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UNIDADE II

Homem e Sociedade

Prof. Renato Bulcão


Cultura

Existem vários significados para cultura:

 forma de fazer as coisas cotidianas;

 formas de pensar;

 arte de um povo.
A cultura pode ser estudada por meio da ciência

Antropologia

 Começou estudando sociedades primitivas.


 Hoje estuda as diversas formas de adaptação ao meio ambiente.
 Estuda, inclusive, os hábitos cotidianos.
 Pesquisa sociedades e suas diversas formas de habitar o planeta.
Pesquisando uma cultura

 A cultura de uma sociedade consiste em tudo aquilo que se conhece ou acredita


para influenciar de uma maneira aceitável os seus membros.

 A cultura não é um fenômeno material: não consiste em coisas, pessoas,


condutas ou emoções.

 É a organização de tudo isso.

 É a forma das coisas que as pessoas têm em sua mente, seus modelos de
percebê-las, de relacioná-las ou de interpretá-las.
A cultura é composta de muitos atos

 Atos são todas as ações humanas.

 As ações humanas são determinadas de formas diferentes, que dependem


do sistema simbólico de um povo.

 O sistema simbólico nasce com a utilização da língua.

 A língua dá significados aos sentimentos e às coisas materiais, aos objetos.

 Dessa forma,
um povo consegue dar sentido à sua existência.

 Quando um povo consegue se relacionar entre si


e com o meio ambiente, alcançou uma cultura.
O sentido determina valores

 Os valores determinam o que é bom para um povo: é bom chover?


É bom fazer calor?

 Os bens materiais são utilizados de acordo com os valores: é bom sair de casa
quando chove? É bom usar roupa leve no verão?

 Os valores são ideais abstratos.

 Para manter os valores são criadas as normas e regras


que as pessoas devem cumprir.

 Essas normas criam a tradição.


As tradições são como programas de computadores

 A tradição normatiza a forma de viver em um determinado meio ambiente.

 As regras da tradição visam a facilitar a sobrevivência.

 Por isso, cada povo desenvolve suas tradições.

 O conjunto das tradições de um povo é sua cultura.

 As tradições culturais determinam a forma de sentir,


de pensar e de atuar de um povo.
Uma cultura exibe significados e atuações

 A capacidade de criar, planejar, prever, avaliar, imaginar, atribui significado.

 Esses atos modificam a natureza por necessidade de sobrevivência e para


que as pessoas se sintam bem.

 A organização desses atos com a atribuição de significado é a capacidade


de simbolização.

 Culturas diversas simbolizam de forma diferente: pense


nos nomes dos dias da semana.
A cultura cria formas diferentes para símbolos diferentes

 No começo, os seres humanos construíam cabanas.

 Hoje existem diferenças para as moradias: casas, apartamentos.

 Os abrigos para o trabalho são as fábricas, lojas e escritórios.

 Cada povo desenvolve uma arquitetura diferente.


A cultura nunca está parada

 Na medida em que descobrimos novas coisas na medicina, na engenharia e na


ciência em geral, modificamos nossos hábitos, portanto, nossa cultura.

 Nossos hábitos mudam de acordo com as descobertas das ciências.


Interatividade

Quais são as diferenças entre as normas gerais e as regras da religião?

a) As normas gerais viram leis.


b) A religião determina nossos hábitos cotidianos.
c) Cada religião tem suas próprias regras.
d) As leis gerais independem da razão.
e) As regras das religiões não são observadas por aqueles que têm fé.
A cultura determina adaptação

 O fato de que em cada lugar exista uma cultura diferente não é algo que tenha
que ser solucionado.

 Isso é próprio de nossa espécie.

 A adaptação conta com uma série de diferenças: a qualidade da água,


as temperaturas médias do lugar, os materiais de construção disponíveis,
o conhecimento da matemática etc.
A cultura determina adaptação

 A cada experiência social deve corresponder um conjunto de valores e práticas.

 Uma experiência social é qualquer evento partilhado pela sociedade: casamentos,


festas religiosas, festas civis (por exemplo, o carnaval), rituais culturais de
maturidade etc.
A cultura determina adaptação

 Nenhum povo pode repetir a história dos outros como se fosse uma receita.

 Mesmo boas ideias que são transportadas para outras culturas precisam
de adaptação.

 Por exemplo, tomar banho era um hábito dos índios. Com os séculos,
os portugueses assumiram este hábito.

