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1 O Pensamento Antropológico

Antropologia
Objetivos

◼ Apresentar o pensamento antropológico em


suas linhas gerais, abordagens e campo de
atuação.

◼ Delinear as contribuições e interfaces


estratégicas, teóricas e metodológicas entre
Antropologia e Educação.
. Conceituação:
◼ ANTROPOLOGIA
◼ ANTHROPOS (HOMEM) LOGOS (ESTUDO)
◼ Ciência Social e comportamental. Disciplina humanística.
Dimensão biológica, dimensão filosófica e dimensão
sociocultural.
◼ foco de interesse é o humano e a diversidade cultural.
◼ antropologia visa ao conhecimento completo do homem.
◼ Ciência que estuda o homem, suas produções e seu
comportamento.
◼ A antropologia visa compreender as manifestações culturais,
comportamentais e da vida social
◼ O objetivo é o estudo da humanidade como um todo, as
manifestações do ser humano e da atividade humana de
maneira tão unificada.
◼ Antropologia - ciência da humanidade e da cultura..
Cultura como conceito central

◼ Conceito não restrito ao campo da Antropologia;


◼ A cultura é universal e também particular.
◼ A noção de cultura remete para os modos de vida e de
pensamento. O uso da noção de cultura leva
diretamente à ordem simbólica, ao que se refere ao
sentido, incorporado e expresso nas narrativas e
vivências do cotidiano.
◼Menino hindu reza após banho de lama em uma lagoa que o
povo indiano acredita ser milagrosa, curando câncer de
garganta, por exemplo. No entanto, a mídia local informa que,
atualmente, existe um medo generalizado de contágio de
diversas doenças por conta da poluição da lagoa, que fica na
vila de Nakali, cerca de 65 km ao sul de Calcutá Deshakalyan
Áreas do campo antropológico
◼ A antropologia física ou biológica estuda a natureza física do homem, origens e
evolução, anatomia, processos fisiológicos e diferenças raciais populacionais.
◼ A antropologia cultural estuda o homem enquanto ser cultural, fazedor de
cultura. Aborda as culturas humanas no tempo e no espaço, suas origens e
desenvolvimento.
◼ Apesar de também utilizar o método histórico, a estatística, seu método básico
é a descrição etnográfica, a comparação ou análise etnológica e o
aprofundamento por meio de estudo de caso ou método monográfico. Utiliza
também o método genealógico ou de análise de parentesco, assim como o
método funcionalista, ou análise da unidade de cada cultura no contexto
cultural mais extenso.
◼ As técnicas de pesquisa para levantamento de dados são a observação, a
entrevista e formulários ou questionários.
Definições e antecedentes:
Cultura x natureza
Segundo Cuche (2009, pp 23-27).
“O homem é essencialmente um ser de cultura.

O longo processo de hominização, iniciado há mais ou menos quinze


milhões de anos, consistiu fundamentalmente na passagem de uma
adaptação genética para a adaptação cultural à natureza do meio
ambiente.
No decorrer desta evolução, que culminou no Homo sapiens sapiens, o
primeiro homem, operou-se uma formidável regressão dos instintos,
"substituídos" progressivamente pela cultura, quer dizer por essa
adaptação imaginada e controlada pelo homem que se revela muito
mais funcional que a adaptação genética, porque muito mais flexível e
muito mais rápida e facilmente transmissível.
Cultura x natureza

◼ A cultura permite ao homem não só


adaptar-se ao meio, mas também adaptar
este a si próprio, às suas necessidades e aos
seus projetos, ou seja e por outras palavras,
a cultura torna possível a transformação da
natureza.
Cultura x natureza
◼ “Se todas as "populações" humanas possuem o
mesmo patrimônio genético, diferenciam-se pelas
escolhas culturais, inventando cada uma delas
soluções originais para os problemas que se lhes
põem.
◼ No entanto, estas diferenças não são irredutíveis
entre si porque, tendo em conta a unidade genética
da humanidade, representam aplicações de
princípios culturais universais, sendo as aplicações
referidas susceptíveis de evoluções e
inclusivamente de transformações.
Cultura como superação da natureza

