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Sem lugar para a vivência da infância as crianças eram vistas como adultos em miniatura até o

séc. VII, sem qualquer importância a essa fase e qualquer afeição às crianças. Nos séculos VX a
VII a criança tem papel apenas secundário na sociedade e ora as crianças eram confundida
com adultos, ora era seus passatempos. Com a consciência da fraqueza e ingenuidade os
assuntos da criança foram tratados com mais importância. No século XX nota-se um interesse
psicológico e de preocupação moral, iniciando o sentimento autêntico da infância.

1) Só com o ECA as crianças passaram a não serem mais vistas como simples objeto de
intervenção, mas como sujeitos de direito possibilitando espaço para sua cidadania,
sendo o Estatuto um instrumento que anunciou o progresso possibilitando a análise
do adolescente como sujeito com personalidade em formação. Com uma completa
modificação do trabalho com menores, substituindo a doutrina do menor em situação
irregular pela doutrina da proteção integral. Deu-se o mais pleno reconhecimento de
que a criança e o adolescente tem direito à proteção integral, o direito à liberdade, à
dignidade, ao respeito de desenvolver-se física, mental, moral, social e
espiritualmente, como também direito ao processo legal e garantias constitucionais
nos casos de conflito com a lei.

2) Como apresentado nos códigos: penal (1890) e de menores (1927), as definições do


menor infrator favoreciam grandes distorções na indistinção da demanda social e da
demanda judicial e as medidas eram aplicadas da mesma maneira como se todos
estivessem na mesma condição. No código de menores de 1927 estes eram divididos
em delinquentes e abandonados, com certa preocupação a situações que pudessem
oferecer risco à infância e à juventude. Além da termologia usada à época para os
adolescentes que estavam em conflito com a lei que era menor em situação irregular,
onde essa metodologia fazia pressupor-se que os menores que estavam em mesma
condição fossem infratores, abandonados, carentes e vitimizados por maus-tratos.
Anteriormente ao Estatuto da criança e do adolescente os menores eram vistos como
objetos da norma, como se houvesse uma situação regular, e quando a criança ou
adolescente tinha alguma patologia social não se ajustava a esse padrão. Assim, o ECA
tem como base a doutrina da Proteção Integral que qualificas as crianças e
adolescentes como sujeito de direitos e obrigações para o pleno exercício da
cidadania.

3) Os relatos apresentados pelos adolescentes fazem perceber que eles aceitam sua
condição e o olhar depreciativo da sociedade e como não se consideram responsáveis
por suas escolhas, nem pela consciência de suas escolhas não se consideram também
responsáveis por esse olhar. Sem qualquer reponsabilidade por sua liberdade eles
responsabilizam o outro pela condição de estarem em conflito com a lei, como se suas
escolhas fossem feitas pelos outros e não por eles próprios. A exemplo do participante
4 que ao se referir às amizades diz que “foi no embalo dos amigos”, atribuindo a estes
a responsabilidade por serem más-companhias, apresentando grande dificuldade em
manter uma consciência reflexiva do modo como escolhem no mundo.

4) Sabe-se que o comportamento antissocial, ato delinquencial e delinquência dos


menores podem ser resultado de uma construção social, familiar, escolar e econômica.
Assim, tal conjuntura tem fundamental importância no fornecimento das condições
necessárias ao desenvolvimento psicossocial do indivíduo. Uma educação pautada nos
direitos humanos tende a fornecer elementos necessários a progressão da forma de
ser, de se entender e relacionar-se com as pessoas e com o mundo a sua volta. O
indivíduo que se reconhece como cidadão e está incluído em contexto democrático
entende que a autonomia que ele possui não só lhe assegura direitos mas também
deveres para com os outros e efetiva por meio de sua liberdade a prática das escolhas
e a responsabilidade por elas. Assim, a mudança da autoimagem se faz pela mudança
do seu olhar em relação a si, concretizado através dos projetos de vida, das escolhas
feitas e da significância que o menor da a sua existência. Cabe mostrar que o individuo
mesmo em meio a dificuldades e olhar depreciativos do outro também é responsável
por suas escolhas e que a educação é ponte que liga os indivíduos à suas garantias, ora
por sua busca por quem a reconhece, ora pela sua responsabilização. E que se
tratando de responsabilização, aquele que protagoniza sua história tem em cada
escolha sua a reflexão como antecedente de seus atos e a que a consciência é aberta
para relacionar suas decisões ao seu significado no mundo.

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