 Depois da Segunda Guerra Mundial, povos como os


alemães e os norte-americanos passaram a tomar
banho diariamente.
Diversidade cultural

 Cada sociedade adota determinados hábitos e eles são realizados de


formas diferentes.

 Antigamente acreditava-se que existem culturas superiores e inferiores.

 As culturas superiores seriam as que dominam melhor as ciências e criam


técnicas e equipamentos tais como automóveis e computadores.
Diversidade cultural

 A diversidade cultural é expressa por meio dos idiomas, dos costumes, como a
culinária, e dos valores sociais.

 Cada cultura assume os valores que permitem que uma sociedade conviva
melhor entre si e com o meio ambiente.
A cultura é expressa pela comunicação

 A formação de uma cultura depende primeiro da língua, da comunicação que ela


estabelece e das formas simbólicas que ela desenvolve.

 Língua, conceitos, valores, ideias, crenças, tudo o que faz parte da cultura
humana é baseado em símbolos.

 Através de uma convenção social, os símbolos são associados pelos indivíduos a um


mesmo significado, tornando possível a interpretação dos conteúdos comunicados.
A cultura é expressa pela comunicação

 O que é um símbolo?
 Nós convencionamos que a palavra flor simboliza uma
coisa que encontramos na natureza e que é uma parte
do organismo de algumas plantas.
 A palavra flor não é a “coisa real” que existe na natureza.
 É um som que representa essa realidade.
 Esse é um primeiro passo para entendermos o processo
de simbolização.
A arte é o conjunto de representações simbólicas

 A arte é, em essência, simbólica.

 O artista procura sempre “representar algo”.

 Na pintura, na música, na dança, o artista procura, por meio da forma


obtida (a forma plástica, a sonoridade ou o movimento), criar um símbolo
para algo visto, percebido, sentido ou experimentado antes.
A arte é o conjunto de representações simbólicas

 A maior parte de nossa comunicação diária tem como finalidade narrar,


descrever, lembrar, conceituar coisas que não estão presentes.

 Retiramos todas as coisas de seus contextos originais, que não podem ser
reproduzidos em toda a sua riqueza e complexidade, e escolhemos alguns de
seus aspectos a serem ressaltados.

 Assim é que nós simbolizamos as experiências vividas e através dessa


comunicação simbólica podemos atribuir qualidades ao mundo.

 “Essa flor tem cheiro de infância”.


Os símbolos são sempre ligados a uma sociedade

 Os símbolos são frutos dos significados da rotinização de soluções racionalmente


pensadas de significados coletivamente construídos.

 A cada cultura corresponde um processo coletivo único de criar símbolos,


portanto, a maioria dos símbolos cotidianos tem um significado apenas local.
As trocas mercantis, às vezes, são seguidas por trocas de símbolos

 A atuação do mercado, que aumenta a necessidade humana das trocas,


é responsável pelo deslocamento dos símbolos de seu contexto original
e pela incorporação de significados extras locais.

 Ou seja, os símbolos passam de uma cultura para outra sem carregar


necessariamente seus significados originais e atribuídos localmente.
Exemplo: dólar, hotel, restaurante, táxi.
Os significados e os símbolos

“Cultura é um sistema simbólico, característica fundamental e comum da


humanidade, de atribuir, de forma sistemática, racional e estruturada,
significados e sentidos às coisas do mundo.”
Clifford Geertz
Interatividade

Os computadores possuem uma cultura própria?

a) Sim, porque os programas de computadores são escritos com símbolos


interpretados pelas máquinas.
b) Não, porque os computadores só sabem fazer cálculos.
c) Não, porque os computadores precisam de códigos que são símbolos humanos.
d) Sim, porque eles aprendem a pensar rápido.
e) Sim, porque muitos sabem até conversar conosco.
Com as trocas, os símbolos podem ganhar novo significado

 Como os símbolos cotidianos dependem do consenso em torno da interpretação,


é muito comum que, quando usados em um contexto diferente do original,
eles sejam interpretados de formas inusitadas ou até mesmo incorretas.

 Ao saírem de sua cultura original, os símbolos podem chegar a sociedades onde


não há convenção sobre como eles devem ser interpretados.

 Então, as pessoas tendem a dar o sentido mais apropriado ao seu


próprio contexto.
Os significados são partilhados em uma cultura

 Quando os símbolos são reinterpretados, as culturas começam a se apropriar


deles com uma nova interpretação.