◼ A noção de cultura revela-se, portanto, o utensílio


adequado para pôr termo às explicações naturalistas
dos comportamentos humanos. A natureza, no
homem, é inteiramente interpretada pela cultura. As
diferenças que poderiam parecer mais ligadas a
propriedades biológicas particulares, como, por
exemplo, a diferença dos sexos, nunca se deixam
observar "em estado bruto" (natural) porque, por
assim dizer, a cultura delas se apodera
"imediatamente": a divisão sexual dos papéis e das
tarefas nas sociedades humanas resulta
fundamentalmente da cultura, e é por isso que varia
de uma sociedade para outra.”
Cultura como nova natureza

◼ “Nada é puramente natural no homem. Até mesmo


as funções humanas que correspondem a
necessidades fisiológicas, como a fome, o sono, o
desejo sexual, etc., são informadas pela cultura: as
sociedades não dão exatamente as mesmas
respostas a essas necessidades. A fortiori (por uma
razão mais forte), nos domínios em que não existe
imposição biológica, os comportamentos são
orientados pela cultura.. "
Cultura e Sociedade
◼ A definição mais geral de sociedade pode ser resumida como um
sistema de interações humanas culturalmente padronizadas.
Assim, e sem contradição com a definição anterior, sociedade é
um sistema de símbolos, valores e normas, como também é um
sistema de posições e papéis.
◼ Uma sociedade é uma rede de relacionamentos sociais, podendo
ser ainda um sistema institucional, por exemplo, sociedade
anônima, sociedade civil, sociedade artística etc. A origem da
palavra sociedade vem do latim societas, que significa
associação amistosa com outros.
◼ (CAMARGO,2011).
http://www.brasilescola.com/sociologia/sociedade-1.htm
Sociedade
◼ O termo sociedade é
comumente usado para o
coletivo de cidadãos de um
país, governados por
instituições nacionais que
aspiram ao bem-estar dessa ◼ A sociedade não é um mero
coletividade. conjunto de indivíduos
vivendo juntos em um
determinado lugar, é também
a existência de uma
organização social, de
instituições e leis que regem a
vida dos indivíduos e suas
relações mútuas.
Sínteses para a
perspectiva cultural

A cultura pode ser real, ( (i)Materialidade da cultura


ou a de prática cotidiana ⦿ • Técnicas e Tecnologias; produtos
e irreal ou normativa e
ideal. ⦿ • Significantes e significados culturais

Todas as sociedades
possuem cultura. Diversidade e universalidade
Entretanto existe a
perspectiva da cultura • Especificidades culturais: religiões, parentesco,
Humana universal. • Universais da cultura: produzir,,trocar, comunicar

A cultura engloba os
modos comuns e Aprendizados culturais
apreendidos da vida, • Experiências, condutas e comportamentos
transmitidos pelos • Representações, relatos e narrativas culturais
indivíduos e grupos, em
sociedade.
Aspectos formativos da
cultura

A cultura é formada de:


⦿
saberes(aquilo que se
sabe e tem uso prático),
saberes
crenças (aquilo em
que se acredita,
verdadeiro ou não)

valores (aquilo que


se dá importância e se
deseja).
valores crenças
Delimitações da
cultura

Na cultura estão presentes :


Regras de
as normas, regras que
conduta
indicam
modos de agir dos
indivíduos em
determinadas situações;
Aspectos da
os símbolos ou
orientação
realidades físicas ou
sensoriais que recebem
Cultural
atribuições de
significados e Símbolos de
valorações específicas. referência
Visões
contemporâneas sobre
a cultura

Três concepções ◼ 1) modos de vida que


fundamentais de caracterizam uma coletividade;
entendimento da ◼ 2) obras e práticas da arte, da
cultura. atividade intelectual e do
entretenimento;
◼ 3) fator de desenvolvimento
humano.
Visões
contemporâneas sobre
a cultura

