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VIOLÊNCIA SEXUAL CONTA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Natureza do Trabalho³

RESUMO

O presente trabalho tem como objeto de estudo abusos sexuais onde as vítimas são crianças e
adolescentes. Visa entender como esse tipo de violência que vai contra todos os preceitos
relacionados à dignidade humana a fim de garantir direitos fundamentais para o
desenvolvimento pleno ainda. O trabalho se valerá da legislação existente de literatura que
tem a violência sexual como foco.A violência sexual conta crianças e adolescentes, como
visto, é um propblema irraizado em nossa sociedade, tratra se um em problema estrutural,
uma vez que é visto como tabu, e mais, com o crescimento do pensamento conservador fica
mais complexo discutir assuntos relacionados a educação sexual de crianças e adolecente.

Palavras-chave: Violência sexual. Crianças. Adolescentes. ECA. Abuso com toque. Abuso
sem toque.

SUMÁRIO: INTRODUÇÃO, 1 DIGNIDADE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


COMO PESSOA HUMANA. 2 ABUSO SEXUAL/VIOLÊNCIA SEXUAL. 3 PROTEÇÃO
NORMATIVA A CRIANÇA E AO ADOLESCENTE. CONCLUSÃO. REFEREÊNCIAS.

INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objeto de estudo abusos sexuais onde as vítimas são
crianças e adolescentes, uma vez que o assunto raramente figura como protagonista nas
conversas diárias. Quando nos reunimos, falamos sobre a situação economica do país, a

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Professor Ms/Dr. do Curso de Direito da Fundação de Ensino Eurípides Soares da Rocha, Marília,
São Paulo;
³ Trabalho de Conclusão de Curso em Direito apresentado à Fundação de Ensino Eurípides Soares da
Rocha, Mantenedora do Centro universitário Eurípides de Marília, para obtenção do grau de bacharel
em Direito.
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descreminização do aborto, a legalização de certas drogas, mas raramente esse tipo de


violencia, o abuso sexual desse grupo de pessoas, é assunto nas rodas de conversas, então,
complementando, como tal violência pode ser ignorada pela sociedade? Fala-se sobre o
assunto sempre que alguma notícia ganha destaque na mídia, se não houver um fato exposto,
é como se não acontecesse, neste momento todos ficam horrorizados, como se o fato fosse
algo extraordinário, muito além da realidade, porém os dados analisados no presente trabalho
mostrará que o abuso sexual de crianças e adolescente está presente no cotidiano, não
importando a classe social a qual a pessoa está inserida ou relegião, este é um fenomêno além
das barreiras sociais. Ao definir quem é a criança e quem é o adolescente para a legislação
brasileira atual, e posteriomente definir o que é violência/abuso sexual e suas diferentes
modalidades (com ou sem toque), definir que é o abusador e sua relação com a vitima
considerando dados de pesquisas.
Visa entender como esse tipo de violência que vai contra todos os preceitos
relacionados à dignidade humana que é princípio basilar da Constituição Federal de 1988 e
nos caso das crianças/adolescentes que têm estatuto próprio a fim de garantir direitos
fundamentais para o desenvolvimento pleno ainda, ainda acontece e muitos casos de
violências sexuais contra esse grupo ainda ficam na obscuridade.
O trabalho se valerá da legislação existente que abrange as condutas possíveis que
podem degradar a crinaça/adolescente e de literatura que tem a violência sexual como foco,
observa-se que não é o foco do trabalho a penalização das pessoas agressoras ou as
consequencias do fato, mas sim analizar a situação atual.

1. DIGNIDADE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE COMO PESSOA HUMANA


Falar sobre violência sexual é falar sobre um fato que fere tudo que pode ser falado
spbre dignidade humana. Entre os princípios da Constituição Federal de 1988, está a
dignidade da pessoa humana.
Alexandre de Moraes (2017) conceitua dignidade humana como sendo:

Um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta singularmente na


autodeterminação consciente e responsável da própria vida e que traz consigo a
pretensão ao respeito por parte das demais pessoas, constituindo-se um mínimo
invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar de modo que, somente
excepcionalmente, possam ser feitas limitações ao exercício dos direitos
fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem todas
as pessoas enquanto seres humanos e a busca ao Direito à Felicidade”
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O conceito de Alexandre de Moraes nos remete ao exercício dos direitos


fundamentais, sendo eles aqueles inerentes à proteção do princípio da dignidade da pessoa
humana e assim tem-se o artigo 5º da Constituição Federal que diz em seu caput:

Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:

Observa-se que o direito à segurança e dever a ser respeitado em todas as situações


onde humanos estão envolvidos e para assegurar tal proteção há todo um aparato jurídico.
Assim, a criança e o adolescente, na atualidade, são sujeitos de direito é tem sua
proteção assegurada no artigo 227 da Constituição Federal que na sua redação diz:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao


adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a
salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade
e opressão.