 Cachorro-quente: o que é na sua cidade?

 Shopping center: esse é o nome em inglês?

 Jeans: qual o tecido original do jeans?


As relações humanas dependem de valores e regras

 Aprendemos as regras sociais repetitivamente durante a vida, até que se


tornem hábitos.

 O que torna possível essa educação para agir de acordo com as regras
de uma sociedade é a socialização.

 Aprendemos regras do mundo doméstico, da escola, do convívio com amigos,


do trabalho, da religião e assim por diante.

 Em cada universo social existem os valores que


são mantidos pelo grupo e fazem parte
das condutas pessoais.
Valores e regras

 Para participar de um grupo, precisamos abrir mão da maior parte


dos impulsos individualistas.

 Para isso, é necessário adotarmos uma lógica que pressupõe uma forma de
controle do grupo sobre os indivíduos.

 Esse controle se dá por meio da aplicação das normas e dos valores sociais.
Valores e regras

 Os valores são responsáveis por noções coletivas que possibilitam aos indivíduos
considerar/julgar as atitudes dos outros como “boas” ou “ruins”, “certas” ou
“erradas”, “justas” ou “injustas”.

 As normas nos ajudam a diferenciar entre condutas “próprias” ou “impróprias”.

 As regras são conjuntos de normas que regulam o nosso comportamento.


Valores e regras

 Transformamos algumas regras em hábitos e alguns hábitos em regras.

 A tendência de um grupo social é estabelecer seu próprio conjunto de valores,


que pode estar em consenso total com aquele mais geral ou pode estar em
total desacordo.

 A maioria dos grupos tende a concordar com a totalidade desses valores.


Valores e regras

 Entretanto, a discordância é bem possível e pode gerar transformações


a longo prazo.

 Depende da relevância e da legitimidade que um conjunto de valores de um grupo


possa adquirir perante o resto da sociedade.
Exemplo: que tipo de roupa deve ser utilizada em um banho de mar?

 Que tipo de roupa deve ser utilizada por um advogado em um tribunal?


Valores e regras

 Existem vários níveis de “vigilância” que a sociedade cria para zelar pelo
cumprimento dos valores e normas.

 Um é o nível institucional: existem instituições para punir quem não se comporta


“adequadamente”, como escolas, prefeituras, a polícia, as leis e a jurisdição,
o Estado.
Valores e regras

 Também existe um outro nível de “vigilância”, que é o convívio social.

 Nos contatos, podemos observar como as pessoas julgam a todo tempo


a conduta umas das outras. Se as normas não valem para todos,
não há coletividade.
Valores e regras

 As regras são a garantia do grupo social de que cada um de nós tome atitudes,
na maior parte do tempo, de acordo com a convenção e não com
os impulsos pessoais.

 Ao repetirmos os hábitos sociais realizamos a possibilidade de convivência em


grupo, evitando atitudes conflituosas e individualistas que exigiriam uma
constante negociação das partes envolvidas até chegarem a um acordo.
Interatividade

Existem formas de demonstrar respeito às pessoas através da língua?

a) Sim, chamando-as de senhor e senhora.


b) Não, pois o respeito é como agimos e não como falamos.
c) Não, chamando-as de excelência ou doutor.
d) Talvez, quando usamos formas de tratamento antigas.
e) Às vezes, quando dizemos a profissão junto com o sobrenome.
Cada povo, uma cultura; cada cultura, uma sentença

Novamente, a diversidade cultural:

 ao formar uma coletividade, o ser humano desenvolve hábitos de convívio


e soluções para sua vida social, que podem ser extremamente variados;

 denominamos essa variação de hábitos de diversidade cultural.


Cada povo, uma cultura; cada cultura, uma sentença

 Nossa reação perante as diferenças de comportamento de um lugar para outro


podem ser orientadas pelo etnocentrismo ou pelo relativismo cultural.

 A rejeição do diferente é o etnocentrismo.

 A aceitação do diferente é o relativismo.


Cada povo, uma cultura; cada cultura, uma sentença

 Em cada cultura, o ser humano desenvolve respostas e soluções originais


e diferentes para sua vida em sociedade.

 Isso tanto em relação às técnicas de sobrevivência e transformação


da natureza à sua volta, quanto às regras de convívio social.

 Mesmo em ambientes semelhantes, podemos encontrar exemplos de formas


culturais bastante diferentes entre si.