Na primeira ◼ Valoriza-se o patrimônio cultural imaterial -os


concepção, a cultura é modos de fazer, a tradição oral, a organização
definida como um social de cada comunidade, os costumes, as
sistema de signos e crenças e as manifestações da cultura popular que
significados criados remontam ao mito
pelos grupos sociais.
Visões
contemporâneas sobre
a cultura

◼ Na relação entre cultura e mercado, acontecem


A segunda concepção é
dotada de uma visão dois processos distintos: a mercantilização da
mais restrita da cultura, cultura, quando as atividades culturais passam a
referindo-se às obras e ser concebidas visando à distribuição em massa e,
práticas da arte, da consequentemente, a geração de lucro comercial; e
atividade intelectual e a culturalização da mercadoria, que ocorre através
do entretenimento,
vistas sobretudo como da atribuição de valor simbólico a objetos do uso
atividade econômica. cotidiano. Até mesmo as características culturais de
Esta dimensão não se um determinado local ou povo podem ser
dá no plano da vida transformadas em bens vendáveis.
cotidiana do indivíduo,
mas sim em âmbito
especializado, no
circuito organizado.
Visões
contemporâneas sobre
a cultura

A terceira concepção da ◼ Sob esta ótica, as atividades culturais são realizadas


cultura ressalta o papel com intuitos sócio-educativos diversos: para
estimular atitudes críticas e o desejo de atuar
que ela pode assumir politicamente; no apoio ao desenvolvimento
como um fator de cognitivo de portadores de necessidades especiais
desenvolvimento social. ou em atividades terapeutas para pessoas com
problemas de saúde; como ferramenta do sistema
educacional a fim de incitar o interesse dos alunos;
no auxílio ao enfrentamento de problemas sociais,
como os altos índices de violência, a depredação
urbana, a ressocialização de presos ou de jovens
infratores.
◼ A cultura como instrumento para o
desenvolvimento político e social, onde o campo da
cultura se confunde com o campo social.
Cultura e visões de mundo

◼ As ciências sociais, apesar das suas preocupações


com a autonomia epistemológica, nunca são por
completo independentes dos contextos
intelectuais e linguísticos em que elaboram os
seus esquemas teóricos e conceptuais. É por isso
que o exame do conceito científico de cultura
implica o estudo da sua evolução histórica, ela
própria diretamente ligada à gênese social da
ideia moderna de cultura.
A descoberta da diferença.
Etnocentrismo e relativismo

◼ Séc XVI – O Renascimento e seu discurso sobre os habitantes do
novo mundo – A descoberta da diferença. O selvagem tem uma
alma?

◼ Ideologias de época:
◼ recusa do estranho – A sociedade a qual pertenço é boa e a do
Outro não
◼ fascinação pelo estranho – A sociedade do Outro é melhor que a
que vivo.

◼ Séc XVII – Séc XVIII - homens naturais e homens selvagens.
Humanidade distinta de Selvageria/Animalidade. Cisão entre
natureza e cultura. Quem pertence à Cultura e quem ainda não a
alcançou?

Etnocentrismo x Relativismo

◼ Etnocentrismo: Na visão etnocêntrica a diferença


é julgada e tornada negativa.
◼ aparência física e vestuário; comportamentos
alimentares; linguagem; religião; áreas
geográficas atrasadas e distribuição natural e
moral dos povos. O antigo e novo mundo. A ideia
de estado de natureza e estado de cultura.
◼ Relativismo: Na visão relativista a diversidade é
contemplada e tornada referente para as trocas
culturais. Aceitação provisória e progressiva da
alteridade
Evolucionismo
◼ O Séc. XIX –

