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Crianças vivendo em situação de pobreza em local de ocupação:


cooperação comunitária para prevenção da violação de direitos
Dayse Mara Bortoli, E-mail: ​dipepmfi@gmail.com
Oscar Kenji Nihei, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Campus de Foz do Iguaçu),
Email: oknihei@ gmail.com

GT:​ 5.3 Ambiente, Saúde e Território

RESUMO

Este artigo apresenta uma pesquisa qualitativa realizada no território de ocupação Bubas no
município de Foz do Iguaçu, Paraná. O objetivo foi a observação de contradições entre o cuidado e a
facilitação que a comunidade enquanto grupo exerce com suas crianças e adolescentes. No decurso
da pesquisa foi constatado na comunidade contradições cotidianas. A comunidade tem um cuidado e
proteção sobre crianças e adolescentes e por meio desta prática violências são evitadas, mas
também exerce controle sobre seus membros tendo como parâmetro crenças coletivas e que este
controle, por vezes, provoca violências contra crianças e adolescentes. Como resultado desta
pesquisa se implantou dois grupos de trabalho, realizados mensamente: um grupo com mulheres
dialogando sobre suas dificuldades no manejo com seus filhos, violências, vida comunitária, entre
outras demandas que o grupo traz; e outro grupo com adolescentes para o debate sobre esta fase de
vida, que se caracteriza por anseios, questionamentos e sonhos.

ABSTRACT

This article presents a qualitative research carried out in the Bubas occupation territory in the
municipality of Iguassu Falls, Paraná. The objective was to observe contradictions between the care
and facilitation that the community as a group exercises with their children and adolescents. In the
course of the research, community daily contradictions were observed. The community has a care and
protection about children and adolescents and through this practice violence is avoided, but also
exercises control over its members having as parameters collective beliefs and that this control
sometimes causes violence against children and adolescents. As a result of this research, two work
groups were set up, held monthly: one group with women discussing their difficulties in managing their
children, violence, community life, among other demands that the group brings; and another group
with adolescents to discuss this phase of life, characterized by yearnings, questions and dreams.

1. Introdução

A partir da promulgação da Constituição Federal Brasileira (CF) em 1988 e do


Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) no ano de 1990, crianças e
adolescentes tornam-se sujeitos de direitos, sendo a lei garantidora da preservação
de seu bem-estar e desenvolvimento integral, e torna ainda a família, a sociedade e
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o estado responsáveis pela proteção de todas as crianças e adolescentes em solo


brasileiro, incluindo crianças e adolescentes migrantes e indígenas. Também, a
partir do ECA a retirada de crianças e adolescentes de seus pais para acolhimento
institucional pelo motivo de pobreza não é mais tolerado (BRASIL, 2015a),
rompendo com a política de institucionalização de crianças e adolescentes, e
consequente mudança da orientação política que vinha sendo executada no Brasil
desde a década de 1930. ​As reformas consolidadas no país no que se refere à
crianças e adolescentes trazem como missão a garantia de direitos e de proteção
social que, embora dever do Estado, é também um dever da família e da sociedade.
A implantação do Sistema de Garantia de Direitos voltados à criança e ao
adolescente ​constitui-se na articulação e integração das instâncias públicas
governamentais e da sociedade civil na aplicação de instrumentos normativos e no
funcionamento dos mecanismos de promoção, defesa e controle para a efetivação
dos direitos da criança e do adolescente, idealizada como política transversal, com o
enfrentamento às desigualdades que se materializam nas discriminações,
explorações e violências sempre propiciando o interesse superior da criança e do
adolescente (CONANDA, 2006).
Ainda hoje, 28 anos após a criação do ECA, temos violências contra a criança
e ao adolescente permeadas pela situação familiar de pobreza e exclusão, as quais
são judicializadas, como medida de proteção de afastamento da família, sendo
colocadas em serviços de acolhimento institucional. Crianças e adolescentes
continuam sendo os mais vulneráveis aos efeitos da pobreza e da exclusão social e
os que representam algum tipo de ameaça à sociedade – o que é incompatível com
as propostas de garantia de direitos em curso (RIZZINI; BETTEGA; SILVA, 1998).
A situação de pobreza perpassa a questão da moradia, sendo as ocupações
alternativas para essa falta. O artigo 5º da CF diz que:

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
XXIII a propriedade atenderá sua função social. (BRASIL, 2016, p.
14).
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A função social da propriedade tem o significado de bem-estar coletivo, no


qual o interesse do todo tem prioridade sobre o bem individual, ora, o pensamento
liberal que coloca prioritariamente o interesse pessoal e do capital em primazia
aumenta naturalmente a desigualdade social e consequentemente a tensão e
conflitos inerentes à luta pela posse, inclusão e dignidade existencial. Leão (2005)
mostra a contradição de entendimento no que se refere a questão da propriedade,
pois existem aspectos que envolvem relações civis, o que constitui a propriedade em
um direito subjetivo individual, e também aspectos envolvendo garantias de ordem
econômica e social, o que constitui um direito da sociedade. Diante disso, a
propriedade privada está garantida na CF desde que seu proprietário utilize seus
bens de modo a realizar as expectativas mínimas da sociedade.
Com a consolidação do estado democrático de direitos, o Brasil tem
elaborado normativas e legislações em consonância com os tratados e convenções
internacionais para garantir os direitos humanos e consolidá-los como política
pública (BRASIL, 2013), efetivando minimamente a garantia de direitos humanos
básicos à população. De acordo com o Programa de Assentamentos Humanos das
Nações Unidas, pelo menos dois milhões de pessoas no mundo são despejadas a
cada ano, enquanto milhões de pessoas estão ameaçadas de remoções forçadas
(NAÇÕES UNIDAS, 2005). Neste contexto, há que se esclarecer a diferença entre o
direito à moradia adequada e o direito à propriedade, sendo o primeiro mais amplo
que o direito à propriedade, já que aborda direitos não relacionados à propriedade,
visando a garantir que todos tenham um lugar seguro para viver em paz e dignidade,
incluindo os não proprietários do imóvel (BRASIL, 2013).
A partir da realidade social na qual o direito à propriedade e a moradia não
contemplam todo o cidadão, as ocupações de terra rurais e urbanas em todo o país
se tornam frequentes. Neste sentido, se estabelecem comunidades organizadas
provocando o estado a debater e implantar políticas voltadas à coletividade,
questões de espaços comunitários de moradia e qualidade de vida. As comunidades
se estabelecem em limites espaciais considerados pequenos e nestes espaços
interagem socialmente muito próximos, estabelecendo vínculos afetivos e de
cooperação estreitos. Segundo Durkheim (1978), as comunidades têm o coletivo
como disposição social. E de acordo com Tönnies (1995), as comunidades possuem
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coexistência agregadora e de integração afetiva e seguem um modelo semelhante