E em seu parágrafo 4º reforça que a “lei punirá severamente o abuso, a violência e a


exploração sexual da criança e do adolescente.” O texto não deixa abertura para
questionamento que é prioridade absoluta entre outros direitos à dignidade da criança e do
adolescente.
Antes de aprofundar-se nos direitos da criança e do adolescente ver-se-á a forma que
esse público foi visto ao longo da história. Philippe Ariès na sua obra História Social da
Criança e da Família (1978) faz um levantamento da forma que a criança foi vista a partir da
idade média.
Na idade média, segundo Philippe Ariès (1981), “a criança era, portanto, diferente do
homem, mas apenas no tamanho e na força, enquanto as outras características permaneciam
iguais”. Dessa forma, a criança é um adulto em miniatura vivendo como se adulto fosse,
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trabalhando junto com os adultos e se vestindo como eles. Consequentemente, a infância não
existe, a criança é completamente ignorada pela sociedade.
Como não havia diferenciação entre criança e adulto e não se respeitava-se na idade
média as etapas de desenvolvimento do ser humano, nesse período era muito grande o numero
de infanticídio e por não haver cuidados sanitarios a taxa de mortalidade infantil foi alta.
No renascimento (século XVII), sob a influência da igreja que passa a atrelar a
imagem das crianças às imagens dos anjos, fato esse que impõe o amor às crianças e faz com
que a educação passe a ser obrigatória resultando assim na separação da criança do adulto.
No próximo século (século XVIII), as crianças passam a ter suas particularidades
reconhecidas, ocupam um espaço maior no meio social e é nesse período que iniciou o
processo de escolarização infantil.
Na modernidade, as crianças começam a ser vistas como seres sociais e como um
papel de utilidade, fato que com a revolução industrial fará com que as crianças passem a
fazer parte da mão de obra das fábricas dos grandes centros.
Na Idade Contemporânea (século XIX), é o início da criança com ser detentor de
direitos, nesse período é que se desenha a infância nos moldes que hoje se apresenta. Para que
a criança passe a ser detentora de direito foi preciso que muitos estudiosos afirmassem a
necessidade de certa atenção especial às crianças, pois essa fase da vida que se constrói a
identidade pessoal do ser humano.
Atualmente, no Brasil, a infância é objeto de proteção regulamentada, a Constituição
Federal de 1988 no no artigo 227, já citado, traz a criança e o adolescente como detentores de
direito. Em 1990, Para se garantir que os anseios da Constituição Federal de 1988 fosse
alcançado, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) foi sancionado, sendo um marco na
regulamentação dos direitos humanos de crianças e adolescentes e também a forma que se
dará o tratamento ao menor infrator.
O ECA definiu no seu 2º artigo quem é criança e quem é adolencente. Artigo in verbis.

Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos
de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de
idade.

Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente


este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.
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O ECA é ponto de partida para uma nova forma de se enxergar a criança e o


adolescente brasileiros, que sem nenhuma distinção de etnia, religião, classe social e gênero
são pessoas em desenvolvimento e são prioridade absoluta nos que se diz respeito ao bem
estar.

2. ABUSO SEXUAL/VIOLÊNCIA SEXUAL


A violência sexual é realidade na vida de milhares de pessoas, essas pessoas, vitimas,
são rotuladas e até mesmo consideradas, em algumas situações, culpadas pelos abusos sexuais
dos quais são vítimas.
A palavra abuso, segundo o dicionário michaelis online2, significa:

1 Uso ilegítimo ou incorreto de alguma coisa; abusão, excesso, 2 Uso excessivo e


prejudicial de atribuições e/ou poderes, 3 Falta de moderação; exagero, excesso, 4
Violação dos bons usos e costumes, 5 Atentado ao pudor; desonra, 6 Fastio a comida
e bebida, 7 Coisa ou situação que aborrece ou desgosta; aborrecimento.

