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“Você será um homem, meu filho” - Aula 1

No início da palestra, o Ítalo se propõe a consertar um erro de início, pois “um pequeno
erro no princípio se torna um grande erro no fim”.
Imagine que um navegante, saindo da costa brasileira, queria chegar na Europa. No
entanto, caso o piloto erre, apenas, meio grau na coordenada, ele irá chegar no sul da
África. Meio grau, por mais que seja um pequeno erro inicial, é extremamente decisivo
no final da jornada. Por isso, os jovens têm a melhor oportunidade de consertar os
erros principiantes. Um erro, nessa idade, não custa tão “caro”, no entanto, se não
consertarmos esses erros, por mais iniciantes que eles sejam, iremos parar em uma
vida distante da que queríamos. Iremos parar no “sul da África”.

Portanto, o Ítalo fala sobre essa capacidade não só de notar os erros, mas de
consertar. Uma das histórias que contam por aí, diz ele, é a questão da “criança
interior”. “Ah, você precisa alimentar a criança interior que há em você”. A proposta da
primeira palestra, logo de cara, é desfazer esse mito, é matar, literalmente, a criança
interior e começar a honrar o adulto interior. Quando se fala em criança interior,
entende-se, literalmente, atitudes infantis: dependência dos pais para resolver
problemas, incapacidade de tomar decisões, só faz aperriar e gritar por comida, não
ajuda os pais, não serve os outros e, o principal, ainda toma decisões de criança e é
extremamente infantil nos assuntos e nos pensamentos.
A criança interior se manifesta nesse profundo amor pelas questões da infância e pelas
atitudes de um pequenino que não amadurece.

A idade de 13 a 18 anos é, segundo o Ítalo, a “série de ajustes biográficos”. É a idade


de consertar a biografia e a vida. Ou seja, é a melhor idade de desentortar a vida.
Quem passa dessa idade e não cumpre esse requisito, sinceramente, terá grandes
dificuldades de consertar a vida no futuro. A hora é agora.

O principal foco da palestra é esse: mostrar que é plenamente possível um indivíduo de


13 anos tomar responsabilidades de uma pessoa madura e se doar mais do que
esperar algo em troca. A noção do “teenager” surge no século XIX, visto que a divisão,
antes, era entre crianças e adultos. Não existia “adolescentes” à 300 anos atrás. Aos
13 anos, das sociedades mais primitivas para as mais civilizadas, o indivíduo se
tornava adulto e capaz de adentrar nas esferas sérias da sociedade. Homens e
mulheres, aos 13 anos, já eram vistos como pessoas capazes de resolver questões
decisivas, por exemplo, para uma família. Imagine essas questões caindo na mão dos
adolescentes de hoje? Não seriam capazes de resolver nenhuma delas e ainda são
extremamente imaturos esperando que os pais resolvam e que os outros os sirvam.

A rebeldia e a irritabilidade nada mais são do que a infantilização que ocorreu no


período, é o fruto do período. Quer uma prova? Existem inúmeros marmanjos de 18, 20
e até 30 anos que ainda são servidos pelos pais, têm as suas comidas colocadas na
“boquinha” pelos pais que sustentam e são extremamente frágeis perante as situações
difíceis da vida. Não se fala de retardo mental, mas sim de pessoas incapazes de,
sequer, decidir algo por si mesmas. Isso é duro, mas pior ainda, é triste de se notar.

Tá certo, meu filho, você quer uma prova estatística? Ainda não notou que é assim que
acontece? Lá vai:

Teens seem to be taking longer to grow


up. One reason? A closer bond with
their parents.

A tradução fica a seguinte: “Os adolescentes parecem demorar para ser tornarem
adultos. Uma razão? Um vínculo mais estreito com os pais”.
É, meu amigo, se você quiser ler mais sobre, clique no link e leia a reportagem.
Entenda, o dever é seu, não de seus pais, de amadurecer. Se você não amadurecer, a
culpa é sua.

Existem inúmeras pesquisas brasileiras e estrangeiras que tratam desse fenômeno da


“cultura teen”. O princípio que move essa cultura é, simplesmente, o seguinte: a
infantilização do sujeito. Essa “cultura teen” rapta a capacidade do jovem de tomar
responsabilidades. É o que as estatísticas mostram e, sinceramente, isso está na
nossa cara.

Com todo o burburinho do século XIX e XX, os jovens e adolescentes foram levados a
se envolver com movimentos políticos e viver por ideias “sociais” e “humanitários”. No
entanto, isso pode se resumir da seguinte forma:

Desprezo aos que os amam


Amor aos que o desprezam

Amavam as reformas sociais, o planejamento familiar, as ideias revolucionárias e se


esqueciam de amar a própria família.
A “cultura teen”, que segue esse padrão triste, pode ser caracterizada como a
“transição postiça, falsa, entre aquilo que você já não é e aquilo que você ainda não é”.
Ou seja, é uma transição ilusória entre a infância (aquilo que você já não é) para o
mundo adulto (aquilo que você ainda não é). Criaram essa barreira falsa e ilusória, que
não deveria existir.

O que fazer, na prática, depois de todo esse conhecimento?


● Observar um dia típico meu: o que eu faço e coloco para dentro?
As horas do meu dia são consumidas com que tipo de coisa?
Com que eu gasto meu dia?
Escreva essas coisas.

Depois de escrevê-las, iremos identificar os “chocolates biográficos” (uma brincadeira


que o Ítalo fez com uma comida gordurosa, que é ruim, dando a entender que alguns
hábitos nossos são tão para a nossa biografia como os chocolates são ruins para o
nosso corpo) e mapear aquilo que serve como desperdício de vida. De novo, é duro,
mas é real.

● Colocar algo na cabeça: “tenho o dever de me comportar como adulto”.


● Quais são os ambientes da minha casa que eu preciso arrumar? Tem um quarto
desarrumado? Uma louça para lavar? Um almoço para fazer? Um irmão para
cuidar? Uma prova para estudar? Um pai ou mãe para ajudar? Alguém que não
pede pela minha ajuda, mas eu sei que posso ajudá-lo? Pronto, esses
ambientes foram chamados, pelo Ítalo, de “ambientes de trabalho”.

Devemos, a todo momento, buscar um lugar onde se pode servir os outros. O nosso
dever é tomar deveres. Interessante, não? “O nosso dever é tomar deveres”. Marque
isso na sua testa e lembre-se dos ensinamentos dessa aula, será de grande valia para
o seu amadurecimento. Pode não ser confortável ouvir essas coisas, mas são palavras
de amor.​ “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”.

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