◼ Revolução industrial inglesa e revolução política francesa como fatores de


mudança para o século XIX. Sociedades em progresso tecnológico e sociedades
fora da história e da cultura ocidental desenvolvida. A conquista colonial, a
partilha do mundo e o fim da soberania das nações não ocidentais.
◼ A construção do corpus etnográfico da humanidade e a construção do primitivo
como conceito chave da investigação antropológica. O primitivo é o ancestral da
humanidade, a origem que deve ser conhecida. Como as formas simples de
organização social e de mentalidade evoluíram para as formas mais complexas de
nossa sociedade?
◼ a ciência das sociedades primitivas em todas as suas dimensões. A ideia de
totalidade social.
Evolucionismo
◼ Pensamento evolucionista – Existe uma espécie
humana idêntica mas com desenvolvimento em ritmo
desigual. Cada sociedade se desenvolve por meio de
etapas ou estágios evolutivos comuns a todas. O
estágio final é a civilização. È a ideia de progresso e de
bem-estar como fundamento e orientação ideológica
do ocidente industrializado. A antropologia
evolucionista buscou determinar cientificamente a
sequencia dos estágios dessas transformações.
◼ Lei de Haeckel – a ontogênese reproduz a filogênese;
o indivíduo atravessa as mesmas fases que a história
das espécies. Identificação dos povos primitivos aos
vestígios da infância da humanidade.
Preconceito e intolerância

◼ RACISMOS / RACISMO CIENTÍFICO;


◼ EUGENIA;
◼ NAZI-FASCISMOS ;
◼ ESTADOS TOTALITÁRIOS;
ORIGENS DO DARWINISMO SOCIAL/
EUROCENTRISMO/ IMPERIALISMO /

◼ A Antropologia toma como |questões objetivas de conhecimento: a)


populações consideradas as mais arcaicas – os aborígines australianos; b)
o estudo de parentesco, religião e magia – como vias de acesso
privilegiadas ao conhecimento dessas sociedades não ocidentais. Era a
busca de anterioridades históricas de sistemas de filiação matrilinear ou
matriarcado primitivo; assim como sobre as religiões primitivas, magia e
crenças e superstições. Qual a origem das sobrevivências ou resíduos
culturais.

◼ O evolucionismo trata do atraso cultural. A sociedade ocidental
representava o ápice da evolução histórica: produção econômica,
monoteísmo religioso, propriedade privada, família monogâmica, moral
vitoriana. Esta vertente evolucionista representou a justificação teórica da
prática colonialista e a marcha triunfante e inexorável do progresso.

.
◼ Preconiza leis universais do desenvolvimento da humanidade.

◼ Problema epistemológico: tese versus hipótese / etnografias
como ilustração da teorização.

◼ Totemismo, magia, matrilinearidade, exogamia, e o culto aos
antepassados servem apenas para ilustrar as fases evolutivas.
◼ Antropologia de Gabinete . Estes pesquisadores da segunda
metade do século XIX não se tornaram especialistas em realizar
estudos particulares de sociedades pois, em geral, analisaram
materiais recolhidos por observadores competentes, guiados à
distância por eles.

ETNOGRAFIA, TRABALHO DE CAMPO INTENSIVO E
OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE

◼ Primeiro terço do século XX.



◼ A leitura etnográfica significa a presença do pesquisador no campo e esta forma de pesquisa
é parte integrante da análise antropológica. Representa o fim da dicotomia observador
(viajante, missionário, administrador colonial) e pesquisador erudito (leitor erudito.
Necessidade de imersão no campo da cultura real e mudança de papéis para o pesquisador
que agora deve se localizar no interior da sociedade “indígena”).

◼ F. Boas (1858-1942)
◼ Estudos de campo na Colúmbia Britânica em fins do século XIX, dos povos Kwakiutl e os
Chinook.
◼ Ponto de vista microssociológico:
▪ descrição de toda a situação: habitações, canções, versões de mitos, ingredientes da
culinária; Sociedades como totalidades autônomas; Crítica da noção de estágio
evolutivo;
◼ A microssociedade só pode ser compreendida pelo etnógrafo que a estuda
◼ Elaboração de monografia sobre a sociedade que releva sua autonomia teórica;
◼ Todos os fatos sociais são importantes para o etnógrafo profissional;
◼ Necessidade do acesso à língua da cultura em estudo;
◼ Não formulou teorias de sistematização das etnografias;
◼ Organizou o patrimônio no Museu de New York; Formou a primeira geração de
Antropólogos americanos.




