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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS

DISCIPLINA: HISTÓRIA DA INFÂNCIA


DOCENTE: PROF.ª MAGDA SARAT
ACADÊMICA: LÍDIA DA ROSA ANTUNES

REFLEXÃO DO FILME CRIANÇAS INVISÍVEIS: OS CIGANOS

Levando em consideração tudo o que já foi falado em sala de aula e observando


as cenas desse filme, pude entender a importância que tem o conhecimento na vida não
apenas das crianças, mas como a falta dele pode fazer muitas pessoas, crianças ou
adultos, reféns de situação de vulnerabilidade.
A história dos ciganos me chamou a atenção, porque a mãe permitia que seus
filhos e outras crianças fizessem roubos para sustentar aos vícios do “pai”, o diretor do
reformatório queria apenas que os internos representassem estar bem, ou mostrassem
uma falsa alegria por que iriam sair daquele lugar e ficava preocupado porque não
demonstravam empolgação, ou seja, tudo o que ele queria, do mesmo modo que o resto
da sociedade era se livrar dos meninos problemas e nunca mais vê-los.
Os meninos mais velhos queriam sair e encontrar-se com mulheres ou voltar a
mesma vida que viviam antes de entrar, alguns outros diziam que ficar ali dentro preso
era mais seguro do que estar em “liberdade” porque na instituição havia guardas e
soldados para protegê-los. Essa visão é extremamente triste, porque a infância deles foi
anulada, eram apenas usados como escravos do crime, sem direito a nada, nem direito
de sonhar eles tinham.
Infelizmente não é apenas uma ficção, faz parte da realidade de várias cidades
no contexto contemporâneo, inclusive brasileiro, no qual crianças trabalham para
parentes no tráfico de drogas, na prostituição, ou mesmo em famílias que se julgam
serem “normais” e “estruturadas”, pois as crianças do filme não estavam sem a figura de
um pai ou da mãe, no entanto eram esses mesmos que os subjugavam.
Existem várias crianças nessa mesma condição, vivendo com os pais que passam
brigando e deixa a criança a mercê de discussão, xingamentos, maus tratos, dão
responsabilidade para cuidar dos irmãos mais novos ou de fazer serviços pesados para
trazer o dinheiro para casa, a fim de sustentar vícios, anulando de forma brutal seus
sonhos e vivências de criança, fazendo com que um ciclo se repita e essas crianças
quando adultas reproduzam a mesma situação, pois foi assim que aprenderam.
Deve ser dada às crianças a oportunidade de sonhar com um futuro melhor, no
caso do filme, o menino queria ir para a casa do tio para aprendera ser barbeiro, mais ao
contrário disso foi obrigado a roubar mais uma vez e na hora da fuga, preferiu voltar ao
reformatório a continuar a seguir o mesmo caminho da família. Isso explica porque os
rapazes que estavam se “formando” para sair da instituição não apresentavam nenhuma
expectativa. Sabiam que a realidade ali dentro embora fosse dura, era melhor do que a
chamada liberdade.
Como profissionais da educação, precisamos ter o olhar atento a situações que
se mostrem controvérsias, ou situações que todos julgam ser o aluno problema que não
tem mais solução. Não somos capazes de mudar o mundo ou de sermos as “mulheres-
maravilha”, mas temos o dever de mostrar que existe outro caminho a partir da
educação e que o conhecimento pode transformar uma vida ou até mesmo mudar uma
família.
Para isso deve-se ter a convicção da profissão que se está escolhendo, para não
ser mais uma pessoa a jogar seus temores e frustrações ao invés de fazer a diferença, os
professores não são uma fonte inesgotável de saber, estão sempre aprendendo, mas há
alunos que chegam ao espaço escolar com sede, e precisamos ser um braço de rio, que
mesmo que às vezes receba água suja, se renova, está sempre em movimento até
encontrar o mar e depois o oceano, mostrando aos pequenos que não podemos nos
conformar com certas situações, assim como as águas, podemos desviar das barreiras e
fazer outros caminhos.

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