Na obra Estatuto da criança e do adolescente comentado por Guilherme de Souza


Nucci (2018), a autor ao falar do lecionar sobre os tipos de abuso, ensina:

Há certos abusos que, quando cometidos, exigem providências imediatas e


definitivas do Judiciário. Exemplo: o pai estupra a filha pequena; não há mais que se
buscar o convívio familiar; é caso de imediata destituição do poder familiar. Seria
um autêntico abuso do Estado manter essa criança sob o poder familiar desse
agressor. O abuso direto é exatamente o caso dos exemplos citados: o genitor agride
e lesiona o filho, em decorrência de uma surra; o pai estupra a filha. O abuso
indireto configura-se pela aquiescência do pai ou da mãe em face de agressão alheia.
Há mães – e não são poucos os casos – que, para não perder a companhia do
padrasto, fingem não perceber o abuso sexual ao qual está exposto seu filho (ou
filha). Ela, por omissão, está igualmente abusando da criança ou adolescente.

Aquele que abusa da criança/adolescente e aquele que sabe do abuso que não toma
providência, fingindo ignorar, é tão uma pessoa abusadora.

2
https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/abuso
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O Ministério Público do Estado de São, em seu site3 traz que:

Abuso Sexual é a ação de qualquer pessoa que, prevalecendo-se de sua relação de


poder, afeto ou confiança, obriga crianças e/ou adolescentes a atos eróticos ou
sexuais para os quais elas não têm condições de discernir, consentir ou resistir. É
praticado, com maior frequência, por pessoas que participam do convívio da criança
ou do/a adolescente.

Emy Karla Yamamoto Roque (2010), em sua Dissertação de Mestrado, pontua sobre o
abuso sexual de criancas/adolescente:

Muitos profissionais ligados à área de proteção e tutela dos direitos das crianças e
adolescentes realizam pré-julgamento da conduta supostamente perpetrada pelo
abusador, considerando-a não prejudicial ao menor e, portanto, não configurado o
abuso sexual. Exemplificativamente, o médico ao realizar o exame de corpo de
delito em criança em razão de suspeita de abuso sexual, após analisar
minuciosamente a região vaginal e anal da mesma, conclui que não há vestígios de
relação sexual. Contudo, se verificasse a boca e garganta da infante, notaria
múltiplas lesões em tais órgãos, uma vez que o abuso se perpetrou por meio de sexo
oral, com penetração do órgão viril masculino em sua boca. Ora, o ato sexual não se
caracteriza apenas pela penetração, seja vaginal, anal ou oral, mas também por
qualquer ato libidinoso realizado pelo agressor no corpo da vítima, ou impingido a
esta realizar no agressor. Engloba, assim, a masturbação, os beijos, as lambidas, o
passar a mão, a esfregadela, entre outros.

O Curso de direito da criança e do adolescente: aspectos teóricos e práticos,


ccodernado por o Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade Maciel (2018), trás que “a expressão
“violência sexual” foi escolhida pela Lei n. 13.431/2017 para abranger o abuso sexual, a
exploração comercial sexual e, ainda, o tráfico de pessoas (art. 4º, III).”
O referido artigo diz que:

Art. 4º. Para os efeitos desta Lei, sem prejuízo da tipificação das condutas
criminosas, são formas de violência:

http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/Violencia_Domestica/O_que_voce_precisa_saber/Criancas
_e_adolescentes/Abuso_Sexual
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III - violência sexual, entendida como qualquer conduta que constranja a criança ou
o adolescente a praticar ou presenciar conjunção carnal ou qualquer outro ato
libidinoso, inclusive exposição do corpo em foto ou vídeo por meio eletrônico ou
não, que compreenda:
a) abuso sexual, entendido como toda ação que se utiliza da criança ou do
adolescente para fins sexuais, seja conjunção carnal ou outro ato libidinoso,
realizado de modo presencial ou por meio eletrônico, para estimulação sexual do
agente ou de terceiro;
b) exploração sexual comercial, entendida como o uso da criança ou do adolescente
em atividade sexual em troca de remuneração ou qualquer outra forma de
compensação, de forma independente ou sob patrocínio, apoio ou incentivo de
terceiro, seja de modo presencial ou por meio eletrônico;
c) tráfico de pessoas, entendido como o recrutamento, o transporte, a transferência, o
alojamento ou o acolhimento da criança ou do adolescente, dentro do território
nacional ou para o estrangeiro, com o fim de exploração sexual, mediante ameaça,
uso de força ou outra forma de coação, rapto, fraude, engano, abuso de autoridade,
aproveitamento de situação de vulnerabilidade ou entrega ou aceitação de
pagamento, entre os casos previstos na legislação;