de atitudes, pensamento, hábitos e costumes. Em comunidades que se
desenvolvem nas cidades, em um limite espacial pequeno, acolhendo um
significativo número de famílias com filhos, é comum que as crianças acessem
livremente casas e comércios locais, tendo a comunidade toda como sua família
afetiva, vivenciando cuidados coletivos, mas também estando em situação de
vulnerabilidade e violências.
O cenário nacional de vulnerabilidades e violências contra crianças e
adolescentes nos mostra dados preocupantes. Segundo relatório da Faculdade
Latino-Americana de Ciências Sociais (BRASIL, 2015b), no ano de 2013, foram
assassinadas 10.520 crianças e adolescentes, uma média de 29 crianças e
adolescentes por dia, onde meninos de 10 a 19 anos são as principais vítimas. O
Brasil tem a sétima maior taxa de homicídios nessa faixa. Além disso, as taxas de
suicídio vêm aumentando entre crianças e adolescentes. No ano de 2000, a taxa de
suicídios entre crianças e adolescentes era de 0,9 a cada 100 mil habitantes, e no
ano de 2015 esse número subiu para 1,4 a cada 100 mil habitantes.
Em pesquisa realizada sobre violências contra crianças e adolescentes,
segundo Viola ​et al​. (2016), o Brasil foi considerado o país com os maiores índices
de violências contra crianças e adolescentes no mundo – especialmente
relacionados a abusos físico, sexual e psicológico, e negligências emocional e física.
O estudo identificou uma relação direta entre o Produto Interno Bruto (PIB) de cada
país e suas estimativas de violências, observando que a taxa deste cresce quanto
menor o índice econômico. No caso do Brasil, os índices de violência são
extremamente altos, ainda que o PIB do país não esteja entre os mais baixos do
mundo.
Segundo Bortoli (2015), em Foz do Iguaçu, entre os anos de 2013 e 2014 o
número de violências contra crianças e adolescentes notificados ​no Sistema de
Informação de Agravos de Notificação (SINAN) foi de 578 casos. ​No período de
2013 a 2014, 61,8% dos atendimentos envolveram a faixa etária de 0 a 12 anos, e
38,2% dos atendimentos envolveram a faixa etária de 13 a 18 anos. A maioria dos
atendimentos (60,9%) envolveram crianças e adolescentes do sexo feminino, da
raça branca (62,9%), seguido da parda (23,7%). A maioria das ocorrências ocorreu
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na residência (62,0%), seguido da creche (15,2%), e no horário de 13h00 às 18h00


(16,1%). Quanto à escolaridade, a maioria dos pais das crianças e adolescentes que
foram atendidas no período, tinha até o ensino fundamental completo (43,0%).
O presente trabalho objetiva apresentar os resultados de pesquisa e
intervenção realizados junto à comunidade de uma invasão de terra da comunidade
Buba, localizado em local carente de Foz do Iguaçu-PR, visando a garantia de
direitos de crianças e adolescentes e a diminuição de situações envolvendo
violências.

2. Metodologia

Pesquisa qualitativa fundamentada na teoria de Alfred Schutz na qual a


interação com o objeto de pesquisa permite a leitura da dimensão social tendo por
referência as relações intersubjetivas inscritas nas experiências cotidianas dos
sujeitos (SCHUTZ, 2008). A fenomenologia social permite a interação com o objeto
de pesquisa, como coloca Castro (2012) a proposição colocada por Schutz é de que
experiência e ação são atos correlatos que não resultam de uma mente produtora de
sentidos, mas da conexão entre diversas mentes, em interação no processo social.
A ​Fenomenologia social destaca os objetos culturais apreendendo seu
significado, ajustando esquemas interpretativos (SCHÜTZ, 1972). Toda a construção
teórica da fenomenologia social passa pela compreensão do mundo social.
A pesquisa foi realizada na Ocupação do Bubas, no município de Foz do
Iguaçu, no estado do Paraná, Brasil. ​São 40 hectares que, em 2013, acolheram
cerca de 1200 famílias, incluindo além de brasileiros, os paraguaios e argentinos, na
região sul do município de Foz do Iguaçu, próximo à fronteira com a Argentina. O
terreno pertence a Francisco Buba Júnior, e que em razão de muitas recorrentes
pelo uso de agrotóxico na plantação de soja que mantinha no local, estava em
desuso há vários anos. Um processo de reintegração de posse foi formalizado na 2ª
Vara da Fazenda Pública de Foz do Iguaçu. Em 2017, o juiz Rogério Vidal Cunha
emitiu uma sentença indeferindo a liminar favorável à reintegração de posse e a
revogação da medida que determinaria a saída das quase cinco mil pessoas que
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vivem no local. A regularização fundiária depende agora de arranjos políticos entre o


estado e o proprietário, que está disposto a negociar.
Na presente pesquisa, foram realizadas entrevistas com moradores da
ocupação e com atores da rede de atendimento da criança e do adolescente. Além
disso, foram realizadas observação e interações cotidianas com os moradores, nas
festas, cerimônias religiosas, assim como, visitas domiciliares com o auxílio de
lideranças comunitárias. Essa fase da pesquisa ocorreu no período de março de
2017 até fevereiro de 2018. As entrevistas foram transcritas e analisadas à luz da
Fenomenologia Social (SCHUTZ, 2008) e esses dados, juntamente com os registros
das observações de campos, permitiram conhecer a realidade e demandas da
comunidade, visando à implementação de intervenção social (trabalho de extensão).