 Quando colocadas em contato, as diferenças culturais


suscitam reações que podem ir da simples admiração
ou humor até o ódio mais violento.
Cada povo, uma cultura; cada cultura, uma sentença

 Quando essa reação ao diferente faz com que as pessoas julguem a sua própria
cultura superior à outra, chamamos de etnocentrismo.

 Praticar o etnocentrismo é o mesmo que colocar minha própria cultura como


centro do mundo, a partir da qual todas as outras são comparadas inferiormente,
nunca se igualando à superioridade da minha.
Cada povo, uma cultura; cada cultura, uma sentença

 Na linguagem antropológica, quando estamos lidando com uma pessoa com


hábitos diferentes dos nossos, com uma outra cultura, estamos perante o “outro”.

 Esse outro pode ser alguém que não fala minha língua, que não se veste como
eu, mas também pode ser alguém que compartilha muitos hábitos semelhantes
aos meus e outros nem tanto.
Cada povo, uma cultura; cada cultura, uma sentença

 A nossa capacidade de nos relacionarmos com o “outro” é chamada


de alteridade.

 Essa capacidade nos torna pessoas mais flexíveis e mais criativas em soluções,
pois ampliamos nosso universo de visão do mundo, saindo da própria “casca”.

 Quanto mais fechados em nosso próprio universo cultural, menos possibilidades


temos de compreender a riqueza humana de criar diferentes perspectivas para
uma mesma questão.
Cada povo, uma cultura; cada cultura, uma sentença

 Quando somos capazes de avaliar uma cultura alheia sem utilizar o tempo todo a
nossa própria cultura como parâmetro de comparação, estamos relativizando.

 Relativizar é aceitar outras soluções de mundo sem querer transpor de forma


simples essa solução para um contexto em que ela não se encaixa.
Cada povo, uma cultura; cada cultura, uma sentença

 Um índio brasileiro trabalha em média três horas diárias e não frequenta a escola.
Ele não precisa se preocupar com sua qualidade de vida, pois todos em uma tribo
possuem exatamente o mesmo nível econômico.

 Sua qualificação para o trabalho se dá durante seus contatos com indivíduos mais
experientes e as crianças participam com os adultos de todas as atividades,
sendo submetidas desde cedo às estratégias de sua cultura para sobreviver.
Cada povo, uma cultura; cada cultura, uma sentença

 Como a sociedade não conhece diferenças econômicas, não existe criminalidade,


violência ou problemas sociais como drogas, prostituição e doenças mentais.

 Assim, não podemos generalizar nossas comparações, não podemos julgar com
preconceitos, ou seja, antes de conhecer e ponderar as implicações e os
aspectos de cada traço de uma cultura, como sua tecnologia, seu conhecimento,
suas leis ou suas crenças. Isso é relativizar, analisar cada aspecto de uma cultura
de acordo com seu próprio contexto.
Cada povo, uma cultura; cada cultura, uma sentença

 Não existe uma objetividade total na forma como o ser humano observa,
apreende e conceitua o mundo.

 Existem, sim, métodos de conhecimento que podem chegar a uma maior


objetividade, como a ciência e a filosofia.
Cada povo, uma cultura; cada cultura, uma sentença

 Já o senso comum e as religiões não exigem objetividade, pois são formas


de conhecimento atravessadas por valores muito próprios, dos quais
não podem abrir mão.

 No caso do senso comum, as afirmações são feitas sem qualquer pesquisa ou


indagação; para as religiões, existem os princípios de fé em preceitos e dogmas
que afirmam verdades sobre o mundo.
Cada povo, uma cultura; cada cultura, uma sentença

 Apesar de vivermos de formas muito diferentes de um lugar para o outro, temos


as mesmas necessidades enquanto seres da mesma espécie. Organizamo-nos
coletivamente, criamos instituições capazes de resolver certos problemas.

 Dividimos socialmente as tarefas, criamos grupos de exercício das habilidades


sociais, defendemos nossa cultura, educamos as novas gerações de acordo com
nossos valores, ritualizamos nossas crenças e ouvimos os nossos chefes.

 Não existe sociedade perfeita.


Interatividade

O que você pensa que é globalização?

a) Uma tentativa imperialista americana.


b) Um movimento mundial que acelera as trocas simbólicas utilizando
principalmente a internet.
c) Um controle maior das migrações dos povos.
d) Uma maneira de viajar pelo mundo.
e) Uma percepção ambiental do planeta.
ATÉ A PRÓXIMA!

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