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Gramática 2

Prof. Graciela VIdal

Lei Lucio: Mais outra lei?

Nos últimos dias conheceu-se a notícia de que o projeto de lei “Lei Lucio” teve meia
sanção na Câmara de Deputados da Argentina. Agora espera-se a aprovação na Câmara
de Senadores. A origem do projeto de lei está inspirado na trágica morte de um menino de 5
anos, Lucio Dupuy, que foi assassinado por sua mãe e a namorada dela.
Em novembro de 2021, o país inteiro ficou comovido com a morte de uma criança de
cinco anos de idade. A autópsia do corpo do menino revelou sinais de fortes agressões
físicas e sinais de ter sofrido violência sexual. Após seu decesso, determinou-se que o
menino já tinha sido assistido em diferentes hospitais ao menos umas quatro vezes num
período de três meses, porém, não se tinha registros de denúncias nem por parte dos
profissionais dos centros de atenção à saúde nem das professoras do jardim de infância do
Lucio.
Como consequência desse fato, um deputado do PRO propôs uma lei que consiste
na capacitação obrigatória de funcionários públicos que estejam em contato com crianças e
adolescentes para que possam identificar ou perceber se são vítimas de abuso ou
agressões. O projeto tem três eixos: capacitar obrigatoriamente a médicos, docentes e
funcionários do Estado a fim de que possam identificar sinais de mau-trato quando as
crianças e adolescentes estiverem sendo vítimas de algum tipo de mau-trato; reservar a
identidade dos denunciantes de fatos de violência contra as crianças e adolescentes e
realizar campanhas de divulgação em redes sociais sobre a toma de conciencia da proteção
dos menores e como evitar situações abusivas.
[(A violência contra crianças e adolescentes é uma questão que gera muita
comoção) O.C.A.I (e produz indignação social)] O.C.S. Aditiva. Afinal, trata-se de pessoas
que são protegidas por diversas leis, tanto a nível nacional como internacional.
Em primeiro lugar, entendemos que o mau-trato infantil é uma forma violência contra
as crianças. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), caracteriza-se como
”abusos ou maus-tratos às crianças, todas as formas de lesão física ou psicològica, abuso
sexual, negligencia ou tratamento negligente, exploração comercial ou outro tipo de
exploração, resultando em danos atuais ou potenciais para a saúde da criança, sua
sobrevivência, desenvolvimento ou dignidade num contexto de uma relação de
responsabilidades, confiança ou poder”. Por outro lado, vemos a família como o elemento
essencial de toda sociedade. Para muitos, a família é vista como aquele núcleo de
segurança e bem estar onde todos nascemos, crescemos e nos desenvolvemos, é o lugar
onde recebemos amor e se encontram nossos vínculos afetivos mais fortes, mas nem
sempre a família é o âmbito de relações harmônicas. Muitas vezes é o lugar do
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desencontro, conflito e agressão. Quando os atos de vulneração à integridade física e


psicológica das crianças e adolescentes ocorre dentro da família, chama-se mau trato
infantil intrafamiliar e é realizado por qualquer pessoa encarregada do cuidado da criança.
Sabemos que ao longo do tempo, no país, foram aprovadas diversas leis e tratados
em relação à proteção de crianças e adolescentes, inclusive, muitas com alta hierarquia que
se equiparam à Constituição Nacional. Algumas delas, ou todas, apresentam contradições
na hora da sua execução. Então, sabemos que a existência de leis contra a violência a
crianças e adolescentes e a proteção delas não é novidade. Obviamente um novo projeto,
lei, programa, política, etc. representa um avanço na conscientização de ações concretas e
políticas de prevenção de maus-tratos, contudo, chama a atenção o que acontece com as
outras leis. Para que estão? Onde estão? O que acontece com elas na cotidianidade?
Segundo um informe da UNICEF no último ano, 45,3% das vítimas que consultaram
com o programa “Las victimas contra las violencias” foram crianças e adolescentes, 65%
delas receberam violência psicológica e 31% violência física e 90% das vítimas foram
violentadas por seus pais, mães ou padrastos. O Estado é o responsável e tem a obrigação
de dar um tratamento preventivo e integral, porém esta discussão se dá num contexto no
qual o país tem a metade da população infanto-juvenil na pobreza. Não é em vão salientar
que um dos fatores de risco associados às violências é o socioeconômico, outros são o
estresse, desemprego, violência de gênero, historial de violência sofridas pelos pais durante
suas infâncias, etc. Paradójicamente, há pouco tempo se fizeram recortes no orçamento de
políticas alimentarias, é comum que autoridades da cidade peçam às famílias mais
vulneráveis desalojar suas vivendas. Portanto, é necessário discutir com urgência como se
resolverão os direitos econômicos, alimentarios, educativos e habitacionais que têm as
crianças e adolescentes já que é contraditório discutir uma capacitação quando
constantemente as áreas de infância, famílias sofrem ajustes no orçamento o tempo todo.
O que declara uma nova lei nem sempre traz com ela uma mudança concreta da
realidade, menos ainda quando querem ser abordadas de formas parciais e fragmentadas.
Tomara que algum dia sim.
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Bibliografia:
UNCUYO, U. DE NOTICIAS. Ley Lucio, una norma para prevenir y concientizar sobre el
maltrato y la violencia contra las infancias. Disponível em:
<https://www.unidiversidad.com.ar/ley-lucio-una-norma-para-prevenir-y-concientizar-sobre-
el-maltrato-y-la-violencia-infantil#:~:text=Otras%20Miradas->. Acesso em: 14 nov. 2022.

Serie violencia contra niños, niñas y adolescentes. Disponível em:


‌https://www.unicef.org/argentina/informes/serie-violencia-contra-ninas-ninos-y-adolescentes.
Acesso em: 14 nov. 2022.

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