3. Resultados

A pesquisa trouxe a percepção de que as crianças e adolescentes da


ocupação se movimentam com mais liberdade desde muito cedo (2 ou 3 anos de
idade), e que o cuidado e proteção não se restringia ao âmbito da família nuclear, e
que, os cuidados de higiene, alimentação e o afeto são compartilhados na
comunidade. Dessa forma, verificou-se que a esfera privada ficara comprometida,
pois todos sabem de todos, e interferem nos conflitos e nos cotidianos familiares.
Neste contexto, as crenças, cultura e valores se misturam trazendo novos conceitos
e arranjos sociais, o que vem a corroborar com o conceito de solidariedade
mecânica de Durkheim (1978), sendo esta uma força que a “consciência coletiva”
exerce sobre seus membros, e que dispõe de uma moralidade igualmente típica,
caracterizada pelo apelo consensual e difuso, o que, por um lado, garante uma forte
coesão social e, por outro, dá pouca chance ao desenvolvimento da personalidade
individual. Neste mundo de contradições entre o indivíduo e o coletivo, crianças e
adolescentes vivem entre a linha tênue de proteção exercida pelo grupo e violações
de direitos fundamentais ao seu desenvolvimento integral. O grupo protege na
medida em que exerce o controle sobre a família, porém quando esta não responde
de acordo com o esperado pela comunidade, existe a punição com a intervenção do
estado sobre aquela família que é excluída pela própria comunidade. Como
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esclarece Schutz (1972) o mundo da vida cotidiana é a realidade absoluta que se


vivencia e neste contexto os indivíduos assumem o senso comum como atitude
natural, sendo a intersubjetividade da experiência da vida cotidiana desvelada na
existência do outro. Ainda o autor coloca que experiências ocorrem simultaneamente
no outro em nós mesmos e neste sentido se constrói um mundo social dotado de
significação.
Em entrevista, um senhor de 40 anos aproximadamente, relatou que veio
para a ocupação do Bubas porque vivia no Paraguai com o filho, onde sua irmã o
ajudava cuidar do filho. Foi pai com 16 anos, se separou logo depois do nascimento
do filho, e relatou que a mãe de seu filho ainda vive no Paraguai, trabalha na
prostituição. Atualmente, casou e têm duas filhas, seu filho está com 15 anos e saiu
de casa por conflito com a atual esposa dele. O filho mora em um barraco com sua
avó paterna, que recentemente o abandonou, estando o adolescente sozinho.
Relatou que é a comunidade que o auxilia com alimentação e monitora sua
frequência escolar e comportamento. Este pai chamou o conselho tutelar para que
este o “recolha” para acolhimento institucional.
A liderança da ocupação solicitou inúmeras vezes a vinda do conselho tutelar
para “recolher” crianças para o acolhimento, pois seus familiares não se enquadram
na concepção de cuidado que a comunidade tem com relação a crianças e
adolescentes. Por exemplo, uma adolescente de 16 anos mora com os avós em um
dos barracos da ocupação, estes já idosos. Sendo que a adolescente tem dois filhos
de 3 e 4 anos de idade, cuidados pela sua avó. Segundo a liderança do Bubas, a
adolescente não estuda, nem cuida das crianças e tampouco de seus avós, saindo
por vários dias para fazer programa, sendo um fardo para sua família. Neste
exemplo, não há a percepção de que a adolescente também está com seus direitos
violados, pois sofre exploração sexual comercial, não teve cuidados e vínculos
afetivos com seus pais, que desde criança a deixaram com os avós.
Existe no Bubas um grande número de acolhimentos institucionais de
crianças, pois a crença é de que elas estão melhores na “mão do juiz”, quando a
comunidade valora que a mãe não cuida adequadamente. Aqui verificamos a
contradição entre a cooperação e a violação de direitos, pois inúmeras vezes esse
não cuidado se dá porque a criança se movimenta livremente na ocupação, onde
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todas as mulheres cuidam dela. Não há referência neste cuidado, ninguém se