Assim, deve-se considerar todas as possibilidades de atos que podem de alguma forma
contextualizar-se em violências sexuais.
Há duas formas de violência sexual: a violência com toque e a sem toque.
A violencia sexual com toque se caracteriza, por exemplo, com toques nas partes
intimas (tanto da vitima no abusador quanto ao contrario), forçar a vitima a praticar atos
sexuais com outras pessoas, pedir/força a vitima a se tocar, tocar ou beijar a boca da vitima
com o objetivo de obter prazer sexual ou brincar de jogos sexuais com a vitima.
A violência sexual sem toque é aquele que não envolve o contato fisico, sendo eles
quando o abusador se comporta de forma sexualna frente da vitima, tocando a propria genital,
expoem a vitima a nudez ou a atividades sexuais, conta histórias eróticas ou faz comentários
de cunho sexual para a vitima, pedi/força a vitima a expor sua nudez, olhar/espionar a vitima
em situações intimas (no banho, por exemplo), filmar ou fotografar a vitima com fins sexuais,
como também a comercialização desse material ou ainda, aliciar a vitima pessoalmente ou por
outro meio, como a internet.
Em situações de violências sexuais existem dois tipos de protagonistas: O abusador e a
vítima, ressalta-se aqui que há situações em que nesses dois pólos pode haver mais de uma
pessoa.
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O abusador, na maioria dos fatos, não são estranhos, desconhecidos da vítima. Eles,
esses abusadores podem ser tanto do sexo masculino quanto feminimo, ressaltando que os
homens figuram como abusadores na maioria dos casos levados ao judiciário, faz-se aqui uma
ressalva: adolescentes e até crianças pré-púberes podem cometer abuso sexual.
Nota-se que a violência sexual tem como agressor, na maioria dos casos, pessoas que
participam do convívio da criançaqadolescente, esse fato é comprovado por meio de dados
obtidos nos casos de abusos que são levados ao judiciario.
A Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos (ONDH) fez um levantamento, no qual
aponta-se que em 73% dos casos de violência sexual contra crianças e adolecentes acontece
na casa da própria vítima ou do suspeito e mais, em 40% das denuncias, os abusadores
suspeitos são o pai ou padrasto, complementando, O suspeito é do sexo masculino em 87%
dos registros e, igualmente, de idade adulta, entre 25 e 40 anos, para 62% dos casos.
É impossível dizer quem é a criança e adolescente típicos vítimas de abusos sexuais,
porém, sabe-se que meninas são mais propensas a serem vítimas do que meninos, e mais, em
46% das denúncias recebidas, a vítima é adolescente do sexo feminino, entre 12 e 17 anos.
Ao analisar os dados que o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos
(MMFDH) divulgou em 18 de maio de 20204 sobre o balanço das denuncias feitas pelo
Disque 100 e neste contexto divulgou-se os dados sobre violência sexual contra Crianças e
Adolescentes.
Segundo esses dados, houve 159 mil registros feitos pelo Disque Direitos Humanos
durante o ano de 2019, desses dados, 86,8 mil são de violações de direitos de crianças ou
adolescentes, Comparando com os dados de 2018 houve um aumento de quase 14% das
violações de direitos de crianças ou adolescentes, sendo que 11% das denúncias são sobre
violência sexual e ainda comparando com os dados de 2018, quando o assunto é a vilencias
sexual os numeros se mativeram estáveis, pois houve ma queda insignificante de 0,3%.
Os números não são animadores e mesmo com a lei garantindo a proteção contra o
abuso sexual, tem-se que considerar que precisa-se ser mais eficiente em relação a esse tipo
de situação.
A causa para que esses abusos fiquem na obscuridade são variadas, sendo algumas:

