os hábitos
culturais distintos não estão tão distantes uns
dos outros como poderia parecer. A diversidade
cultural é uma realidade incontornável.
Etnocentrismo cultural – tem origem no facto de
julgarmos as outras culturas tendo como ponto
de referência a nossa própria cultura (os nossos
valores, hábitos e comportamentos são
“normais” e achamos que todos que sejam
diferentes dos nossos são condenáveis e
inferiores). Este facto gera fenómenos de
rejeição e pode provocar conflitos entre pessoas
de culturas diferentes.
- A diversidade cultural e multiculturalismo são
uma realidade mas bem sempre são um facto
pacifico ou bem aceite. Existem manifestações
de intolerância:
 Racismo (rejeição devido a raça/etnia)
 Xenofobia (rejeição devido a nacionalidade)
- A aceitação e a gestão da multiculturalidade
são fundamentais para a coabitação pacifica dos
vários grupos étnicos, sendo que a interação
entre estes pode revelar-se enriquecedora para
todos.
Ser humano como produto e como agente
produtor da cultura
PRODUTO
Não nascemos dotados de cultura, tornamo-nos
seres culturais através do processo de
socialização. À medida que crescemos pomos de
parte a nossa natureza dada e transformamo-nos em
seres culturais condicionados pelos padrões de
cultura do nosso grupo. É por isso que dizemos ser
produto de uma cultura. Ela encontra-se
espelhada em tudo aquilo que nós somos, é por
ela que nos integramos numa organização
social, é pela socialização e prática social que a
cultura se adquire, ela não é hereditária, mas
uma conquista contínua em interação com os
outros.
PRODUTORES DE CULTURA
Contudo, dizemos também ser produtores de
cultura porque nela participamos integrados
num grupo, e a ela samos um contributo para
crescer para se modificar e para poder satisfazer
as nossas necessidades (inventando novos
valores, aperfeiçoando técnicas…). Daí que a
cultura não seja um fenómeno estático, mas
dinâmico. A cultura é uma realidade viva em
permanente evolução, graças ao nosso
contributo, ela é assim cumulativa “cada geração
recebe-a como um património que herda e
simultaneamente trabalha-a acrescentando-lhe as
suas contribuições”.
SOCIALIZAÇÃO
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- Consiste na interiorização que cada individuo
faz, desde que nasce a ao longo de toda a vida,
das normas e valores e dos modelos de
comportamento da sociedade em que está
integrado.
Socializar – inculcar no individuo os modos de
pensar, sentir e agir do grupo em que está
integrado.
- Este condicionamento permite a integração
dos indivíduos na sociedade, pois estes:
Aprendem os modelos culturais vigentes –
Assimilam-nos – Adotam-nos como seus,
tornando-se seres sociais.
- Socialização é determinante na integração
social, pois a interiorização de normas e valores
comuns faz aumentar a solidariedade entre os
membros de grupo.
Processo de socialização
Começa no nascimento de um individuo e
termina com a sua morte. A socialização
acontece ao longo de toda a vida, com veremos,
intensidades e em contextos diferentes.
Socialização primária
- A criança é socializada sobretudo pelas famílias
e as aprendizagens são mais intensas e
marcantes, porque:
 Biologicamente a criança está preparada
para receber e assimilar grandes
quantidades de informações (mais do que
em qualquer outra altura da sua vida)
 Existe uma forte ligação emocional e efetiva
entre criança e seus agentes socializadores
(pais, educadores…)
Ao longo deste período, são aprendidas e
interiorizadas coisas determinantes e
fundamentais : linguagem, regras básicas da
sociedade, a moral e os modelos
comportamentais do grupo onde esta pertence,
diferença entre bem e o mal (através de contos)
… observados.
Socialização primária
Todo e qualquer processo subsequente que
introduz um individuo já socializado e, novos
setores da sua sociedade.
Acontece a partir de infância e em cada nova
situação com que nos deparamos ao longo da
vida: escola, grupos de amigos, trabalho,
atividades de lazer, novos países…
Em cada novo papel que assumimos (aluno,
turista, pai, amigo, profissional…) existe uma
aprendizagem das expectativas que a sociedade
ou um grupo depositam em nós relativamente
ao nosso desempenho, assim como dos novos
papeis que vamos assumindo nos vários grupos
a que vamos pertencendo e nas várias situações
em que somos colocados.
Interiorizamos submundos
institucionais/baseados em instituições (numero
e tipo destes submundos é determinado pela
complexidade da sociedade). É a aquisição de
conhecimento de funções especificas, de
condutas ou rotinas próprias as instituições.
Mecanismos de socialização
 Aprendizagem
Aprendemos desde cedo (porque nos é
inculcado) os valores, regras socias e os modelos
de comportamento de grupo a que
pertencemos.
Aprendemos também uma serie de
competências, das mais básicas (boas maneiras
á mesa, como atravessar a rua) as mais
complexas e elaboradas (linguagem, profissão).
Aprendizagem – pressupõe interiorização e
aquisição de automatismos de comportamentos
variados.
 Imitação
Reprodução mecânica de comportamentos e
atitudes observadas nos outros membros do
nosso grupo social. Copia dos comportamentos
Crianças.
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As atitudes e comportamentos das crianças, muitas vezes,
são fruto das suas observações e posteriormente
imitação.

Idade adulta:

Muito frequentemente os adultos (mesmo sem se

aperceber) tendem a imitar os comportamentos, gestos e
expressões que observam, com objetivo de integrarem-se
mais facilmente nas situações do seu quotidiano.

 Identificação
Corresponde à apropriação dos
comportamentos dos outros indivíduos ou
grupos próximos de nós. Os comportamentos
dos outros passam também a ser os nossos,
fazendo parte da nossa bagagem
comportamental
Criança:

Identifica-se com pessoas que desempenham

determinados papeis na sua vida e essa identificação faz
com que adquira progressivamente os comportamentos
inerentes a esses mesmos papeis.

Ao longo da vida:

Podemos identificar-nos com diferentes personagens,

celebridades ou conhecidos o que pode influenciar a
nossa forma de agir, pensar e sentir.

Agentes da socialização
- Todos os grupos a que pertencemos são
agentes de socialização, pois obrigam-nos a
interiorizar um determinado papel social (por
aprendizagem, imitação ou identificação)

Agentes de socialização mais importantes (pela

forma como influenciam a nossa vida):

 Família