Trabalho de campo

◼ Malinowski (1884 – 1942)


◼ Publica, em 1922, a grande obra “Os Argonautas do Pacífico
Ocidental”. Aprofundamento do trabalho de campo com
observação participante e contínuo contato cultural;
◼ Ruptura com a história conjetural (teoria dos estágios
evolutivos);
◼ Ruptura com a geografia especulativa (teoria difusionista –
centros de difusão das culturas; noção de empréstimos);
◼ Sociedade enquanto totalidade, tal como funciona,no
momento em que a observamos;
◼ Análise intensiva e contínua de uma microssociedade, sem
referir-se a sua história;
A ELABORAÇÃO TEÓRICA DA ANTROPOLOGIA

◼ A escola francesa de sociologia tentou constituir um quadro teórico, de conceitos


e modelos próprios da investigação social, independente tanto da explicação
histórica (evolucionista) ou geográfica (difusionismo), quanto da explicação
biológica (o funcionalismo de Malinowski) ou psicológica (a psicologia clássica e a
psicanálise).

◼ Durkheim (1858 – 1920)
◼ Em 1894 escreve “As Regras do Método Sociológico”, onde opõe a precisão da
história à confusão da etnografia. O objeto de estudo se constitui pelas
“sociedades cujas crenças, tradições, hábitos, direito, incorporaram-se em
movimentos escritos e autênticos”;
◼ Em 1912, Em “As Formas Elementares da Vida Religiosa” entende a necessidade
de estender o campo da investigação sociológica aos materiais recolhidos pelos
etnólogos nas sociedades primitivas;
◼ Crítica ao psicologismo e construção do objeto da Sociologia: fatos sociais são
exteriores às consciências individuais – irredutibilidade do social aos indivíduos;
◼ “Os fatos sociais são coisas que só podem ser explicados sendo relacionados a
outros fatos sociais; definição do objeto sociológico sem o recurso das explicações
de outras áreas de saber como a história, geografia, psicologia, biologia,
economia...”.
◼ Teoria das Representações Sociais
Antropologia como disciplina
autônoma;
◼ Marcel Mauss (1872 – 1950)
◼ Conceito de fenômeno social total;
▪ Integração dos diferentes aspectos (biológico, econômico, jurídico, histórico,
religioso, ético, estético...) constitutivos de uma dada realidade social que
convém aprender em sua integralidade.
▪ Os fenômenos sociais são antes sociais, mas também, conjuntamente e ao
mesmo tempo fisiológicos e psicológicos.
▪ As condutas humanas devem ser apreendidas em todas as suas dimensões e,
particularmente, em suas dimensões sociológica, histórica e psicofisiológica.
▪ A “totalidade folhada” é uma multiplicidade de planos distintos e só pode ser
apreendida na experiência dos indivíduos.
▪ Não podemos alcançar o sentido e a função de uma instituição se não formos
capazes de reviver sua incidência através de uma consciência individual, que é
parte da instituição e portanto do social. É preciso apreendê-lo totalmente,
isto é, de fora como uma coisa, mas também de dentro como uma realidade
vivida. Compreensão do observador estrangeiro (etnólogo),mas também como
os atores sociais o vivem.

Objetividade da antropologia

◼ O objeto antropológico tem sua especificidade: é


de mesma natureza que o sujeito, que é, ao
mesmo tempo, coisa e representação.