https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2020-2/maio/ministerio-divulga-dados-de-violencia-sex
ual-contra-criancas-e-adolescentes
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● Ingnorar que a conduta abusiva: a vitima não tem conhecimento sobre o que é abuso
sexual e consequentemente não sabe que a conduta do abusador é errada e inaceitável
e em sua ignorancia, aceita esse comportamento como normal;
● Coparticipante: a criança/adolescente pode se ver como cúmplice da conduta abusiva,
pois essas são situações que acontecem às escondidas;
● Medo e vergonha: o abuso está diretamente relacionado ao órgãos sexuais, as vítimas
se sentem envergonhadas e com medo para falar sobre o assunto;
● Confusão de sentimentos e culpa: no abuso sexual com toques na vítima pode haver
estimulos e resultandos desses estimilos vem a reação fisiologica. Essas reações no
corpo da vítima gera confusão e culpa;
● Chantagens e ameaças: os abusadores chantageiam e ameaçam as vítimas para
mantê-las em silêncio. Crianças e adolescentes educados com mais rigidez e castigos
físicos podem ficar com medo e não revelar o abuso. Em casos que o abusador faz
parte do convívio íntimo da vítima, ele usa essas possibilidades de castigos físicos
para garantir que sua conduta fique em segredo.
● Obediência: na situação onde a pessoa que pratica o abuso é alguém que está em
posição de poder em relação a criança/adolescente, essa vítima se vê compelida a
obedecer;
● Mudança no comportamento: o abuso deixa marcas que não podem ser mensuradas. a
tristeza por exemplo, junto com o sentimento de culpa podem manter essa vítima em
silêncio, bloqueando sua capacidade de falar sobre o assunto e a impedido que a
conduta abusiva seja denunciada.
Ressalta-se a complexidade do porque abusos são mantidos em sigilo e porque muitas pessoas
só revelam que foram vítimas de abusos na infância ou adolescencia quando são adultos.

3. PROTEÇÃO NORMATIVA A CRIANÇA E AO ADOLESCENTE


O sistema normativo brasileiro tem imensa preocupação com o bem estar das crianças
e adolescentes, esse público têm normas específicas para que seus direitos sejam respeitados e
que aqueles que não respeitam esses direitos sejam punidos dentro de um processo legal justo.
A seguir ver-se-a normas que garantem proteção à criança é adolescente em relação a
violência sexual:
Na Constituição Federal, já mencionado acima, o artigo 227 assegura à criança e ao
adolescente vários direitos e em seu parágrafo quarto refere-se diretamente ao abuso, a
violência e à exploração sexual da criança e do adolescente.
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§ 4.º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança


e do adolescente.

No Código Penal5 os atos libidinosos são divididos em dois tipos


1. conjunção carnal, que é a introdução completa ou incompleta do pênis na vagina; e
2. outros atos libidinosos (atentado violento ao pudor e corrupção de menores).
A proteção à criança e ao adolescente está tipificados nos artigos a seguintes:
O artigo 217-A tipifica o estupro de vulnerável contra o menor de 14 anos.

Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14
(catorze) anos:
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém
que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento
para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 2o (VETADO)
§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
§ 4o Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se
independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido
relações sexuais anteriormente ao crime.

Nos artigos posteriores, sendo eles os artigos 218, 218-A, 218-B, 218-C, quando trata-se da
corrupção de menores.

Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de


outrem:
Parágrafo único. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm
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O artigo 218 do referido código abrange o abuso sem toque. Nessa situação a criança
ou adolescente de até 14 anos é forçado a realizar algo ou vestir-se de alguma forma, um ato
libidinoso, com a finalidade de satisfazer o abusador. Esse agressor tem que ser
contemplativo, ou seja, apenas olhar.
O artigo 218-A fala da satisfação de lascívia própria mediante presença de criança ou
adolescente, sendo também o abuso sem toque, pois o agressor, ao contrário do artigo 218,
que realiza atos de natureza sexual com a criança assistindo.

Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou


induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer
lascívia própria ou de outrem: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Uma outra forna de abuso sexual está relacionada a exploração sexual de


crianças/adolescente. O codigo penal, no titudo “Favorecimento da prostituição ou de outra
forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável” no artigo 218- B
abrange as possibilidades nas quais se usa desse grupo de vitimas como meio para se obter
lucros, a artigo também tem como objetivo a proteção do funerável, a pessoa que por
enfermidade ou deficiencia mental não é capaz de discernir.

Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração


sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência
mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir
ou dificultar que a abandone: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 1º Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se
também multa. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18
(dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo;
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as
práticas referidas no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
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§ 3º Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da condenação a


cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento.
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

O artigo 218- C projete contra a divulgação de cena de estupro, de cena de estupro de


vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia. Os verbos no tipo penal são abrangentes ao
apenar quem vem expor cenas de estupro onde este grupo de vitimas esta inserido.

Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda,


distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de
comunicação de massa ou sistema de informática ou telemática -, fotografia, vídeo
ou outro registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de
vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento da
vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)
§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime é praticado
por agente que mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima ou
com o fim de vingança ou humilhação. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

Insta ressaltar que com a lei 8.072/1990, passou a se considerar o estupro e o atentado
violento ao pudor crimes de natureza hedionda, ou seja, crimes nos quais os autores não êm
direito a fiança, indulto ou diminuição de pena por bom comportamento.
Os artigos 226 e 234-A determinam o aumento das penas desses crimes.

