Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Antropologia - ciência que estuda o homem e a humanidade, abrangendo todas as suas dimensões. Pretende conhecer o
homem enquanto elemento integrante de grupos organizados, interessando-se pelo homem como um todo: história,
crenças, usos e costumes, filosofia, linguagem
Atributos distintos:
- Estudo da humanidade como um todo
- Desenvolvimento do conceito de cultura e a importância deste conceito no pensamento antropológico
- Uso do método comparativo
- Ênfase dada ao trabalho de campo para obter os seus dados e testar as suas hipóteses
Relatividade cultural
Todas as culturas diferem nos seus postulados básicos, ou seja, têm características gerais em comum e diferem em
alguns aspetos.
Os padrões do certo e do errado (valores) e dos usos e atividades (costumes) são relativos a cada cultura.
O CONCEITO DE CULTURA
O conceito de cultura
Aprimoramento teórico nos EUA
Antropologia cultural = antropologia americana
Áreas culturais
Espaços de grande convergência de traços semelhantes
No centro da área cultural estão as caraterísticas fundamentais da cultura e na periferia há entrecruzamento dessas
caraterísticas com as das vizinhas
Antropologia e Sociologia da Saúde 1º ano - Enfermagem
O modelo cultural
Deriva desta corrente e designa o conjunto estruturado dos mecanismos através dos quais uma cultura se adapta ao seu
meio ambiente
Estudando os fenómenos de contacto cultural abre-se caminho à exploração de novas questões relacionadas com a
aculturação e as trocas culturais
CULTURA E IDENTIDADE
A Identidade multidimensional
A Identidade é fluida e flutuante.
Um indivíduo pode-se identificar com múltiplos grupos em simultâneo, aparentemente contraditórios.
Identidade sincrética.
Estratégias identitárias
Pessoas e grupo afirmam ou negam a sua identidade de acordo com as circunstâncias
2 Grandes grupos
Países desenvolvidos: esperança média de vida de 73 anos: grande proporção de idosos / jovens Países em
desenvolvimento: esperança média de vida de 58 anos: grande proporção jovens / idosos
2 tipos de envelhecimento
De topo (ex. pirâmide etária de Itália em 2001)
De base: diminuição da base da pirâmide
Envelhecimento em Portugal
Finais do século XX: aumento da Esperança Média de vida e Queda da fecundidade
Duplo envelhecimento
Efeitos nas áreas da saúde, segurança social, habitação, apoio individual às pessoas idosas e respetivas famílias.
O que é a família?
OMS – grupo de pessoas de casa com grau de parentesco por sangue, adoção ou casamento, limitado pelo chefe de
família, esposa e filhos solteiros em convivência.
O conceito de família não pode ser limitado a laços de sangue, casamento, parceria sexual ou adoção- qualquer grupo
cujas ligações sejam baseadas na confiança, suporte mútuo e um destino comum, deve ser encarado como família.
v
Primeiro agente social envolvido na promoção da saúde e no bem-estar do indivíduo
Famílias poliginicas: tribos bantas, na áfrica - o mesmo homem desposando várias mulheres, vivendo cada uma delas,
com sua respetiva prole, em uma choupana diferente, que o marido devia sustentar.
Tipos de famílias
o Poliandricas – Tibete e Nepal: vários maridos que compartilham a mesma esposa, ficando para um deles o
encargo de ser o “pai legal” das crianças por ela geradas.
o Casamento de Grupo – África: casamento entre um grupo de homens e um grupo de mulheres
o Família conjunta ou família extensa – Índia contemporânea e Europa (século XIX): mais velho ascendente vivo,
suas esposas, filhos casados com as esposas e filhos, os filhos(as) solteiros, os netos casados e solteiros e assim
por diante até ao mais novo dos descendentes.
o África: mulheres de alta estirpe desposam outras mulheres, que fazem engravidar através do serviço de amante
não reconhecidos. Os filhos daí provenientes são criados pelas duas mulheres, tendo a mulher nobre o direito de
lhes transmitir o seu nome, posição, riqueza, como se fossem seus filhos.
Família mantém a identidade legal, económica e sentimental, mesmo quando estruturada de modo totalmente diverso,
como nos casos citados acima
Família e Saúde
Família – mais importante fonte de stress ou de apoio;
Exerce uma influência poderosa sobre a saúde, enquanto fonte primária sobre mitos e comportamentos em saúde;
Fonte importante de stress e suporte social.