◼ Mauss, em “O Ensaio sobre o Dom”, de 1923,
afirma que os processos sociais devem possibilitar
a leitura de leis sobre a cultura humana: A Kula,
processo de troca simbólica generalizada, implica
a existência de leis da reciprocidade (o dom e o
contradom) e da comunicação, que são próprias
da cultura humana em geral.
A análise antropológica
◼ O que é uma sociedade dada em si mesma e o que a torna viável para os
que a ela pertencem,observando-a no presente através da interação dos
aspectos que a constituem;
◼ Ciência da Alteridade: estudos das lógicas particulares características de
cada cultura;
◼ Os costumes dos tobriandeses têm significação e coerência: são sistemas
lógicos perfeitamente elaborados;
◼ Teoria Funcionalista: cada cultura tem a função de satisfazer as
necessidades fundamentais da sociedade. são constituídas instituições
(econômicas, jurídicas, políticas e educativas) que fornecem respostas
coletivas organizadas, que são soluções originais que permitem atender a
estas necessidades;
◼ Leitura do social, do psicológico e do biológico: sociedade como
organismo; estudo das motivações psicológicas, dos comportamentos , o
estudo dos sonhos e dos desejos dos indivíduos;
◼ A observação participante também é uma participação psicológica do
pesquisador, em que este interioriza suas impressões e emoções.
A formação da
noção de Cultura

⦿ E. B. TYLOR (1871) – Cultura é aquele todo


complexo que inclui o conhecimento, as
crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e
todos os outros hábitos e aptidões adquiridos
pelo homem como membro da sociedade.

⦿ Ralph LINTON (1936) – A cultura de qualquer


sociedade consiste na soma total de idéias,
reações emocionais condicionadas a padrões
de comportamento habitual que seus
membros adquiriram por meio de instrução ou
imitação e de que todos, em maior ou menor
grau, participam.
CULTURA E ETNOGRAFIAS

◼ Frans BOAS (1938) – A totalidade das reações e atividades


mentais e físicas que caracterizam o comportamento dos
indivíduos que compõem um grupo social...

◼ MALINOVSKY (1944)- Cultura como o todo global consistente de
implementos e bens de consumo, de cartas constitucionais para
os vários agrupamentos sociais, de idéias e ofícios humanos, de
crenças e costumes.

◼ KROEBER E CLUCKHOHN (1952) – A cultura é uma abstração do
comportamento concreto, mas em si própria não é
comportamento.

CULTURA E SIGNIFICAÇÃO
◼ BEALS e HOIJER (1953) A cultura é uma abstração do
comportamento e não deve ser confundida com os
atos do comportamento ou com os artefatos
materiais, tais como ferramentas, recipientes, obras
de arte e demais instrumentos que o homem fabrica
e utiliza.

◼ WHITE (1959) Cultura é quando coisas e
acontecimentos dependentes de simbolização são
considerados e interpretados num contexto
extra-somático, isto é, face á relação que têm entre
si, ao invés de com os organismos humanos.

Cult ura e
reprodução social

◼ M. Keesing (1958) – A
cultura é
comportamento
cultivado, ou seja, a
totalidade da
experiência adquirida e
acumulada pelo
homem e transmitida
socialmente, ou ainda,
o comportamento
adquirido por
aprendizado social.
Cultura, interação
e controle social

⦿ – A cultura é a forma comum e aprendida


da vida, compartilhada pelos membros de
uma sociedade, constante da totalidade
dos instrumentos, técnicas, instituições,
atitudes, crenças, motivações e sistemas
de valores conhecidos pelo grupo. G. M.
Foster (1962) .
⦿ – A cultura deve ser vista como um
conjunto de mecanismos de controle
(palavras, gestos, desenhos, sons, objetos
e outros símbolos significantes que sejam
usados para impor um significado à
experiência) – planos, receitas, regras,
instituições, - para governar o
comportamento. Clifford GEERTZ (1973) .
Sínteses
◼ A cultura pode ser vista como idéias, abstrações, comportamento
apreendido, extra-somática e mecanismo de controle.

◼ A cultura pode ser subjetiva, interativa e intersubjetiva e de caráter
material.

◼ A cultura consiste de idéias (concepções mentais ou representações de
coisas concretas ou abstratas) como explicações- conhecimentos e
crenças; abstrações (apenas o domínio das idéias) e comportamento
(modos de agir comum a grupos humanos ou conjunto de atitudes e
reações dos indivíduos face ao meio social.

◼ A cultura pode ser material (produtos como objetos, equipamentos e
tecnologias incorporadas) e imaterial (conhecimentos, crenças,
valores, hábitos, normas, significados).

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