Art. 226. A pena é aumentada:


I – de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais
pessoas;
II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge,
companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer
outro título tiver autoridade sobre ela;
III - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado:
Estupro coletivo
a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes;
Estupro corretivo
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b) para controlar o comportamento social ou sexual da vítima.


Aumento de pena

Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é aumentada:


I – (VETADO);
II – (VETADO);
III - de metade a 2/3 (dois terços), se do crime resulta gravidez;
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o agente transmite à vítima doença
sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador, ou se a vítima é
idosa ou pessoa com deficiência. (Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018)

Os processos onde apuram-se esses tipos de crimes correrão em segredo de justiça, é o que
assegura o artigo 34- B.

Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes definidos neste Título correrão
em segredo de justiça.

O ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente é o instrumento específico do


ordenamento jurídico brasileiro, cujo objetivo é a proteção integral desse grupo de pessoas.
Sua vigência é um marco histórico em relação à proteção aos direitos humanos de crianças e
adolescentes.
No artigo 5º do ECA a criança/adolescentes têm seus direitos fundamentais
garantidos.

Art. 5° - Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de


negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na
forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.

Falar sobre direitos fundamentais é garantir a esse grupo de pessoas integridade


sexual, pois visa proteger a criança/adolescente de qualquer de casos de violência, seja ela
física ou psicológica.
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Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física,


psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem,
da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos
pessoais.

Lorrane Alves Vieira, em seu artigo ABUSO SEXUAL INFANTIL: a violência sexual
no Brasil a luz do Estatuto da Criança e do Adolescente diz que:

O ECA vem para garantir que todas as crianças e adolescentes tenham direitos e que
estes sejam resguardados, mas para que esses direitos sejam realmente aplicados
precisamos de uma ação conjunta de todos os profissionais, como também da ajuda
da população que denuncie para que possamos diminuir o número de vítimas.

Isto posto, vemos a seguir o artigo 240 do ECA sbores sexo explicito ou pornografia,
envolvendo crianças ou adolescente.

Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer
meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente:
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, ou de
qualquer modo intermedeia a participação de criança ou adolescente nas cenas
referidas no caput deste artigo, ou ainda quem com esses contracena.
§ 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete o crime:
I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la;
II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade; ou
III – prevalecendo-se de relações de parentesco consangüíneo ou afim até o terceiro
grau, ou por adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de quem,
a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu consentimento.” (NR)

Observa-se que essas condutas tipificadas nos artigos a seguir, são condutas que visam
conter a propagação e divulgação de material para a pedofilia.
Pedofilia é um transtorno psicológico. Neste transtorno, a pessoa sente atração sexual
por crianças. Tem se que definir que nem todo abusador desse grupo de vítimas é pedofilo e
nem todo pedofilo é abusador.
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O artigo 241 do estatuto apena quem vier a vender ou expor à venda qualquer registro
no qual há criança/adolencente está em cenas libidinosas, como obejetivo de satisfazer a
lascivia, não precisando ser cenas com conjunção carnal, anal ou oral, que caracterizam a cena
de sexo explícito.

Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha
cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa

O artigo 241-A vai além do viés comercial, assim tipifica-se a conduta que não visa lucros
financeiros e apena qualquer meio que divulgue material que contenha cena com
criança/adolencente.

Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou


divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou
telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito
ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, cenas ou
imagens de que trata o caput deste artigo;
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores às fotografias,
cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo.
§ 2º As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1o deste artigo são puníveis
quando o responsável legal pela prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa
de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata o caput deste artigo.

A internet trouxe grande facilidade para aqueles que comercializam e consomem esse
tipo de material. A legislação não é omissão nessas situações contemporâneas. No artigo
241-B tem como foco quem consome esse tipo de produto, seria aquela pessoa tida como
“consumidor final”, é crime adquirir, possuir ou armazenar, mesmo que esse material não seja
compartilhado.

Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou
outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
envolvendo criança ou adolescente:
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§ 1º A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pequena quantidade o


material a que se refere o caput deste artigo.
§ 2º Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a finalidade de comunicar às
autoridades competentes a ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241,
241-A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por:
I – agente público no exercício de suas funções;
II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas finalidades
institucionais, o recebimento, o processamento e o encaminhamento de notícia dos
crimes referidos neste parágrafo;
III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor de acesso ou
serviço prestado por meio de rede de computadores, até o recebimento do material
relativo à notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao Poder
Judiciário.
§ 3º As pessoas referidas no § 2º deste artigo deverão manter sob sigilo o material
ilícito referido.

