A adolescência é uma fase da vida que envolve diversas mudanças biológicas,
psicológicas, sociais e culturais. Do ponto de vista biológico, a adolescência é marcada
pelo início da puberdade, que é o processo de maturação sexual e física. Nesse período, ocorrem alterações hormonais, crescimento corporal, desenvolvimento dos órgãos genitais e dos caracteres sexuais secundários. Do ponto de vista psicológico, a adolescência é caracterizada pela busca de identidade, autonomia, autoestima e pertencimento. Nesse período, o adolescente experimenta novas emoções, sentimentos, desejos e conflitos, além de desenvolver o pensamento abstrato, crítico e moral. Do ponto de vista social, a adolescência é influenciada pelo contexto familiar, escolar, comunitário e midiático. Nesse período, o adolescente amplia suas relações interpessoais, forma vínculos afetivos, participa de grupos de referência, enfrenta desafios, oportunidades e riscos. Do ponto de vista cultural, a adolescência é moldada pelos valores, crenças, costumes e tradições da sociedade em que o adolescente está inserido. Nesse período, o adolescente expressa sua criatividade, diversidade, identidade e cidadania, além de interagir com diferentes culturas e manifestações artísticas.
As medidas protetivas são ações ou omissões que visam proteger a criança e o
adolescente de situações de risco ou violação de seus direitos. Elas estão previstas no artigo 98 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que é a lei que regulamenta os direitos e deveres das pessoas com menos de 18 anos no Brasil. As medidas protetivas podem ser aplicadas pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público ou pelo Poder Judiciário, de acordo com a gravidade e a urgência de cada caso. As medidas protetivas podem ser de natureza individual ou coletiva, e podem envolver a família, a comunidade ou o poder público. Algumas das medidas protetivas previstas no ECA são: encaminhamento aos pais ou responsável, orientação, apoio e acompanhamento temporários, matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental, inclusão em programas comunitários ou governamentais de auxílio à família, à criança e ao adolescente, requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, colocação em família substituta, entre outras.
As medidas socioeducativas são sanções aplicadas aos adolescentes que
cometem atos infracionais, ou seja, condutas que seriam consideradas criminosas se fossem praticadas por adultos. Elas estão previstas no artigo 112 do ECA, e têm como objetivo a responsabilização, a reeducação e a reintegração social do adolescente infrator. As medidas socioeducativas podem ser aplicadas pelo Poder Judiciário, após o devido processo legal, respeitando os princípios da brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. As medidas socioeducativas podem ser de natureza não privativa ou privativa de liberdade, e podem envolver a prestação de serviços à comunidade, a liberdade assistida, a semiliberdade ou a internação. As medidas socioeducativas devem ser executadas de forma individualizada, proporcional e progressiva, levando em conta as circunstâncias e a gravidade do ato infracional, a capacidade de cumprimento do adolescente, os antecedentes e a personalidade do adolescente, bem como os efeitos sociais da medida.
O documentário "Juízo" é uma obra cinematográfica que retrata o cotidiano de
adolescentes infratores que são julgados pela Justiça da Infância e da Juventude no Brasil. O documentário, dirigido por Maria Augusta Ramos, utiliza atores não profissionais que representam os próprios adolescentes, seus familiares, os juízes, os promotores, os defensores e os agentes socioeducativos. O documentário mostra as audiências, as decisões, as medidas socioeducativas, as dificuldades, os conflitos, os dramas, as esperanças e os sonhos dos adolescentes envolvidos no sistema socioeducativo. O documentário revela as contradições, as injustiças, as violências e as complexidades do processo de julgamento e de aplicação das medidas socioeducativas aos adolescentes infratores, bem como os desafios e as limitações das políticas públicas de atendimento e de proteção à infância e à juventude no Brasil.
O rebaixamento da idade penal é uma proposta de emenda constitucional que
visa reduzir a idade mínima para a imputação penal de 18 para 16 anos no Brasil. Essa proposta é alvo de intensos debates e polêmicas na sociedade brasileira, que apresenta argumentos contra e a favor da sua aprovação. Alguns dos argumentos contra o rebaixamento da idade penal são:
- A redução da idade penal viola o princípio constitucional da proteção integral e
da prioridade absoluta à criança e ao adolescente, bem como os tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil é signatário. - A redução da idade penal não resolve o problema da violência e da criminalidade no país, mas apenas aumenta a população carcerária, que já é uma das maiores e mais precárias do mundo, e expõe os adolescentes a situações de violação de direitos, tortura, abuso e exploração dentro do sistema penitenciário. - A redução da idade penal ignora as causas sociais, econômicas, culturais e históricas que levam os adolescentes a cometerem atos infracionais, tais como a pobreza, a desigualdade, a exclusão, a falta de oportunidades, a educação precária, a ausência de políticas públicas efetivas, entre outras. - A redução da idade penal desconsidera as especificidades e as potencialidades da adolescência, que é uma fase de desenvolvimento humano marcada pela vulnerabilidade, pela plasticidade, pela aprendizagem e pela transformação.
Alguns dos argumentos a favor do rebaixamento da idade penal são:
- A redução da idade penal é uma medida de justiça e de responsabilização dos
adolescentes que cometem crimes graves, como homicídio, estupro, latrocínio, entre outros, que causam danos irreparáveis às vítimas e à sociedade. - A redução da idade penal é uma forma de coibir e de prevenir a prática de atos infracionais por parte dos adolescentes, que muitas vezes se aproveitam da impunidade e da leniência do sistema socioeducativo, que é ineficaz, inoperante e superlotado. - A redução da idade penal é uma demanda da sociedade brasileira, que clama por mais segurança, ordem e paz, e que não tolera mais a sensação de impotência e de medo diante da violência e da criminalidade praticadas por adolescentes. - A redução da idade penal é uma adequação à realidade atual, em que os adolescentes têm acesso precoce a informações, tecnologias, consumo e direitos, e que, portanto, têm plena consciência e capacidade de discernimento sobre seus atos e suas consequências.
Referências Bibliográficas:
- BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da
Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em: [ECA]. - RAMOS, Maria Augusta. Juízo. Brasil, 2007. Documentário. Disponível em: [Juízo]. - SILVA, Eduardo. A redução da maioridade penal no Brasil: argumentos favoráveis e contrários. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 20, n. 4279, 3 abr. 2015. Disponível em: [Artigo].
Adolescentes em conflito com a lei: um estudo com os adolescentes da Casa Marista de Semiliberdade nas práticas discursivas acerca dos direitos fundamentais do Estatuto da Criança e do Adolescente