responsabiliza de fato pela criança e isso traz consequências de violação de direitos.
Na ocupação do Bubas, é a negligência, segundo entrevistas com atores da rede de
atendimento a crianças e adolescentes, uma das principais violações de direitos de
crianças e adolescentes, corroborando dados de estudos internacionais sobre as
vulnerabilidades de crianças em situação de pobreza. No caso da ocupação do
Bubas, isto se dá pelas condições estruturais das moradias que são feiras de lona,
madeira com espaços entre as tábuas, o que ocasiona entrada de chuva e frio, e
pela proximidade dos barracos. Do ponto de vista do cuidado, as crianças vivem em
ambiente no qual perdem a referência da mãe, o que traz uma contradição entre o
cuidado e a violação de direitos. As pessoas inseridas na comunidade se colocam
no mundo essencialmente de maneira social, visto que esta experiência é construída
no processo de cooperação, ou seja, no processo social da ação.
Também se constata na ocupação adolescentes ameaçados de morte e
assassinados. No período da pesquisa se constatou 04 adolescentes ameaçados de
morte cujas famílias foram solicitar ajuda da liderança, porém sabe-se que esse
número é maior segundo informação da líder comunitária que coloca que muitos
caos de ameaça não chegam até a liderança. Um destes adolescentes ameaçados
tem diagnóstico de transtorno mental. Este adolescente furtou moradores da
ocupação e foi ameaçado de morte, a líder comunitária esclareceu a doença, porém
a comunidade expulsou a família, pois a opção era sair da ocupação ou a morte do
rapaz. Houve outras tentativas de mediação, na qual ficou acordado que o
adolescente seria internado para tratamento. Aqui se constata também a
solidariedade mecânica na qual o pensamento comunal se sobressai ao do
indivíduo.
A ideia é a preservação do coletivo, em detrimento das questões e
dificuldades individuais, sendo a experiência individual assinalada no processo
coletivo
Como resultado da pesquisa, se iniciou um trabalho sistemático na ocupação
do Bubas, com 2 reuniões mensais. A primeira reunião foi realizada em março de
2018 e tem um período indeterminado para sua continuidade, uma delas com
mulheres com o objetivo de debater o manejo com os filhos, esclarecimento de
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legislação e saída do ciclo de violências que acontece sempre nas segundas terças
feirado mês. Iniciamos ainda grupo com adolescentes nas quartas terças feiras do
mes para o debate desta etapa de vida.

4. Considerações finais

Como resultado da pesquisa, se observou, no contexto da vida comunitária, a


cooperação no cuidado das crianças e adolescentes, que são compartilhados entre
os membros da comunidade, especialmente entre as mulheres. A cooperação neste
sentido traz como ganho para a criança o senso de pertencimento à comunidade na
qual está inserida, a vinculação afetiva com o grupo e o reconhecimento de si
enquanto sujeito. Mas percebeu-se a comunidade também enquanto facilitadora de
violação de direitos, que se constatou em decorrência da fragilidade de uma figura
de referência de autoridade para a criança e nas crenças da comunidade como
normatização do controle de seus membros. As ações sociais diretas foram a forma
de atuar junto à comunidade para trazer elementos, reflexões e mudanças no
cotidiano da família, visando auxiliar nos conflitos e dilemas cotidianos, visando a
garantia dos direitos de crianças e adolescentes.

6. Referências

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