O estatuto, no artigo 241-C, pune aqueles que também, usando de meios, simulam a
participação criança/adolescente emcenas envolvendo sexo, mas não puni o material que usa
de desenhos de crianças/adolescente, somente aqueles materias que usam imagens de crianças
reais.

Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo


explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de
fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual:
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda,
disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qualquer meio, adquire, possui ou
armazena o material produzido na forma do caput deste artigo.

Neide M. C. Cardoso de Oliveira6 (2011), no artigo Os Crimes Praticados pela Internet


Previstos no Eca, publicado na Custos Legis Revista Eletrônica do MInistério Público Federal
ao falar sobre aliciar diz que:

6
procuradora da República no Estado do Rio de Janeiro, bacharel em Direito pela UERJ e Pósgraduada em
Direitos Humanos-Relações de Trabalho, pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de
Janeiro
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O aliciamento é muito comum em salas de bate papo (chats) fechadas ou abertas, e o


agressor normalmente simula ter a mesma idade ou próxima da vítima que ele
pretende aliciar. Ele com certeza saberá conversar com a criança sobre os temas de
seu interesse, de acordo com a faixa etária, sabendo tudo sobre filmes, jogos,
personagens etc. Passando-se pelo melhor amigo daquela criança, obtém sua
confiança, até atingir o seu objetivo, que normalmente é interagir com a criança
despida ou não pela webcam, onde ela pode ser abusada, ainda que não
presencialmente, ou até mesmo se encontrar com essa criança com fins de praticar o
ato libidinoso.

Dessa forma, os dispositivos citados no presente artigos são meios essenciais para a
punição dos atos de pedofilia, o artigo 241-D, diz quais são as condutas que são definidas
como ato libidinoso.

Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de


comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso:
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo explícito
ou pornográfica com o fim de com ela praticar ato libidinoso;
II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim de induzir criança
a se exibir de forma pornográfica ou sexualmente explícita.

O artigo 241-E, explana a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica”.

Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão “cena de sexo
explícito ou pornográfica” compreende qualquer situação que envolva criança ou
adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos
órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais

Cada delito acima mencionado, segundo o Curso de direito da criança e do


adolescente: aspectos teóricos e práticos, coordenado por o Kátia Regina Ferreira Lobo
Andrade Maciel (2018):

O delito é exclusivamente doloso. Nunca é demais lembrar, porém, que, extirpada da


nossa legislação penal a responsabilidade objetiva, assim como se exigindo do
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agente, no setor psicológico, a sua atual dolosa, seja direta ou eventual, não se pode
admitir a punição de alguém simplesmente porque, por exemplo, tenha um serviço
de acesso à Internet, que tenha sido utilizado por um de seus assinantes para visitar
sites com cenas como as que são aqui incriminadas. Sua punição dependerá da prova
de que agiu, seja conhecendo e querendo a realização do fato, no caso do dolo
direto, ou, ainda, conhecendo-o e assumindo-o como provável na hipótese de dolo
eventual.

Visando a proteção desse grupo vulnerável, há dispositivo que tem a preocupação


quanto a prevenção a violência sexual e proibe estabelecimentos do ramo hoteleiro hospede
criança/adolesceste que não estejam acompanhados dos pais/resposáveis ou com a autoridade
judiciária.

Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacompanhado dos pais ou


responsável, ou sem autorização escrita desses ou da autoridade judiciária, em hotel,
pensão, motel ou congênere:
Pena – multa.
§ 1 º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de multa, a autoridade judiciária
poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até 15 (quinze) dias.
§ 2 º Se comprovada a reincidência em período inferior a 30 (trinta) dias, o
estabelecimento será definitivamente fechado e terá sua licença cassada.

Visando que em situações de violências contra as crianças e adolescentes, essas


situações fossem levadas ao conhecimento das autoridades, o ECA exige que médicos e
professores sejam conscientes e sempre que fiquem a par de criança/adolescente em possível
situação de maus tratos, eles, esses profissionais comuniquem as autoridade competentes. O
artigo 13 e 56,I estabelecem a regra.

Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel


ou degradante e de maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente
comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras
providências legais.
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao
Conselho Tutelar os casos de:
19

I - maus-tratos envolvendo seus alunos;

Após refletir sobre parte da legislação referente proteção da criança/adolescente contra


a violência sexual, entende-se que o problema não é apenas juridico, pois não tem como o
judiciário agir e tomar providencias quando esses abusos não chegam ao conhecimento das
autoridades competentes. Este é um problema enraizado na sociedade que necessita-se de
atenção específica e que se invista em prevenção, já que não importa o quanto ou como se
pune o agressor, a vítima lidará com as consequências e não há nada que se possa fazer.