Famílias influenciam muito a saúde e a doença, o apoio emocional é o mais importante e influente, as relações
familiares negativas, críticas ou desfavoráveis influenciam mais a saúde que as relações positivas ou de apoio e a
educação familiar é uma intervenção importante para resolver problemas de saúde
A família em Portugal
25 de Abril de 1974, determinou o reordenamento jurídico da família quanto à postergação do dever de obediência e à
promoção da igualdade, contestação relativa a dogmas religiosos, visibiliza e pune a violência doméstica.
1960 - 2010, a idade média no primeiro casamento aumentou, a idade média do nascimento do primeiro filho aumenta, e
a taxa de nupcialidade reduziu-se, bem como os casamentos católicos. A taxa de divórcio aumentou 25 vezes, e o
número de filhos caiu 1/3, tal como a taxa de fecundidade. Nascimentos fora do casamento aumentaram 4 vezes, o
Antropologia e Sociologia da Saúde 1º ano - Enfermagem
índice de envelhecimento quadruplicou, e a dimensão média das famílias reduziu-se de 3,8 elementos para 2,7.
Funções da família
Família - grupo social que mantém um equilíbrio estável para alcançar os objetivos psicobiológicos, socioculturais,
educativos e económicos que requer o grupo familiar. A família normofuncional é capaz de regular as relações entre os
seus membros, garantindo a homeostase e facilitando as trocas.
Representação social
Representação – permite ao indivíduo e ao grupo, dar um sentido às suas condutas e à compreensão da realidade através
do seu próprio sistema de referências e valores, portanto adaptar-se e posicionar-se perante o mesmo.
– forma de conhecimento, socialmente elaborada e compartilhada pelos indivíduos de um grupo, com
um alcance prático que contribui para a construção de uma realidade comum a um conjunto social.
Produto e o processo de uma atividade mental, através da qual um indivíduo ou um grupo reconstitui o real com o qual
ele é confrontado e lhe atribui um significado específico.
Depende de:
o Fatores contingentes (que têm a ver com a situação imediata) - natureza e dificuldades colocadas pela situação,
contexto imediato, finalidade da situação.
o Fatores gerais (vão para além da situação imediata) - contexto social e ideológico, lugar do indivíduo na
Antropologia e Sociologia da Saúde 1º ano - Enfermagem
Representação social do que são as necessidades humanas básicas (conceito mutável e culturalmente construído) para
que o enfermeiro possa compreender a partir do ponto de vista do “outro” esta noção
Necessidades de saúde
1. Necessidades biológicas (dormir e comer)
2. Necessidades de conforto físico e psicológico (bem-estar, não sentir dor, não sentir nada)
3. Necessidades psicossociais (alegria, diversão, família)
4. Necessidades espirituais (deus, tudo, ter coragem)
5. Necessidades morais e de cidadania (trabalhar e viver bem)
Conclusões
Necessário avançar de uma valorização da dimensão biológica humana para uma valorização da dimensão psico-
emocional e social (conforme observado nos elementos centrais de saúde e de doença).
Não alienar o indivíduo / sujeito do seu contexto de vida.
Conhecimento técnico e senso comum.
MEDICALIZAÇÃO DA SOCIEDADE
Conceito de medicalização
Assume especial relevância a partir dos anos 60 e 70.
Medicalização - processo no qual determinado comportamento e/ou problema não-médico é definido como uma doença,
transtorno ou problema médico, sendo delegada à profissão médica a autorização para ofertar aos indivíduos algum tipo
de tratamento.
Medicina científica
A singularidade dos pacientes tende a não ser respeitada.
Ao procurar obter o monopólio do conhecimento e do tratamento sobre o sofrimento e a doença, a medicina é criticada
por desconsiderar os saberes leigos e propostas alternativas e/ou complementares de cuidado à saúde.
Destruição do quadro cultural e pessoal – outrora capaz de propiciar ação autónoma das pessoas para cuidar da própria
saúde, imposição da ciência sobre as crenças dos indivíduos.
“uma oficina de reparos e manutenção, destinada a conservar em funcionamento o homem usado como produto não
humano”
Desmedicalização da sociedade
Medicalização interfere e interdita a ação independente e racional dos seres humanos sobre a sua noção de saúde.
Os indivíduos deveriam afirmar e conquistar a sua autonomia, lutando contra o poder médico e de outras categorias
profissionais de saúde.
Em contraposição à perversidade daqueles que ditam a vida dos pacientes, são sugeridas ações de resistência
objetivando a desmedicalização das relações socias.
Desmedicalização
Empoderamento dos pacientes e cidadãos: estimulam os indivíduos a reconquistar o controlo sobre a sua saúde e a
assumir o papel de cidadãos e/ou consumidores ativos de bens oferecidos pelo “mercado” da saúde-doença de forma
crítica.
Pluralidade dos sentidos do termo medicalização, aconselhando que se faz cada vez mais necessário um pensamento que
consiga romper com uma dimensão monolítica do conceito “medicalização”, que vem ofuscando as vantagens teóricas
de seu uso.
Foucault
Medicina: estratégia de saber-poder que procura, através da sua prática e do conhecimento científico adquirido,
estruturar um campo de ação na sociedade que opera sobre os mecanismos de produção de subjetividade dos indivíduos.
A análise Foucaultiana destaca o aspeto produtivo da medicalização e a sua capacidade de fabricar novas verdades e
técnicas para responder às mais variadas possibilidades de ação dos sujeitos na sociedade.
A medicina moderna produziu a doença – tendo como referência o normal e o patológico – mas, acima de tudo, fabricou
um corpo-sujeito que contém as doenças.
A Medicina como invenção moderna assenta em 3 eixos:
1. Formas médicas de vida – sanitarização da existência humana, processo de produção de práticas de saneamento
que criaram “corpos que são disciplinados em relação à saúde”.
2. Significado médico – influência da medicina no campo da linguagem e na produção de sentidos pelos quais
Antropologia e Sociologia da Saúde 1º ano - Enfermagem
experimentamos o mundo (“a corrupção infetou o sistema político”, “o racismo é um cancro social”).
3. Perícia médica – que têm como objeto a enfermidade / saúde, formando um arranjo composto por equipas
multidisciplinares.
Em resumo
Medicalização – pode ser analisada, não como uma tentativa de impor uma forma de recodificação das dores e angústias
humanas, mas como uma produção humana que ao longo dos últimos séculos foi capaz de construir uma variedade de
respostas e distintas tecnologias que visam atender a variadas necessidades humanas.
Foucault (2008) – configura um novo regime de gestão da vida, que desloca a medicina do lugar de agente do cuidado
para o de prescritora de técnicas e orientações diversificadas a serem eleitas pelos experts e executadas pelos indivíduos
consumidores em relação ao manejo dos seus próprios corpos, na incessante busca por “saúde”.
ENFERMAGEM E GÉNERO
Conceito de género
Conjunto de espécies com características comuns (espécie, ordem e classe). Espécie ou conjunto de espécies que
apresentam um número de caraterísticas idênticas convencionalmente estabelecidas.
Gramaticalmente - divisão dos nomes baseada em critérios, tais como sexo e associações psicológicas.
Fisiologicamente - conceito em cuja extensão se acha incluído um outro, enquanto a este se dá o nome de espécie.
Esta noção surge da necessidade de insistir no caráter social das diferenças fundadas no sexo. O género é o elemento
constitutivo dessas relações sociais assentadas nas diferenças percetíveis entre os sexos e é um primeiro modo para dar
significado às relações de poder.
Devemos entender que estas instâncias sociais são instituídas pelos géneros que também os instituem (são
generificadas). Esta perspetiva revela-se útil na nossa compreensão e intervenção do campo de trabalho, da justiça, da
ciência, da arte, da saúde.
Antropologia e Sociologia da Saúde 1º ano - Enfermagem
Os meios de comunicação veiculam constantemente esses estereótipos sexistas, colocando a mulher como a dona de
casa, em posições subalternas ou objeto de prazer, enquanto o homem aparece ocupando papéis importantes no trabalho
e no corpo social.
Género e enfermagem
A enfermagem e a figura da cuidadora: desde a Idade Moderna.
Na enfermagem: exemplos de estereótipos que retratam o que se espera de uma enfermeira:
- Deve ser bondosa, dedicada, carinhosa, altruísta, obediente... atributos que eram almejados pelos pais, maridos, patrões
ou qualquer outra pessoa que convivesse com a mulher.
A hipótese de que a mulher atual faz a escolha profissional reflete a sua socialização para exercer os papéis femininos,
como no caso do exercício da enfermagem. Estes papéis apresentam-se como estereótipos comportamentais de ser
mulher e de ser enfermeira.
Estereótipos sexistas interiorizados desde a infância determinam tanto a escolha profissional feminina como a sua
subordinação aos colegas do sexo masculino, principalmente em posições de chefia.
O agir das enfermeiras reflete a socialização destas para exercer os papéis tradicionais femininos em simbiose com o
exercício profissional.