4. CONCLUSÃO
A violência sexual conta crianças e adolescentes, como visto, é um propblema
irraizado em nossa sociedade, tratra se um em problema estrutural, uma vez que é visto como
tabu, e mais, com o crescimento do pensamento conservador fica mais complexo discutir
assuntos relacionados a educação sexual de crianças e adolecente.
A educação sexual não tem como objetivo incentivar crianças e adolescentes à prática
sexual. Educação sexual é o ensino sobre o corpo, a anatomia, a psicologia e aspectos
comportamentais relacionados à reprodução humana, as ISTs - Infecções Sexualmente
Transmissíveis e o mais importante para o presente artigo, educação sexual é um meio para
prevenir e combater as violências sexuais que as crianças/adolescente são vítimas.
Mormente, a pessoa, criança/adolescente, tem que saber o que é abuso sexual para
reconher uma situação abusiva. A ignorância desse público e a forma como o assunto é
tratado torna mais difícil que denúncias sejam feitas e que esses agressores sejam punidos.
Outro fator que facilita a ação dos agressores são as formas que se educa a
criança/adolecente. Educação muito rígida baseadas no castigo ou educação muito liberal e
sem nenhum tipo de controle abre espaço para pessoas agirem. Nas duas situações, a primeira
por medo e a segunda por causa do não “importa” dos pais ou responsáveis, deixam esse
público mais vulnerável.
Caroline Arcari (2013) é pedagoga, mestra em Educação Sexual pela UNESP, em seu
premiado livro Pipo e Fifi, traz ilustrações que ajudam os pais/responsáveis falar com as
crianças sobre o corpo dela e sobre os toque e situações a serem evitadas, segundo ela:

Boa comunicação é a chave de tudo. Nunca é cedo demais para a crianças aprender
esses conceitos,” esses conceitos são referentes às partes íntimas da menina e do
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menino, “já que o abuso acontece em todas as faixas etárias. Estudos mostram que a
informação em assutos sobre o corpo e a sexualidade tornam a criança menos
vulneravel ao abuso sexual e com competência e habilidade para se expressar e
buscar ajuda caso esteja sofrendo este tipo de violência.

Adultos responsáveis por crianças/adolescentes tem que estar sempre alerta. Os


agressores, homens ou mulheres, não trazem qualquer característica visível que os identifique.
Tem-se que se ater a comportamentos suspeitos e estar sempre atento aos menos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Curso de direito da criança e do adolescente : aspectos teóricos e práticos / Andréa Rodrigues


Amin...[et al.]; coordenação Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade Maciel. – 11. ed. – São
Paulo : Saraiva Educação, 2018.
ACARI, Caroline. Pipo e Fifi: Ensinando proteção contra violência sexual. Editora Caqui.
Curitiba - PR, 2013
ARIÈS, P. História social da infância e da família. Tradução: D. Flaksman. 2º edição. Rio de
Janeiro: LCT, 1986.
21

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 33ª ed. São Paulo. Atlas, 2017
NUCCI, Guilherme de Souza Estatuto da criança e do adolescente comentado / Guilherme de
Souza Nucci. – 4 a ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2018.
ROQUE, Emy Karla Yamamoto. Orientador: Prof. Dr. José Ricardo Cunha. A Justiça Frente
ao Abusoc Sexual Infantil - Análise Crítica ao Depoimento Sem Dano e Métodos Alternativos
Correlatos, om Reflexões sobre a Intersecção entre Direito e Psicologia, v.1, 151 pg. Rio de
Janeiro, 2010.
VIEIRA, Lorrane Alves. Orientador: Prof. Douglas Yamamoto. ABUSO SEXUAL
INFANTIL: a violência sexual no Brasil a luz do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Acesso em 22/10/2021: http://www.atenas.edu.br
https://plan.org.br/educacao-sexual-e-ferramenta-importante-na-prevencao-de-abusos: acesso
em 18/10/2021
http://www.prrj.mpf.mp.br/custoslegis/revista_2011/2011_Dir_Penal_Neide_Internet.pdf:
acesso em 02/11/2021
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:
Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
BRASIL. Decreto-Lei 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial da
União, Rio de Janeiro, 31 dez. 1940.
BRASIL. Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do
Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Brasília, DF, 16 jul. 1990.

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